FERIDA

Fanfic participante do Challenge Relâmpago do Forum Marauderer's Map.

Beta-reader: Miih


TOC. TOC.

Duas batidas fortes na porta.

Dentro, o silêncio.

.TOC.

Mais batidas.

Mais silêncio.

Um chamado.

Um instante.

Silêncio.

-Luna?

Tic-tac.

O voo de uma borboleta.


-Luna, eu sei que você está aí. Abra. Por favor.

Luna apertou os lábios e continuou calada.

-Loura, escute. Não adianta você me evitar. A gente vai ter que conversar uma hora ou outra. Por favor, abra!

"Eu não vou abrir, Harry. Desista. Vá embora."

Do outro lado da porta ela se esforçava para não deixar escapar nenhum som.

-Por que está agindo como uma menina mimada? Você não é assim. Deixe-me entrar e vamos conversar como dois adultos!

Uma lágrima escapou do olho de Luna e percorreu seu rosto.

"Porque não vou lhe dar o prazer de me ver chorar."

Lá fora, um suspiro. Profundo. Pesado.

-Você está sendo tão cabeça-dura! Olha, isso não vai resolver nada. Nós precisamos ter uma conversa, você sabe disso. Eu não quero que você fique aí sofrendo sozinha.

"Ah, é claro. Eu sofrendo, não é? É isso o que você quer. Me ver arrasada por sua causa. Alimentar seu ego de macho e pisar em meu coração. Não. Não lhe darei esse prazer."

-Luna! Para com isso! Me deixa entrar.

Luna, encostada à porta, deixou-se escorregar até sentar no chão. Uma almofada apertada com força contra seu peito. Lágrimas, lágrimas, lágrimas. Soluço.

Quase sem barulho.

Silencioso o suficiente para que ele não a ouvisse.

"Por que insiste? Vá embora, por Merlin! Vá! Eu não quero ver você, não quero ouvir a sua voz e mais do que tudo, não quero ver seu olhar de compaixão. Suma daqui!"

TOC TOC.

TOC TOC TOC TOC TOC.

-Luna. Lunaaaa!

Um chamado angustiado.

-Você não vai mesmo me deixar vê-la, não é?

"Não, seu cretino. Não enquanto eu for este retrato da derrota. Não enquanto você puder ver que estou magoada. Não enquanto a dor estiver nos meus olhos."

-Eu sei que você é durona, Luna, mas não quero que passe por isso sozinha. Me deixa te ajudar. Me deixa te apoiar.

Mais lágrimas. Mais soluço.

Dor dilacerante.

E mais silêncio.

Lá fora um suspiro resignado.

Um leve toque na porta.

Um rosto cansado perto da fechadura.

-Eu queria te dizer que este um ano, sete meses e vinte dias foram os melhores de toda a minha vida. Também queria que soubesse que descobrir você foi a coisa mais magnífica que aconteceu na minha vida.

Lágrima na voz.

Do outro lado da porta, incredulidade e um aperto no peito.

Uma foto do casal agora desfeito jazia no chão, amassada e umedecida.

"Que belo modo de demonstrar, Harry."

-Eu quero que você saiba que não importa o que tenha acontecido: eu te amo.

Lá dentro, cabeça baixa.

Ela engoliu em seco.

Emoção. Raiva.

"Então tenho medo de imaginar o que teria feito se me odiasse."

-Luna, me perdoe. Por favor.

Trinados de ave.

-Se você soubesse o quanto estou arrependido e como estou sofrendo por tê-la feito sofrer...

O som de um rio.

-Deixa eu ver se você está bem, pelo menos.

Farfalhar de folhas ao vento.

-Luna, por favor! Eu suplico!

Do outro lado da porta, o som de algo sendo arrastado.

Inspiração profunda. Expiração.

Pigarro.

-Ginny está grávida, Harry. Tudo está muito claro. Não há mais nada a ser dito. Nada a ser explicado. Não há nada que você possa fazer para mudar isso. Deixe-me em paz. Eu não quero vê-lo.

Ele encarou a porta por vários minutos, absorvendo o fim inevitável.

Virou-se. A dor cortava-lhe o peito.

Desapareceu no ar.

Ela caminhou decidida escada acima. No caminho, pisou na foto, sem lhe dar importância. Sua cabeça estava erguida.

Subiu os degraus absorvendo o fim inevitável.

A cada degrau, desabava um pouco por dentro.

Então desmoronou na cama, o rosto no travesseiro.

A dor cortava-lhe o peito. Bem longe dos olhos dele. Como devia ser.