Capítulo 5 – O Baile de Halloween

"Eu estava entrando no Salão Principal, ou pelo menos o lugar onde deveria estar o Salão Principal.

Era uma sala enorme, toda enfeitada para a festa. Várias pessoas fantasiadas dançavam em seu centro, colorindo todo o espaço não só com cores, mas com alegria.

Sorrisos dançavam junto aos passos dos casais. As luzes dos candelabros que incendiavam todo o salão, por incrível que pareça, não queimavam. O cheiro dos arranjos se misturava com o incenso e o cheiro da comida, uma mistura que enchia os pulmões de fantasia. Nada parecia importar neste momento.

Um sorriso quase inconsciente brotou de meu rosto, aquecendo ainda mais o salão. Olhei para cima e vi pingos brilhantes espalhados por uma imensidão escura, mais a cima, havia a lua. O teto, como sempre, estava magicamente alterado para parecer que era aberto para o céu. O engraçado era que nunca se sabia por onde começava o céu e por onde terminava a parede.

Voltei meus olhos para baixo, alguma coisa me levou a olhar para um garoto de cabelos muito bagunçados, sardas e um lindo sorriso de covinhas. James.

Estranhei o fato de ele me encarar com olhos tristes, um olhar desolado. Mais estranho foi quando fui tentar me aproximar dele em um impulso de envolvê-lo e protegê-lo, pois uma mão se apoiou em um de meus ombros.

Acompanhando o movimento da mão, não me pareceu espantoso o fato de ser quem era o dono, mas o que sua boca pronunciou.

- Pois, querida, alguma coisa está te incomodando? Está pálida. – falou a voz roca e sedosa. – Vamos dançar. – Ofereceu a mão.

Olhos profundamente cinzas e brilhantes, cabelos tão loiros que parecia desaparecer à medida que balançavam com o vento e um sorriso de tal galanteio, de tal doçura que poderia fazer qualquer um derreter.

Menos quando eu não quero, é claro.

Não parecia mais ser eu que estava pegando na mão de Scorpius, não era mais Rose Weasley que comandava meus movimentos. Simplesmente minha mente não processava nada, tudo em volta desaparecia e só existia eu, estendendo a mão para o agora doce loiro.

Ele me guiava levemente, a música era desconhecida, mas isso não importava, seus olhos eram mais interessantes. Ele me rodou e eu acompanhei seu movimento, logo depois me colando novamente ao seu corpo.

Eu quase podia sentir seu calor verdadeiramente. Eu quase podia sentir a maciez de seus lábios, quase podia sentir o aperto possesso em minha cintura.

Quase senti seu cheiro, mas tudo se desmontou. As imagens ficaram borradas e o sorriso doce que estava tão perto, de repente, desapareceu."

Interessante o modo como as pessoas são.

Pela nossa natureza, somos carentes sempre de algo. Pessoas completamente necessitadas de carinho e afeto. Podemos não admitir, mas muitas vezes fazemos coisas apenas para se sentir dentro de certo grupo, para se sentir aceito.

Costumo classificar a sociedade em bandos. Existe cada bando para você se associar e cumprir suas leis e seus ideais.

Por exemplo, um grande empresário não vai sair de bermuda e Havaianas por aí, ele vai sair com um, digamos, elegante Armani, sapatos italianos etc.

Um exemplo mais forte que ocorre constantemente na juventude cotidiana, é a bebida e – ou - as drogas. Naturalmente, existem exceções para esses tipos de atitudes, mas a pessoa tem de ter uma personalidade muito forte e uma mente altamente comprometida.

Podemos dizer "Ah, eu sempre tive curiosidade" ou "Parecia divertido", mas nós sabemos que lá no fundo, a pessoa também esta fazendo isso para se sentir aceita no seu grupo.

Sinto pena das pessoas que se deixam levar pelo estereótipo, mas a triste realidade é que hoje não tem como não se deixar levar. Todos nós temos uma base, uma inspiração, apenas nossa essência foi corrompida.

Um resumo do que estou falando aqui, é que o humano por si só consegue se destruir e corromper.

O único direito que tenho a defender é a piedade, pois o julgamento não cabe a mim. Minha opinião não é uma crítica, apenas um pensamento.

Com esse pensamento, vejo que não há muita diferença entre a Grifinória e a Sonserina. Na verdade, descobri que em todo sonserino existe um grifinório e em todo grifinório existe um sonserino.

- Como assim, tia? – Vocês podem me perguntar.

Pois vou explicar minha conclusão.

Ao longo de minha história, antes de tudo, descobri que as pessoas não são perfeitas, muito pelo contrário.

Também descobri que apesar das aparências, todos nós temos um coração, e ele bate.

É como se cada um de nós fizesse parte de um grande tapete. Cada linha, solitária, não serve de nada, mas sem essa linha o tapete vai ter uma linha a menos.

Gandhi consegue explicar bem o que estou falando quando ele afirma que "O que você fizerpoderá até serinsignificante,mas é da maior importância que o faça".

Então você pergunta o porquê de um sonserino na verdade ser cheio de coragem reprimida e o grifinório cheio de ambições futuras. Você pergunta por que Hermione Granger estudava tanto? Por que Rony Weasley tinha ciúmes? Por que Draco Malfoy chorava?

E eu respondo o porquê a vocês. Por que bem e mal não é Grifinória e Sonserina. Por que as pessoas criaram essa mentalidade.

Todos nós temos o bem e o mal, só temos que escolher para onde seguir. Se você escolhe a Sonserina, não quer dizer que escolheu o mal, quer dizer que escolheu o que você achou melhor.

E sabe o que mais? Alvo não precisou me responder nada para eu entender tudo. Alvo não precisou o óbvio, ele não precisou dizer, mesmo que só muito tempo depois, quando as camadas de infantilidade e disputa entre as casas acabassem, ou pelo menos diminuísse.

Talvez vocês nunca venham a entender o que eu estou dizendo, mas eu vou deixar a resposta dessa pergunta para vocês.

Naquele dia, acordei com um novo fogo de dentro de mim, uma resignação a me levantar, tomar o melhor banho, vestir a melhor roupa. Tudo estava perfeito, desde o memento que senti o gelo do chão de mármore, até o calor de minhas roupas escolares.

Desci a escada do dormitório feminino e olhei o salão comunal com outros olhos. Eu me sentia viva.

Dei um sorriso tão largo que todos que olharam para mim se contagiaram.

Meus olhos percorreram o salão a procura de James. Ele estava ali, sentado no sofá com Quinnity, jogando xadrez de bruxo. Corri até ele e sem que ele tivesse tempo de falar, abracei-o com toda a força.

- Oh, Rose! – Reclamou James – Qual é a sua, garota? Deixou minhas peças todas caírem.

Em algum lugar atrás de mim, Quinnity riu.

- Calma, Jay! Não ta vendo que a menina só quer te agarrar aqui na frente de todo mundo? – Sorriu pra mim de uma maneira um tanto... Forçada.

Eu teria ficado mais vermelha com o comentário, mas o modo como Quinnity falou isso me deixou curiosa.

Antes que eu armasse alguma resposta para o comentário de Quinny, James me virou para encará-lo.

- Bom dia, Rose. – Falou com a voz sedosa.

Ele estava muito perto para eu pensar em outra coisa além de seus lábios lindos e carnudos.

- Bo-bom dia. – Falei em um suspiro.

James riu. Para ser franca ele soltou uma gargalhada e depois puxou minha nuca selando nossos lábios com força. Sua boca buscava espaço dentro da minha. Sua língua brincava com meus lábios. Era tão bom tê-lo aqui pertinho de mim, eu me sentia tão bem, aconchegada, segura.

Antes de abrir minha boca para aprofundar o beijo, uma coisa estranha aconteceu.

Lembrei-me do dia em que Scorpius tentou me beijar, de como ele me convidou silenciosamente para provar de seu gosto, para entrar em sua vida.

Foi no mínimo frustrante eu tê-lo negado.

Com esse pensamento, abri meus olhos e empurrei James para trás. Não por nojo de James, mas por nojo de mim. Eu quase cheguei a ver Scorpius no lugar de James.

Ele pensou que era para nos deitarmos no sofá ou coisa parecida, por que ele me levou junto consigo. Começou a me puxar para outro beijo, quando eu o parei colocando ambas as mãos em seu peito. Aquilo ia ser no mínimo uma falta de pudor.

- Espere James. – Falei fazendo de tudo para não mostrar a triste surpresa estampada em meu rosto – É melhor irmos tomar um desjejum logo, acho que se nos demorarmos vou perder a aula Slughorn. – Pensei rápido em uma desculpa descente.

Sabe, James sabe quando estou mentindo. Acho que minha voz afina um pouco toda vez que omito alguma coisa ou falo o que não é verdade. Estranhei-o ter dado de ombros.

- Tudo bem Rose. – Me deu um selinho e levantou-se junto a mim – Sabe... – espanou o peito – Ainda não sei como aquele velho ainda dá aula aqui. Quantos anos ele tem? Cento e oitenta? Ele ensinava nesse colégio desde antes de Voldemort!

Ao pronunciar o nome de Lorde Voldemort, todos no Salão Comunal viraram-se para averiguar o que se passava, James, percebendo mais do que imediatamente isso, tratou de puxar-me pelo braço até fora do Salão.

- Não sei qual é a desse povo. – Começou logo depois que saímos pelo retrato da mulher gorda, tomando o cuidado de falar baixo desta vez. – Não sabem que aquele diabo está morto? Então pronto! Nunca o viram e mesmo assim só de ouvir o nome já começam a tremer como um bando de gravetinhos.

Eu realmente não sabia o que dizer. Existia uma parte de mim que queria soltar aquele meu costumeiro suspiro de repreensão Sabe-Tudo-Weasley e fazer um sermão de como ele devia compreender o quanto a sociedade bruxa fora acalentada com o poder daquele bruxo e como as famílias de muitos daqueles que estavam estudando naquele colégio tiveram participação e consequência no que aconteceu.

Mesmo assim, eu conseguia entender em parte o que se passava na cabeça de James Sirius Potter. E tentava ao máximo ser compreensiva.

O dia, apesar de meu bom humor, foi bem normal. A única coisa que o fazia ser diferente era a agitação das pessoas. Os murmúrios de minhas companheiras já estavam começando a me encher a paciência. Por onde eu passava existia pessoas fofocando, falando sobre trajes, sobre pares, sobre dança, etc.

Sabe... se fosse um "baile" verdadeiramente, seria bem mais formal. Digo passeio completo. Aquela festa ia ser a fantasia.

Verifiquei meu relógio só pra checar que já eram seis horas. Estava subindo as escadas do dormitório feminino quando Lily me barrou alegando que precisava conversar comigo. Assenti vagamente, lembrando de passagem, que não havia tido minha conversa esperada com Alvo.

Ela me acompanhou até meu dormitório, onde se sentou comigo em minha cama. Olhou para mim com uma resignação gigantesca que eu jamais vira.

- É hoje Rose. – Falou Lily – Vou me declarar para Alvo seja como for.

Pareceu-me que sua determinação era intensa até o momento da dúvida. Desde o momento que havia me encarado, já tinha detectado o problema.

- Lily... – Toquei ternamente seu rosto, abrindo um tímido sorriso de compreensão – Não fique com medo da reação de Alvo. Seja como for para ambos os lados, se você está determinada a continuar com isso, é porque o que tem dentro de seu coração não pode ser reprimido. – Antes que ela abaixasse os olhos, ergui seu queixo e a encarei profundamente – Não tenha medo. – repeti.

Lily estava com os olhos brilhantes, suas bochechas e lábios estavam ambos mais avermelhados que o normal, os cabelos caiam desajeitados pelo rosto sardento semelhante ao de sua mãe.

Ela abriu um forte sorriso que me contagiou e me abraçou firmemente.

- Te amo te amo, te amo... – ficou repetindo – Tenho a melhor prima do mundo. – Segurou ambos os lados de meu rosto – Obrigada mesmo Rose.

Implantei um beijo em sua testa. – Não há de quê, priminha.

Os olhos cor de acaju, tão semelhantes ao de James, me encararam de uma forma um tanto sombria quando, ao me soltar, alegaram:

- Por vezes, parece que você olha muito as pessoas ao seu redor e se esquece de si mesma. Por vezes acho que você consegue ver tudo que acontece com todos, mas não nota o que acontece com você própria. – Lily deixou pender a cabeça e seus olhos se concentraram no teto. – Mas isso é apenas uma opinião, nunca vou ter certeza. – Deu de ombros e virou novamente para mim – Me promete uma coisa?

Ela me tirou do transe que me havia dopado com sua reflexão.

- Ham... Sim, claro, o que? – Perguntei.

- Me prometa que você vai sempre ser minha melhor amiga. – Sorriu pra mim, logo depois ficando séria novamente. – Ok?

Sorri.

- Ok. Sempre serei sua melhor amiga. – Me levantei e alisei minha saia escolar – Agora eu vou me arrumar para o baile de Halloween, mais alguma pergunta?

- Sim... Só mais uma. – Comentou timidamente.

- Pode desembuchar. – Tentei brincar um pouco, para deixá-la mais a vontade.

- Você... – A ouvi engoli em seco. – Você falou com Alvo?

Foi minha vez de engolir em seco.

- Bem... – Hesitei um pouco - Ainda não.

Ela estava me olhando, eu sabia disso apesar de não corresponder o olhar. Ficamos um tempo nessa tensão, até que alguém bateu a porta do dormitório e levantamos a cabeça para descobrir de quem se tratava, sem real interesse.

Era Caroline com um saco plástico grande, provavelmente com sua fantasia.

- Oh! Olá Rose. – Falou Caroline – Estou atrapalhando? – Virou o rosto para Lily e fez um comprimento rápido.

- Olá. – Falei e Lily repetiu a mesma saudação – Não, acho que nós já terminamos o que tínhamos a falar...

- Ótimo! Queria mesmo falar com você, Rose. – Exclamou Caroline, tirando o saco plástico para aparecer duas coisas esquisitas semelhantes a asas.

- O que... Exatamente...? – Lily tentou perguntar o que eu estava pensando.

- Bem... – Começou Caroline – Eu pedi uma fantasia de dragão e eles me entregaram isso. Sabe... Eu encomendei, por isso não tinha como experimentar antes... – Colocou a bizarra fantasia na frente no seu corpo e fez uma pose – Então, é melhor assim? – Depois virou a fantasia de cabeça para baixo, ou vise-versa – Ou assim?

Lily e eu trocamos olhares divertidos.

Faltavam quinze minutos para as oito.

Lá estava eu, com meu vestido de Rowena Ravenclaw extremamente fofão. Sempre admirei muito Rowena, acho que é por isso que me submeti a essa humilhação.

Meus cabelos, diferente do cotidiano, estavam presos em um coque frouxo, com alguns poucos fios caindo de forma desajeitada por minha testa e nuca.

Olhei para meu reflexo no espelho, estava até bonito para meus padrões.

Nunca quis ser bonita, nunca procurei por beleza. É meu jeito de ser, não gosto de ficar no espelho me arrumando.

Claro que sempre tinha algum detalhe que eu gostava mais ou menos em meu rosto, corpo, etc. Por exemplo, sempre gostei de minhas sardas – apesar de ter alguns lugares que eu preferiria não ter - e a cor de meus olhos. Meus cabelos são desajeitados demais, puxei isso de minha mãe.

Acho que tenho os seios grandes demais, não sei, acho que o tamanho quarenta e dois no sutiã é um número grande, ficaria mais satisfeita com trinta e oito. Eu sempre achei mais bonito as garotas finas, sem bunda nem peito.

Gosto das minhas pernas, elas são bonitas. Não tenho canelas finas nem nada demais, são normais. Meu abdômen é liso e isso me deixa muito aliviada, por que não sou a pessoa com a alimentação mais regrada.

Em geral, sou uma garota normal. Tenho celulite, vez por outra aparecem algumas espinhas em meu rosto. Totalmente normal. Estou satisfeita.

Nesse momento, olhando para meu reflexo, analisando minha maquiagem, consegui notar as mínimas mudanças adolescentes que aconteceram. Primeiro, eu estava me preocupando em estar bonita para agradar outra pessoa se não eu. Isso já era o ápice de minha humildade. Segundo, eu realmente estava com o corpo mais desenvolvido, realmente estava mais moça.

Eu sempre quis ser mais velha, para que as pessoas me respeitassem e não categorizassem o meu conteúdo com minha idade. Mesmo assim, acho que sempre fiz meu trabalho de sabe-tudo responsável mais velha direito.

Suspirei, alisando meu vestido de nervosismo. Odiava ficar nervosa, mas era uma coisa inevitável. Imagine-se você no meu lugar, com o garoto que você sempre sonhou do outro lado da porta te esperando! Quase que meu coração está saindo pela boca!

Respirei profundamente antes de abrir a porta. Desci as escadas só para ver várias pessoas com diversas fantasias diferentes. Todos absortos demais eu suas próprias conversas para se dar ao trabalho de me notar.

Saí pelo retrato da mulher gorda, convicta de qual caminho iria seguir.

Décimo sexto, Décimo quinto – pulei dois degraus de uma vez e quase levei uma queda.

Quando estava no sexto degrau – sim, eu me lembro em que degrau eu estava –, um lindo garoto com uma expressão desgostosa cruzou o corredor.

Meus olhos arregalaram-se de espanto quando reconheci de quem se tratava. Ele também olhou de relance para mim, mas pareceu não perceber da minh- não. Ele notou sim.

Voltou dois passos e me encarou nos olhos. Minhas pernas pareceram virar gelatina ao encarar aqueles olhos profundamente nublados, eram tão lindos e misteriosos que me fazia ofegar. Sua expressão estava tão vazia quanto à da primeira vez que o vi. Por que ele me olhava como uma estranha?

Não me dei ao trabalho de pensar nisso. Ele estava tão bonito com aquela fantasia de... Bem, pareciam àqueles príncipes da idade medieval, com a camisa branca aberta em cima e as botas de couro. Lembrava-me um pirata charmoso, tipo aqueles vilões bem gostosões.

Meu olhar devia estar incomodando. Ele devia não estar querendo me deixar sem jeito, reclamando. Talvez ele estivesse pensando o mesmo que eu, talvez estivesse me analisando e daqui a anos ele teria essa imagem de mim implantado em sua mente e... Não Rose, você está viajando.

Ele abriu a boca para falar algo, mas em vez de sair palavras, saiu vento. Depois abaixou o olhar, passou as mãos nos cabelos loiros e falou.

- Então... – Ele levantou a cabeça e pendeu-a no ar, olhando para o teto. Eu estava vidrada em seus movimentos.

- Boa noite. - Uma voz se entrecortou atrás de mim.

Não devia ter sentido raiva, sabendo o dono da voz, mas foi inevitável! Agora que Scorpius ia falar comigo e eu ia falar com ele e nós íamos... O que Rose Weasley? O que nós íamos fazer? Ora essa, que pensamento estúpido! Vire-se pra James como uma boa menina, ele está esperando.

Obedeci meu consciente, virando-me. James estava fantasiado de vampiro, o que em minha opinião foi uma escolha um tanto clichê. Ele estava lindo apesar de tudo.

- Boa noite. – Sorri para ele, não me esquecendo de Scorpius e logo me virando para conferir se ele ainda estava lá.

Não estava. Isso me fez soltar mais um suspiro triste que James não deixou de notar.

- O que ouve Rose? Está bem? – Perguntou.

Sua pergunta fez-me lembrar meu sonho da noite passada. Procurei não pensar sobre ele o dia todo, mas depois disso, foi inevitável.

Em vez de respondê-lo, puxei seu rosto e selei seus lábios. Beijei-o sorrindo, agarrei sua nuca e falei em seu ouvido.

- Não se preocupe comigo. – Beijei o lóbulo de sua orelha e afastei meu rosto apenas para poder ver o seu.

- Sabe... – Ele salpicava beijos por todo meu rosto – Eu sei que estamos juntos faz um tempo... – Nesse momento ele tirou minhas mãos delicadamente de si, se afastando de mim. – Mas mesmo assim eu queria tornar isso oficial.

James se inclinou para frente, tirando alguma coisa do bolso. Uma caixinha de veludo azul escuro estava em uma de suas mãos. Ajoelhou-se diante de mim e estendeu a caixinha, abrindo-a.

- Rose Weasley... – Começou – Você aceita ser minha namorada, para todos os custos? – Ficou sério.

Encaramos-nos por um minuto. Foi uma bacia de água gelada na minha cabeça. E pensar que em alguns minutos atrás eu consegui ficar com raiva dessa linda criatura que se encontrava na minha frente.

- Você está brincando, certo? – Falei séria. Ele já estava preparando-se para explicar quando eu gritei bem alto. – Mas é claro que...! – Então parei.

Parei, por que me lembrei da expressão de desgosto na cara de Scorpius.

Será possível? Passar quatro anos brigando com uma pessoa que do nada deixa de ser insuportável para virar... Insuportável?

Sim, insuportável. Insuportavelmente metido, insuportavelmente calado, insuportavelmente chamativo, insuportavelmente ele!

Isso tanto não deve ter sido gramaticalmente correto como não deve ter feito sentido. Antes ele era insuportável, era um chato, um chiclete no meu sapato.

Hoje ele é insuportavelmente indiferente. Pensem comigo! Não podem fazer sentido todas essas borboletas no meu estômago! Sabe quando foi que eu falei com Scorpius? Cinco dias atrás! Isso mesmo, cinco dias!

Nunca poderia ser amor!

Amor? De onde eu tirei isso mesmo? Ah, de minha cabeça estúpida que fica criando-me ilusões para dificultar minha vida. Além disso, estava tão fácil a chave para a minha felicidade, tão mais viável. James estava ali, na minha frente, com aquele lindo... Colar. Um lindo colar onde tinha suas iniciais gravadas. Muito mais romântico que um garoto mimado que é sempre tão complicado conviver.

Pensando bem, o que Scorpius andou fazendo comigo? Eu não devo ter sido a única que notou que ele não andava mais fazendo gracinhas comigo nas aulas.

- Que...? – James interrompeu meus pensamentos.

- Eer... Que... – Gaguejei. – Que... Bem, é claro que...

Bem no fundo, eu sabia a resposta.

- É claro que –

- Rose Weasley! Venha aqui agora! – Uma voz que eu conhecia muito bem veio ao meu consolo.

Rapidamente virei, Lily estava ali, com sua fantasia tosca de Hipogrifo, batendo os pés de frustração. Não pensei duas vezes, corri até a ruiva.

- O que houve Lily? – Perguntei, sem realmente está preocupada.

- Preciso de você aqui, caso não tenha notado. – Argumentou, seu rosto estava suplicante.

Se vocês nunca viram uma fantasia tosca de Hipogrifo, vou explicá-los do que se trata.

É um couro marrom que cobre tudo do tronco para baixo, nas costas tem duas asinhas pequenininhas e brancas. A máscara, – de ave– no momento não estava na cabeça da Lily (o que dou graças a Merlin), mas sim entre os braços.

Não recomendo a ninguém uma fantasia de Hipogrifo.

Virei e chamei James com um sinal para me acompanhar. Ele ainda estava de joelhos com uma cara de tapado, fiquei com muita pena dele. Senti-me ridícula por ter deixado-o assim. Ele levantou-se vagarosamente e como se cada passo fosse de chumbo, seguiu-me adiante com Lily.

Entramos no Salão Principal. Estava tudo perfeito. Não é como se eu não esperasse, mas... Estava mais do que perfeito.

Não tinha lustres, não tinha luzes artificiais, mas mesmo assim existia luz. Era como se toda a alegria que existia no coração de cada pessoa estivesse iluminando o salão.

Não sei como explicar e duvido que alguém consiga, mas é como se tudo fosse abstrato, como se tudo fosse o sonho mais perfeito. Apenas o chão era concreto, dava para ver as mesas, a pista de dança, a banda que foi contratada e até a comida, todos bem arrumados em um estilo rústico, algo mais para o século XIX. Acima parecia que iam mudando as imagens, as ilusões. De algum modo, estava mais perfeito que meu sonho.

Estava com uma cara de boba, tenho certeza, mas ela logo desapareceu quando avistei Scorpius conversando com Jaenelle Goyle. Sem pensar duas vezes, peguei James pelo pulso e o arrastei até a mesa onde os dois estavam. Ainda consegui ouvir o resto da conversa, antes de notarem minha presença.

- Deixe de ser ridícula Goyle! – Scorpius parecia prestes a explodir de frustração – Você sabe tão bem quanto eu que... – Nessa hora ele reparou que existia uma platéia.

Scorpius virou-se para nós, tinha um semblante tenso e pareceu cada vez pior ao tomar conhecimento de quem se tratava a ouvir a conversa. Claro, isso não durou muito, logo tomou seu costumeiro ar de indiferença.

Tentei ser cortês, apesar de achar que meus olhos estavam faiscando chamas.

- Boa noite, - Falei entre dentes. – Podemos nos sentar aqui também? – Abri um sorrisinho amarelo.

Scorpius parecia analisar a situação comicamente, seu olhar estava divertido e isso fez eu me tocar de como estava sendo ridícula essa cena. Se eu tivesse prestado mais atenção, teria notado que tanto ele quanto James estavam muito espantados com o meu simples e cordial pedido simpático. Claro que só vim a pensar nisso muito tempo depois.

Scorpius abriu um sorriso sarcástico.

- Claro que pode Srta... Posso chamá-la de Weasley ou prefere um apelido carinhoso? – Escarneou.

- Weasley está ótimo. – Respondi inabalável.

Sentei do lado de Scorpius sem dar a menor explicação, aquela cena estava muito parecida com a do Três Vassouras. James sentou ao meu lado e ficamos naquela mesma posição desconfortável.

Por que eu sempre faço merda?

- Então Goyle? Não vai sentar-se? – Perguntei, trocando olhares entre a cadeira sobrando e a garota.

- Eu... – Ela olhou suplicante para Scorpius, esse suspirou e acenou discretamente. – Sério? – Gritou histérica. – Oba!

Sentou-se toda satisfeita do lado de Scorpius, mas quando foi agarrar o seu braço ele empurrou-a bruscamente para longe, com cara de nojo. Jaenelle não se deixou abalar, mas manteve cautela.

- A quê devo a honra do novo casalzinho maravilha? – Perguntou Scorpius secamente.

Apesar de ele se referir a mim e a James, ele só transferiu a pergunta para mim, o que não me surpreendeu.

- Nada demais, só queria ficar um pouco com o meu "amigo" – Fiz aspas no ar ao falar a palavra "amigo" – E a sua namorada. – Acrescentei desgostosamente.

Scorpius virou o rosto de mim para Jaenelle com uma expressão confusa. Depois virou a face para mim, divertido. Os cabelos balançavam charmosamente, caindo sobre sua testa pálida, mas é claro que eu não ligava.

- Ah, entendi. Você acha que eu e ela... – Então apontou para ambos. – Estamos namorando?

Fiz que sim. – E não estão?

- Claro que não! – Levantou as mãos dramaticamente. – Você acha mesmo que eu namoraria essa imbecil aqui do meu lado! – Virou-se para Jaenelle. – Vê se faz algo que preste, trás alguma coisa para eu beber e... Ah, a Srta. Weasley quer alguma coisa? – Virou-se para mim com um sorriso sarcástico.

Eu estava chocada. Por um lado, estava até alegre por Scorpius não querer aquela garota, mas por outro... Quem ele pensava que era para tratar alguém assim? Mesmo que esse alguém fosse Jaenelle Goyle!

- Agora já chega! – Gritei revoltada. – Não quero aturar mais essas infantilidades! Vou embora daqui!

James gritou alguma coisa como "Rose! Espere!", mas eu ignorei.

Saí correndo daquela mesa, tendo que virar o Salão inteiro e de brinde me esbarrando em muitas pessoas para poder sair do Salão Principal.

Corri até onde meus pés não agüentavam. Quando parei para respirar um pouco me vi fora de Hogwarts, perto do Salgueiro Lutador. Capenguei até chegar ao tronco de uma árvore próxima ao Lago Negro, lá me sentei e fiquei olhando para o negrume obscuro do lago. Era bonita a cena, o céu estava estrelado e as árvores pareciam uma cobertura.

Suspirei pesadamente, massageando a têmpora como faço quando estou cansada. Já estava mesmo na hora em dar um basta e colocar meus sentimentos no lugar, eu estava parecendo uma garota de TPM. Eu sei que sempre gostei de James, mas Scorpius faz alguma coisa pular dentro de mim e eu tenho que descobrir o que é isso. Meus nervos estavam à flor da pele, eu estava definitivamente descontrolada.

Ouvi o farfalhar de folhas, o límpido barulho de folhas secas quebrando-se aos passos pesados de um homem. Rezei a Merlin que não fosse James nem Scorpius, não queria ver nenhum dos dois, minhas forças estavam esgotadas, eu não agüentava mais nada esta noite.

Merlin não me ajudou.

- Rose? – Falou cautelosamente. – É você aí?

Rapidamente levantei-me e saquei a varinha. Quando o garoto se aproximou mais de mim, totalmente desprevenido o empurrei contra o tronco da árvore e pressionei minha varinha contra o seu queixo.

- Me diga! – Gritei. – Me diga o que você quer de mim? – Nossos narizes estavam se encostando, minha voz estava embargada. – Quer minha amizade? Quer meu ódio? Meu amor? – Apertei minha varinha com mais força em seu rosto, dessa vez contra sua bochecha, sentia meus olhos queimando, mas não me dei ao luxo de me afastar, mesmo sabendo que se ele quisesse já tinha se livrado de meus braços. – Me diga o que você quer de mim? - Repeti completamente desolada.

E ele me beijou.

Seus lábios tocaram os meus possessivamente. Ele não me puxou, não me tocou com mais nenhuma parte de seu corpo além do qual eu mesma me pressionara. Apenas tocou meus lábios, invadindo-me com aquele delicioso gole de chocolate quente.

Meu sangue subiu até a ponta de minha cabeça. Foi uma coisa tão desprevenida que me fez abaixar a varinha. Fiquei estática, sem saber o que fazer. Não saí de lá, mesmo tendo todo o espaço para fazer tal coisa, mas também não aprofundei seu beijo, era apenas uma marionete nas mãos do artista.

Passei muito tempo nessa relutância, muito tempo nessa confusão, nesses sentimentos complexos e difíceis de desvendar. Eu queria encontrar respostas para o que eu sentia e parecia que em seu toque eu chegava muito perto de uma razão.

Foi gracioso o modo como meu corpo se encaixou perfeitamente a sua estrutura, o modo como seus olhos se fecharam e se entregaram ao beijo em minha frente. Eu presenciei outra coisa que nunca vi ninguém presenciar, a entrega total de Scorpius.

Depois o gole se desfez e só sobrou a lembrança daquele gostinho doce. Ele abriu os olhos e me fitou profundamente com aqueles lindos olhos prateados.

- Quero tudo. – Sussurrou, limpando meu rosto que até então eu ainda não havia notado estar com lágrimas.

Era para eu falar uma coisa inteligente nesse momento, como "Tudo bem, mas tudo o quê?", mas tudo o que saiu foi um "Hum", o que foi bem mongol, por sinal.

- Quero você. – E me puxou para mais um beijo, dessa vez ardente.

Uma mão sua puxou minha nuca e a outra se apoderou possessivamente de minha cintura. Não sei o que deu em mim, meus braços criaram própria opinião, só pode, pois eu comecei a puxar sua nuca e seus cabelos fortemente, como se tivesse medo de perdê-lo.

Emaranhamos-nos entre braços e pernas, só voltei a tomar consciência alguns minutos depois, onde eu me encontrava deitada na grama úmida com um Scorpius nunca tão lindo sobre a luz do luar em cima de mim.

Ele beijava toda a extensão de meu rosto até onde o seu podia chegar, estávamos desajeitadamente unidos, como quando acordei na caverna em cima dele.

- Por que... – Falei entre beijos – Por que você demorou tanto? – Disse em um suspiro, não esperando que ele realmente ouvisse.

A resposta estava tão perto...

Ele parou de me beijar, seus olhos saíram de foco e, por um momento, pude apreciar a sua beleza. Os cabelos loiros levemente ondulados, diferente dos do pai que eram inteiramente lisos, mas semelhante na cor. O rosto afilado, levemente saliente com um queixo protuberante. A boca fina tinha o costume de não trabalhar muito com os músculos, agora ela estava levemente rosada – minha culpa.

Seu nariz era aristocrático, reto e comprido, as sobrancelhas levemente acentuadas acima de suas pedras preciosas. Suas maçãs estavam avermelhadas e, me lembrei então, quando ele sorria não existia nenhum traço de cova em seu rosto. Os ombros eram largos, mas na medida do ideal, não como James que tinha ombros muito largos, mas de um jeito elegante e esbelto. Scorpius sempre andava como se estivesse sendo filmado no papel de rei da Inglaterra. Sempre com aquela postura esnobe que diz que ele é maior do que todos. Ele rolou no chão e me puxou para cima dele.

- Eu sempre estive aqui, Rose. – Olhei interrogativamente para ele.

- Até onde eu sei você me odiava. – Contra-argumentei, estimulando ele a falar.

Ele balançou a cabeça negativamente. – Não, eu tinha raiva de você, é diferente.

- Mas... Por quê? O que eu te fiz, Scorpius? – Deitei-me em seu colo e comecei a mexer com uma mecha rebelde em seu cabelo. Era tão simples ficar aqui com ele, como se não existisse obstáculos.

- Você... Sempre teve aquele semblante perfeito, sempre estava na minha frente, sempre era a preferida por todos... Eu nunca gostei de ter com quem competir e tinha raiva de você por não ter defeitos. – Ele estava olhando para o céu, a luz do luar batia em sua pele alva dando-lhe um ar angelical. – Quando caí naquele buraco com você, só comprovei minhas suspeitas... – Ele soltou um riso sarcástico. – Que até os seus defeitos são perfeitos.

Franzi as sobrancelhas. Puxei seu rosto em direção ao meu.

- Eu não sou perfeita. – Falei metodicamente – Você é muito mais perfeito do que eu, pelo menos. – Abaixei meus olhos e senti que minhas maçãs estavam vermelhas.

Ele soltou uma deliciosa risada de puro prazer e puxou meu queixo para encará-lo.

Ficamos nos encarando durante muito tempo, meu coração parecia uma bomba prestes a explodir. Scorpius suspirou.

- Então você está namorando aquele seu primo, o Potter?

A lembrança de James parecia muito distante, agora que eu estava nos braços do loiro.

- Não exatamente, - Scorpius já estava começando a se animar quando eu completei. – Mas isso não deixa de ser errado.

Scorpius soltou um muxoxo.

- O que mais eu poderia fazer? Mandar uma coruja com uma rosa e uma carta de admirador secreto? – Perguntou impaciente.

Soltei uma risada forte, puramente divertida.

- Acho que eu preciso ir embora. – Disse por fim. – Preciso colocar os pensamentos no lugar. – Levantei o tronco. – Pelo menos agora você deixou claro o que quer de mim. – Soltei sem prestar atenção no que falava.

Scorpius levantou também, mas parou o movimento ao ouvir minhas palavras.

- Rose... – Ele tocou levemente minha mão. – Eu não queria isso... Quer dizer... Simplesmente não consegui mais me controlar. – Ele olhou em meus olhos. – Eu só sei que agora você está mais... – Ele parecia realmente procurar palavras.

- Deixe-me ajudá-lo. Talvez atraente? Ou sedutora? – Escarneci.

- Importante.

E o mundo voltou a parar novamente, como em meu sonho, só existia Scorpius e eu. O pensamento de ser uma criança iludida e apaixonada me guiou de novo de meu torpor, mas não antes de longos minutos nadando em um lago de chumbo.

Certamente eu precisava pensar; essa história de paixão não cai bem pra mim.

Não sei de onde encontrei tanta calma, mas parecia que era exatamente isso que eu precisava - colocar as coisas no lugar. Scorpius parecia não compartilhar desse mesmo pensamento.

- Espere... – Ele disse ainda segurando meu braço. – Uma dança. Dê-me uma dança. – Argumentou.

Pensei um pouco, na verdade não consegui pensar direito, só via Scorpius a minha frente e saboreava o fato de ele querer minha companhia.

- Eu... – Ele estava com uma cara de cachorro pidão tão grande, que não tinha como eu escolher alguma coisa. – Está bem.

Scorpius me puxou de volta, selando nossos lábios. De longe, ouvi alguém chamando por meu nome, desgrudei meus lábios de Scorpius só para encontrar um James horrorizado a nossa frente.

Eu senti vergonha.

- Rose! O que... Você e ele! – Apontou para nós dois. – Como... Pode! – Ele parecia desnorteado.

Então tudo pareceu desabar para mim.

Até pouco eu estava para aceitar o pedido de namoro de meu primo. Até pouco eu estava convicta de que amava James, de que ele era a pessoa ideal para mim. Não sei que bicho me mordeu para eu me atracar com um garoto que virei amiga há cinco dias.

Todas as cenas de minha infância, todos os sorrisos que demos um ao outro, todas as promessas e convicções de que seriamos um dia uma família feliz... E aquela Barbie me enfeitiçou com aqueles seus olhos brilhantes para eu estragar tudo em troca de uma seção de beijos deliciosamente quentes.

- James... – Sussurrei. – James. – Virei para Scorpius e puxei meu braço dele. – James! James! Espere!

Ele não me ouviu, saiu correndo. Eu tentei correr atrás dele, mas percebi que nunca iria alcançá-lo. Joguei-me contra o chão, completamente desolada. As lágrimas saiam de maneira caótica.

A minha frente, vi James desaparecer. Atrás de mim, vi a mão hesitante de Scorpius erguida para me puxar. Eu não sabia o que fazer e mesmo que soubesse... Quando tomaria coragem para tomar uma decisão?