Querido diário,

Prazer em conhecer-te, meu nome é Sakura. Pretendo começar a escrever em você a partir de agora...

Aviso desde já que viver comigo é perigoso. Meu West Highland Terrier, o Dan, acha que você é um aperitivo. Sou apenas uma estudante colegial normal, exceto pelo meu cabelo, que é rosa. Acabo de mudar-me para uma nova casa, que é enorme. Amanhã as aulas voltam, ainda bem, cansei de passar os dias no ócio. Mesmo saindo toda semana com meus amigos, não aguento muito tempo sem aprender alguma coisa útil. Minhas amigas adoram me chamar de nerd, mas na minha opnião elas é que são burras. Elas também acham que eu sou meio má, mas aí eu não discordo. Desde pequena sou meio conturbada, então eu e meu melhor amigo de infância iamos ao psicólogo juntos, o Sasuke. Eu acho que ele é ainda mais conturbado que eu, pelos seus traumas de infância.

Quando eu tinha oito anos, fui para um churrasco da família em um sítio longínquo e como não tinha ninguém para conversar, comecei a me entrosar com um coelho. Ele se chamava Romeu e morreu algumas horas depois, quando um primo meu sem querer caiu encima dele. Desde então, Romeu tornou-se meu amigo imaginário e me acompanha o tempo todo, sob forma de um coelhinho parecido com o de desenhos. Nesse instante, Romeu está do meu lado me socando por chamá-lo de amigo "imaginário". Acho que de tanto acreditar nele quando era pequena, hoje ele realmente é real. Nunca contei sobre ele pra ninguém, exceto Sasuke.

Acabei descobrindo que Sasuke também tinha uma amiga imaginária, que por coincidência também era um coelho, por isso decidimos batizá-la, já que até então era chamada de "coelha", colocando seu nome de Julieta. Eu nunca consegui ver Julieta assim como Sasuke nunca viu Romeu, mas sei que Romeu e Julieta são "bons amigos". À quatro anos atrás, a família de Sasuke mudou-se para a Inglaterra e desde então nunca mais nos falamos. Foi uma das únicas vezes na minha vida que me lembro ter chorado.

Bom, chega de falar de coelhos e amigos foragidos e voltemos ao que interessa: você. Não sou tão psicótica para perguntar "Tudo bem, como vai?" mas ainda estou escrevendo aqui pois pretendo gravar registros para gerações futuras, principalmente no que se diz a problemas psicológicos. Sei que provavelmente esse lance de diário não vai durar muito, porque você é feio. Não podia esperar muito também de uma surpresinha de 1,99 de uma festa infantil, mas tudo bem.

Ainda estou sem internet aqui em casa e não tenho nada pra fazer, já que cansei de reler os livros que tenho nessas férias. Pois é, adoro ler, e se tem uma coisa que eu ODEIO é clichês. Mas minha vida é um grande clichê meio obscuro e bêbado. Afinal, meus pais se conheceram numa festa que minha mãe embebedada secretamente pelas amigas, nadava vestida numa piscina alegando ser um golfinho. Na verdade não é nada romântico. Isso me lembra um pouco o dia em que eu e Sasuke nos conhecemos...

Tínhamos cinco anos e estávamos numa festa infantil em uma casa de inverno. Eu subi numa árvore de cerejeira para pegar uma flor e acabei ficando com medo de descer. Como estava num lugar mais isolado, num jardim, ninguém me viu, exceto ele que também estava observando as árvores. Depois dele me salvar, começamos a conversar e ficamos amigos. Os meus pais e o irmão de Sasuke ficaram amigos, então Sasuke começou a freqüentar a minha casa e eu a dele, já que morávamos na mesma rua, a que eu ainda moro. Com seis anos já éramos inseparáveis, até na escola. Com dez anos, nos víamos todos os dias e todas as noites, já que Sasuke secretamente subia numa árvore que tinha no quintal, ao lado da minha sacada e ficávamos conversando.

Uma vez, numa sexta-feira, não vimos a hora passar e Sasuke ficou lá até de madrugada. Como já estava muito tarde para ele voltar e se ele fosse pego chegando em casa à essa hora estaria perdido, convidei ele pra entrar. Ele então deitou na minha cama e ficamos nos encarando por algum tempo. Ele, então, do nada, me beijou. Um selinho. Acho que durou alguns minutos. Então eu o empurrei e o olhei com uma cara assustada e perguntei o que ele estava fazendo. Ele morrendo de vergonha disse que não sabia, pediu desculpas e foi dormir no chão, com um grosso cobertor que dei pra ele. Mesmo dando uma de durona, não consegui dormir e fiquei o resto da madrugada virada pra parede, com um sorriso estranho e ruborizada. No dia seguinte fingimos que nada tinha acontecido e nunca mais conversamos sobre isso. Não que Sasuke não tenha tentado, mas sempre que ele falava sobre esse dia, eu mudava de assunto. E novamente voltei a falar do Sasuke... Bom, surgiu-me uma súbita vontade de comer queijo tostado, tchau.


Olá novamente Sr. Diário. Sinto muito pelo Dan, eu sei que ele é um babaca. Pelo menos agora ele deve estar com dor de barriga por ter comido algumas de suas páginas. Hoje as aulas voltam no Konoha High School. Antes do almoço dei uma passada lá na minha antiga casa para pegar algumas roupas que restaram. Na verdade não foi difícil, já que eu só mudei de quarteirão. Pois é, mesma rua, só mudei para uma casa um pouco maior. O estranho é que a árvore que ficava em frente à minha janela na casa antiga estava com um galho quebrado... Pombos gordos. Tá, estou indo para o meu agradável primeiro dia na escola. Adeus.


E então tragicamente, numa tarde de segunda-feira, o diário teve seu fim. Dan, o monstro, ficou zangado por não ter ganhado biscoitinho e descontou sua frustração no diário que permanecia repousado sobre o criado de sua dona. O diário não teve como se defender já que as pavorosas e afiadas garras do medonho monstro foram rápidas e fatais. Após destroçar sua vítima, Dan, o pavoroso, continuou brincando com o corpo. Não se sabe se seu prazer doentio em deixar suas vítimas em fragalhos vem da sede de "sangue celulitico" ou de tédio animal.

Após essa introdução dramática, permita-me uma apresentação. Sou eu, Romeu. Sim, o Romeu coelho amigo da SakySakê. A partir de agora eu que vou narrar essa história idiota. Ainda bem, pois é comum demais uma narração estilo diário e cara, essa história não se adequaria nada ao comum... Pensando bem, talvez essa seja uma história ironicamente clichê e imprevisível.

Nesse momento, eu e Sakura estamos lendo um livro, mais especificamente "Orgulho e Preconceito". Na verdade ela só está passando os olhos pelas páginas, ignorando o merecido tratamento que uma obra tão sublime deveria receber. Sempre que ela está atormentada isso acontece... E ela está BASTANTE atormentada, assim como eu.


Hey galerinha do mal! o/ essa foi só a introdução duma história totalmente nonsense... É literalmente uma sátira aos malditos clichês :D É meio estraanho isso de um amigo imaginário narrar a hitória mas... Ah, vai ser divertido ;B Hope you enjoy!