Romances Baratos e Cartas Amassadas (1ª parte)

"Merlin, Lily. Amei esse lugar!" exclamou Sophie deixando-se cair sobre o sofá, suspirando.

"Sim, é incrível." eu respondi, me apoiando no peitoral da janela em frente à lareira.

"Então" disse ela maliciosamente, dando pulinhos entusiasmados. "Como é viver com o Monitor Chefe mais charmoso de Hogwarts?"

Pensei por um momento. "Surpreendente".

Sophie arqueou uma sobrancelha, delicadamente. "Vá em frente."

"É só que... não é exatamente o que eu esperava." Inclinei minha cabeça contra o gélido vidro da janela, fechando os olhos.

"O que você esperava?"

Abri os olhos e olhei para a meia-lua. O que eu esperava? "Sinceramente? Eu não sei o que eu esperava. Mas não isso."

"Minha querida, você é mesmo fácil de entender!" ela disse com uma risada mordaz.

"Eu não culpo você – Nem mesmo eu consigo me entender no momento."

"Lily, o que está acontecendo?"

"Não há nada acontecendo. Por quê?"

"Eu só... sinto algo errado. Aconteceu alguma coisa?"

"Sophie, não aconteceu nada"

"Eu acho que você está mentindo. Acho que algo acon - AH. Ah, Ah, meu Deus!"

"O quê?"

"Ah, Meu Deus!"

"O quê!"

"Ai, ai, ai, meu Deus!"

"Sophie, o quê?"

"James beijou você!"

Era em momentos como este que eu ficava feliz por na estar com alguma bebida na boca ou segurando alguma coisa pesada na mão, porque eu teria cuspido a bebida e teria derrubado a coisa pesada no meu pé, com certeza! Como não tinha nada disso, apenas tive que segurar na borda da janela para não cair. "Louca, James não me beijou."

"Ah. Você o beijou?"

Eu tentei controlar as imagens mentais que vieram junto a essa pergunta e tentei olhar de forma severa, sem sucesso, e esconder o rubor que se seguiu imediatamente. "Sophie, não."

Ela me olhou do outro lado da sala. "Você tem certeza?"

"Claro."

Ela bufou, decepcionada, e começou a mexer em suas unhas enquanto eu olhava pela janela. Nós não dissemos nada por alguns minutos. "Eu não me importaria se ele me beijasse." Sophie disse de repente. "Ele tem cara de quem beija bem."

Sophie era maluca, eu tinha certeza disso. "Como uma pessoa tem cara de quem beija bem?"

Ela caiu na cama, com um sorriso sonhador no rosto. "Eu posso dizer. James tem cara de que beija com paixão... Como se ele entregasse tudo o que ele tem ao beijo." Sentou-se subitamente. "Ai, meu Deus. Você precisa beijá-lo para me dizer como é!"

Eu ri. "Sophie, você está paranóica! Eu não vou beijar o James. Sinceramente, de todas as coisas..."

Ela me olhou confiante. "Você vai!"

"Eu acho que você está lendo romances demais, Sophie."

"Ooh! Falando nisso," ela se inclinou para o lado do sofá e pegou a bolsa que ela havia deixado cair antes. "Minha mãe acabou de me enviar mais alguns. Eu coloquei em algum lugar por aqui..."

A mãe de Sophie era daqueles pais que eu nunca vou entender. Desde o quarto ano,a mãe dela enviava por coruja livros de romances cafonas para "responder a todas as perguntas que ela possa ter." Os livros sempre eram dramáticos, previsíveis, extravagante e sempre tinham cenas de sexo exageradas que me faziam corar... mas isso não me impede de amá-los. Havia apenas algo tão agradável sobre seus finais perfeitos, de saber que não importava o que os personagens principais enfrentavam, eles sempre acabavam vivendo felizes para sempre. Eu queria tanto isso que chegava a doer.

"Aqui" disse ela, jogando-me um livro, quando descemos.

Eu folheava o livro. "Ótimo. Você vai ler o outro agora?"

"Não posso." Ela sorriu para mim. "Eu tenho um encontro."

Deixei cair o livro. "Por que você não- Espera, quando você- Oh meu deus... quem?"

Outro sorriso, certamente gostava de me torturar. " Jacob McLaughlin."

"Sua vaca sortuda! Você tem que me dizer todos os detalhes, Sophie, cada detalhe. Eu não posso acreditar que você está saindo com Jacob. Por que você não me disse antes?"

Jacob McLaughlin era o filho do Ministro da Magia, e era lindo, uma maravilha de se ver, ele era praticamente venerado como uma entidade divina. Ele era um perfeito príncipe encantado. Era refinado. Tinha cultura. Confiável. Ele veio de uma boa família e era o garoto mais encantador, simpático e carismático de 17 anos para se ter um encontro. O fato de que ele tinha olhos azuis claros e um sorriso matador que deixavam as meninas loucas não diminuía as outras coisas.

Um primeiro encontro com Jacob McLaughlin era excepcional. Um segunda nada menos que um milagre. Um terceiro nunca acontecia. Toda menina queria uma chance com ele. Sophie iria se tornar a garota mais invejada da semana. Eu temo pela vida dela.

Ela piscou. "Pensei que o choque seria muito melhor se eu te contasse agora. Só não conte para ninguém, ok? Eu não gosto das pessoas falando."

"Por quê? Se eu tivesse um encontro com alguém como o Jacob, eu iria querer que o mundo inteiro soubesse."

Sophie sorriu. "É aí que você e eu somos diferentes."

Eu suspirei. "Mas, mesmo assim. Jacob McLaughlin! Eu estou tão feliz por você - deprimida por mim, mas feliz por você." E era verdade. Tanto quanto eu invejava Sophie, neste momento, eu não poderia deixar de estar animado por ela.

"Não sei porque você está deprimida. Você está vivendo com James Potter, pelo amor de Deus! Não há nada para reclamar."

Ela simplesmente não entendia. "James é bom. Mas ele não é Jacob."

"Ninguém é como Jacob" ela fez uma pausa, olhando para o relógio. "Escute, eu tenho que ir. Ele vai me pegar em poucas horas."

Ela pegou sua bolsa e eu a levei para a porta. "Não se esqueça. Cada... pequeno... detalhe. Grave o encontro, se for preciso. Preciso saber tudo."

Sophie piscou. "Não se preocupe. Duvido que irei esquecer." ela disse por cima do ombro.

. . . . .

Eu peguei o livro que deixei cair no chão e trouxe-o para o pufe grande da varanda - o que eu tinha decidido a muito tempo que seria o meu local de leitura. Com um suspiro, abri o livro. Era uma noite calma, até mais do que o habitual. Sophie estava em seu encontro. James foi, como de costume, voar com os Marotos e eu estava... sozinha.

Isso normalmente não me incomodava, estar sozinha em uma noite de sexta-feira. Na maioria das vezes eu ficava contente em saber que eu queria que meus relacionamentos acontecessem de uma certa maneira e que eu não iria me contentar com algo diferente do que eu queria. Eu estava mesmo resignada a esperar o tempo que fosse necessário para encontrar o meu cavaleiro de armadura - contanto que eu o encontrasse. Mas era em noites como esta, quando todo mundo tinha algo para fazer ou alguém para fazer companhia - que me sentia sozinha, que eu desejava que já tivesse alguém. Com outro suspiro, eu abri o livro e comecei a leitura.

. . . . .

James Potter parou sua vassoura no ar, olhando para o extenso terreno de Hogwarts, suspirando. De alguma forma, estar aqui há sete anos e ter visto quase tudo não tirava a beleza do lugar.

Evelien vai amar isso aqui, ele pensou. Sim. Se ela conseguir chegar até aqui. Ele encolheu-se com o pensamento e segurou a alça de sua vassoura violentamente, castigando-se por ter pensado aquilo. Evelien vai conseguir, ele disse a si mesmo. Ela vai estar aqui no próximo ano e ela vai ficar bem. Ela vai ficar bem.

"Ah! Pontas!" Ele ouviu uma voz masculina o chamar. Virando a vassoura, James forçou um sorriso para o seu melhor amigo. Com a goles debaixo do braço, os cabelos caindo sobre os olhos e um sorriso maroto no rosto, Sirius Black pairava a sua vassoura no ar.

"Eu consegui." disse ele, jogando a goles para James.

Ele pegou-a facilmente. "Onde está Aluado?

"Está vindo. Rabicho prendeu o pé na passagem... novamente. No mesmo lugar." Sirius revirou os olhos. "A última vez que chequei, Remus estava ameaçando amputar a perna dele."

James jogou para goles sem entusiasmo. "Então, porque você não está lá ajudando o Peter?"

"Você realmente tem que me perguntar isso?"

James suspirou. "Sirius, eu não... você não tem a obrigação-"

"Eu não tenho a obrigação de fazer nada. Eu querofazer." Ele fez uma pausa, correndo a mão pelos cabelos. "Olha, eu sei que você não quer pensar sobre isso, muito menos falar sobre isso... mas, quando você falar, eu quero que você saiba... eu estou aqui. Eu estou aqui com você."

Não era muito comum os caras da idade deles falarem esse tipo de coisa, mas com eles era diferente. Sirius nunca teve um irmão ou uma família de verdade que ele pudesse mostrar qualquer tipo de afeto. Remus se sentia excluído e envergonhado durante toda a sua vida, por causa de sua situação. Peter lutava consigo mesmo, desde que eles o conheciam. Para James, a dor era o que todos eles tinham em comum, o fator que os conectavam, que os mantinham ligados. Um tanto irônico - não era ele - que o grupo dos mais conhecidos, mais adorados meninos da escola eram, na verdade, os mais atormentados? Mas havia um sentimento de fraternidade entre eles, uma amizade que ia muito além de uma relação de colegas que adoravam pregar peças e quebrar regras. Uma ligação tão grande, mesmo que tivessem dezessete anos de idade, que tinham visto e feito coisas que as pessoas com o dobro da idade deles não poderia jamais aguentar. Sirius uma vez confessou que morreria por eles, se necessário, e James sabia que ele dizia a verdade.

James se esforçou para responder, pois sua garganta ficou subitamente seca. "Eu sei. Eu sei..." Como ele poderia dizer a Sirius? Como diria que ele pensava sobre aquilo? A cada maldito segundo, pensou ele.

James jogou a goles novamente, determinado a não olhar nos olhos de Sirius, pois ele sabia o que iria ver.

Pena.

E ele não queria isso.

"James."

Ele olhou com relutância, evitando a piedade dos olhos do amigo. Mas não havia mais nada lá. Apenas compreensão. E James ficou feliz por isso.

"Me dói muito, você sabe." Disse Sirius, virando-se. "Ela é praticamente minha irmã. Mas nós conseguiremos passar por tudo isso, Pontas. Nós sempre conseguimos."

Ele balançou a cabeça positivamente em silêncio, pois não confiava em sua voz. Nós conseguiremos passar por tudo isso. Nós sempre conseguimos.

James estremeceu - esperando, rezando - que realmente conseguisse passar por tudo isso, também.

. . . . . . . . . .

"Não me deixe, Selenay" implorou Jeremy, com uma voz desesperada. "Eu não posso viver sem você. Você é minha razão de viver, você é meu sol, você é minha lua - Eu te amo... Eu te amo, Sel! E eu vou te amar para sempre!"

Seus olhos estavam molhados das lágrimas que ela estava determinada a não deixar cair. "Eu também te amo, Jeremy. Você sabe disso. Ficar longe de você vai me matar, mas eu... eu não tenho outra escolha."

"Porquê?" Ele exigiu quase grosseiramente, enquanto ela se afastava. Ela não suportaria olhá-lo. Sabia que se olhasse, ela correria até seus braços e abandonaria qualquer pretensão - e ela não podia fazer isso. Não importa o quanto ela o amava, ou como se sentia quando estava com ele ou o quão forte e seguro era quando ele a segurava. Ele não significava nada mais. "Bem Sel?" Ele perguntou de novo, puxando o seu rosto, fazendo ela encará-lo. "Qual é o problema?"

Selenay olhou para baixo. "Eu não posso..."

"Não pode o quê?" Ele sacudiu seus ombros. "Não pode o que, Selenay? Diga-me!"

Ela não mais resistiu; o olhar dele se misturava com a sua expressão opaca e ela... não agüentava mais! "Oh, Jeremy" soluçou, sem restrições, em seu ombro. Ele a segurou, enxugando as lágrimas de tristezas. Ela sorriu, mesmo que apenas ligeiramente. Pelo menos ela sabia que estava segura, ela sabia que era amada, ela sabia que estava em casa. Aqui ... nos braços de Jeremy.

Suspirei contente e sorri, virando a página, submergindo instantaneamente da história de amor de Jeremy e Selenay. Eu quase chorei com a necessidade desesperada de estar no lugar Selenay - não importava que ela fosse um personagem de ficção. Eu queria alguém como Jeremy - queria o que ele e Sel tinham. Eu queria o romance, os momentos roubados, os beijos puros.

Eu queria o amor.

Com outro suspiro, eu virei a página novamente.

"O que está acontecendo, Sel? Jeremy perguntou em voz baixa, os dedos correndo até sua coxa nua.

"Por favor, Jeremy" disse ela, em silêncio, fechando os olhos. "Agora não. ... Vamos esperar, por enquanto, por favor."

Sua voz era desesperada e ele suspirou. Jeremy apertou o seu abraço, pressionado o rosto dela sobre seu peito. "Estou preocupado com você. Você já passou por tanto! Eu não quero que você sofra mais."

Ela não respondeu, distraindo-se percorrendo os dedos sobre o peito de Jeremy.

"Sel? repetiu.

Ela olhou para ele de repente, levantando-se. "Eu te amo".

Ele levou a mão até o pescoço, deslizando-a em seus cachos negros. "Eu também te amo. Você sabe disso. Mas, Sel -"

Mas o resto de sua frase foi cortada... pelos lábios dela.

"Lendo o que?"

A pergunta veio tão abruptamente, me tirando de meus pensamentos. Eu pulei, fazendo meu livro voar, tentando acalmar meu coração que batia furiosamente pelo susto. "O que você está fazendo!" Procurei freneticamente o livro, rastejando sobre chão de joelhos, desesperada para encontrá-lo antes que James achasse. Ai, meu Deus! eu pensei, alarmada diante da perspectiva de James ver o que eu estava lendo. "Onde está?" Eu praticamente gritei.

"Procurando por isso?" Veio a resposta debochada.

Olhei para cima, o meu coração batendo freneticamente. James Potter. E o meu livro. Sendo passado de uma mão para a outra. Oh Merlin. "Você pode, por favor, devolver isso para mim?" Eu perguntei o mais calma possível, tentando alcançá-lo.

Ele tirou o livro fora do meu alcance, sorrindo, enquanto eu tentava saltar para pegá-lo. "Agora, o que temos aqui?"

James olhou para o rosto enquanto eu gemia. Ele tinha visto o título.

"Prazeres Proibidos? Minha cara, cara Evans! Quem imaginaria? Você está lendo um... livro erótico?"

Eu queria amaldiçoá-lo, eu realmente queria. "Não é um livro erótico!" Eu já podia sentir minhas bochechas corando.

Ele levantou uma sobrancelha. "Oh, sério?" Ele folheou algumas páginas e eu pulei, pronta para lutar se fosse preciso. Eu calculei mal os meus passos, porém, e acabei tropeçando no tapete fazendo-nos tombar no chão - e nos deixando em uma posição que eu prefiro nem pensar.

"Por Merlin, Evans!" ele gemeu. "Cuidado onde você se joga!"

"Eu não estava me jogando em nenhum lugar, James!" Eu tentei mover minha perna de onde ela estava – que era em volta do quadril dele – decidida a evitar o seu olhar, mas a palma da mão dele estava fixa sobre minha coxa, deixando-me imóvel. "Posso ter o meu livro de volta, agora?" Eu fiquei, esperando com a mão levantada, impaciente, quando James se sentou me arrastando com ele.

"Diga: por favor"

Ele era o garoto mais irritante que eu já conheci. "Por favorr!"

James colocou uma mão no meu quadril e com a outra segurou o livro mais firmemente. "Não, eu não acho que eu vou. Esse 'Por favor' não foi sincero o suficiente."

"Que droga, James!" Eu gritei, avançando ameaçadoramente. Fiquei em cima dele e lancei um olhar sombrio. "Me entregue esse maldito livro, agora!"

Ele reagiu normalmente, entregando-me o livro. "Aqui. Eu vou deixar você ler sobre o grandedesempenho de Jeremy em paz."

Meu coração parou de bater naquele momento. "Sobre o quê?"

"Você encontra algumas coisas interessantes folheando as páginas de um livro erótico, sabia?"

"Não é um livro erótico!"

"Não?" Ele agarrou o livro antes que eu tivesse a chance de segura-lo, virando algumas páginas. Pigarreou, antes de começar a ler: "Ele fechou os olhos. 'Oh Deus, Sel. Isso é incrível! Não pare! Nunca pare!' Selenay passava as mãos em seus cabelos e gemia. 'Nunca, nunca vou parar!'" James lançou um olhar triunfante. "Se isso não é sexo, eu não sei o que é!"

Eu tinha medo de ver como eu estava vermelha. "Eles não estão... eles estão fazendo amor!"

"Por favor. Eles estão fazendo sexo nesse romance barato!"

"Não é um romance barato!" Exceto pelo fato de que era.

James revirou os olhos. "Oh, me desculpe... nesse romance caro."

"Você é a pessoa mais irritante que eu já conheci!"

Ele deu de ombros. "Você está lendo lixo. É o meu dever avisar isso a você."

Talvez fosse o tom presunçoso da sua voz ou a arrogância em seu rosto ou a maneira pomposa em que ele estava posicionado, mas de repente eu estava furiosao, fervendo de raiva. "Lixo?" Eu gritava, minha voz estridente. "O que faz... o que lhe dá o direito... POR QUE VOCÊ DIZ ISSO?"

"Eu falo a verdade."

Eu queria dar um tapa nele. "Você é tão... tão..."

"Tão o que, Lily?"

"Tão garoto!"

"Ah, agora eu estou realmente ofendido."

"Todos vocês, todos são o mesmo! Você acha que nós somos tão bobas ou tão inconstantes e dizem que não nos entendem... e você só não entende por que ... você não tem um pingo de noção romântica no seu corpo! "

"Eu tenho muitas noções românticas no meu corpo."

Eu zombei. "Ah, jura? Quer dizer, há outras coisas ocupando a sua mente além de azarar os outros e quadribol?"

Seus olhos escureceram e por um momento, eu me perguntei se eu talvez não deveria ter dito nada. "Vocês não têm idéia das coisas que ocupam minha mente, Evans." Sua voz era fria, o sorriso sumiu de seu rosto. Eu não gostei.

"O que eu quis dizer-"

"Eu sei o que você quis dizer. Não pense que tudo é o que parece. Não pense que você conhece todas as pessoas julgando pela aparência. Porque eu garanto que você está errada."

"Eu nunca pensei que eu -"

"Não? Você nunca pensou que eu era só um cara azarando os outros só para chamar a atenção? Você nunca pensou que eu gostava de voar apenas por falta de uma coisa melhor para fazer? Você julga tanto, Lily, e ainda assim você nunca imaginou que podem existir outras coisas acontecendo na minha vida. Coisas piores do que você que pode entender. Você já imaginou que as pessoas não vivem no mesmo mundinho perfeito igual ao seu? Talvez você percebesse que as coisas são muito piores do que eu deixo transparecer! " Ele respirou fundo, passando a mão pelos cabelos, com raiva.

Mundinho perfeito? Quem era ele para dizer que eu vivia em um "mundinho perfeito "? Ele mal me conhecia! "Eu não acho que eu vivo num mundinho perfeito. Eu nunca disse isso! E eu certamente nunca pensei que você achava."

Ele cruzou os braços e virou-se de frente para a varanda. "Ele é perfeito em relação ao meu."

"Oh, por favor" eu disse, irritada de repente. "O que é tão terrível em sua vida, afinal? Qual é o problema que faz a sua existência ser tão miserável?"

Ele virou para mim, os olhos em chamas de fúria, os punhos cerrados. "Acredite em mim, você não quer saber."

Eu não gostei deste James - raivoso, pálido. Eu desejei que ele sorrisse, daquela mesma forma irritante de quando me ajudou a escrever meu discurso há três semanas atrás. Mas eu era teimosa de mais para desistir de uma discussão.

Atravessei a sala, com raiva. "Oh, acredite em mim, eu sei. Porque eu tenho dificuldade em imaginar o que poderia ser tão verdadeiramente ruim na sua vida."

Seus punhos estavam fechados e estendidos e sua respiração era dura e difícil. Sua mandíbula estava cerrada e ele parecia pensar me olhando com seus olhos escuros. "Estou indo, agora, antes que eu acabe dizendo ou fazendo algo que vou me arrepender" ele rosnou, praticamente se jogando para fora, na varanda.

Se eu estivesse em meu juízo perfeito, eu teria ficado onde estava e deixava James em paz. Mas aquele não era o caso. Ao invés disso, eu espreitei atrás dele, batendo a porta da varanda. "Vamos, James. Diga-me o que é este grande desastre terrível. Os Wasps não ganharam a Copa do Mundo?" Eu perguntei sarcasticamente.

"Lily" advertiu em uma voz ameaçadora. "Pare..."

"Ou talvez a cueca do Snape tenha ficado azul em vez de rosa quando você o azarou?" Era como estar na frente de um trem se aproximando. Você sabia que era estúpido, irresponsável e perigoso continuar ali, mas de alguma forma você não conseguia se mover. Você tinha essa... curiosidade interna que o mantém no lugar, dizendo-lhe para esperar, para ver o que acontece, para ver até onde você consegue chegar.

Eu o vi apertar as mãos contra o para-peito. "Você não sabe quando parar..." Estava ficando cada vez mais perto e era como se eu pudesse ouvir o som dos vagões se aproximando, me avisando...

"Ou talvez sua irmã tenha te enviado uma coruja. Ela queria aquele vestido que você deu na cor rosa e não vermelho. Que tragédia, James! Entretanto, como você vai sobreviver?"

Sua postura toda enrijeceu e ele virou praticamente me queimando com o olhar. "Não se atreva a falar da minha irmã!"

"E por que não, James?" Eu provocava. "Te medo de que todos te esqueçam quando ela vier ano que vem para a escola? Que esqueçam todas a suas brincadeira de mal gosto e o seu incrível talento em quadribol?"

"Minha irmã talvez não venha para Hogwarts!" As luzes foram se aproximando, e eu podia sentir a velocidade aumentando, vindo até mim, praticamente gritando "Saia da minha frente, sua psicótica maluca, enquanto você ainda pode!"

Cruzei os braços sobre o peito. "Oh? E porque não?" Preparei-me, percebendo que estava prestes a receber o impacto.

"Porque ela está morrendo de câncer!"

. . . . . .

NOTAS DA TRADUTORA

Devo desculpas a todos os leitores e leitoras pela demora e pelo o fato do capítulo não estar completamente traduzido. Em minha defesa eu digo que, neste meio tempo – um belo de meio tempo, diga-se de passagem – eu fiz um vestibular, passei e cursei um semestre de Educação Física, que não é tão fácil quanto as pessoas imaginam. Agora, em minhas pequenas férias, resolvi dar um gasinho na tradução.

Eu acho que a decisão de dividir o capítulo é uma maneira mais atraente de me fazer continuar a traduzir essa fic sem a pressão de ter que acabar rápido. Eu também sou leitora e sei como é chato esperar meses, até anos, por um capítulo. Então, eu acho que, como é mais leve traduzir 4 mil palavras ao invés de 8 mil, a próxima metade de capítulo deve ser publicada por volta do próximo feriadão que tiver, quando não precisar me preocupar com Fisiologia e puder voltar todas as minhas atenções para tradução.

Lou St. James: muito obrigada, indicações são muito importantes e motivantes.

Mari LP.: prometo que a segunda metade será mais divertida do que essa.

Dani Prongs: demorou, desculpa... :/

G. Fanfiction: demorou, mas veio. Aproveite!

PRÓXIMO CAPÍTULO

"Você pode, por favor, dizer alguma coisa?" Eu implorei desesperada.

"Eu não acho que você queira ouvir o que eu tenho para dizer nesse momento."

(...)

"Azarar os outros é uma maneira muito boa de tirar esses pensamentos da minha cabeça. Voar tem sido a melhor opção. E também tem, bem..." Ele murmurou algo incompreensível.

"O que você disse?"

"Eu disse..." Ele limpou a garganta. "Eu disse... você. Também tem... você."

Eu quase cai de surpresa. "Eu?"

James me olhou, um pequeno sinal de sorriso aparecendo em seu rosto. "Sim. Não me olhe assim tão chocada! Você ficaria surpresa se soubesse que irritar uma garota bonita faz você parar de pensar em muitas coisas..."