Through the Looking Glass

Insanidade é só o começo do fim.

Uma sombra espreita às suas costas, e ela ouve um sussurro penetrando na noite.

Monstro!

Ela se vira rapidamente, cheia de ódio no olhar, porém o fantasma se foi e ela só vê sua aparente loucura no reflexo do espelho. Que caos está o seu cabelo (o seu rosto, os seus olhos, a sua alma)... Não é nada digno de uma princesa.

Observada somente pelas velas em seu quarto, ela tenta se arrumar, organizando os fios desordenados de seu cabelo (e finge ter conseguido). Ela se levanta sutilmente, mimetizando o momento de sua coroação. Faz da coberta seu manto de glórias merecidas, ergue a cabeça como se já estivesse com a coroa. Mira o canto inferior do espelho, encarando com uma expressão de asco os decalques da moldura como se fossem seus próprios súditos. No auge de sua realeza, ela ouve um grito emergir da multidão imaginária:

Monstro! Monstro!

Ela retrucou urrando, tomada pela ira. Como se atreviam?! Ela era uma Rainha, uma Imperadora! Eles não tinham o direito! Banidos, todos! Fora daqui!

Finalmente sozinha, ela dá as costas ao espelho e senta novamente no chão. Empregados incompetentes eram um inconveniente tão grande. Olhou para suas mãos. Pálidas, os ossos despontando por baixo da pele, alguns calos ocasionais. E imaginar que em breve estas seriam as mãos que governariam a Nação do Fogo.

Silêncio.

Azula estranhou a calmaria que se fazia agora. Ela pensou que ouviria algo, talvez tivesse ouvido até, apenas muito baixo para distinguir. De qualquer forma, ela apreciava o silêncio no ar; isso lhe era uma demonstração de respeito, enfim. Silêncio, silêncio... Nada de sibilos, nada de fantasmas.

Apenas ela e ela.

A princesa sentiu um arrepio percorrer-lhe inteira. Ela estava sozinha. Completamente só. Sem Mai, sem Ty, sem Zuzu, sem súditos, sem empregados. Então ela nota de novo ruídos atrás de si. Ela treme e tem medo de se apavorar. Lentamente, quase sem querer completar o movimento, ela se vira para o espelho (o reflexo da verdade).

Ela vê apenas uma boneca desfiada, uma princesa à beira da ruína. E esta princesa tem olhos negros de insanidade. Os murmúrios continuam serpeteando à sua volta, e é a sua própria boca dizendo:

Monstro!


N/A: Retratar a Azula nesse break-down que ela teve deve ser uma ideia tão original que só devem existir outras 35165481651 fics sobre isso. Mas deixa pra lá, eu finalmente terminei Avatar e precisava escrever algo sobre.

Obrigada à Hiei-and-Shino que leu e disse que a Azula não estava OC :]