Esta fic foi escrita para a quarta edição do projeto Goodnight, Bad Morning do fórum 6v. A proposta é usar citações como base das drabbles. Nessa edição, pegamos citações de fics DG.


"Como ela conseguia ter esse efeito sobre ele ainda era um mistério. Um mistério, contudo, que ele não se importaria nem um pouco em levar uma vida inteira para desvendar". A Sabedoria de Um Tolo (Flora Fairfield)


Floratta

Nada daquilo fazia o menor sentido em sua cabeça. Tivera planos e tivera sorte, conseguiu o que muitos disseram ser tolice e sonho infantil. Em sua mão direita, o diamante a proclamava a mulher mais sortuda e invejada do mundo bruxo. No tule à sua volta, iria se tecer o véu que a proclamava Sra. Potter. Sua Mãe falava, ao fundo, mas não prestava atenção nisso.

Tudo que via era seu antigo inimigo, do outro lado da rua, parado como se o seu mundo inteiro tivesse caído por terra e se desfeito em pedaços. Parecia tão indefeso, de repente, tão magoado, tão ferido que a surpreendeu. Seus olhos estavam completamente apagados, e não tinha olheiras, mas a aparência deixava claro que elas logo apareceriam.

Saiu da loja sem nem notar, indo em direção a ele sem pedras na mão pela primeira vez desde que o conhecera. Não tinha desafio em seus olhos, apenas compaixão, e imaginou porque nunca tinha reparado antes que ele também era um ser humano, falho, com sentimentos.

Bem, ele não gostava que os outros reparassem, realmente. Seus passos foram leves, na direção dele, e sua voz suave, embora não soubesse bem o que poderia dizer. Nunca tinham sido amigos, nunca tinham se gostado, no entanto não poderia deixá-lo naquele estado no meio da rua.

Ele precisava, ao menos, acordar.

"Draco" falou, num suspiro, e ele a olhou assustado. "Posso ajudar?"

Claro que ele recusou, claro que ela se sentiu ofendida, claro que a tentativa se transformou em uma discussão tola. Ainda tinha seu orgulho, e ela também era orgulhosa.

No entanto, foi uma semente. E eventualmente, as palavras vieram, e conversas. Não sabiam bem o que estava acontecendo, e nada falaram para ninguém. Aos poucos, não falavam mais em Pansy e Theodore ou em Harry.

Ou em casamento.

Os preparativos continuaram, e as duvidas surgiram algum tempo depois das palavras. Nada que tinham dito mudava o olhar vazio, e ela não o entendia. Ginny sentia-se cada vez mais impulsionada a procurá-lo e a conversar... Sem saber a razão.

Apenas gostava de passar tempo com ele, e distraírem-se. Era bom estar longe da família, às vezes. O véu de tule foi tecido, o vestido foi apertado, os convites foram enviados. A vida continuava como se aquele tempo roubado não existisse, no entanto, era absolutamente essencial para ela.

Amava Harry, claro, com uma doçura desapaixonada de quem conhece bem.

Draco era todo mistério, e nas raras vezes que a tocava, absolutamente enlouquecedor a forma como reagia. Era um choque elétrico, um susto.

Ele a encontrou com o convite na mão, e um sorriso torto. Movia-o, entre os dedos, como se achasse aquilo quase divertido. E ela ainda não o entendia, e deixava-a absolutamente louca.

Soube, naquele momento, que não poderia se casar. Não sem descobrir por que conseguia mexer com ela daquela forma.

"Draco" ela falou em um suspiro, e ele a olhou assustado. "Pode me ajudar?"

E, no beijo apaixonado que seguiu, tudo floresceu.