Natal nos Potters

Capítulo Sete

Lily ainda estava rindo na cama com as cócegas de James quando de repente ficou séria.

- Oh, Merlin! É hoje! É natal!

- Sim. – James abriu um grande sorriso – Está ansiosa pra ver seu presente?

- Não, estou com medo.

- Medo do meu presente? - as sobrancelhas dele angularam tristemente.

Ela riu.

- Não, James, medo de a minha irmã infernizar nosso dia, medo de nossos pais não se darem bem, medo de ser tudo um completo desastre!

- Oh, Lil, não se preocupe. Tudo vai ficar bem. Nossos pais são ótimos e vão se adorar. Quanto à sua irmã, eu e Sirius temos um plano para mantê-la ocupada. - o sorriso doce dele se transformou em malévolo.

- Certo. - ela sorriu – Só não a machuquem.

- Pode confiar na gente.

Lily confiava, mas aquele sorriso maligno tornava isso difícil.

- E então? Como foi? - perguntou uma ansiosa Annabelle, jogando-se na cama de Lily, logo que James aparatou pra o outro quarto às escondidas pela manhã.

- Não foi. - respondeu Lily.

- Como não? Ele dormiu aqui!

- Exatamente. Só dormimos juntos. - a ruiva esclareceu, sorrindo – E foi maravilhoso. E você, como foi?

- Er... bem...

- Ora, não seja tímida, Belle, conte tudo!

- Não posso.

- Como não pode? Eu sou sua melhor amiga!

- Não. - disse ela rindo - Realmente não posso. Eu não me lembro.

- Não se lembra?

- Não. É que... bem... eu e Sirius fizemos uma festinha ontem à noite... um Verdade ou Striper com direito a drinks e a última coisa da qual me lembro é de vê-lo usando uma cueca boxer preta muito sexy, depois disso é só amnésia alcoólica.

- Oh, que pena.

- Tudo bem, não se preocupe, haverá muitas outras vezes. - ela sorriu – Mas e então, está preparada pra hoje?

- Não. Na verdade estou em pânico. Mas James disse que tudo vai ficar bem e que ele e Sirius manterão Petúnia ocupada demais para me infernizar.

- Então problema resolvido! Vamos nos arrumar e descer para aproveitar o natal!

- Na verdade – começou Lily, fazendo a outra congelar o animado movimento de se levantar – tem uma coisa que eu queria falar com você.

- O que foi? - o tom preocupado na voz de Belle era um reflexo do tom sério de Lily.

- É que eu andei treinando o feitiço do anti-conceptivo mágico e eu simplesmente não consigo fazê-lo! Sempre dá algo errado!

- Ora, não se preocupe com isso, Lil, ele sabe fazê-lo.

Lily franziu a testa com a certeza no tom da amiga, não gostava de pensar no passado ativo de James. Balançou a cabeça negativamente como que para tirar aquele pensamento da mente.

- Não é isso. Provavelmente ele deve saber, mas a questão é que o feitiço não é difícil e se eu não consigo fazê-lo, deve haver um motivo pra isso!

- Sim, o seu nervosismo! - riu Belle – Pare de inventar problemas!

- Você acha mesmo? - perguntou a ruiva – É que eu pensei que saberia fazer o feitiço se estivesse pronta pra usá-lo e que não estaria pronta se não conseguisse.

- É uma conclusão lógica. - ponderou Belle, inclinando a cabeça – Só tem um detalhe: não tem nada de lógico no amor.

Lily sorriu, praticamente rindo do fato de Annabelle estar dizendo algo digno de uma menininha sonhadora. Pelo visto a mudança em Sirius havia repercutido bem nela.

- Vem, vamos nos arrumar! - disse a morena, puxando a outra pela mão.

As duas alegres garotas desceram e foram ajudar a Sra. Potter a arrumar as coisas para o jantar. Depois receberam o Sr. e a Sra. Evans e, como James previra, os pais deles se deram muito bem. Petúnia, por outro lado, estava sofrendo um dia aterrorizante.

James e Sirius enfeitiçavam todos os objetos que rodeavam Petúnia aonde quer que ela fosse, fazendo-a levar sustos e se sentir assombrada.

- Mamãe! Mamãe! Esse vaso sorriu pra mim! Um sorriso maligno com olhos assustadores! - gritou Petúnia em plena sala de estar.

- Que vaso, querida? - perguntou a sra. Evans.

A garota apontou para o vaso ao seu lado, mas ele estava inerte agora. O mesmo aconteceu quando sua poltrona carinhosamente a abraçou e ela gritou apavorada pensando estar sendo esmagada e aprisionada. Quando todos olharam, a poltrona parecia ordinariamente sem vida. Petúnia então se levantou revoltada e foi para a cozinha, onde pensou que estava sozinha e a salva. Chegando lá, viu que estava extremamente enganada. A louça se lavava sozinha e até as perigosas facas tinham vida, cortando a comida como se uma mão fantasma as guiassem. A garota gritou mais uma vez e correu para sala.

- Eu quero ir embora daqui! Essa casa é mal assombrada! - gritava ela – Eu não quero ficar com essas aberrações!

- Petúnia, nós já conversamos sobre isso! - brigou a Sra. Evans – É magia! Nós sabíamos que seria assim. Por favor, controle-se.

- Nos perdoem. - desculpou-se a Sra. Potter – Vou deixar todos os objetos inanimados.

A mãe de James então fez um feitiço e a casa passou a não demonstrar sinais de magia pelo resto do dia. Só assim conseguiram jantar em paz. Entretanto, logo depois James pegou sua capa de invisibilidade e passou a assombrá-la pessoalmente com a ajuda de Sirius. Só pararam novamente para a distribuição de presentes.

Todos rodearam a enorme árvore de natal e começaram a entregar os presentes. James pegou uma pequena caixa vermelha com uma fita dourada e a entregou para Lily, que a abriu sorridente. Era um colar, cujo pingente era um pomo de ouro.

- Abra. - pediu James.

Lily franziu a testa, surpresa com o fato de a bola dourada abrir. Puxou a parte superior da esfera e ficou boquiaberta em descobrir que a parte inferior era uma bússola. Mas não uma bússola qualquer, pois não havia ali os pontos cardeais. Quando a seta parou de girar, apontava para James a sua frente. Ela riu. Isso era a cara dele.

- Para você sempre conseguir me encontrar. - disse James.

- Obrigada. - ela respondeu, beijando-o. Depois pegou uma caixa vermelha-alaranjada com uma fita verde – Agora abra o meu.

O maroto obedeceu e ganhou um globo de neve. Dentro estavam eles próprios em miniatura, em frente ao castelo de Hogwarts. James tinha um braço sobre os ombros de Lily e ambos acenavam felizes sorridentes.

- Sacode. - pediu Lily.

James obedeceu novamente. Mas se surpreendeu quando, mais do que apenas fazer nevar dentro do globo, fez mudar o cenário. Agora eles estavam em frente à casa de James.

- De novo. - disse Lily.

Ele agitou o globo e o cenário mudou mais uma vez. Agora estavam em frente ao Big Bang em Londres. Ele continuou agitando e o cenário mudava incansavelmente passando por cartões postais do mundo inteiro. James entendeu a mensagem. Eles estavam juntos sempre, em qualquer lugar. Sorriu e beijou sua namorada.

- Que coisa horrorosa. - resmungou Petúnia, que os observava revirando os olhos.

- Não se preocupe, Tuninha. - disse um sorridente Sirius – Tem um presente pra você também.

Lily engoliu em seco, preocupada com o que haveria dentro daquele fino embrulho retangular. Petúnia rejeitou o presente com arrogância, mas Sirius insistiu bastante e a garota acabou aceitando. Abriu o embrulho com nojo e desprezo, mas nada podia prepará-la para o que havia nele. Era um quadro. Uma moldura antiga e refinada, num dourado que parecia (se é que não fosse) ouro autêntico. Na pintura havia uma mulher de cabelos negros e olhos severos. De repente, a mulher começou a gritar e Petúnia tremeu apavorada.

- TIRE SUAS MÃOS IMUNDAS DE MIM SUA CRIATURA SEM MAGIA! COMO OUSA TOCAR NUM OBJETO DA SAGRADA E PURA FAMÍLIA BLACK? TIREM ESSA TROUXA DE CIMA DE MIM!

A garota soltou o quadro, que caiu de forma barulhenta no chão, enquanto Sirius e James choravam de rir.

- Um quadro da sua mãe! - disse James – Genial!

Petúnia gritava com as mãos no ouvido enquanto os garotos riam. A Sra. Potter teve a bondade de convocar rapidamente o quadro e cobri-lo, fazendo-o se calar.

Lily ainda estava tentando controlar o riso quando percebeu que James a olhava e viu naqueles olhos castanhos a tristeza da despedida que se aproximava. Seriam só alguns dias até eles se reverem na escola, mas ambos sabiam que lá não teriam aquela privacidade e conforto de namorar em casa e passar os dias efetivamente juntos e não apenas no mesmo ambiente.

Ela passou as mãos ao redor do pescoço dele e o beijou de leve.

- Eu não quero ir embora, mas tenho que ir.

- Eu sei, princesa.

Ouviram suas mães gentilmente começarem a se despedir e viram, sem surpresa alguma, que Petúnia já se encontrava toda encasacada à porta. Lily deu outro rápido beijo em seu namorado e se levantou para se arrumar. O inverno rigoroso de dezembro exigia mais roupas do que eles gostariam. E aquela noite estava particularmente fria. Podiam sentir isso dentro de casa, apesar do feitiço de aquecimento. As janelas estavam embaçadas devido ao choque de temperatura entre o frio extremo de fora e o calor artificial de dentro.

- Ei, vocês perceberam que está nevando MUITO? - Perguntou Sirius, olhando por um círculo desembaçado que fizera com a manga na janela.

- Na verdade a neve já virou granizo. - corrigiu Annabelle.

- Bom, eu sei que vocês não se sente confortáveis com o uso de magia – começou o Sr. Potter –, mas talvez não seja seguro sair agora utilizando meios de transporte não-bruxos.

- Sim, nós podemos providenciar um transporte seguro para vocês. - concordou a Sra. Potter.

- De jeito nenhum! - gritou Petúnia – Eu não vou deixar ninguém usar mágica comigo! NUNCA!

- Agradecemos a preocupação – disse gentilmente o Sr. Evans –, mas acredito que seja melhor irmos de carro mesmo.

Ele então abriu uma fresta da porta para avaliar a situação e, além de sentir o vento frio e uivante entrar tomando conta da sala, viu que a neve cobria o chão em quase um metro e que grandes pedras de gelo caíam furiosas do céu.

- Podemos retirar a neve daqui rapidamente – começou o Sr. Potter, – mas não a do caminho inteiro. Talvez um feitiço para proteger o carro da chuva de granizo...

- Se enfeitiçarem o carro eu juro que não vou entrar lá! - gritou Petúnia outra vez.

- Bom, então teremos o prazer de acomodá-los aqui por esta noite. - disse a Sra. Potter, com um sorriso gentil.

E Lily sabia que James estava sorrindo também, apesar do rosto inexpressivo e o olhar compenetrado.

- Podemos acomodá-los no meu quarto, as garotas ficam no quarto ao lado e eu e Sirius aqui na sala. - ele sugeriu, o tom de voz sério.

- Querida – a Sra. Evans se dirigia à Petúnia, que engolia em seco, havia medo em seus olhos – tudo bem pra você?

Era nítida a luta mental pela qual passava a adolescente trouxa. Na balança do medo pendia, por um lado, o desprezo total pelo uso da magia e o pavor do que poderia acontecer com ela durante um transporte bruxo. Já tinha visto sua irmã desaparecer no ar uma vez, para reaparecer em outro cômodo em segundos. Mas e se não reaparecesse? Ou reaparecesse de forma errada? Conhecia outra forma, através da lareira, mas de jeito algo fariam ela entrar naquele cubículo negro preparado para cuspir fogo. Eles é que deveriam ser jogados no fogo, como bem fizeram na Inquisição. Por outro lado, aquela casa era mal assombrada e uma noite terrível poderia esperar por ela ali.

- Prometemos que não vamos assustá-la durante a noite. - disse James, ainda sério – Perdoe-nos pelas brincadeiras que fizemos com você hoje, não vamos fazer mais nada, eu prometo.

Lily sentiu orgulho da atitude madura de James, embora soubesse que ele o fizera com interesse de que ela ficasse lá mais uma noite.

- Tudo bem. - Petúnia respondeu finalmente, de cabeça erguida e reunindo todo o seu orgulho para tentar fazer a voz não tremer.

Com isso, os Evans começaram a retirar os agasalhos enquanto James e Sirius subiram pra arrumar as coisas. Lily levitou suas malas para o quarto de Sirius e Belle transferiu suas coisas de quarto. Os garotos arrumaram o quarto de James em segundos e logo o Sr. e a Sra. Potter estavam conduzindo os Evans para se acomodarem no quarto. Lily levitou as malas deles, exceto a de Petúnica, que foi carregada manualmente pela desconfiada dona.

- Que tal tomarmos um chá antes de irmos dormir? - ofereceu a sorridente Sra. Potter.

- Adoraríamos. - sorriu de volta a Sra. Evans, seguindo a outra até a cozinha.

Os dois homens foram se sentar na sala, enquanto Petúnia analisava desconfiadamente cada objeto no quarto de James.

- Não há nada aí que vá pular e te agarrar magicamente à noite. - disse James, fazendo a garota enrijecer os ombros de medo com a idéia.

- Ele está falando sério. - disse Lily, com as mãos nos braços de Petúnia – Eu dormi aqui essas noites e o quarto está perfeitamente normal.

Desdenhando o gesto carinhoso, a irmã remexeu os ombros para se livrar das mãos de Lily, que expirou o ar magoada.

- Certo, boa noite Petúnia.

Sem ouvir resposta, ela saiu do quarto, sendo seguida pelos outros. Já no quarto de Sirius, sentou-se em uma das camas e olhou para o quarto desarrumado e para as paredes cheias de posters.

- Vocês podiam ter arrumado esse quarto também em segundos, por que escolheu nos mudar para acomodar meus pais lá?

- Porque aqui vocês duas ficam entre o quarto dos meus pais e o dos seus pais. Dá uma idéia de maior proteção. - respondeu James, com um sorriso.

- Adorei. - respondeu uma sorridente Annabelle – Muito bem pensado, senão poderiam pensar que nós iríamos nos esgueirar escada abaixo durante a noite.

Lily abriu um sorriso debochado enquanto balançava a cabeça negativamente.

- Eles sabem que nós podemos aparatar.

- Podem até saber, mas não devem estar acostumados com isso a ponto de pensar nisso. - colocou Sirius.

- Então o plano de vocês é passar a noite aqui? - a ruiva tinha a testa franzida e as sobrancelhas juntas.

- Claro que não! - riu James – Sirius, o que acha de acampar na sala?

- Acho uma ótima idéia, Prongs!

- Oh. - fez Lily, imaginando uma cabana mágica, aparentemente pequena, porém grande por dentro como se fosse uma casa.


N/A: Foi mal a demora, bloqueio de autor. Deixem reviews! ^_^