Parece que faz muito tempo que eu sabia escrever...
Essa fic contém relação entre duas garotas, se não gosta, não leia. Se ler e reclamar, morra. É, acho que é isso.
Essa é pra você, Jana s2
Retorno
Partiu e quando voltou, viu que seu maior pesadelo havia se tornado realidade. Talvez fosse tarde demais para se redimir.
Para a Jana, pelos nossos bons momentos.
Os ares pareciam diferentes naquela manhã. Não sabia explicar por que, mas sentia que a mudança do vento significava algo mais que uma pequena tempestade no fim da tarde. Quando deixou as malas no hotel após certificar-se de seu registro, voltou os olhos para o céu um pouco cinzento, relembrando do dia em que havia partido.
A lembrança depois de três anos era um pouco mais vaga, mas não significava que fosse menos dolorosa. Havia sido forte como nunca fora antes em sua vida, mostrando a House que aquela garotinha tola e apaixonada pelo chefe havia ficado enterrada em um passado muito distante. Só não sabia afirmar com certeza se fugir de tudo como fizera havia sido uma maneira corajosa de agir.
Bem, não importava agora que estava de volta. Talvez apenas não tivesse tido forças o suficiente para encarar seus próprios fantasmas interiores naquela ocasião, mas sentia que desta vez seria diferente.
Pouco sabia a respeito do que havia acontecido com sua velha equipe no Princeton Plainsboro, pois mal mantinha contato com eles. Decidiu que naquele dia faria uma visita ao hospital mesmo que um certo frio se instalasse em sua barriga diante dessa idéia.
- Bem, Cameron, agora que já está aqui, não adianta querer voltar. – disse para si mesma e respirou fundo. Já era hora de resolver certas pendências do passado e tocar sua vida para frente.
X
Suas mãos tremiam sob os documentos que segurava naquela manhã. Sentia que aos poucos todo o controle fugia-lhe do corpo, mas o ápice de seu desespero apareceu numa manhã prometida de segunda-feira, quando o copo de café escorregou entre seus dedos e atingiu o chão, espalhando suas gloriosas calorias e doses de cafeína para todo o lado.
Não soube dizer exatamente por que, mas viu o reflexo de sua mãe no líquido negro quando se agachou para limpar, ignorando os olhares curiosos sobre si.
- Está mais desastrada que o normal, Thirteen. – Chase comentou, aparentemente sem emoção alguma, enquanto voltava os olhos para a camisa respingada de café.
- Está mesmo tudo bem? – Foreman interpolou, ao que Taub desviou os olhos para a entrada, onde seu chefe, Gregory House – o próprio –, observava a cena em silêncio.
- Já disse que sim, foi apenas um acidente.
Taub reconhecia aquele olhar. Foreman e Chase também o reconheceram quando olharam na direção de seu chefe que, aparentemente entediado, girava agora a bengala entre os dedos, apoiando-se na perna boa. Era o olhar de quem estava se divertindo com a situação, o olhar de quem havia encontrado uma peça perdida do quebra-cabeça e estava prestes a encaixá-la. Remy Hadley, apelido Thirteen, cabelos castanhos, olhos claros e beleza descomunal, também conhecia aquele olhar. Talvez melhor do que qualquer outro.
- Está se drogando novamente enquanto leva garotas gostosas para sua casa, Thirteen? – disparou de repente, lançando a bola que tinha no bolso para Chase. O loiro agarrou-a no ar enquanto House se dirigia para a própria mesa após circular Thirteen.
Ela entreabriu os lábios como se quisesse responder isso de forma objetiva, mas House a interrompeu antes mesmo que pudesse iniciar sua defesa.
- Ah, me desculpe. Parece que me esqueci que seu amado está aqui. – deu um sorriso de escárnio olhando para Foreman. Se ele se irritou com o comentário, apenas limitou-se a balançar a cabeça, encolhendo os ombros e guardou a resposta dentro da própria mente. – Bem, não importa.
Prosseguiu House despreocupadamente.
- Não acho que seja isso, embora seja uma possibilidade deveras tentadora. E, claro, se for, as câmeras que paguei a Lucas para instalar, valerão muito a pena!
O sorriso dele era quase infantil quando jogou as pernas para o alto de sua mesa, empurrando os papéis para um canto qualquer.
- Câmeras? – exclamou ela, parecendo ligeiramente surpresa, embora não devesse. House era inteiramente capaz disso.
- Brincadeira. – o médico disse. – Mas bem, voltando à nossa gama de possibilidades...
- Vocês vão apenas esquecer e trabalhar nesse caso. – Cuddy lançou sobre o peito de House uma pasta, passando outras quatro idênticas para a mesa onde se encontravam Chase, Taub e Foreman.
- Olá para você também, Cuddy querida. Não é uma bela manhã que temos aqui? – apontou para o céu cinzento, ao que Cuddy fez um negativo com a cabeça.
- Você tem que cumprir as suas horas na clínica, estamos entendidos? – ela olhou de canto para Thirteen, vendo-a limpar o chão e suspirou. – É bom tomar mais cuidado, pois eu não trocarei esse carpete de novo, doutora Hadley. E se for preciso fazê-lo, descontarei cada centavo do seu salário.
- Sim. – concordou cabisbaixa e ergueu-se com o pano em mãos, jogando-o em um canto qualquer da sala. Sabia que contrariar Cuddy com aquele humor deveria ser terrível e estava simplesmente aérea demais para pensar nisso.
- Retomando meu raciocínio... – House fez menção de continuar e Hadley ergueu uma das mãos, abrindo a pasta.
- Temos um caso para resolver.
Todos ficaram em silêncio, esperando pela resposta de House. Ela não veio, mas ao invés disso, disse algo que fez todos olharem para a porta pela terceira vez naquele dia.
- Olá, Cameron.
Aquele não era um dia estranho?
X
Seus olhares se cruzaram assim que ergueu o rosto naquela direção. Hadley permaneceu em silêncio, sentindo as mãos trêmulas dentro dos bolsos do jaleco e não sabia se devia isso à sua doença ou a surpresa de ter Cameron de volta ao seu local de trabalho.
- Thirteen. – ouviu House dizer depois de um tempo.
- Sim?
- Suma daqui e não apareça até estar melhor. – disse de maneira frívola. – Com Cameron aqui, seus serviços são dispensáveis.
- Mas eu não... – Cameron tentou se manifestar.
- E você pode ir buscar meu café, Taub? Parece que a mão frouxa da Thirteen não me permitirá a primeira dose do dia.
Certamente, aquilo era uma provocação. E talvez por tudo o que tivesse acontecido naquela manhã, Hadley ergueu-se, lançou o avental nas mãos de Cameron e espalmou as mãos contra a mesa, saindo sem dizer uma palavra. Cameron olhou de House para a saída e suspirou.
- Você não devia agir assim com ela. – disse, saindo da sala sem nem mesmo cumprimentar seus antigos companheiros.
- Tome cuidado com ela! Pode acabar te levando para um beco escuro! – ouviu House dizer enquanto dobrava o corredor.
Certas coisas jamais mudariam.
X
- Doutora Hadley! Doutora Hadley! – Cameron chamou, seguindo-a pelos corredores do hospital até o elevador. Entretanto, antes que pudesse dizer mais algo, a porta se fechou em seu rosto.
- Eu não preciso da sua piedade. – Thirteen disse de maneira frívola.
Cameron inspirou o ar algumas vezes e decidida a não ser ignorada, desceu pela escadaria de incêndio até o andar térreo do hospital, deparando-se com Thirteen deixando o local.
É claro, pensava ela enquanto a seguia, que havia outros motivos para que Remy Hadley lhe ignorasse assim. Cameron mesmo podia pensar em vários enquanto corria para alcançá-la, o que de fato pareceu demorar muito, embora isso só fosse verdade na cabeça da médica.
- Dra. Hadley! – o último chamado fez com que Thirteen, já no estacionamento, se virasse em sua direção.
- Vou listar três motivos para que me deixe em paz, uma vez que não parece disposta a isso, Dra. Cameron:
1) House disse que você deveria ficar no meu lugar;
2) Eu disse a você que não quero sua piedade;
3) Tudo o que eu preciso é de um pouco de paz e não de alguém que fugiu e resolveu que era uma boa hora para voltar.
O terceiro motivo parecia ter atingido Cameron como um balde de água fria, pois a expressão que fez foi semelhante à expressão de horror que fazem as pessoas nos filmes de terror. Hadley, talvez irritada demais para perceber, apenas apertou os punhos com força e deu as costas para ela, tentando não demonstrar que tremia.
- E-eu sinto muito. – Cameron murmurou.
- Não sinta, você pode viver.
Muitas coisas passaram pela mente de Cameron quando viu Hadley entrar no carro e deixar sua vaga no Princeton Plainsboro para trás. Mas nenhuma delas parecia ser o suficiente para se redimir por tê-la usado daquela maneira antes de partir.
N/A:
Diferentemente das fics que vim postando até agora, essa é uma fic de capítulos, então por isso a dedicatória vai vir só no fim dela. Eu ainda não terminei a fic e tal, mas eu queria muito postar ela só porque eu não posto nada há um tempão. Essa é do tempo que eu ainda conseguia escrever ;;
Enfim. Eu não sei se a fic tá boa, mas ela basicamente faz um paralelo quando a equipe do House já foi formada e a Cameron resolveu voltar. Então não segue os mesmos padrões da série. Aqui, está mais focada na doença da Thirteen, mas eu não acho que precise especificar isso. Só espero que goste do presente, amor. Essa é só a primeira parte dele.
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