Prólogo
Eu nunca pensei que esse tipo de coisa fosse acontecer comigo.
Nunca mesmo.
Era algo que só acontecia em filmes ou seriados de TV. O suor escorria pela minha testa e vi o sol começando a despertar do lado de fora.
Demetri estava morto. Morto.
Como isso podia ter acontecido? Ele era meu melhor amigo. A primeira pessoa com quem falei quando entrei nessa faculdade. A pessoa que me fazia rir quando eu estava de mal humor, que passava a madrugada inteira estudando comigo antes de uma prova mais difícil e colocava juízo na minha cabeça, tirava o baseado das minhas mãos quando eu queria relaxar, ou falava que eu exagerava na bebida.
Eu sacudia o corpo dele em desespero, esperando que isso fosse algum tipo de brincadeira, para me matar de susto. Se esse filho da puta abrisse os olhos eu simplesmente o encheria de porrada.
Mas ele não se movia. Sua pele estava mais pálida do que de costume, e os olhos não abriam, mesmo que eu forçasse suas pálpebras. Os lábios formavam uma linha reta, mostrando que sim, ele já tinha entrado em óbito. Meu coração batia forte na garganta, e o choro preso fez minha cabeça doer.
Nosso quarto no dormitório estava quente, fazendo um grande contraste em seu corpo gelado e o desespero me corroeu. Corri pelo corredor e ignorando o relógio que batiam cinco e vinte da manhã, comecei a gritar, pedindo por ajuda.
Eric, o monitor do andar, foi o primeiro a sair de seu quarto com uma cara de sono, mas alarmado pelos meus gritos. O número de estudantes abrindo suas portas já crescia cada vez mais, e minha visão ficou turva, de nervoso. Me apoiei na parede e me arrastei por ela até sentar no chão e abraçar minhas pernas. Isso era um pesadelo. Demetri. Morto.
As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, e encostei a cabeça nos joelhos, começando a soluçar. Tanya, minha ex-namorada por quem eu guardava uma raiva muito grande, sentou-se ao meu lado e afagou minha cabeça enquanto o resto do pessoal entrou em nosso quarto para ver o que tinha acontecido. Eu nem estava me importando se era ela que estava ao meu lado, eu realmente precisava de algum apoio, para finalmente acreditar que isso estava acontecendo. Depois de algum tempo, vi que uma das amigas de Tanya colocou um comprimido em minha boca, e ao apoiar minha cabeça no ombro dela, dormi em questão de minutos.
Fui acordando aos poucos, vendo que os raios de sol já haviam sumido anunciando a noite, e mostrando que já deviam passar de seis da tarde. Eu estava deitado na cama de Tanya, no quarto dela, mas não havia ninguém. Me espreguiçei e tentei me sentar, mas ainda estava tonto, confuso. Ouvi uma batida de leve na porta e murmurei baixo para que entrassem. Um policial, de seus 35 anos entrou, anotando alguma coisa em uma prancheta, e deu um sorriso fraco quando me viu. Meu peito doeu ao lembrar que nada tinha sido um sonho. Demetri realmente não estava mais entre nós.
- Você é Edward Anthony Cullen, certo?
- Certo. – falei baixo com a voz ainda grogue.
- A quanto tempo você está aqui em Wisconsin?
- Desde que entrei na faculdade. Dois anos atrás. – eu não sabia pra que tanta pergunta sobre minha vida.
- Seus pais moram aonde? – ele permanecia anotando as coisas no papel.
- Nova York. – respondi rápido.
- Você era colega de quarto de Demetri Volturi, não era?
- Era. – falei abaixando minha cabeça. – Ele...? – resolvi perguntar só para assegurar.
- Está morto. – ele falou com frieza.
Apenas assenti com a cabeça e passei a mão pelos meus cabelos, apoiando os cotovelos nos joelhos.
- Você tem noção de que você é o principal suspeito não sabe? Isso está me parecendo um homicídio, garoto. A relação de vocês era boa? Vocês brigavam muito?
- Ahm? – franzi o cenho e olhei para ele, com os olhos ainda marejados. Eu achava ridículo homem chorar, mas hoje, sob as atuais circunstâncias, era impossível que eu não o fizesse.
- Ele morreu por sufocação. – o policial complementou, como se eu pudesse então deduzir o porque da morte de Demetri.
- Sufocação? Como assim? – me levantei ignorando a tontura.
- Ainda não sabemos ao certo, porque vamos esperar pela autópsia. – ele continuou anotando coisas no papel. – Vamos ter que levar você à delegacia. Você vai ficar sob nossa custódia até que o crime se resolva.
- Como assim? Isso não existe! Não tem porque fazer isso comigo, eu não sou o culpado! Demetri era meu melhor amigo, qualquer um nessa faculdade pode comprovar isso! – levantei minha voz.
- Vamos com calma, meu rapaz. – ele segurou meu braço. – Não temos culpa que tem impressões digitais suas nos braços, cabeça e olhos da vítima. E diminua o tom, você está falando com uma autoridade.
- Vá se foder... – murmurei.
- Pro seu próprio bem, eu vou fingir que não ouvi o que você acabou de falar. Vou lá fora, tome um banho e troque de roupa, pois você vai pra delegacia hoje. – ele colocou a caneta no bolso e saiu do quarto de Tanya, fechando a porta devagar.
Tanya entrou esbaforida um pouco depois do policial, claramente já sabendo qual seria meu destino. Andou para um lado e para o outro sem saber o que falar pra mim. Nós não tínhamos trocado uma palavra um com o outro desde o nosso término. Eu ainda estava muito machucado e enojado por tudo que ela tinha feito comigo. Mas nem convinha pensar nisso agora, eu tinha problemas muito maiores na minha cabeça.
Ela então saiu do quarto novamente, e voltou em poucos minutos, aproximando-se de mim com minha mochila e jogou em cima da cama.
- O que é isso, Tanya? – falei franzindo o cenho.
- Está tudo seu aí. Carteira, celular, notebook, chave do carro, documentos. O resto já está no seu carro. Angela e Ben estão lá, esperando por você, no estacionamento do Campus. Você tem que fugir Edward. Você tem que ir embora. Eles estão armando pra você.
- Armando? Armando o que? – levantei já sentindo meu coração palpitar mais.
- A morte de Demetri tem muito mais coisas por trás do que a gente imagina. - ela saiu andando pelo quarto, tentando achar as palavras. – O pai de Demetri era de algum crime organizado, máfia, clã, sei lá, e a morte dele foi vingança. Agora, eles querem te levar pra prisão e por um motivo muito óbvio! Você toma a culpa, e eles passam despercebidos! – ela pegou em meu ombro e diminuiu a voz. – Eles são tão poderosos que até colocaram a polícia daqui envolvida com isso. – sussurrou. - Eu ouvi. Angela também ouviu. Felizmente eles não viram que a gente estava espionando. Você tem que fugir, Edward. Vá pra casa dos seus pais, fica por lá, se vierem atrás de você, você tem como se defender, você tá no seu território. Aqui você não tem ninguém, só a gente, e nós não somos nada.
- Porque logo você está fazendo isso por mim, Tanya? – falei pegando a mochila. Eu estava tão tonto, tão fora de mim, que na hora achei que a melhor coisa realmente era fugir. Não estava pensando nas consequencias.
- Porque eu me arrependo do que fiz com você. Você sempre foi um namorado exemplar e eu nunca dei valor. Me desculpa se não te amei como você merecia. Gostaria de me redimir de uma forma melhor, ou de alguma forma que eu soubesse que você me perdoaria, mas no momento, essa é a única coisa que posso fazer. – ela foi até a janela do quarto e abriu. – Vai logo, o policial pode voltar a qualquer momento.
Hesitei por alguns segundos, tentando pesar os prós e os contras de ser um fugitivo não só da polícia, como da máfia, do crime organizado, ou de qualquer outra coisa na qual o pai de Demetri estava envolvido. Mas ao pensar que eu iria de encontro aos meus pais me fez sentir que em pouco tempo eu estaria seguro. Em pouco tempo eu estaria em com Esme, Carlisle e Alice. Eles me ajudariam no que fosse preciso.
Eu só precisava chegar até lá.
De Wisconsin a Nova York eram um pouco mais de dezenove horas de viagem, e mil e duzentas milhas de distância. Era nessas horas que eu me perguntava, porque escolhi uma faculdade tão longe?
Fic novíssima em folha.
Próximo capítulo, pós reviews (claro, haha) : Dia 05 de Março de 2010.
Reviews, please???? *cílios*