Capítulo 1 – Mímicas e Declarações.

Não foi minha culpa, não foi minha culpa, não foi minha culpa, NÃO FOI MINHA CULPA!

Eu simplesmente não entendo como foi acontecer. Eu estava lá, normal. E de repente: POF! Eu fui atingida por esse sentimento.

Foi na sexta vez em que vi a cueca do Snape, ao relento, que me apaixonei. Não pela cueca, muito menos pelo Snape.

Todo santo ano, James e seus amigos irritantes, cismam em implicar com um menino de cabelos sebosos da Sonserina chamado Severus Snape.

E, como algum tipo de ritual, no final do ano para comemorar as férias, eles simplesmente o viram de cabeça para baixo e mostram...a roupa íntima do pobre.

Concordo que isso não é certo. Inclusive nos primeiros anos eu sentia um tremendo ódio, principalmente de James, por querer ser tão exibicionista.

Será que não poderiam agir como pessoas maduras e civilizadas?

Aparentemente não.

E então notei que minha raiva foi diminuindo. No quinto ano, achei até uma certa graça e então no sexto percebi o que sinto.

Passei as férias o tempo todo me perguntando o que deveria fazer.

Contar para ele? Não contar?

E então, em um dia extremamente chato na casa de meus pais lembrei que James havia comentado com Sirius, um de seus amigos, que iriam visitar Remus – outro integrante – e jogar quadribol com ele no começo de agosto.

Não queria contar na frente dos amigos...já é bem complicado se declarar para alguém que você jurou de morte. Imagina para os amigos que você sonhava em serem expulsos? (pelo menos um dos amigos eu sonhava. Remus é legal.)

Mas seria imensamente pior se tentasse quando as aulas tivessem começado, afinal mais pessoas a volta e uma monitora-chefe não podia ser vista com um destruidor-mor.

A casa de Remus ficava em uma cidade bem próxima de onde eu residia, não foi complicado pegar um ônibus e me dirigir para lá. Sendo nascida trouxa, ônibus é algo bem importante.

O caminho todo, eu repetia para mim mesma: como vou começar? O que vou dizer? Que desculpa vou dar para os amigos dele? Decidi deixar para improviso. Algumas pessoas se saem bem sob pressão.

Toquei a campainha de uma bela casa vitoriana e esperei, tremendo dos pés a cabeça, alguém atender.

A porta abriu-se e um menino magro, com aspecto de doente e cabelos loiros sorriu surpreso para mim.

- Lily? O que faz aqui?

- Eu...moro aqui perto e resolvi visitar.

- Perto? – seu sorriso alargou-se. – Achei que fosse em outra cidade há alguns quilômetros.

- Hum...bem, é. Mas é importante. James está aí, não?

Ele ergueu uma sobrancelha e notei minha primeira mancada. Eu nunca chamava James de James. Era sempre Potter. Resolvi tomar a única atitude sensata que me veio a cabeça na hora. Ter um acesso de tosse.

- Você está bem? Quer um copo de água? – ele me ofereceu a entrar. Fiz que não com a cabeça.

- Já estou melhor. Hum...Potter – frisei a palavra – está, não é mesmo?

- Está. Você quer falar com ele? – Remus estava me irritando. Parecia estar se divertindo como nunca.

- Quero. Fui nomeada monitora-chefe – falei orgulhosa. – E McGonagall me mandou uma outra carta pedindo para avisar aos pestes do ano – falei tentando parecer severa. – para comportarem-se agora que teremos N.I.E.M.s e que ela ficaria inteiramente infeliz, se tivesse que tirar o melhor apanhador que a Grifinória teve, do último campeonato dele, por mal comportamento. – Cara, às vezes me orgulho da minha rapidez mental.

- Engraçado, também fui nomeado monitor-chefe. Não recebi essa carta. – MALDIÇÃO! Qual o problema do mundo comigo? Por que tem que haver uma conspiração contra mim?

Pensa Lily. Pensa.

- Anh...ela deve saber que vocês são muito amigos e seria desperdício de pergaminho. – É. Acho que não sou uma dessas pessoas que se dão bem sob pressão.

- Hum...ok. Vamos para o quintal. – ele me direcionou por dentro da casa até chegarmos a uma porta de vidro enorme que dava para a parte de trás.

James e Sirius estavam voando e fazendo aquelas brincadeiras idiotas que garotos fazem. Sabe, ficar se batendo e rindo. Mas faziam isso em pleno ar e estava me deixando tensa.

- Ei, Pontas! Olha quem está aqui. – Remus gritou.

James e Sirius pararam de se bater e olharam para baixo. James teve um ligeiro sobressalto e quase caiu da vassoura.

Automaticamente levou a mão aos cabelos e os bagunçou compulsivamente. Desceu tão rápido que pensei que fosse atravessar a porta de vidro.

- L-Lily? Digo... – pigarreou e sua voz se tornou mais grave. – Hey Evans. O que faz aqui? – me derreti toda e tive o ímpeto de rir. James é bem magro, usa óculos e tem cabelos arrepiados para parecer que acabou de sair da vassoura. O que agora era verdade.

- É Evans. – Sirius veio rindo da cara de bobo do amigo e se apoiou no meu ombro. É um garoto realmente bonito, com cabelos longos até o ombro e olhos cinzas. Conheço muitas garotas que se matariam para estar sendo apoio dele. Mas não eu. – O que traz vossa graça a nosso humilde campo de quadribol? Suas férias estavam chatas e resolveu se declarar para o Pontas? – gargalhou parecendo o latido de um cachorro.

Meu estômago caiu alguns centímetros. Se ele soubesse de como isso era verdade...

- Não interessa a você, Black. – falei empurrando o braço dele. – E não se apóie em mim.

- Que menina adorável...

Revirei os olhos e o ignorei. Puxei James pelo braço.

- Preciso falar com você, Potter.

- Uhhh o que quer com ele, ruivinha?

- Olha aqui, Black! Você quer uma detenção antes mesmo de termos voltado para Hogwarts? Acho que não, né? – falei com meus olhos o fuzilando. Ele, surpreso, deu de ombros e voltou a voar.

Arrastei o garoto assustado para dentro e longe de olhares indiscretos.

Olhei em volta e me certifiquei de que ninguém nos ouvia.

- Anh...Lily, você pode me dizer o que houve? Está me deixando preocupado.

Olhei no fundo daqueles olhos castanhos esverdeados e senti minha coragem esvair-se. Era agora ou nunca. Fechei os olhos, respirei fundo e pensei: fale rápido. Faça como um curativo.

- Vou fazer mímica.

- O que? – ele me olhou como se fosse louca. – Quer dizer que vai entrar para aulas de mímica?

- Não. – revirei os olhos. – Que eu vou te contar através de mímica.

- Ah...tá. – falou confuso.

Ahhh mas se ele achou que eu facilitaria para ele, estava muito enganado!

Fiz pose de uma pessoa morta e outra assistindo.

- Anh...morte, ataque cardíaco, ah! Você está morrendo de preocupação com os estudos desse ano? – ele sorriu.

- O que? Não! – depois de alguns minutos, eu já estava quase desistindo quando na décima palavra que ele chutava, falou:

- Eutanásia, o pensador, o...

- Isso!

- O pensador?

- Não. A primeira coisa.

- Eutanásia?

- Uhum. – fiz sinal de corte.

- Cortar a palavra? – fiz q sim com a cabeça. – Anh...Násia?

- Não! – revirei os olhos novamente.

- Eu?

- SIM!

- E por que então não apontou para você mesma? – eu sei que estava parecendo ridícula, mas pelo menos ele descobriria sem eu ter que falar.

- Fácil demais e sei que você é inteligente Ja...Potter. – fiz o número dois.

- Segunda palavra? – confirmei e apontei para meu braço como uma seringa me furando. Depois fingindo arrastar o mesmo lugar em um prego enferrujado.

Sua cara era de puro espanto.

- Anh...terapia? Por que eu acho mesmo que está precisando. – Fiz que não. Novamente mostrei o gesto da seringa. – Viciada? Ah! Tétano?

- Siiiim! Corta.

- Te? – ele arriscou. Com minha confirmação ele perguntou: - Então por que não poderia ter sido Terapia?

- Porque não era a palavra certa ora. Última. – meu coração estava acelerado. Pensei em algo bem difícil. Apontei uma foto dele com Sirius, Remus e Peter, que era para quem eu apontava. Um amigo gordinho com cara de rato que os perseguia em Hogwarts, em cima de uma estante.

- Amoeba! – meu queixo caiu. Como ele pode ter descoberto a mais difícil tão rápido? Tudo bem que Peter é bem lerdinho e um tanto inútil, mas...

- Como...?

- Ah... – ele sorriu satisfeito. – é que uma vez estávamos cansados e pedimos ao Pe... – ele então pareceu ter cortado sozinho a palavra e juntado com as outras. Elas formavam "Eu te amo". Seu rosto ficou pálido e ele parecia mais chocado do que tinha ficado antes. – Você...me...ama...? – ele parecia estar com falta de ar.

Fiquei muito ruborizada e concordei com a cabeça olhando meus próprios pés.

- Não está...brincando comigo, né? Porque se estiver é muita malda... – e então, para alguém que pensa horrivelmente sobre pressão e teve uma enorme dificuldade em dizer três palavrinhas, eu agi bem rápido e espontaneamente. Simplesmente...o agarrei.

De início ele ficou surpreso de braços e olhos abertos, provavelmente pensando se era um sonho. Depois, convencido de, independente de ser sonho ou não, ele tinha que aproveitar, me abraçou pela cintura e retribuiu.

Finalmente, lembrei que Remus ou Sirius poderiam entrar a qualquer momento, empurrei ele.

- O que foi...? – seu rosto estava vermelho também e parecia ainda nas nuvens.

- Os outros podem ver.

- E daí? – ele tentou me puxar de volta, mas me afastei.

- Eu não quero que eles saibam. Ouviu, James? – agora eu o olhava novamente como antes. Ameaçadora.

- Mas por que não? – tentou parecer intrigado, mas sem conseguir esconder muito a felicidade de ter ouvido eu chamá-lo de "James".

- Tenho meu orgulho, né? Durante anos te odiei! Não posso agüentar me perturbarem. Sem falar que agora sou monitora-chefe. Preciso ser respeitada, e não terei isso sendo a sua namorada.

- Minha namorada? – ele sorriu de forma abobalhada.

- Sim. Estamos namorando. Mas só se não contar nada.

- Claro!

Dei mais um beijo nele, sorrimos e com muito custo, nos afastamos.

Agora, como que manteríamos isso em segredo seria um desafio.


Vamos às explicações: vocês podem pensar "mas que raio de título é esse para a fic?" e eu vou responder.

Tive a ideia para essa fic vendo Friends (que eu AMO). Há um episódio na quinta temporada que se chama "aquele em que todos descobrem", que é sobre a Monica e o Chandler tentando manter em segredo seu namoro, mas todos ficam sabendo. E aí pensei em criar uma fic com os Marotos e Lily...e foi nisso que deu \o/

Por isso o título é "aquelA em que...", porque o "aquele" de friends refere-se ao apisódio (aquele episódio em que...) e o "aquela" é a fic. (aquela fic...). Eu sei que já podem ter entendido rs, mas quis dar mais detalhes para quem não pegou de primeira.

Espero que gostem e comentem, heim?

Beijos!