Nada de magia dessa vez. Já faz tempo que estava louca para escrever uma história que se passasse na época medieval e finalmente tomei vergonha na cara para escrever. Espero que gostem. Vale lembrar que os personagens de Harry Potter não são meus, a época medieval não é minha e não vou ganhar nada os usando. A não ser, claro, algumas reviews (espero).
Há muito tempo atrás, quando grandes porções de terra eram disputadas nas espadas e reis e rainhas se casavam para manter a paz entre seus territórios, onde hoje se encontra a Grã-Bretanha encontravam-se diversos reinados espalhados pela grande ilha. Havia muita disputa por aquelas terras, principalmente os férteis solos da Cumbria. Porém, nossa história se passa um pouco distante dali. Não muito longe de Londres, quatro principais reinos mantinham o poder: reino da Grifinória, reino da Sonserina, reino da Corvinal e reino da Lufa-Lufa. Cada um era independente, possuía seu próprio rei e rainha, uma economia e política diversa e suas próprias leis. O reino da Grifinória era conhecido pelos seus nobres cavaleiros, homens fortes e corajosos capazes de derrubar qualquer exército que se opusesse a eles. O reino da Lufa-Lufa era famoso por suas ervas medicinais e seus grandes curandeiros. O reino da Corvinal era conhecido principalmente pelo intelecto de seus habitantes e a grande produção cultural que havia ali. Já o reino da Sonserina...Merece um parágrafo exclusivo.
O reino da Sonserina era conhecido por se situar numa área pantanosa, propícia ao aparecimento de cobras e outros bichos peçonhentos. Não eram populares entre as pessoas dos outros reinos pois não eram muito confiáveis. Estavam na eterna busca do poder e isso os tornava egoístas e obsessivos. Porém isso não era uma regra, havia pessoas de caráter naquelas terras, elas só não eram muito populares e conhecidas. No entanto, o que faz esse reino merecer um parágrafo especial é que nossa história começa algum tempo depois que esse reino foi subjugado pelos outros três. Não, não foi despedaçado e dividido, mas seu poder se tornou restrito e passível de censura. O fato é que seu último rei, Lorde Voldemort decidiu se apoderar das outras terras e instaurou a intolerância racial entre seus povos. Como descendentes dos saxões, ele considerava o sangue saxão o único puro e passou a perseguir povos de outras origens, principalmente os celta-bretões, povo originário da ilha. Quando ele começou a perseguir, aprisionar e matar pessoas de reinos vizinhos, os mesmos tiveram que tomar uma atitude. E a guerra entre os reinos começou. Era de conhecimento geral que o principal inimigo da Sonserina era a Grifinória e por isso nesse reino ocorreram as piores batalhas, com as maiores perdas. Porém, com a ajuda de seus aliados a Grifinória derrotou a Sonserina e o povo se rendeu assim que soube da morte de seu rei. Desde então os reis dos aliados, após escolherem um novo rei para o antigo inimigo, têm o poder de censurar toda e qualquer decisão de Lúcio Malfoy, o novo rei da Sonserina.
Explicadas as intrigas, diz que me disse e outros burburinhos talvez relevantes aqui, podemos começar de fato nossa história.
Começaremos apresentando nossa personagem principal, a princesa da Corvinal, lady Luna Lovegood. Ela era uma menina muito...ops, menina não. Moça, afinal já tinha 16 anos de idade, quase 17. Assim, ela era uma jovem muito doce, nunca falava alto com ninguém, gostava de animais e do contato com a natureza. Era extremamente tímida e tinha crenças um tanto quanto...diferentes, e por isso as vezes era considerada meio maluca. Claro, ninguém nunca falou isso para ela nem para seu pai, era apenas conhecimento comum entre a população. O que ninguém entendia é que seus belíssimos olhos azuis enxergavam o mundo de uma maneira muito peculiar e isso a tornava uma criatura especial. Para que visualizem melhor, ela era loira, seus cabelos chegavam quase a cintura e andavam costumeiramente soltos, apesar das tranças serem a moda da época. Como já foi dito, possuía enormes olhos azuis que carregavam sempre um ar espantado e sonhador. Sua pele era extremamente branca e lisa, quase como uma porcelana. Não podia ter mais que 1,65 metro e provavelmente uns 50 quilos. Sim, era quase alta e bem magra. Normalmente andava descalça o que deixava sua ama furiosa. Seu pai nem ligava.
No momento em que nossa história começa ela estava no jardim de rosas, seu lugar favorito do castelo, conversando com alguns botões.
-Senhorita Lovegood, o rei deseja vê-la em sua sala nesse instante. – uma criada apareceu ao lado de uma rosa amarela, já quase murchando. Luna levantou seus grandes olhos em sua direção, como se fizesse algum esforço em voltar de alguma viagem mágica que fazia junto as flores.
-Algum problema grave, Anastácia? – perguntou com sua voz doce e musical.
-Como se o rei fosse me contar, senhorita! É melhor se apressar e fazer o que ele manda. Com licença. – e com isso a criada voltou rapidamente ao castelo, seguida por Luna.
-Mandou me chamar, papai? – perguntou ao entrar na sala do rei, ricamente decorada com quadros de gosto duvidoso e muitos enfeites de ouro, que perturbavam um pouco a vista. O rei estava sentado em seu trono com um grosso livro na mão e um gato laranja no colo. Não se parecia muito com a menina, pois tirando os olhos azuis não tinham nada em comum. O que era bom para ela, quem queria parecer um velho gordo, com bigode loiro e vestígios de cabelo também loiro adornando a vasta careca? Olhou surpreso para ela.
-Mandei? – pensou por algum tempo. – Ah, sim, mandei. Amanhã nossos convidados chegam, preciso que se arrume e cuide da organização do castelo também. Amélia já está cuidando da arrumação do salão mas preciso que você supervisione os outros salões e quartos. Sabe como é, Judy está ficando velha e não dá conta de tudo. E poderei dizer que você é uma excelente dona de casa e matrona. Obviamente será uma ótima rainha.
-Entendi, papai. Mas que convidados estamos esperando?
-Ora, a família do seu noivo, quem mais seria?
-Noivo? – ela perguntou incrédula.
-Sim, noivo. Ah, é mesmo, esqueci de te contar também. Já faz algum tempo, na verdade uns 10 anos que arranjei seu casamento com o príncipe da Grifinória. É uma ótima maneira de mantermos nossa aliança firme e forte, além de demonstrar nossa eterna lealdade ao reino que nos salvou das trevas.
-10 anos e o senhor esqueceu de me contar? Como pode, papai? Não quero me casar com príncipe nenhum! Vou me casar com o homem que meu coração escolher! – e pela primeira vez na vida ela falou mais alto que o normal com alguém.
-Luna Lovegood, é sua obrigação como princesa da Corvinal zelar pelo seu povo e pelo seu reino, fortalecendo alianças e sempre colocando os interesses da terra acima dos seus. Além do que, é minha filha, faz o que eu digo e pronto.
-Não tem nada pronto, não! Como o senhor pode fazer isso comigo? Não sou uma moeda de troca, um pedaço de terra que o senhor pode dar em nome das boas relações do reino! Eu nem ao menos conheço esse príncipe!
-Ouvi dizer que ele é muito educado e segundo a Judy, muito bonito também. Minha filha, só quero o melhor para você e ele é o melhor homem para se casar.
-Céus papai, deixe que eu decida o que é melhor para mim! Não pode me forçar a casar com um desconhecido e me mudar para uma terra distante igualmente desconhecida! Por favor, papai, não!
-Não é um assunto aberto a discussão, minha filha. A decisão está tomada e amanhã os reis chegam trazendo o filho para que se conheçam antes do casamento. Não será assim tão ruim, querida. Agora vá para o seu quarto, suas damas já estão te esperando com uma banheira cheia.
Luna abriu a boca para continuar o debate, mas um olhar de seu pai a calou. Desistiu de brigar e subiu correndo as escadas, as lágrimas rolando soltas pelo seu delicado rosto. Entrou em seu quarto aos prantos e bateu a porta com força.
-Luna! O que aconteceu, por que você está assim? – Hermione perguntou preocupada.
Ah, sim, Hermione Granger era uma importante personagem de nossa história. Ela era dama de companhia da princesa mas sabia que era muito mais que isso. Era a melhor amiga de Luna, sua confidente de todas as horas, a única que sabia os mais secretos desejos de seu coração. Seus pais haviam lutado no exército da Corvinal e como gratificação foi concedido a ela uma vaga na corte real. Seus pais não quiseram morar no castelo, preferiram continuar no vilarejo onde nasceram mas mandaram Hermione para a corte, onde com certeza teria melhores condições de vida. Ela era uma jovem muito viva, curiosa e teimosa. Lia tudo que estivesse ao alcance dos olhos e tinha sede por saber. Já havia completado 17 anos naquele verão. Tinha o cabelo castanho e encaracolado que vivia normalmente preso numa trança solta, os fios mais rebeldes, que não eram poucos, caíam-lhe a frente, propiciando a terrível mania de colocá-los para trás da orelha a cada minuto. Quando solto era cheio e um pouco armado, por isso mesmo vivia preso. Seus olhos eram de um tom castanho meio amarelado, quase cor de âmbar. Não era tão branca como Luna e seu rosto era adornado por pequenas sardinhas no nariz e na bochecha. Seus lábios cheios sempre chamaram muito a atenção. Media exatamente 1,57 metro e era a prova viva de que baixinhas eram invocadinhas. Seus 50 quilos eram muito bem distribuídos, apesar de sempre reclamar que tinha mais carne nas coxas que nos seios.
-Ele quer que eu me case! – Luna respondeu em meio aos soluços.
-Quem? – Hermione perguntou preocupada. Já sabia a resposta.
-Meu pai! Meu pai, Hermione, ele quer que eu me case! – a loira reclamou, a cabeça agora enfiada no travesseiro.
-Mas assim, do nada? Não estava brincando com você? – a morena perguntou abraçando a amiga, tentando de alguma forma confortá-la.
-Não, ele falou sério. Quer que eu me case com o príncipe da Grifinória! – encarava agora a amiga com grandes olhos azuis e molhados.
Hermione só levou a mão na boca como quem não acredita. Não havia palavras para confortar a amiga diante de terrível destino.
-Eu nem o conheço, Hermione, não sei quem ele é! Como posso me casar com um homem que nunca vi na vida? E não quero ter que viver naquela terra. Sabe que a Grifinória é mais ao norte, conseqüentemente mais frio. Não posso me casar, Hermione. Não quero!
-Tentou conversar com seu pai? Falou tudo isso para ele?
-Eu tentei, mas é impossível convencê-lo. Ele disse que o acordo foi feito há mais de dez anos e que os reis e o príncipe chegam amanhã ao castelo!
-Amanhã? Mas é muito cedo, como pode... – Hermione estava igualmente abismada.
-Estou perdida, amiga. Minha vida acabou. No fundo sempre soube que isso aconteceria um dia, mas gostava de acreditar que alguma coisa poderia mudar esse destino cruel que foi reservado para mim.
-Fique calma, Luna. Tem que haver um jeito, alguma coisa que a gente possa fazer para que seu pai desista dessa idéia...
-Só um milagre, Hermione. Só um milagre...
A garota continuou chorando no colo da amiga até pegar no sono. E para sua surpresa, no dia seguinte foi acordada com os gritos de Judy.
-Depressa, senhorita Lovegood! O homem da torre já os avistou no horizonte, levante-se! – a criada berrava, abrindo as cortinas e deixando a luz do sol invadir o quarto.
-O que é essa euforia toda, Judy? – Luna resmungou ainda rouca de sono.
-Os reis e o príncipe da Grifinória! A carruagem deles já foi vista no horizonte, não podem demorar mais que uma hora para baterem na porta do palácio! – explicou Judy enquanto jogava um belo vestido verde musgo na cama. Outras duas criadas entraram no quarto com uma bacia grande cheia de água.
-Não há tempo para um banho demorado de banheira, a bacia será suficiente. A água está morna como a senhorita gosta.
Luna ainda estava absorvendo todas aquelas informações enquanto uma de suas damas a despia e a outra lhe entregava uma bucha.
-Depressa, vamos Maybel! Onde está o corpete do vestido? Dama mais inútil essa que seu pai mandou trazer da Escócia! – Judy dava as ordens e reclamava ao mesmo tempo.
Luna já estava de pé na bacia, tentando se lavar o melhor possível em tão pouco espaço e tempo. Hermione já penteava seu cabelo enquanto pensava em um penteado adequado para a ocasião.
Após seu quase banho, uma grande armação foi enfiada rapidamente na princesa, ao mesmo tempo em que Hermione amarrava seu espartilho. Era esse o combinado, pois Luna quase perdia o fôlego quando era Judy que o fazia. Em seguida uma saia cheia de babados cobriu a armação, o vestido foi enfiado ás pressas e o corpete ajustado. Hermione deu o toque final ao cabelo da amiga, prendendo a trança em um coque alto. Luna então vestiu o sapato de festas que combinada com o vestido e suas damas davam o toque final a pintura em seu rosto.
-Está belíssima, princesa Lovegood! Tenho certeza que o príncipe se apaixonará por você assim que a vir.
Luna não sorriu com o comentário, apenas assentiu com a cabeça.
-Vamos querida, seu pai a espera no salão. – Judy a empurrou de leve para a porta.
-Vai dar tudo certo, Luna. Eu sei que vai. – Hermione disse, segurando sua mão antes da amiga sair pela porta para encarar seu destino cruel.
Seu pai já estava sentado no grande trono, esperando os convidados. Ela se sentou ao seu lado e esperou o mensageiro, que não demorou muito com a triste notícia.
-Anuncio o rei James Potter, a rainha Lílian Potter e o príncipe Harry Potter da Grifinória. – disse o criado.
O rei e Luna se colocaram de pé e os reis e o príncipe da Grifinória entraram no salão.
O rei James não era tão abatido pela idade como era o rei da Corvinal. Era um homem alto, robusto, com o rosto anguloso e cabelos pretos desalinhados ornando a cabeça. Tinha um sorriso sincero e uma aparência amigável. Além de ser muito bonito também.
A rainha Lílian também era muito bonita, seus cabelos avermelhados estavam presos num coque apertado em sua nuca e tinha adoráveis olhos verde esmeralda, hipnotizantes. Seu rosto era delicado como de uma boneca, a pele como porcelana e a idade também parecia ter sido muito generosa para com a rainha.
E havia o príncipe. Para nenhum príncipe encantado botar defeito. Era alto e forte, seu corpo bem delineado pelos trajes reais. Seu rosto lembrava o de seu pai, tinha traços fortes e bem marcados. Os olhos eram idênticos aos da mãe e o cabelo igual ao do pai, talvez um pouco mais bagunçado e comprido. Seu nariz aristocrático terminava junto aos lábios, que pareciam ter sido delicadamente desenhados em seu rosto.
"Ele parece uma escultura grega que vi no livro" pensou Luna ao ver o príncipe. Ele também não parecia decepcionado com a princesa que lhe fora designada.
-Theodor Lovegood! Quanto tempo não via meu velho amigo! – rei James exclamou, fazendo uma reverência cordial para o rei. Seu gesto foi imitado pela mulher e filho.
-James Potter, é uma honra receber você e sua família em meu castelo! – Theodor deixou de lado as formalidades, desceu de seu trono e foi abraçar o velho amigo.
-Encantadora como sempre, Lílian. – sorriu cortês ao beijar a mão da rainha.
-E você é o grande príncipe Harry. Saiba que esta casa também é sua! – ele falou com irreverência.
-E esta linda dama deve ser a princesa Lovegood, eu presumo. – o rei James disse, e como o rei confirmou com a cabeça, beijou a mão de Luna. – Encantado.
Ela ficou vermelha como um pimentão e fez uma pequena reverência.
-Você lembra muito sua mãe, querida. – foi a vez da rainha Lílian a cumprimentar. Luna gostou do comentário, não conhecera a mãe mas gostava de saber que se assemelhava a ela.
-É um prazer conhecê-la, princesa. – o príncipe Harry também beijou sua mão, meio envergonhado mas cortês.
-Aposto que estão com fome. Venham, mandei preparar um café da manhã delicioso para vocês. – o rei Theodor disse, mostrando o caminho aos seus convidados para a sala de banquetes.
A mesa estava farta, tudo que uma pessoa podia imaginar comer no café estava ali.
-É muito gentil de sua parte, Theodor. – a rainha Lílian comentou.
Quando já estavam todos sentados, os criados os serviram e a conversa fluiu em um tom ameno, ninguém querendo tratar de assuntos sérios assim tão cedo. Terminado o café, todos se levantaram.
-Vou pedir a minha criada Anastácia que mostre seus aposentos. Ela também estará ao seu dispor a todos os momentos. Mas me digam, onde está o resto de sua comitiva?
-Nosso melhor cavaleiro os está trazendo, porém ficaram um pouco para trás depois da colina. Há muita bagagem e devo confessar que algumas de minhas damas trouxeram coisas demais. Receio que planejem prolongar sua estadia. – a rainha Lílian respondeu.
-Bem, assim que chegarem também serão levados aos seus aposentos e sua bagagem será levada aos seus dormitórios pelos meus criados. James, o que acha de uma caçada depois do almoço?
-Acho uma excelente idéia, Theodor. Nos vemos então. – respondeu o rei e os três seguiram Anastácia para o outro corredor.
-E então? – Theodor perguntou a Luna assim que ficaram sozinhos.
-E então o que?
-Vai negar que seu pai lhe arrumou o melhor casamento possível?
-Sim, vou negar. O melhor casamento é aquele que o coração escolhe.
-Ora minha filha, mais dia menos dia terá que aprender que o coração é o que menos tem a ver com um casamento. Nos vemos no almoço. – disse o rei e saiu pisando duro.
Luna voltou ao seu quarto e encontrou suas damas ansiosas a sua espera.
-Conte, vamos, como é o príncipe? Daila perguntou ofegante.
-É bonito? É forte? É loiro? – dessa vez era Gertrudes.
-É moço ou é velho? – Catarina mandou.
-Tem bigodes? E cabelos? – até Judy quis saber.
-Se vocês não pararem de perguntar ela nunca vai poder responder. – Hermione ralhou com as outras.
-O príncipe é sim muito bonito, moreno, olhos verdes, forte, não tem bigodes porém tem bastante cabelo. E deve ter a minha idade, ou um pouco mais.
-Ó céus, ela já fala como uma garota apaixonada!
-Não seja ridícula, Catarina. Só porque o acho bonito não quer dizer que esteja apaixonada e nem que queira me casar com ele. Há muito mais em uma pessoa que a beleza exterior.
-Mas vai concordar que é mais fácil ver o que é bonito dentro quando a casca também é bela. – apontou Daila.
-Não vou negar, porém não sou assim fútil para me deixar enganar pela beleza do príncipe. Continuo pensando que é um erro esse casamento. Agora por favor, me deixem a sós. Menos você, Hermione.
Todas as outras saíram, muito a contragosto, do quarto.
-E então, como foi de verdade? – Hermione perguntou sorrindo e se sentando na poltrona.
-É verdade que ele é um rapaz muito bonito, não tem como negar. Mas meu coração não disparou quando o vi, não senti calafrios na espinha, minhas mãos não começaram a suar e muito menos comecei a tremer.
-Não acha que talvez esteja romantizando demais? Talvez essas coisas só aconteçam em livros e romances fictícios, mas não na vida real. Talvez amor não seja isso.
-Tem que ser, Hermione! De onde as pessoas tirariam essas idéias para escrever os livros se não fosse tudo real? Alguém se sentiu assim e escreveu, relatou, sei lá. E os livros descrevem essa sensação, que tem que ser real. É real.
-E se nunca sentir isso por ninguém? E se você começar a sentir isso pelo príncipe mais tarde, quando se conhecerem melhor? Ninguém disse que tem que ser tudo à primeira vista!
-Vai ser à primeira vista, eu sei disse. Meu coração diz que vai, Hermione. Eu sei que não acredita nessas coisas e que me acha uma romântica tola e incorrigível mas eu sei o que estou falando.
-Só não quero que estrague seu futuro, perca uma oportunidade ótima de ser feliz esperando uma coisa que pode nunca acontecer.
-Eu sei que se preocupa comigo, amiga. Aprecio o sentimento mas vai ter que confiar em mim dessa vez. Esse príncipe nunca será dono do meu coração.
Mais tarde, durante o almoço o rei Theodor sugeriu a Luna que fosse dar um passeio nos jardins e aproveitar para mostrar a paisagem ao príncipe Harry.
-Acho aconselhável que a princesa chame uma de suas damas de companhia. Não ficariam à vontade se eu os acompanhasse e não é apropriado irem sozinhos. – a rainha Lílian afirmou.
-Chamarei minha melhor dama, senhora. – Luna respondeu sem desviar os olhos do prato e muito vermelha. Evitava ao máximo olhar o príncipe, porém se o fizesse veria que ele também estava bem constrangido com a situação.
-Muito bem, vamos à caça James. Aqueles perdizes estavam sentindo a sua falta. – comentou o rei Theodor e juntos os reis deixaram o palácio.
-Maybel, traga Hermione por favor. Diga-lhe que vamos passear. – a criada acenou e foi buscar a jovem dama.
-Os homens evitam tocar no assunto mas eu acho que devemos deixar tudo às claras. Vocês vão se casar, aproveitem bem esse tempo para se conhecerem, saber tudo o que há para saber do outro para que não sejam dois estranhos no altar. – disse a rainha com veemência.
-Mandou me chamar, princesa... – porém o nome da princesa morreu em sua garganta assim que viu o príncipe Harry. Hermione não era uma garota romântica ou sonhadora mas só podia estar em um sonho. Seus olhos estavam fixados nos do príncipe e nem que quisesse poderia desviá-los. Todas as besteiras que Luna acreditava estavam acontecendo agora com ela. Sentiu o coração disparar, um calafrio percorrer a espinha, as mãos começaram a suar e um leve tremor tomou conta de seu corpo. Ruborizou ao ver os lábios do príncipe subirem num discreto sorriso. Só voltou a si quando Luna falou com ela.
-Sim, chamei. Vamos dar um passeio nos jardins e apresentar os arredores do palácio ao príncipe.
Iriam passear com o príncipe? Luna a devia estar querendo matar. Como seria capaz de passar horas ao lado dele e formar uma só frase coerente? Mas nenhuma desculpa vinha agora a sua cabeça.
-Aproveitem o passeio, queridos. – a rainha levantou e se retirou, não antes de mostrar um sorriso travesso e zombeteiro nos lábios.
-Por aqui, príncipe Harry. – Luna se levantou e caminhou em direção a uma porta, enganchando seu braço no de Hermione. Harry se levantou em seguida e as seguiu.
A porta dava em um pequeno pátio de pedra, onde alguns nobres passavam sem lhes dar atenção. Ainda em silêncio entraram por uma pequena passarela nos verdes jardins do palácio, na época cobertos de lilases e rosas.
-É um jardim muito bonito, princesa Luna. – Harry comentou.
-Obrigada, príncipe Harry. Sempre que posso eu mesma venho cuidar das flores.
Harry caminhava ao lado de Luna e lutava bravamente com seu corpo, que queria desesperadamente andar ao lado de Hermione. Sem companhia.
Continuaram em silêncio até chegar ao pequeno lado, onde corriam livres alguns cachorros atrás de cisnes e patos.
-Perdoe-me a franqueza, príncipe Harry, mas essa situação está muito constrangedora. – Luna soltou toda sua sinceridade.
-Eu é que peço desculpas, mas não sei o que dizer em uma situação dessas. – ele respondeu com franqueza.
-Bom, agora que estabelecemos a estranheza, podemos acabar com as formalidades? Não me agrada ter que chamá-lo de príncipe Harry todas as vezes e preferia que me chamasse só de Luna.
-Gosto da sua honestidade, Luna. E também detesto formalidades.
-Assim é bem melhor, Harry. E prefiro ser franca desde o começo. Não tenho a menor intenção de me casar com você. – até Hermione olhou assustada para a moça naquele momento.
-Mal nos conhecemos e já está com tanto horror de mim? – ele perguntou sorrindo.
-O problema é justamente o mal nos conhecemos. Pretendo me casar com alguém que meu coração escolha.
-Como pode ter tanta certeza que seu coração não irá me escolher? – ele perguntou ainda divertido.
-Eu sei, Harry. Sei e isso basta por enquanto.
-Vê, senhorita Hermione, mal conheci minha noiva e ela já tem ódio de mim. – Falou rindo para a morena, sem agüentar mais a vontade de falar com ela.
-Ela não odeia o senhor, príncipe. O senhor só não é sua pessoa favorita no momento. – ela respondeu meio constrangida.
-Exatamente. Não pense que o odeio, sei que está sendo forçado a esse casamento tanto quanto eu.
-Isso é verdade, Luna. Fiquei sabendo desse arranjo há alguns meses. Tentei de todas as formas convencer meu pai de que não era a melhor forma de manter a lealdade de outro reino mas ele é muito teimoso e não deu a mínima para mim. Concordo plenamente quando diz que devemos nos casar com quem nosso coração escolhe. – não pode evitar que seus olhos procurassem Hermione na última sentença.
-Pois não me importa quanto nossos pais sejam teimosos. Se ambos somos contrários ao matrimônio não há motivos para que continuemos com essa maluquice.
-Concordo com você. Mas o que tem em mente? Pois uma simples conversa não me parece ser suficiente.
-Nós pensaremos em algo. Enquanto isso os deixaremos pensando que estamos apenas nos conhecendo.
-Como preferir.
Sentaram-se na mesinha onde Luna normalmente tomava chá a beira do lago.
-Me diga, senhorita Luna, o que gosta de fazer nesse imenso castelo?
-Gosto muito dos jardins, sempre que posso venho cuidar de minhas rosas. Costumo conversar com elas para que cresçam mais saudáveis. Adoram quando canto cantigas de amor ou quando leio poemas para elas. – se surpreendeu ao ver que Harry não riu nem pareceu estranhar seus hábitos.
-Precisa contar isso para minha mãe. Ela também é muito apegada a suas flores e aposto que vai adorar cantar para seus lírios. E você, senhorita Hermione? O que faz quando não está tomando conta da princesa? – perguntou sorrindo para Luna, sabia que Hermione era sua dama e não sua ama.
-Quando posso gosto de ler, senhor. – Hermione respondeu tímida.
-E o que gosta de ler? – perguntou interessado.
-Bem, pode parecer estranho mas gosto de ler sobre política e filosofia. – respondeu mais confiante.
-São assuntos muito interessantes realmente. Não é comum uma dama da corte gostar desse tipo de leitura.
-Só porque a maioria das damas da corte sãos tolas e superficiais.
-Infelizmente tem razão. – ele respondeu rindo.
-E você, Harry? O que faz em seu castelo quando não está bancando o príncipe? – Luna perguntou divertida.
-Bom, gosto de cavalgar. Sou capaz de passar dias sobre meu cavalo, cavalgando sem rumo. E também gosto de praticar arco e flecha.
-Sério? Também gosto muito de cavalgar, apesar de não o fazê-lo muito bem. Hermione tenta me ensinar mas acho que sou um caso perdido. Porém adoraria aprender arco e flecha.
-Terei imenso prazer em ensiná-la, quando quiser. Então a senhorita cavalga bem, senhorita Hermione?
-Não diria que cavalgo bem, mas sei me virar. – respondeu um pouco corada. Ele teimava em fazê-la participar da conversa e revelar coisas sobre si, como se estivesse aqui para conhecê-la e não a princesa Luna.
-Não sei por que, mas acho que a senhorita cavalga melhor que sua modéstia a permite admitir.
-Hermione é ótima no cavalo. A última vez que apostou uma corrida com nosso bom cavalheiro Neville ela ganhou com facilidade. Papai disse que se não fosse uma dama a faria entrar para a cavalaria.
-Não me resta outra saída a não ser desafiá-la em uma corrida, senhorita Hermione. Preciso ver com meus próprios olhos se a princesa fala a verdade.
-A princesa é de fato exagerada porém não sou do tipo que foge de um desafio, príncipe Harry.
-Ótimo, arranjaremos para que a corrida seja feita amanhã pela manhã. Está bom para você?
-Diga o horário e o local e estarei lá. – ela respondeu sorrindo.
-Discutiremos isso depois da janta. Precisamos voltar agora, já está ficando tarde e não é próprio que fiquemos aqui tanto tempo assim. – disse Luna já se levantando. Os outros dois também se levantaram e assumiram suas posições anteriores. Voltaram em um silêncio muito mais confortável para o castelo e os olhos de Harry pareciam não se focar no caminho pois a todo momento procuravam a figura da dama morena que acompanhava sua noiva.
Ao chegarem no castelo viram uma grande movimentação de criados passando para todos os lados com grandes baús e cestas. Três grandes carruagens estavam paradas na frente da entrada principal. Harry esclareceu:
-A comitiva da Grifinória chegou.
Já aqui gostaria de avisar algumas coisas. Esta não será uma história longa, uns 4 ou 5 capítulos no máximo. Acho que sabem que só escrevo H2. E não posso prometer atualizações regulares nem muito rápidas. Amanhã começo num emprego novo e vou trabalhar em uns horários meio...Chatos, provavelmente só vou poder escrever nos fds. Porém, não importa quando demore, fiquem seguros que a história não será abandonada!
Agora, já que leu até aqui...Deixa uma review e me faz feliz! =D Alíás, não é por nada não, mas não existe motivação melhor para escrever a fic do que receber reviews...hehehehe
bjuxx