CAPITULO 4

Invadindo o Covil sem ser convidada


-Merlin, eu estou vendo direito? - a voz cheira de ironia entrou pelos seus ouvidos, interrompendo sua linha de pensamentos.

Serpens levantou os olhos negros e encarou Shaula, a sua frente, com uma expressão assassina.

-Serpens Black, estudando? O que há de errado com você?

-Não há nada de errado comigo, Shaula - murmurou com a voz vaga, voltando a sua atenção para os livros a sua frente.

Shaula franziu as sobrancelhas, estranhando o comportamento da irmã mais nova. Serpens não estava bem. Porém, isso não era realmente importante, o fato de Serpens estar ou não estar bem era irrelevante.

-Hum... - fez, sem saber como começar aquele assunto. E sem saber se deveria começar aquele assunto também.

Respirou fundo e então continuou. Gastara hora pensando naquilo e agora que conseguira uma resposta para seu problema, não poderia andar para trás. Uma vez na vida, ao menos, ela tinha que pensar mais nela do que nas estúpidas e dispensáveis grifinórias.

-Qual é, Shaula - disse Serpens, levemente descontrolada, encarando a irmã com um olhar mortal - Se tem algo para me dizer, diga. Se não, adeus.

E terminando a frase, voltou aos seus livros que sabe-se lá porque pareciam bem interessantes.

-Calma, Serpens. Calma, ok? Eu não tenho culpa se você e Malfoy brigaram... - dizia, sentando-se defronte a sonserina e encarando seus cabelos negros. Mas, bastou ela falar a palavra "Malfoy", seguida de "brigaram" que ela conseguiu toda a atenção desejada.

-Quem te disse que nós brigamos? - perguntou ela, surpresa com o que a irmã dissera. Tudo o que não precisava era que Malfoy estivesse espalhando seus problemas por aí.

-É óbvio, sabe? Quem mais tem o poder de te deixar furiosa assim? - perguntou calmamente, saboreando a expressão de fúria no rosto da irmã - Quando você briga com o seu amorzinho - ela fez biquinho e frisou essa última palavra -, dá para ver de cara.

-Ele não é meu amorzinho, sabe? Aliás, estar ou não estar com ele é indiferente. Posso achar um como ele onde eu quiser - murmurou, sabendo muito bem o que dizia. Fitou as unhas e mudou de assunto. Não gostava de falar do seu relacionamento com ninguém, era incômodo demais e ela tinha a impressão de que aquilo não importava para ninguém mesmo - Então, o que quer comigo, sua mosca?

-Mira veio falar comigo - disse ela, encarando os olhos de Serpens que não mostraram nenhuma surpresa.

- E...?

-Bem, ela tem um plano, sabe? - disse meio irritada por Serpens não pescar as informações. Algumas vezes, pensava se podia mesmo ter uma irmã tão lerda quanto Serpens. Então, se lembrava das outras irmãs e achava que, honestamente, Serpens era uma das menos ruins.

-Qual plano? Ela te contou? - perguntou, calmamente, olhando em volta para ter certeza que ninguém os ouvia. Era quase hora do almoço, então a biblioteca estava vazia. Sua sorte.

-Sim - respirou fundo, tomando coragem - Ela e seus amiguinhos perfeitos - Shaula fez uma expressão de nojo que a deixou bem parecida com Sarin, mas Serpens não comentou nada a respeito - pretendem entrar no salão comunal da sonserina e roubar o mapa.

-Hum.. - Serpens fez, levemente surpresa.

Encarou a irmã nos olhos e teve certeza que ela não mentia. Maldita Mira. Maldita, bastarda, inútil.

Revirou os olhos, sua cabeça latejando. Idéia, idéia... ela precisava de uma idéia...

-Deixaremos eles entrarem - concluiu Serpens, colocando uma mecha dos fios negros atrás da orelha e dando aquele sorriso belo e zombeteiro.
-Como? - perguntou Shaula mais alto do que deveria, e depois sussurrou, se inclinando sobre a mesa para que Serpens pudesse ouvir - Você enlouqueceu, Serpens?

-Ainda não - murmurou ela, piscando para Shaula que não acreditou no que estava ouvindo. Ótimo, agora Serpens estava maluca - Pensa comigo, Shaula. Você se oferece para entrar com elas no nosso dormitório. Acha o mapa e saí junto com elas do nosso salão. Você as vê usando o mapa e saberá como ele funciona. Depois, nós o roubamos de novo.

Shaula pareceu ponderar sobre a questão por alguns segundos.

-Não, eu não vou fazer isso - disse simplesmente,balançando a cabeça negativamente, surpreendendo a mais nova.

-Por que não?

-Eu não vou jogar nos dois times, Serpens. Eu não sou traiçoeira como você - afirmou, os olhos negros encarando os da irmã que mantinha uma expressão de extrema fúria no rosto.

-Quer saber? Eu acho que é, sim - murmurou, com sarcasmo, dando um sorriso um tanto quanto cruel - Você já aceitou entrar nessa porra, Shaula. Se sair agora, só vai confirmar as minhas suspeitas de que você seja uma covarde.

Os olhos de Shaula se estreitaram. Serpens tinha ido longe demais. Aquela cretina estava a desafiando. E Shaula não ia ignorar. Doía admitir, mas mais uma vez Serpens estava certa. Ela entrara naquele jogo e agora teria que vencer.

"Ninguém mandou você andar com as cobras, Shaula" pensou, balançando a cabeça positivamente.

-Ok, Serpens. Vou falar com a Mira.

-Que bom, mosca. Sabia que você era uma Black - disse, arrumando seu material e sorrindo com satisfação. Shaula a olhou arrumar os livros.

-Onde vai?

-Falar com a Sarin. Temos uma reunião com a professora - e quando Shaula ia perguntar sobre qual assunto e qual era a professora, Serpens continuou indiferente a expressão curiosa da irmã - E tente convencer a Mira a fazer tudo hoje. Quanto mais rápido, melhor. Tchau, Shaula. E não esquece do nosso plano.

sirius&bellatrix

Rana passou os dedos pelas capas grossas dos livros. Então, olhou para os próprios dedos e viu poeira neles.

Porcaria, aquela biblioteca precisava de uma limpeza urgente. Se tinha algo que Rana não gostava era sujeita. E por isso, só de estar naquela biblioteca imunda, ela já se sentia mal.

No entanto, apenas naquela biblioteca, ela podia ter a certeza de achar o livro que procurava. Bem. Talvez Shaula tivesse o livro, mas a corvinal não era vista por ela há dias.

Esfregou o nariz, sentindo-o coçar por causa de sua alergia. Droga.

Onde estava aquele livro no final das contas?

-A bibliotecária disse que estaria nessa estante. Mas, onde? Merlin, há milhares de livros aqui. Cadê o que eu quero? - murmurou, olhando toda a estante com desgosto. Suspirou cansada, antes de cair numa mesa próxima, cansada da busca. Revirou os olhos impaciente, então seus olhos claros se fixaram em duas cabeleiras negras mais a frente.

Serpens e Shaula.

Juntas.

Aquilo era impossível, Rana tentou se convencer, e se não conhecesse as irmãs tão bem diria que eram outras pessoas. Mas não eram. Eram mesmo Shaula e Serpens.

Essa dúvida foi facilmente esquecida para dar lugar à outra. O que as irmãs estavam fazendo juntas?

Isso inquietava Rana. Ficou mais intrigada quando viu que elas não estavam brigando, como era de se esperar. Estavam conversando civilizadamente, como amigas. Amigas, a última coisa que Shaula e Serpens seriam.

Rana desconfiava até de que Serpens soubesse o significado da palavra amizade. Do jeito que a irmã agia, só pensando nela, era difícil acreditar que algum ser em seu estado perfeito de sanidade fosse amigo dela.

E Shaula... Bem, ela era Shaula. E era raramente conversava civilizadamente com qualquer sonserina, principalmente Serpens e Sarin. Algo não estava indo bem ali. E ela queria muito saber o que era.

Indo contra todos os seus princípios, mas em nome dessa sua curiosidade, Rana deu a volta numa estante, sempre de olho nas irmãs para ter certeza que elas não a observavam. Caminhou na ponta dos pés, se estreitando entre as outras estantes. Chegou próxima as duas, a respiração presa.

-Quer saber? Eu acho que é, sim - murmurou Serpens, com sarcasmo, dando um sorriso um tanto quanto cruel - Você já aceitou entrar nessa porra, Shaula. Se sair agora, só vai confirmar as minhas suspeitas de que você seja uma covarde.

Ela ouviu Serpens dizer. E aquilo eliminava todas as chances de uma possível amizade entre as duas. Rana riu da própria hipótese, era óbvio que não havia amizade entre as irmãs.

Shaula ficou em silêncio. Rana contava os segundos para ouvir Serpens ou Shaula falar algo. Foi quando uma mão puxou Rana pelo braço e ela teve seu grito abafado por um par de mãos.

Olhou para a pessoa que tapava sua boca. Artur Weasley.

Lançou um olhar mortal, no melhor estilo Black, quando se deu conta de que Shaula e Serpens já estavam se levantando e indo embora.
- Por que você fez isso? - Rana perguntou, irritada, e lutando para manter o tom de voz baixo.

-Elas iriam te ver! - Arthur respondeu, como se isso justificasse tudo, mas não para Rana, para ela fora imperdoável.

-Será que você não entende? - ela perguntou, com a voz cada vez mais alta. - Minhas irmãs estavam CONVERSANDO e caso você não saiba, para elas fazerem isso, tem algo. Algo importante.E você me impediu de descobrir!

-Ow, mil desculpas, Rana - murmurou ele, com todo o cinismo que pode. Rana teve que se segurar para não matá-lo - por querer te proteger.

-Vamos combinar uma coisa, Weasley? - perguntou mal humorada, colocando uma mecha de fios loiros atrás da orelha. Ele deu os ombros. - Quando você pensar em me proteger, pense de novo e NÃO me proteja. Tudo bem? - ele a olhou, pasmo - Eu não preciso da sua proteção, estúpido!

Rana não esperou uma resposta de Arthur, e saiu da biblioteca irritada e ele ousava fazer aquilo?, ela se perguntava. Era uma Black, não precisava da ajuda. Mas o que aquelas duas estavam fazendo juntas?Oh, sim, precisava fazer algo sobre isso, porque boa coisa não era. Nada que envolvesse Serpens poderia ser, ela pensou. Tinha que avisar Mira, antes que ela colocasse o plano em ação.

Não sabia porque, mas aquilo parecia que ia atrapalhar toda a invasão a casa das cobras.

-Mira! - gritou quando avistou a irmã, as mãos entrelaçadas as do namorado ruivo. A morena sorriu para a irmã mais nova, quando a viu no final do corredor. Rana correu até ela, certa de que Mira faria algo em relação ao que Rana acabara de ver. Chegou ofegante até a grifinória e disse pausadamente - Shaula... e Serpens... elas... estavam juntas... conversando... e Serpens disse... algo suspeito... e eu acho... que elas... vão aprontar...

Mira se agachou para ficar da mesma altura de Rana, e achou engraçado por acabar de perceber que a irmãzinha já havia crescido o suficiente para deixá-la mais baixa que ela nessa posição, certamente, em um ou dois anos, ela já passaria o tamanho da mais velha.

-Calma Rana... respira... - a irmã obedeceu, tentando se acalmar - Agora me diga exatamente o que aconteceu.

A caçula o fez e nem foi preciso gastar muita saliva, era fácil entender o que Rana estava querendo dizer com "eu vi Shaula e Serpens juntas".

-Então a Serpens resolveu puxar Shaula pro lado delas... - Mira sorriu de forma estranha - A pirralha até que pensa direito...
-Como assim?

-Bom. Ela sabe que estamos a espreita, e que jamais deixaremos o mapa ficar com elas por muito tempo. Pense bem, nessa situação do que ela precisa?

Rana deu de ombros.

-De um informante. Alguém que lhes diga o que pretendemos fazer... única chance que ela tem de conseguir isso é com a Shaula.

-E o que vamos fazer?

-Nada. - disse a mais velha se levantando.

-Como nada Mira? A Shaula vai ajudá-las, nós nunca conseguiremos o mapa assim.

-Eu confio na Shaula, Rana. - disse Mira com uma certeza que chegava a espantar - Serpens não conta com isso... alias ela nunca entenderia isso... Mas eu sei que posso confiar na Shaula, mesmo que nunca tenhamos dito isso uma para outra, sei que posso contar com ela...

-Então, se ela se oferecer para ajudar.

-Ela vai ajudar... Agora vai estudar que você precisa melhorar as notas em transfiguração... - a menor fez uma careta, mas acabou obedecendo.

Mira olhou para o namorado que assistiu a conversa quieto.

-Está certa no que disse. - perguntou quando voltaram a andar de mãos dadas.

Ela fez que sim. Will deu de ombros.

-Só espero que você não se arrependa depois e...

sirius&bellatrix

Ela havia acabado de se separar do namorado e do amigo. Estava chateada pq Will não abriu a boca sobre o que conversara com Malfoy, mas se ele dissera que era assunto particular de família então tinha que aceitar.

Não estava preocupada de que a conversa tivesse algo haver com o mapa, não. Se tivesse tinha certeza que o namorado contaria. Mas obviamente ficou triste por perceber que nem tudo ele poderia compartilhar com ela.

-Mira... Mira espera.

-O que houve, Shaula?

Olhou a irmã por um segundo, Shaula arfava um pouco por causa da pequena corrida que dera para alcançá-la. Parecia abatida... triste...
-Aconteceu alguma coisa?

-Não. – disse a outra – Eu só quero saber se seu convite ainda está de pé?

-Convite? – com sinceridade, ela nem lembrava do mapa, a expressão de Shaula a estava deixando mais preocupada do que qualquer pergaminho que ela considerava estar em mãos erradas.

-De invadir o covil...

-Ah! Sim! – disse lembrando-se da última conversa que tiveram – Sim está, claro que está... Por que, você mudou de idéia?

-É... mudei.

-Que legal Shaula! – ela a abraçou empolgada e por um minuto Shaula sentiu seu estômago embrulhar de vergonha. A irmã parecia tão feliz com a sua cumplicidade e na verdade ela estava a apunhalando pelas costas – Vai ser muito legal ter você por perto mana, vai mesmo! Você não sabe como é bom poder contar com uma irmã...

Balançou a cabeça para se livra do pensamento enquanto afastava Mira discretamente... não podia fraquejar agora, já estava atolada naquela sujeira até o fim, não adiantava fugir.

-Ah Mira, menos...

-Não Shaula, sério. A Andy e a Rana são uns amores, claro e eu sei que posso contar com elas, mas saber que posso contar com você... é muito bom... muito bom mesmo.

Então encarou Mira, os olhos grandes da irmã, bem parecidos com os das demais e ao mesmo tempo bem diferentes já que eram acompanhados pelo sorriso sincero que dificilmente via nas outras.

-Posso te perguntar uma coisa, Mira?

Ela fez que sim.

-Por que nunca me chamou antes?

Mira franziu o cenho.

-Te chamei? Como assim?

-Por que nunca me chamou para compartilhar das suas... – ela não sabia exatamente que nome usar - ... aventuras... Na boa Mira, você sempre preferiu os seus coleguinhas de classe a mim.

Mira deu de ombros.

-Por que sempre achei que você não gostava de "aventuras"... – depois sorriu novamente – Você sempre foi a mais certinha de nós.

-Mas agora você quer contar comigo.

-Eu sempre quis contar com você... mas acho que dessa vez eu tomei coragem e te chamei. Na boa, achei que você não ia aceitar mesmo, pq invadir o salão alheio é contra as regras do colégio e blábláblá...

-É... eu não ia... – falou ela sentindo o estômago reclamar mais ainda – Mas acho melhor esta por perto caso TODAS as minhas irmãs se metam em confusão e sejam expulsas.

Mira riu novamente.

-Ia ser engraçado... – então envolveu o ombro de Shaula e se pôs a andar junto com ela – Mas vamos, vou te contar exatamente como a gente vai fazer...

-E quando vai ser?

-Agora.

sirius&bellatrix

Lyra caminhava sozinha pelos corredores. Graças a Merlin faltavam poucos minutos para acabar sua ronda. Ela estava cansada e com um mal-humor que ultrapassava o de Sarin, e isso não era pouca coisa.

Não era mesmo, por isso seu companheiro de ronda, Avery, não abriu a boca durante todo o percurso. Ah não ser quando.

-Você ouviu isso, Black?

-Isso o que? - perguntou mal humorada.

-Esse barulho.

-Que barulho Avery? Deu pra ouvir coisas agora?

O rapaz balançou a cabeça.

-É... acho que sim... estou com uma sensação esquisita de estar sendo seguido.

-Deve ser sua sombra.

Eles pararam em frente a entrada das masmorras. E Lyra disse a senha... a parede se abriu e os dois entraram.

-Nossa... achei que eles não iam voltar para dormir nunca... resmungou Shaula, puxando a capa de invisibilidade da cabeça e revelado o próprio rosto, o de Mira e o de Andy.

-Acha melhor entrarmos logo? - perguntou a caçula.

-Não... vamos esperar um tempo... até eles dormirem... - respondeu Mira - Vai ser mais fácil.

Elas esperaram por uns trinta minutos ou quarenta. O movimento na Sonserina não se assemelhava, nem de longe, ao da Grifinória. Não havia mais do que um casal na sala comunal.

-Por Merlim, vamos agora Mira? - indagou a mais nova.

Seria o certo a se fazer, mas a mais velha estava com uma sensação ruim... como se algo fosse dar errado.

-Já deve estar tudo calmo, Mira. - reforçou Shaula - Vamos logo.

Mira temeu por um segundo entrar no dormitório das irmãs. Mas, bastou encarar os olhos das irmãs que pareciam tão determinadas a conseguir o mapa de volta, que ela se sentiu pronta para fazer o que fosse preciso para recuperar o mapa. Respirou fundo e, junto das irmãs, subiu as escadas que ela supuseram, dessem no dormitório feminino.

Tirando uma mecha que insistia em cair sobre seus olhos penetrantes, ela encarou sete portas de madeira que tinham placas com detalhes verde e prata, e onde estava escrito as turmas. Mira encarou Rana e Andrômeda brevemente, antes de dar as instruções.
-Bem. Elas são espertas e é pouco provável que o mapa não esteja com a Lyra que o roubou. Talvez elas estejam deixando ele cada dia com uma - ponderou por um momento - Andy e Rana, vocês vão para o dormitório da Lynx - e apontou para a porta que indicava o dormitório do terceiro ano - Shaula vai para o da Serpens, e eu vou para o da Sarin e da Adara.

-Certo - murmurou Shaula, sem ousar olhar nos olhos da irmã mais velha.

Mira entrou no quarto das gêmeas meio receosa mas felizmente nenhuma das duas estava ali, aliás, o quarto estava vazio. Decidiu começar pelas coisas da Sarin, as irmãs provavelmente pesariam que ela, Mira, era burra e nunca desconfiaria que Sarin estivesse com o mapa, afinal, ela era a mais anti-social das irmãs, pra que um mapa serviria? Mira tinha certeza que estava no caminho certo, mas não achava nada! Havia revirado tudo.

Adara entrou no quarto feliz, havia passado a tarde de folga inteira com Matt, jogando quadribol. Mas ver Mira no dormitório não era seu ideal de felicidade, nem um pouco.

-O que você está fazendo aqui?

Mira demorou alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Adara. Ali em sua frente. livros e roupas no chão. E ela, Mira Black, com a sua melhor cara de idiota.

-Er... - fez ela, levantando-se do chão, de onde vasculhara o malão de Sarin. Piscou seguidas vezes, antes de encarar Adara calmamente - Vim procurar algo... que é meu.

-E esse algo que supostamente - ela frisou bem a palavra - é seu não está aqui, então suma da minha frente, sua bastarda maldita!

Então, Adara abriu a posta e lançou seu melhor olhar mortal, indicando com as mãos alvas que Mira deveria sair dali naquele exato momento.

Mas Mira não ia sair. Não ia mesmo. Não tivera todo o trabalho com seu plano para Adara arruiná-lo com uma simples ordem, nunca.

-Para que vocês querem o mapa, afinal? Ele É meu, papai me deu, vocês não tem esse direito!

-Não temos?- Adara repetiu. - Não temos? Realmente, o mapa é do NOSSO pai e nós não temos o direito de tê-lo, Mira? Faça-me rir!

Só que quem começou a rir foi Mira.

-Ai Adara, agora eu entendi... o problema é esse então. - a outra piscou os olhos sem entender - Vocês são tão ciúmes porque o papai deu algo pra mim e não pra vocês? Eu devia ter imaginado, afinal, pra que iriam querer um mapa que nem sabem como usar?

-Eu não estou com ciúmes! – berrou ela.

-Está sim... Se roendo... Se rasgando de ciúmes... Todas vocês estão!

-Não estou!

-Então me devolva essa porcaria logo!

-Vai ter que tirar de mim, Perceveja! – era a voz de Serpens que adentrava o recinto, de varinha em punho.

Mira a observou por um minuto, era até engraçado imaginar uma pirralha do 4º ano querendo enfrentá-la, mas ela não costumava subjugar seus adversários, muito menos quando esse era uma de suas irmãs, isso por que sabia que nunca conseguira machucar uma delas, e que a recíproca não era verdadeira.

Donde se concluía que ela estava mesmo encrencada.

-Serpens! – era a voz de Shaula chegando por trás dela – pare com isso, abaixe essa varinha... a Mira pode te machucar, sabia?

-Ela não tem coragem de fazer isso... – disse ela com seu melhor sorriso cínico – Já eu.

Até Adara parecia preocupada com a forma ameaçadora que Serpens apontou a varinha para a irmã.

-Abaixe essa varinha ou quem vai fazer alguma coisa aqui sou eu! - disse a corvinal, tentando impor um pouco de respeito.

-Ai Shaulinha... faça-me rir... Você está do nosso lado, se esqueceu?

O rosto de Shaula queimou de vergonha e raiva. Mas ela não teve tempo de retrucar. Lynx e Lyra apareceram escoltando Andy (e Rana, se decidirem que ela foi... como não estávamos com a capa de invisibilidade ela pode ter entrado tb...).

-Olha só quem achamos fuçado nossas coisas... – disse Lynx – Ah, olha quem esta aqui, Lyra, a Grinfa Moor...

-Que isso? Uma invasão de gatinhos perdidos? – perguntou a mais velha divertida, quando finalmente percebeu que Serpens tinha a varinha apontada para Mira

-Abaixe essa porcaria, formiga. Chega a ser ridículo você ameaçando a Mira assim...

-Ah é, por que, acha mesmo que não posso machucá-la?

-Se quer machucá-la entre na fila, querida... eu estou na sua frente a pelo menos uns 3 anos...

A menor bufou irritada enquanto baixava a varinha.

-Sabe aranha, desde que você terminou com o Potter Podre esta mais insuportável que de costume.

-E desde que você brigou com o Malfoy Aguado está se achando mais do que deveria...

-Na verdade ela sempre fez isso... – disse Rana casualmente.

-Cale a boca! – berraram as outras duas juntas.

Mira sorriu, nada irritava mais suas irmãs do que se meter naquelas discussões sem sentido delas.

-Calma vocês duas... A Serpens está certa, Lyra... você está muito estressada desde que terminou com o James. E a Rana tb está certa quando diz que a Serpens sempre se achou, mesmo com um namorado galinha que dava em cima até das próprias irmãs da namorada.

Serpens voltou a apontar a varinha com toda a raiva para Mira.

-Fazia o que sua bastarda maldita? - só que Shaula e Lyra a seguraram antes q ela dissesse algum feitiço – Me soltem, suas traidoras!

-Mira, pegue as suas comparsas e saiam daqui agora! – disse Lyra lutando pra não levar um tapa de Serpens.

Mira simplesmente cruzou os braços.

-Eu não vou sair daqui sem o mapa...

Rana e Andy fizeram a mesma pose, Lynx (que percebia o quanto a situação estava ficando caótica), se irritou com a teimosia das grifas.

-Será que vou precisar chamar o diretor pra tirar vocês daqui?

_Aiiiii, a mocinha vai chamar ajuda agora... – desdenhou Rana, era tão engraçado ela fazendo voz cínica.

-Cale a boca sua pirralha!

-Vem calar!

-Parem! Parem todas vocês! – o grito de Adara subjugou a algazarra – Fiquei quietas... – disse, parecendo atenta a algum barulho estranho – A Sarin... a Sarin ta me chamando.

-Sarin? – Serpens olhou em volta – A Sarin nem ta aqui, o loca!

-Mas ela ta me chamando... – ela tinha o olhar preocupado - eu to ouvindo, vocês não?

Lyra e Mira se entreolharam, dali elas eram as únicas gêmeas que podiam entender o que estava acontecendo, já que eram acostumadas a sentir coisas uma da outra. Mas que soubessem isso nunca havia acontecido com as gêmeas Sarin e Adara.
Mira, que chegara a estudar um pouco desse fenômeno que acontecia ate mesmo com gêmeos trouxas, dizia que elas não trocavam sentimentos simplesmente pq Sarin era fechada demais, ate mesmo para isso. Então, o fato de Adara a estar ouvindo agora só podia dizer uma coisa... ela realmente estava precisando e muito de ajuda!


Continua...