Blue Lips

azul era a sua cor, definitivamente

Primeiro as cores. Para Liesel, um misto inexplicável de matizes, aprofundadas folha a folha, maturando com o tempo.

Além dela, também havia um menino, a quem poucos davam alguma atenção, cujas cores também se mesclavam ao dia e ao vento. Ele caía, ele levantava, e suas tons mudavam. Estranho? Talvez.

Outro fato notável sobre o menino era que seus olhos adquiriam um aspecto inteiramente novo quando perto de Liesel. E ainda outro diferente quando olhava para adultos em fila vagarosa, gemendo. A somar-se mais um, quando fitava gravemente um certo retrato pendurado que parecia onipresente nas paredes. Outro ainda quando o vento frio lhe cortava a face, e ele prosseguia correndo. E é possível que ainda houvesse outros tantos olhares contidos no menino, apenas esperando para serem descobertos.

Com tudo isso, era difícil achar-lhe apenas um tom. A cor dos cabelos, dos olhos, da pele, da sujeira, não eram suficientes. Houve apenas um singular momento em que tudo ficou claro. E foi Liesel quem descobriu.

Ele estava estirado no chão. Imóvel. Calado. As cores antes tão vibrantes se desmanchavam devagar, em busca do calor que o corpo não mais provia. Liesel abaixou-se, sua respiração quente contra o corpo de concreto. Ia beijá-lo, finalmente. Porém antes olhou para seus lábios inertes. Eram azuis. Assim como as veias, assim como o céu nos melhores dias. Assim como as memórias.

Sim, Rudy era azul.

"blue, the most human color..."


N/A: Eu ouvi essa música da Regina Spektor e enlouquecidamente lembrei do Rudy. Tá, eu lembrei primeiro de uma pessoa morta, mas juro que logo depois foi o Rudy x3

Sem betagem, sem lembrar da história toda do livro, qualquer coisa reclame com o esfíncter anal.