Disclaimer: Essa história é uma tradução da sua versão em inglês 'I'm Still Me', que não é minha. Devidos créditos à autora notquiteblond31, a quem todos os reviews serão repassados. Essa história não tem nenhum fim lucrativo.

"Por favor, aproveitem e deixem reviews (Eu realmente amo eles. De verdade)" - notquiteblond31.

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Enrolei nervosamente uma mecha solta do meu cabelo enquanto esperava silenciosamente com minha mãe e meu pai na plataforma 9 ¾. Eu estava agradecida pelo vapor ondulando pela plataforma abafada, o que significava que ninguém olhava em minha direção. Encarei o chão quietamente e puxei meu capuz cobrindo mais meu rosto. Minha mãe notou o que eu estava fazendo e tapeou minha mão levemente.

– Hermione Jean Granger! – Ela disse ruidosamente, e eu fiquei mortificada. Eu estava implorando-lhe para manter a voz baixa; ela não prestou atenção a minha súplica silenciosa. – Estou desapontada com você! Desde quando você é alguém que mantém a cabeça baixa e o rosto coberto! Essa é uma nova era para as mulheres! – Minha mãe tinha uma opinião bem firme e uma das idéias que mais prezava era que homens e mulheres eram iguais.

Como diabos eu poderia dizer que aquilo nada tinha a ver com ser desigual aos homens? Isso era o simples e ainda arrogante fato que eu tinha subitamente atingido a puberdade, há uns dois anos e meio mais tarde que a maioria das garotas da escola.

Era desconfortável e estranho para mim o jeito que minha camiseta trouxa ficava sempre ligeiramente esticada sobre o novo sutiã que minha mãe havia insistido em me comprar.

– Você está caindo fora de suas antigas roupas de baixo!* – Ela tinha dito enquanto me levava para a seção de lingeries em uma loja de departamento. Eu tinha falado para ela, pelo menos, me arrumar a roupa de baixo menos visível e ousada que ela estivesse disposta a comprar. Não era como se eu fosse impressionar alguém com elas, de qualquer jeito.

Sentia-me estranha e inconfortavelmente leve, devido ao súbito desaparecimento das minhas gordurinhas infantis remanescentes. Eu nunca tinha feito nenhum tipo de exercício intencional um dia na minha vida, mas não era como se eu tivesse sido gorda. Porém, por algum motivo, meu corpo tinha finalmente se estabilizado.

Sempre fui capaz de encontrar roupas facilmente: basicamente qualquer blusa, pares de jeans retos ou shorts cabiam fácil e confortavelmente. Mas, neste último verão, eu tive que jogar fora toneladas de coisas que não cabiam mais. As curvas estúpidas em meus peitos e cintura fizeram-me jogar um grande número de meus artigos de roupa favoritos que simplesmente não tinham espaço em torno do meu peito, ou quase caiam dos meus magros quadris.

Minha mão me fizera usar uma química em meu cabelo que o deixou quase completamente liso, com apenas algumas ondulações aqui e ali. Era desconcertante tentar correr meus dedos pela minha usual juba emaranhada e incontrolável e, ao invés disso, encontrar com a leve carícia que agora eram minhas mechas. Pelo menos ela me deixara continuar com meu cabelo comprido, e eu podia esconder meu rosto quando o julgava necessário.

Sendo assim, acho que você podia dizer que eu tinha afinal crescido, atingido a puberdade, virado uma mulher... como quiser chamar isto. Mas, ao invés de agradecer aos deuses, eu os amaldiçoava. Seria outra coisa se isso tivesse acontecido quando todas as outras garotas estivessem passando por isso ao mesmo tempo. Mas, porque eu era um fracasso de tão atrasada, as pessoas seriam obrigadas a notar. Eu estava totalmente aterrorizada.

Corei profundamente só imaginando o que os Sonserinos teriam a dizer. Não conseguia decidir o que seria pior, as rudes vaias e zombarias que certamente viriam dos mais hormonais (o que eu já tive que enfrentar com alguns dos trouxas que viviam rua abaixo) ou aqueles que pensariam que eu fizera toda aquela porcaria comigo mesma de propósito, quando na verdade eu não queria nada daquilo.

Eu estava aterrorizada com o que as garotas iriam dizem. As Corvinais jamais me olhariam de novo com respeito, porque elas provavelmente pensariam que eu tinha feito aquilo comigo mesma também, ao invés de ficarem felizes pela minha aparência e inteligência (como eu tenho feito). As garotas Sonserinas ficariam putas que eu receberia atenção dos Sonserinos, fosse a atenção boa ou má, desejada ou não. Até as garotas Grifinórias certamente me incomodariam. Eu até podia ver duas de minhas companheiras de quarto, Lavender e Parvati, rindo atrás de suas mãos e fofocando, tentando descobrir para qual garoto eu teria fugido tanto da norma.

Estava até com medo do que Harry e Ron poderiam dizer. Só há um ano e meio Rony finalmente levara em consideração que eu era do sexo feminino. O que diabos ele diria, uma vez que visse tudo o que aconteceu comigo? Harry, eu esperava, não podia ter mudado muito, mas a verdade era que meus dois melhores amigos eram caras adolescentes. E se meu novo súbito e indesejado visual mudasse minha relação com eles? Seriam eles mais relutantes me permitindo em suas conversas? Eu rezei fervorosamente que meus medos fossem sem fundamento.

Mas como eu explicaria tudo aquilo para minha mãe, no meio da plataforma, enquanto o trem esperava para me transportar para escola? Eu tinha que inventar alguma coisa; ela estava esperando uma resposta.

– É só que... Eu estou nervosa – Eu relutantemente admiti a ela. – E se as pessoas me tratarem diferente só por que... bem... eu cresci um pouco... – Remexi meus pés e olhei para o chão. Eu ouvi meu pai se distanciar alguns passos. Aquela era obviamente uma conversa a qual ele não queria fazer parte.

– Querida, não há razão para ficar nervosa. Todos mudam em seu próprio tempo, mas todos chegam lá alguma hora. – Ela assentiu tranqüilizadora. – Mas docinho, eu não quero que você esconda seu rosto só por alguma coisa que você pensa que pode acontecer. Não se preocupe com o desnecessário, Hermione.

Ela sorriu para mim, e suas palavras até me deram algum conforto. Quero dizer, obviamente, uma vez que todos se livrassem do choque inicial que com certeza viria, eles deixariam isso no passado e veriam que eu continuava sendo a mesma traça-de-livros estudiosa que eu venho sendo nos últimos cinco anos escolares. Sorri um pequeno sorriso de resposta à minha mãe.

– Obrigado. Vou sentir saudade. – Eu disse, abraçando-a.

– Aí está minha garota. – Ela disse, correspondendo meu abraço. – Agora, quero que você entre naquele trem de cabeça bem erguida. Você é uma garota esperta e maravilhosa, e não deixe ninguém fazê-la sentir o contrário. – Eu afirmei com a cabeça. Ela sorriu novamente, mas seu rosto rapidamente tornou-se uma leve carranca. – Mas querida, eu quero mesmo que você use o delineador que te comprei. Ele realça seus adoráveis olhos tão bem. – Eu sacudi minha cabeça furiosamente. Eu posso ter cedido em relação ao estúpido tratamento químico no cabelo, mas de jeito algum ela me faria passar qualquer tipo de maquiagem. De nenhum maldito jeito. Eu morreria primeiro. Eu não tinha nem trazido a coisa, ele ainda estava sobre minha quase inutilizada penteadeira lá em casa. Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, no entanto, o apito do trem soou e eu sabia que tinha de ir. A maioria dos estudantes já tinha se despedido e estavam no trem. Eu acenei mais uma vez para meus pais e subi a bordo do Expresso de Hogwarts.

Mantive-me ainda com as bordas do meu capuz ao redor do meu rosto. Não importa o que é que minha mãe tinha dito, eu não ia pedir por problemas. Eu fiz meu caminho lentamente através do trem, procurando rapidamente dentro dos compartimentos por Ron e Harry. Ron não deixaria Harry sozinho ainda; nós não éramos necessários no vagão dos monitores até o trem deixar a estação. Eu lamentei pensando na reunião de monitores, lembrando-me que teria que passar a primeira parte da minha viagem com aquele patife completo, Malfoy. Estremeci enquanto pensava nos insultos que teria certamente que suportar por parte dele. Eu só podia imaginar...

'Hei Granger, o St. Mungus finalmente sentiu pena daquela sua cara horrível e fez alguma coisa em você? Eles fazem todos os tipos de caridade, pelo que ouvi... '

'Olha Granger, você realmente pode ser comparado a outros humanos agora! Mesmo assim, ainda não está em posição de ser comparada com garotas... '

Eu tinha que parar de pensar nisso; eu estava me dando uma dor de estômago só de lidar com o que minha mãe havia chamado de 'se preocupar com o desnecessário'. Eu finalmente achei o compartimento em que Harry e Ron estavam, e eles o compartilhavam com Dean, Ginny, Neville e Luna. *

– E aí, gente – Eu disse quando abri a porta do compartimento. Todos acenaram em saudação e, por um pequeno segundo, senti-me nas nuvens. Pensei que todos os meus medos fossem infundados, que eu não tinha motivo para me preocupar. 'Sua idiota!' Eu ri de mim mesma. 'Você deve mesmo pensar pra caramba em si mesma para passar todo o tempo se preocupando no que as pessoas pensariam sobre sua aparência!' Então, no próximo segundo, meu clima estático foi arrancado de mim. Começou com Rony. Ele tinha acenado amigavelmente com a cabeça para mim e então, depois de um segundo, levantou o rosto tão rápido para me ver de novo que eu pude ouvir da porta seu pescoço estalar. O queixo de Harry caiu quando ele realmente deu uma olhada em mim. Eu podia dizer que Ginny estava espantada pelo jeito que seus olhos viajavam pelo meu novo visual. Dean, que segurava a mão de Ginny, educadamente olhou para outro lado, em vez de me encarar na frente de sua namorada.

Eu estava imensamente agradecida por Luna, a qual eu nunca me sentira muito afeiçoada antes, por continuar lendo sua última edição d'O Pasquim, como se nada de estranho estivesse acontecendo. Então novamente, em sua cabeça, isso provavelmente não contava como interessante comparado aos narguilés e Bufadores de Chifres Enrugados, ou qualquer outra coisa que ela e seu pai acreditassem.

Neville foi o primeiro a falar: – Humm... r-roupa nova, Hermione? Parece meio... erm... diferente. – Mas ele sorriu dando a entender que ele quis dizer de um jeito bom. Eu sorri graciosamente para ele enquanto me sentava. A boca de Harry finalmente se fechou, mas ele ainda me olhava estranhamente, enquanto Ron não estava mais olhando para mim, e sim para o chão; suas orelhas tinham ficado com um leve tom de vermelho. Meu coração afundou um pouco com suas reações, mas eu tentei levar tudo aquilo de bom humor.

– Sim, Neville. Obrigado por notar. – O compartimento ficou quieto por um momento, até Ginny começar a falar.

– Caramba, Hermione... O qu- o que você fez no seu cabelo? – ela sussurrou. Eu franzi as sobrancelhas. Tinha contado na Ginny como uma das poucas pessoas a me tratar igual. Antes de eu responder, no entanto, sua face se quebrou num sorriso irradiante. – Eu amei! – ela exclamou jubilosamente e saltou de seu assento paro o meu lado. Suspirei aliviada. Eu podia lidar com suas perguntas... Tinha certeza que podia, de qualquer jeito. Enquanto ela e eu conversávamos, a tensão certa, mas lentamente deixou o ambiente. As orelhas de Ron voltaram para suas cores normais, e Harry estava olhando em volta quase normalmente de novo; Neville logo os engatou em histórias sobre seu mimbulus mimbletonia*, que pelo que ouvi dos trechos que peguei da conversa, tinha crescido bastante naquele verão.

O trem estava já longe da estação agora, e eu lembrei a Rony que teríamos de ir ao vagão dos monitores ou arriscaríamos nossos distintivos. Ele assentiu, mas não disse nada; suas orelhas tornaram-se escarlates de novo. Seria assim, então? Harry parecia estar superando o choque, mas Ron estava determinado a não falar comigo. Despedimo-nos e deixamos o compartimento.

Um pouco mais a frente no trem, eu o parei e o virei para me olhar. Ele pareceu espantado por um momento e então lançou seus olhos ao chão.

– Sabe... – Eu disse friamente a ele. – é difícil o suficiente lidar com a reação das outras pessoas. Seria legal saber que pelo menos meu melhor amigo não me trata diferente. – Ele corou até o coro cabeludo. Não tirou os olhos de seus sapatos, mas pelo menos falou comigo.

– É só que... Não sei, é estranho. Você não se parece com... bem, quero dizer, o que eu quero dizer.. – Ele gaguejou. Eu podia sentir meus olhos se encherem levemente de lágrimas.

– Talvez não devêssemos mais falar sobre isso – Eu disse e me virei para sair andando.

– Só estou preocupado que você não seja mais como era antes... ag-agora que você está diferente – Ele balbuciou, quase incoerentemente. Suspirei e me virei em sua direção. Levantei seu queixo um pouco, para que seus olhos encontrassem os meus.

– Ron, não tem nada pra se preocupar – Eu assegurei. – Não se preocupe, eu vou te irritar para fazer as lições de casa noite e dia, e trabalhar na Brigada de Apoio ao Bem-estar dos Elfos, e eu vou passar a maior parte do meu tempo na biblioteca. Eu aindo sou eu mesma. – Ele assentiu com a cabeça uma vez e então continuamos nosso caminho pelo trem.


N/T: Espero que tenham gostado do primeiro capítulo, porque eu realmente gosto da história. Se não gostasse, não teria traduzido, rs.

* No original, a frase é 'You're falling out of your old undergarments!', que eu não sabia como colocar numa expressão com mais sentido, então deixei a tradução bem literal.

* Preferi deixar os nomes em inglês, tem problema?

* Acho que vocês lembram daquele cacto que apareceu com o Neville no Ordem da Fênix, né?

Nos vemos no próximo cap e não esqueçam de mandar review!

Um beijo meu e da autora Meghan.