Para o I Challenge Cedric Diggory do 6V

Todos os nossos doces

Você acorda todas as manhãs ouvindo um sussurro irreconhecível. Abre os olhos e eleestá ali. Você esqueceu o nome dele, de novo. Começa com C, você acha.

Cedric.

Cedric com os olhos castanhos claros observando você despetalar uma flor dos jardins de Hogwarts.

Você sorri, e continua sorrindo até perceber que não é ele.

O outro, esse novo homem que está a sua frente, pergunta se você dormiu bem e, sem lembrar bem o que significa dormir você mente que sim. Ele sorri e lhe serve uma fatia de bolo de morango. Todos os dias ele serve um doce diferente para vocês. Você não sabe, mas faz muito tempo que recusa comer qualquer coisa que não seja doce enquanto toma café. Você não se lembra de nada, mas quando o creme doce toca sua língua você fecha os olhos e sente ao longe um cheiro de chá misturado com menta. O cheiro de chá vem de uma pequena confeitaria em Hogsmeade – você não se lembra onde é Hogsmeade. Mas lembra do nome, e do menino do cheiro de menta e de roupas lavadas convidando você para um encontro. Lembra de ter aceitado e sorri, fazendo o coração de Cedric pular e fazer malabarismos dentro do peito, os dois pensando sobre como tinham sorte de ter encontrado alguém tão especial sem precisar sair da escola.

E na mesa do café, comendo o bolo de morango, você sorri de novo e o outro sabe o porquê. Ele acaricia sua mão por cima da mesa como Cedric teria feito.

Mas não era Cedric.

Você lembra-se disso e para de sorrir.

O resto do dia é um esfumado de lembranças e fatos reais indivisíveis. Você olha para as páginas de alguns livros como o homem ao seu lado faz. Ele pergunta que bolo você gostaria de comer a tarde e você responde "mirtilo". Você corrige rápido com um "não, não, uva. Quase esqueci que você não gosta de mirtilo!".

O outro diz que gosta de mirtilo e você pensa em o quanto ele é intrometido, a conversa não era com ele.

O seu relógio marca seis da tarde e você levanta depressa, dizendo que tem que se arrumar para o baile. Não entende como, no inverno, o sol ainda pode estar brilhando as seis da tarde. Talvez fosse a felicidade de saber que hoje você dançara com o garoto mais bonito da escola. Cedric aparece na porta do quarto e você esconde rápido o vestido, dizendo a ele que dá azar. Ele ri e diz que tudo bem, que passa para pegar você em uma hora. Você põe o vestido, faz a maquiagem, passa perfume e se olha no espelho admirando a princesa oriental que é.

Falta quinze minutos para Cedric chegar com o seu elegante traje de festa. Você espera sentadinha na cama, ajeitando a barra do vestido, quando o outro entra no quarto e diz que está na hora de tomar seus remédios.

Uma dor de cabeça insuportável toma conta de você. Você diz que não quer os remédios, mas não consegue lembrar por que. Ele diz que você precisa e você grita que não, "vá embora, Cedric não gosta de você, eu não gosto de você!", mas ele não se abala. Ele pega você pelos ombros e promete que se você tomar os remédios poderá ir ao baile. Você pega os remédios e um copo com água, suas mãos tremem, lágrimas caem desmanchando sua maquiagem. Você senta na cama e seu corpo amolece. Você sabe que não vai ter baile. E, por alguns segundos, você consegue lembrar quem é o homem que mora com você hoje e você chega até a amá-lo. Mas seus olhos se fecham e a frente deles tem apenas um jogador de quadribol usando seu cachecol amarelo com preto, as bochechas coradas com o frio do inverno e as mãos enluvadas segurando as suas e prometendo que amanhã vocês vão ao baile.

Amanhã, Cedric levará você.