Capítulo 26
"Enfim, Um Final Feliz!"
Aquilo não era verdade... Não estava acontecendo...
Era apenas um daqueles sonhos extranhos e bons que a gente tem e fica irritado quando acorda...
Ele não tinha invadido a igreja num cavalo e a raptado no meio do casamento... E ela não estava em sua garupa, agarrada em sua cintura...
Não mesmo.
Já estavam bem afastados, quando Inuyasha finalmente parou o cavalo, descendo do animal, ajudou Agome a também descer. Ficou de costas para ela. Parecia não querer olhar em seus olhos.
Na igreja, todos se olhavam, sem palavras. Miroke abraçava Sango pela cintura, os dois sorrindo mutuamente. Até Kouga tinha um sorriso pasmo no rosto, o que deixou seu pai um tanto irritado.
- Kouga! _ ele ralhou _ O que pensa que está fazendo?
Kouga virou-se para o pai, com olhar ainda distante. Um sorriso bobo no rosto.
- O que é isso? _ Takeru arregalou os olhos de surpresa, ao notar o rosto do filho _ Como pode sorrir numa situação dessas?
Kouga mordeu os lábios, ainda sorrindo. Balançou a cabeça com seus próprios pensamentos.
O pai deu-lhe um tapa no rosto, como se para fazê-lo voltar ao normal. Ele massageou as bochechas, mas ainda sorria.
- Está louco, moleque? _ Takeru cuspia _ O que pensa que está fazendo?
- Nada. _ ele respondeu, olhando em direção a porta da igreja.
- Exatamente! _ o pai concordou _ Sua noiva acaba de ser levada por um João Ninguém, e você fica aí... Sem fazer NADA! Sorrindo como um bobo alegre? Está louco?
- Não, meu pai. _ Kouga virou-se para ele, sério _ Nunca estive melhor.
- Está mesmo louco! _ Takeru continuava bronqueando-o, começando a chamar mais ainda a atenção para eles _ Você acaba de ter a noiva raptada... O casamento que você tanto esperou, interrompido de uma maneira horrenda e ainda diz que nunca esteve melhor!
- Não, meu pai. _ Kouga ficou ainda mais sério, olhando para o pai com severidade _ Você queria o casamento, não eu. Essa foi só uma idéia que foi enfiada na minha cabeça a minha vida toda por causa de suas ambições! Você tem seus próprios desejos e vontades. E eu tenho as minhas. _ abaixou o tom de voz _ Posso ter descoberto isso um pouco tarde demais... Percebido que o dinheiro e status não é tudo na vida em cima da hora... Mas não vou me demorar mais com essa palhaçada!
Os pais de Agome já olhavam para os dois. Yamatizo censurava Takeru com o olhar, ao perceber que Agome era só uma escada para seu crescimento pessoal. Ao mesmo tempo, passava a admirar mais Kouga pelo seu bom caráter em não querer continuar com isso. Se arrependera de ter forçado a filha... Talvez fosse melhor para ela que guiasse seus próprios caminhos.
Takeru, por sua vez, não se conformava. Notou que todos começaram a apontá-los e cochichar entre si. Estava constrangido demais com isso. Virou-se novamente para Kouga.
- Kouga... _ ele começou, com voz de quem quer convencer _ ... Seja razoável... Não precisa terminar assim.
- Não estamos terminando nada, meu pai. _ ele dizia, tirando o paletó e jogando para a madastra, que estava sentada próxima a eles, no banco da frente, ficando apenas com a camisa branca. Estranhamente, ela tinha um sorriso orgulhoso no rosto. Era mais sensível que Takeru. _ Estamos apenas começando. _ ele sorriu, maroto, dando uma piscadela para a senhora em sua frente.
- Suas palavras não fazem o menor sentido! _ Takeru continuava _ Você acaba de ser abandonado no altar, pelo amor de Deus! Sua honra foi ferida diante de todos! Não é homem?
Kouga voltou a olhar para o pai com severidade.
- Sim, meu pai. _ Kouga respondeu _ Sou homem bastante para não abaixar a cabeça para você. E homem bastante para seguir meu próprio coração.
O pai o observou com atenção. Arregalou os olhos em compreensão.
- Não... _ ele soltou _ ... Não, vocês dois... De novo não!
- Sim! _ ele retrucou _ Você nos separou um dia. Não pode fazer mais isso agora. Ambos somos maiores de idade. Já ficamos separados tempo demais!
- Não, Kouga! _ ele tentou impedir _ Eu os proíbo. KOUGA! _ o pai gritou, mas foi em vão. Kouga já tinha atravessado a porta de igreja.
- Inuyasha... _ Agome conseguiu pronunciar, apesar de ainda estar em estado de choque.
- Me desculpe... _ ela ouviu sua voz, um tanto rouca _ Mas eu não podia ficar sem fazer nada.
Agome não tinha palavras para isso. Estava claro que ele estava emocionado e ela sabia porque sentia a mesma emoção. Depois de tanto tempo, ali estava ele de novo na sua frente. Sua aparência estava muito mais péssima do que ela se lembrava. Ele exteriorizava o que a maquiagem e o vestido bonito escondiam nela. Sua tristeza.
Os dois permaneceram em silêncio por alguns longos momentos. Agome sentia o coração doer. Queria abraçá-lo, dizer que já não importava mais o que tinha feito, mas as palavras não apareciam em sua boca. Suas pernas não se moviam.
- Deve estar ainda mais zangada comigo... _ ele comentou, a voz ainda rouca. Seus olhos, ainda baixos _ ... Deve ter ficado constrangida por ter sido arrastada daquele jeito, no meio do seu... Casamento. _ era muito difícil para ele pronunciar isso.
- Não... _ ela começou _ ... Não importa. Eu... Estou feliz.
Isso fez ele virar-se para ela. Havia surpresa em seus olhos, com olheiras muito fundas como ela pôde reparar.
- Feliz?... _ ele não conseguia acreditar.
Ela suspirou, agora era sua vez de olhar para baixo.
- Eu não queria esse casamento. _ ela comentou _ Foi uma imposição de meu pai. Kouga é um grande amigo, mas não mais que isso. Além do que, isso me custou a amizade que poderia ter com Ayame. Só seria uma boa coisa para nossas famílias. Nós não queríamos isso. Nenhum de nós. Eu só tenho que agradecer.
Inuyasha a observou com atenção. Estava linda como sempre só que mais ainda como noiva. Mas aquilo não era para ele... Nunca seria... Ele apenas poupou-la de um casamento arranjado, mas chegaria o dia em que ela casaria com alguém que realmente amasse. Alguém do seu nível. Nunca ele...
Voltou a baixar os olhos.
- Inuyasha... _ ela o olhava com tristeza. Ele estava desolado.
- Me desculpe... _ ele começou _ ... Agome, eu sei que não acredita em mim, mas... Eu nunca quis realmente te enganar... Eu fiquei louco por você no momento em que pus os olhos em sua direção... As coisas aconteceram muito rápido, quando vi, já tinha inventado toda aquela história ridícula e já não tinha mais como voltar atrás. Nunca foi um golpe... Nunca! Eu só tinha medo de que não me aceitasse como eu era. Eu fui um estúpido idiota. Não. Eu SOU um estúpido idiota, em continuar me rebaixando desse jeito, quando sei que não adiantará de nada, mas eu tinha que tentar. Sei que não vamos ficar juntos por isso nem por nada mais. Sei que me odeia pelo o que eu fiz... Nem eu me perdoaria, mas eu não podia simplesmente ficar de braços cruzados e deixar as coisas acontecerem diante dos meus olhos, e... Ai! Eu sou mesmo um imbecil! Eu...
Sua tagarelice só foi interrompida quando, para a sua surpresa, sentiu Agome agarrada em seu pescoço, os doces lábios nos seus. Ele não perdeu tempo em retribuir. Após alguns minutos, os dois se separaram, ainda se mantendo abraçados, olhando-se.
- Mas... O que?... _ ele ainda estava confuso.
- Não importa. _ ela disse, sorrindo. Seus olhos brilhavam de emoção. _ Isso já não importa mais. Está no passado. O passado deve ficar para trás. Vamos esquecer o que aconteceu e seguir em frente, como se fosse o nosso primeiro dia juntos. Não quero mais ficar longe de você. Não sabe o quanto isso me fez mal. Não quero passar por isso nunca mais.
- Mas... E seu pai? Sua família? _ Inuyasha tentava, apesar da alegria em seu interior, ser razoável _ O que eles dirão?
- Não me interessa. _ ela respondeu, abraçando-se mais forte a ele _ Não importa isso também. Eu quero você, e ninguém vai me impedir. Ninguém mais vai nos afastar. Nunca mais.
Inuyasha a olhava, cheio de ternura.
- Sabe que não posso lhe proporcionar nada do que está acostumada... Que mal tenho a minha sobrevivência e a de minha família... Que não terá nem metade do conforto que tem em seu palácio... _ ele comentava. Agome o olhou nos olhos.
- Inuyasha... _ ela disse, sorrindo _ ... Já disse que nada disso importa, está bem?
- Mas...
- "Mas", nada. _ ela o censurou, com os olhos _ Quando vai deixar de se preocupar e me beijar de verdade?
Ele sorriu, cheio de malícia, lançando-se sobre ela, cheio de paixão. Tirando-a do chão, apertava-a contra seu corpo com força, para nunca mais soltar...
A sétima badalada tocou no relógio da praça principal. Ela suspirou, com tristeza.
Ele não viera. Optara pelo caminho mais fácil, ao invés de seguir o que realmente sentia.
E agora? O que ela faria?
Não suportaria voltar a sua antiga casa, aonde tinha tantas lembranças. Com certeza o casal feliz estaria sempre passando por lá. E quando viessem os filhos? Os vovôs sorridentes correndo atrás das crianças barulhentas... Os pais orgulhosos, abraçados na varanda... E ela... A tia infeliz... Olhando tudo a distância.
Voltando a suspirar, Ayame levantou-se do banco que estava sentada, começando a andar. Não tinha a menor noção de para onde iria. Só não poderia continuar ali parada, desfrutando da própria dor.
Foi quando ouviu.
- Ayame!
Seu corpo se paralisou. Não podia acreditar... Não podia ser aquela voz. Não sua mente deveria estar muito fixa nisso para ouvir com tanta nitidez a voz que estaria a quarteirões de distância. Não. Não era aquela voz. Não era a voz dele.
- Ayame, espere! _ ela ouviu de novo.
Ainda atordoada, virou-se lentamente para vez o que em um momento fora um noivo bem produzido, agora, apenas um homem todo desgrenhado, correndo a toda velocidade em direção a ela.
- Mas... O que?...
Ayame não teve tempo de reagir. No segundo seguinte, sentiu os braços musculosos de Kouga em torno de sua cintura, seus lábios cheios de pressão nos dela. Quando se separaram, Kouga estava ofegante, num misto de emoção e cansaço pela corrida.
- Nunca mais... _ ele disse, com a boca ainda muito próxima da dela _ ... Nunca mais se afaste de mim, desse jeito.
Ayame ficou confusa, mas um sorriso se formou em seu rosto, apesar de ainda não saber o motivo.
- Eu estava aqui o tempo todo. _ ela comentou, sua mão acariciando o rosto do youkai lobo _ Você é quem demorou.
Ele também sorriu.
- Me desculpe, minha senhora. _ ele disse, olhando-a com pose de cavalheiro _ Nunca mais a deixarei esperando, eu prometo.
Ayame sorriu com isso. Os dois voltaram a se beijar.
- Ah. _ a voz de Agome os interrompeu _ Vejo que também se entenderam.
Os dois olharam sorridentes para o casal que chegava de mãos dadas.
- Espero que não fique chateado por abandoná-lo no altar, Kouga. _ Agome comentou, sorrindo.
- Claro que não. _ Kouga abraçava Ayame pela cintura _ Foi a melhor coisa que poderia ter feito por mim. E tenho que agradecer também a você por isso, Cara de Cachorro.
Inuyasha não gostou muito do modo como foi tratado, mas estava muito feliz para levar isso a sério.
- O prazer foi meu, Lobo Fedido.
Os dois sorriram e apertaram as mãos.
- Ah, estão todos aqui. _ agora foi a voz de Sango que os interrompeu. Ela chegava de mãos dadas a Miroke, com as alianças em seus dedos.
Os reis estavam com eles, assim como todos os convidados. Agome olhou preocupada para os pais.
- Papai... _ ela começou _ ... Espero que me entenda.
Yamatizo sorriu.
- Você já é bem madura para escolher o seu caminho, minha querida.
Agome sorriu, abraçando os pais com força. Voltou para Inuyasha, permitindo ser beijada por ele. O mesmo acontecia em volta com os outros dois casais. Estavam muito felizes, mas notar a rabujisse de Takeru próximo a eles... Estavam muito felizes para notar os comentários maudosos de algumas pessoas que apontavam para o duque e a princesa que se envolviam com plebeus... Para os dois irmãos de criação que se "agarravam" em público.
Estavam muito felizes para notar qualquer coisa...
FIM
Snif!
Acabei mais uma...
Ai... Eu já disse que AMO um final feliz? Tem coisa mais linda que isso?
Espero que também tenham gostado e que sempre estejam comigo, acompanhando os meus trabalhos.
Até a próxima!