Chiasma

A flecha aponta a direção

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Sua vida era torta. Torta e entornada em si mesma como calda de caramelo. Não doce: grudenta. Tão grudenta, que você não via a hora de se livrar dos seus pais. Contudo, você sabe que a calda não se sustenta sozinha e tomba, eventual e languidamente.

Precisava de um amparo, e, por um tempo, foi aquele menino que você beijou na praia. Foi ele, mas ele se foi. Não o culpava, e também não podia pará-lo. Queria ajudá-lo, então. Porém como? Não era exatamente talentosa, nem a conta bancária do pai a fazia especial.

Tinha apenas pressentimentos. E preferiria não os ter, se houvesse escolha. Sentia-se uma princesinha: enclausurada em uma torre distante, impotente, largada aos pequenos pulos do coração. Era isso e os seus desenhos. E nada fazia sentido.

Quando tudo chegou ao fim, um susto: estava certa.

Mesmo assim, ainda não entendia muito bem; provável é que nunca chegasse a compreender por completo. Mas isso já não importa. Afinal, ela agora tem um talento do qual se orgulhar.

E é mais do que uma habilidade especial. É uma coluna firme para dar forma à sua vida. Algo autônomo; equilíbrio, enfim. Estava deslumbrada, sim – quase enfeitiçada. E é como seria daqui em diante.

Há uma flecha no meio do caminho, que aponta a direção. Para nunca mais se perder, Rachel Elizabeth Dare. Para não haver mais desculpas.

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N/A: Chiasma é a letra grega correspondente ao nosso X. Tem um desenho singular, como uma reta que corta um caminho curvo. /reflitão q-

Acho a Rachel muito complexada de pobre menina rica, chato.