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Priori Incantatem

Escrito por fellytone

Capítulo traduzido por Kel Prongs

Editado por Dani

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Capítulo 2: Uma Reunião Amarga.

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Lily Evans caiu de costas na sua cama de dossel com um suspiro. Ela estava completamente exausta depois da longa viajem de trem, o banquete de boas vindas, seus deveres de Monitora e completamente perturbada com a quantidade de alunos que estavam faltando em Hogwarts. Como uma nascida trouxa, era fácil para Lily evitar a dura realidade do mundo bruxo; durante os feriados ela foi para sua casa, em Surrey, onde as pessoas nunca ouviram falar de bruxos e muito menos de bruxos malvados; sua família não fora afetada pelo reino de terror de Voldemort. Mesmo quando ela era parte da comunidade bruxa, ela estava dentro das paredes relativamente seguras de Hogwarts; as pessoas dizem que o único lugar seguro do mundo bruxo era onde Dumbledore estivesse, já que era o único mago o qual Voldemort temia.

Dumbledore. Outra preocupação para adicionar na sua lista crescente. Lily não se recordava de ter visto Dumbledore parecer tão velho quanto realmente é, a não ser nesse banquete. E isso gelou Lily até os ossos. Quem poderia ser tão bondoso nessa situação horrível se não Dumbledore?

Os pensamentos de Lily foram interrompidos pela entrada de suas três colegas de quarto, Morewenna Machbanks, Dorcas Meadows, e Alice Prewett, parecendo tão amargas quanto Lily se sentia. As três garotas estavam no salão comunal da Grifinória tentando ouvir qualquer fofoca que perderam no banquete, e pelas expressões em seus rostos, Lily percebeu que não havia sido o tipo de fofoca comum e insignificante que normalmente se espalha pela escola.

"Notícias ruins?" Lily perguntou apreensiva, se sentando. Morwenna suspirou e caminhou até sua cama oposta a de Lily ante de responder.

"Bem, nunca são boas notícias, são? Frank Longbottom estava nos contando que há mais duas pessoas desaparecidas do nosso ano, da Corvinal, Dorothy Doge, as pessoas acham que ela e sua família foram se esconder, e Ronan Digby, ninguém sabe o que aconteceu com ele."

"Mais dois da Corvinal, isso faz com que sejam oito no deles," Lily meditou, contando nos dedos. "Onze da Lufa-Lufa, e é claro os seis da Grifinória, e nós nem ao menos sabemos sobre os do primeiro ano."

"Notem que os números da Sonserina não parecem ter diminuído," Comentou Dorcas secamente de seu lugar na cama do lado da de Lily. "Aposto que Bellatrix Black ou Erebus Avery poderiam nos dizer algo sobre Ronan Digby ou algum dos outros."

A garotas caíram em silêncio por alguns minutos, todas perdidas em seus próprios pensamentos.

"Ahn, seria horrível da minha parte se mudasse de assunto?" Alice finalmente perguntou com uma voz tímida.

"Eu definitivamente aceitaria um tópico mais leve," Lily disse, sorrindo para Alice.

"Sabe Lils, Frank Longbottom nos disse outras coisas também," Morewenna disse timidamente. "Sobre certa festa que todos estão sabendo."

Interessada em fofocas mais leves, Lily se inclinou para frente. "E de quem seria a festa?" ela perguntou, divertida.

"De quem, James Potter, claro," replicou Morwenna inocentemente, ignorando a careta de repugnância de Lily. "Dizem por ai que ele ainda está confessando seu amor por você."

"Oh não! Por que os terríveis sempre gostam de mim? Nenhuns dos caras que eu escolheria pra namorar antes de uma morte prematura se aparecem," Lily disse em num tom de profundo nojo.

"Você teve uma sorte podre, Lils," Alice riu. "Se lembram no segundo ano quando." Ela parou quando Lily lhe lançou um olhar feio.

"Ah sai dessa Lily!" Morwenna exclamou. "Ele pode até ser um pouco estúpido e definitivamente um exibido, mas você preferiria uma morte prematura a sair com ele? Como você pode odiar tanto alguém que nem conhece de verdade?

"É o jeito como ele trata as pessoas que eu não gosto," Lily explicou. "Olhe o jeito que ele tratava Severus Snape no ano passado, por exemplo. Snape pode até ser um nojento que sabe uma quantidade enorme sobre Arte das Trevas, mas o que ele estava fazendo para o Potter para merecer aquela humilhação pública? Potter sai por ai enfeitiçando e humilhando os mais fracos só porque ele pode, e isso é covarde e cruel. Eu não quero conhecer Potter melhor; ele é um intimidador imbecil que precisa de alguém que o diminua até seu tamanho apropriado."

"Eu acho que Lily tem um ponto." Alice disse de seu canto. "A maneira que as pessoas tratam outras pessoas diz muito sobre elas."

"E eu acho que Potter não é tão 'Black'– perdoem o trocadilho – quanto ele mostra." Morwenna defendeu. "Eu conheço James há anos, e ele tem seus defeitos, mas não acho que ele seja tudo que você diz que ele é, Lily."

"Vocês deveriam chegar a um acordo," Disse Dorcas apressadamente, reconhecendo a teimosia nos olhos de Lily.

"Contanto que ninguém me faça sair com ele, eu posso fazer isso." Lily disse, encolhendo os ombros. Ela não tinha intenção de mudar de idéia, mas ela dificilmente considerava James Potter um assunto que valia apena lutar contra uma amiga de longa data.

Morwenna também deu de ombros e a chegada de Kathleen Kirkpatrick, a quinta e última colega de quarto, deu um fim naquela conversa em particular enquanto as garotas se preparavam para o que prometia ser uma longa conversa.

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Severus Snape observou através de olhos velados enquanto alguns de seus colegas de casa se dispersavam escada acima para seus respectivos dormitórios. De uma longa lista nunca escrita de regras que rege os códigos de conduta dentro da Casa da Sonserina, essa estava perto do topo: nunca tente escutar uma reunião no salão comunal a qual não foi convidado. Essa regra era especificamente verdade para essa reunião para uma seleção mínima de indivíduos.

Algumas das melhores linhagens de sangue de todo o mundo bruxo estava representado essa noite: Black, Lestrange, Avery e, é claro, Snape. Todos nomes antigos, poderosos e, naturalmente, puros.

Nomes nunca eram listados quando essas reuniões eram convocadas. Quem quer que esteja convocando – normalmente Bellatrix Black – simplesmente avisava os outros pra passar o aviso aos "poucos selecionados."

E esses poucos nunca mudavam. Sempre os sete: Bellatrix Black, Rodolphus e Rabastan Lestrange, Evan Rosier, Seth Wilkes, Erebus Avery, e ele próprio, Severus Snape.

Eles haviam se unido durante os anos na Casa da Sonserina devido aos seus interesses em comum, suas habilidades em comum, seus benefícios mútuos – e, claro, devido ao interesse comum do Lorde das Trevas no progresso deles.

Uma vez que eles deixavam Hogwarts, sua verdadeira educação começava – como agradar ao máximo o Lorde das Trevas. Então eles tomariam seus lugares ao seu lado e ajudariam a trazer a nova ordem. Eles haviam sido selecionados para ser sua elite, pra serem seus mais confiáveis seguidores.

Bellatrix Black se inclinou e começou a falar num tom suave que parecia carregar indiferença. "Eu vou ser breve, nós não vamos querer chamar atenção desnecessária."

Enquanto Bellatrix abafou seu tom de voz, Severus se permitiu vaguear sua atenção em volta do salão para os outros que estavam presentes nessa reunião. Todos ouviam atentamente os planos de Bellatrix para recrutar novas pessoas para sua causa, percebeu uma certa alegria na descrição de Wilkes sobre um ataque a trouxas o qual fez parte. Snape não poderia ter se importado menos com qualquer uma dessas coisas.

Ataque aos trouxas não o atraía – ele queria distância disso, na verdade. A pureza das linhagens sanguíneas dos bruxos era uma preocupação, mas não uma que o pressionava. A estupidez e a tolice eram os crimes reais que preocupavam Severus, e Snape certamente havia encontrado bruxos suficientes com linhagens antigas que eram ambos tolos e estúpidos. E também, quando o assunto era esse, Snape não se importava em converter outros bruxos "convenientes" para sua causa. Nenhuma dessas coisas era as que atraíam Snape para a causa de Voldemort.

Era a imortalidade, a promessa do poder além da vida e da morte, era isso que trazia Severus como uma mariposa para a luz da visão de Voldemort. Imortalidade e poder – a habilidade de apoderar-se da fama e da glória, para conter as marés da morte, e a devoção de Voldemort para esses objetivos intrigava Severus. Eram níveis que ele aspirava para si mesmo, que ele tentava explorar através da mistura de poção e seus estudos sobre Oclumência e Arte das Trevas.

Voldemort percebeu que Severus Snape compartilhava suas obsessões, e que poderia se tornar uma vantagem valiosa para suas realizações. Então ele começou a se interessar nos progressos de Snape em Hogwarts, fez com que outros indivíduos chave soubessem da importância de Snape e seu potencial e ainda sobre o interesse de Voldemort sobre ele. Portanto Snape mantinha uma posição de prestígio na Casa da Sonserina; os outros o respeitavam por sua habilidade e inteligência, um respeito que se intensificou ao ser nomeado Monitor no ano anterior, o reconhecendo como a um igual e um daqueles pertencentes ao grupo de Voldemort.

Snape não era ingrato pela sua elevação de status; ele sabia que se não fosse o interesse de Voldemort nele, ele seria um alvo dos sonserinos assim como outros, principalmente os grifinórios. Mas Snape, cético por natureza, era esperto em relação à cegueira dos outros, a inabalável e inquestionável devoção da maioria. Nada, para Snape, merecia tanta fé.

Snape foi tirado de seu devaneio pelo som de arrastar de pés que os outros estavam fazendo, uma indicação clara que a reunião acabara e que era hora de partir. Severus estava prestes a se levantar e retornar para seu dormitório quando a voz de Rodolphus Lestrange cortou por entre o barulho.

"Snape, Avery, um momento?" Snape concordou uma vez e se afastou para o lado onde Lestrange, Bellatrix e Avery estavam esperando.

Rodolphus Lestrange era do sétimo ano, alto, bonito, frio, e rápido como mercúrio em todos os aspectos, ambos fisicamente e psicologicamente. Ele e Bellatrix Black estavam em uma relação profundamente confusa, mas bizarramente devotada nos últimos dois anos que provavelmente duraria mais que isso. Severus supôs que não deveria ter ficado tão surpreso pela capacidade de devoção do par; afinal, eles eram os seguidores mais assíduos de Voldemort.

Bellatrix, seu braço pairando na extensão do braço de Lestrange, como de costume, seus dedos acariciando seu antebraço. Snape sentiu uma repentina pontada de irritação; ele não estava a fim de participar das mesmas brincadeiras de sempre de seus colegas, não quando estava tão tarde e ele tinha coisas a fazer antes de ir pra cama.

"Bem, Rodolphus?" Snape perguntou friamente, deixando sua impaciência transparecer.

Bellatrix Black lhe lançou um sorrisinho psicótico e presunçoso que de uma maneira bizarra era quase maternal. "Severus não tempo para nós, meu amor," ela disse para Lestrange, seu tom complacente, tudo em sua alegria interior lembrava a Snape um gato que acabara de devorar uma ameaça cobiçada. "Vamos mostrar a eles então, vamos?"

Sem nenhum aviso prévio, Bellatrix puxou a manga das vestes do braço esquerdo de Rodolphus, revelando uma caveira preta com uma cobra que se salientava de sua boca como uma língua, queimando o antebraço de Lestrange. A queimadura parecia recente; ainda tinha um contorno vermelho sugerindo que ainda estivesse dolorido. Se doeu, Rodolphus não demonstrou; ele manteve seu comportamento frio e mortal de sempre.

"Você sabe o que é isso, é claro," Rodolphus afirmou categoricamente. Avery concordou lentamente, mas Snape não moveu um músculo. "O Lorde das Trevas me escolheu para me honrar com esse símbolo de confiança, de irmandade só há quatro dias. Ele também quer que saibam que serão honrados." Lestrange olhou de um para o outro, um brilho fanático nos olhos que lembrou a Snape de Bellatrix. "Ele sente que estão preparados, que valem a pena essa última confiança." Lestrange mais uma vez fixou seu olhar rápido sondando. "E, se vocês realmente merecem toda essa confiança, não irão hesitar em frente a tanta honra." O Olhar de Lestrange descansou em Snape.

Snape não era idiota; ele reconhece um aviso quando recebe um. Voldemort poderia estar convencido do fervor de Snape, mas Lestrange não estava. Snape sabia que não havia demonstrado tanta devoção quanto os outros, na verdade, desdenhava de algumas de suas crenças e idéias e Lestrange suspeitava disso.

"Entre na linha e mostre sua dedicação, ' O frio olhar de Lestrange era mais claro do que as palavras poderiam ser. 'Ou o Lorde das Trevas irá ouvir sobre minhas suspeitas."

Snape não deixou seu olhar vacilar nem por um segundo enquanto erguia uma sobrancelha para Lestrange antes de passar por ele na direção das escadas, evitando olhar enquanto Bellatrix começou a lamber o contorno da marca de Lestrange. Avery se apressou atrás dele, aparentemente honrado demais para expressar em palavras sua sorte e claramente, como Snape, não querendo ser uma testemunha da vida sexual conturbada de Black e Lestrange. O silêncio satisfez Severus naquele momento, ele também estava preocupado com seus próprios pensamentos.

Voldemort havia merecido sua confiança e sua devoção, Snape não duvidava disso. Mas a Marca Negra traria consigo novas expectativas e deveres, que Snape não sabia se estava preparado.

Ou até mesmo, ele refletiu, se ele queria estar preparado para esses deveres.