Título: Bater de Dois Corações
Autoria: FireKai
Género: Wincest, não gosta, não leia.
Casal: Dean e Sam
Número Total de Capítulos: 10
Aviso: Sobrenatural e as suas personagens não me pertencem
Aviso 2: Esta história passa-se num universo alternativo. Não há demónios, nem nada sobrenatural a surgir na história e o Sam e o Dean não são irmãos neste universo, nem a Ruby ou o Castiel são seres sobrenaturais. Considerando que o Sam e o Dean não são irmãos nesta história, não seria Wincest, mas não havia outro rótulo onde enquadrar a história. O Dean mantém o sobrenome Winchester e Sam chama-se Sam Jones nesta história. A história contém também algumas cenas de sexo entre Sam e Dean, pelo que já ficam avisados do conteúdo.
Sumário: Wincest, UA. Dean é director de uma revista, Sam é um prostituto. Dean nunca pensara interessar-se por um prostituto. Sam nunca pensara encontrar um cliente como Dean. A partir do momento em que as suas vidas se tinham cruzado, tudo mudara.
Capítulo 1: O Primeiro Encontro
O sol já se tinha posto há muito e a lua cheia brilhava no céu salpicado de estrelas. Dean Winchester estava nesse momento ao volante do seu carro, um BMW preto. A zona da cidade onde acabara de entrar estava parcamente iluminada, em contraste com a zona da cidade que Dean costumava frequentar. Estava agora no território mais pobre da cidade e ia a caminho de um dos bairros obscuros e com má fama. Dean não estava nervoso por isso, pois não era a primeira vez que ia lá, apesar de ser sempre um risco.
Dean virou numa rua e depois noutra. Já conhecia o caminho de cor, pois era a terceira vez que se dirigia aquele bairro em específico, com apenas um único objectivo, sexo. Dean sentia-se aborrecido de ter de recorrer a prostitutos para se satisfazer, mas era precisamente isso que estava a acontecer. Envolver-se com alguém do seu trabalho estava fora de questão, visto que tinha medo que as pessoas soubessem da sua orientação sexual e isso destruísse a sua carreira. Por outro lado, estava também fora de questão frequentar um bordel masculino, pois estaria a expor-se a vários olhos e poderia encontrar por ali alguém que o conhecesse.
Dean suspirou, virando à direita. Estava quase a chegar. Pensara na hipótese de responder a algum anúncio de jornal, mas era complicado. Não queria levar nenhum desconhecido para sua casa, nem encontrar-se com alguém num hotel. Dean sabia que iriam surgir questões, trocas de números de telefone e o que poderia ser apenas uma vez poderia tornar-se numa bola de neve, se o outro homem por alguma razão quisesse vê-lo mais vezes. Dean sabia de pessoas que se apegavam a estranhos e nunca mais os largavam e não queria que isso acontecesse consigo. Se quisesse que alguém estivesse com ele, seria porque ele, Dean, queria e não só porque alguém se tornava obsessivo em relação a ele.
E assim, tudo se resumia aos prostitutos de rua. Não faziam questões sobre a sua vida, não tinha de lhes revelar o seu nome, nem qualquer dado. Faziam o que tinham a fazer, recebiam o dinheiro e Dean poderia seguir para casa, sem ter mais preocupações e ninguém ficaria a saber. Porém, a vida não é tão linear como isso e muitas vezes as coisas simples tornam-se complicadas e o destino prega-nos partidas. Dean viria a descobrir isso em pouco tempo.
Virando novamente à direita, Dean chegou ao bairro que era o seu destino e viu-os, como esperava ver. Estavam praticamente em fila, esperando. Eram homens, de várias idades, vestindo roupas que acentuassem os contornos do seu corpo, na tentativa de tentarem atrair os olhares dos clientes, para que os escolhessem a si. Dean parou o carro à borda do passeio e abriu o vidro do lado do pendura. Não estava particularmente interessado em escolher ninguém. Só ali fora duas vezes e não tinha preferência. De qualquer maneira, não estava ali para ficar a olhar para o outro homem e sim para ter sexo, pelo que era isso que lhe interessava e não quem escolhia particularmente.
Alguns homens aproximaram-se do carro, na expectativa de serem escolhidos por Dean e de, depois do serviço cumprido, conseguirem o dinheiro que lhes era destinado. Dean olhou pela janela, pensativo. Teria de escolher algum, mesmo que não quisesse, pois caso contrário iriam todos zangar-se uns com os outros para tentarem entrar no carro. Dean não queria confusões. Olhou para os três homens que se tinham aproximado mais do vidro, estudando-os com o olhar.
O primeiro era um homem loiro, com barba e uns olhos escuros. O segundo homem era mais velho, por volta dos quarenta anos de idade e com cabelo escuro e um sorriso que Dean rotulou de perigoso, pelo que por nada escolheria aquele homem para entrar no carro. Já ouvira falar de prostitutos matreiros, que conseguiam dar a volta aos seus clientes, dizendo-lhes para irem para o lugar escuro onde ninguém ia. Quando o cliente aceitava, apareciam outros homens e acabavam por roubar tudo ao incauto cliente. Dean não iria cair numa situação dessas.
Olhou para o terceiro homem, que era jovem e alto, com cabelo castanho. Mesmo com a fraca luz da rua, Dean conseguiu ver que o jovem tinha uns olhos agradáveis. Trajava umas calças de ganga pretas, uma t-shirt branca que se moldava ao corpo, mostrando os abdominais e um colete de ganga preta. Apesar de se ter aproximado da janela, Dean via que o jovem não estava tão confortável como os outros dois ou os outros homens que estavam por detrás deles e mais longe da janela.
Tinha de se decidir rápido. Pousou o olhar novamente no homem loiro e pensou escolhê-lo a ele, mas por alguma razão sentiu o que o olhar do jovem alto o atraía mais e fez-lhe sinal para avançar. Chegando-se mais perto do vidro, o homem disse-lhe quanto cobrava pelo serviço e Dean acenou afirmativamente, fazendo-lhe um gesto para entrar no carro. Os outros homens, desagradados por não terem sido escolhidos, afastaram-se, enquanto o jovem entrou no carro, fechando a porta atrás de si e Dean premiu um dos botões do carro, fechando a janela.
O jovem perguntou apenas a Dean se queria que ele lhe indicasse um lugar onde poderiam ter sexo sem ser interrompidos, mas Dean acenou negativamente com a cabeça, pois já sabia onde iria parar o carro. Arrancou, deixando aquela rua para trás. Já escolhera um lugar, que usara das últimas duas vezes que recorrera aos prostitutos. Não era um lugar muito escondido e havia até uma hipótese mínima de alguém os ver, mas seria melhor do que ir para algum beco escuro e ser assaltado. Olhando para o jovem ao seu lado, Dean pensou que não se lembrava de o ver juntamente com os outros prostitutos das outras vezes que estivera naquele bairro.
"Poderia estar lá ou não. Não me lembro de o ver, mas são tantos que é difícil lembrar-me. Aliás, porque me quereria lembrar? Se visse algum dos prostitutos com quem tive relações anteriormente, provavelmente não o iria reconhecer. Não estava a prestar atenção à cara deles. Mas este rapaz… tem algo diferente." pensou Dean, continuando a conduzir. "Ou sou apenas eu que estou a delirar. Tenho de me focar. Ele está aqui para fazer o seu trabalho e para eu ficar satisfeito. Depois disso, vai embora e eu volto para casa, para a minha vida normal."
Sam Jones mexeu-se ligeiramente no assento do carro, mas permaneceu calado, lançando um olhar ao outro homem ao seu lado. Sam tinha vinte e seis anos e há vários meses que recorria à prostituição como forma de conseguir algum dinheiro. Não se prostituía todos os dias, como acontecia com alguns dos outros homens. Apenas o fazia quando necessitava realmente do dinheiro e, também ao contrário de alguns dos outros homens, não sentia prazer em ter sexo com aqueles desconhecidos.
Era gay, sim, era verdade, mas não era por isso que gostava de ter sexo com qualquer homem. Não, não gostava. Já tivera algum prazer com um ou outro cliente, porém a maioria apenas lhe causava dor e Sam tinha de aguentar e não gritar, para poder receber o pagamento. Não podia escolher quem iria servir. Mesmo que alguns dos homens que o escolhessem a ele fossem feios, asquerosos e perigosos, Sam tinha de aceitar, porque precisava do dinheiro.
Tentara arranjar trabalho, mas não conseguira. Não tinha habilitações para muitos dos trabalhos a que concorrera e outros, que conseguira realmente arranjar, tinham um ordenado tão baixo que por vezes nem se conseguia sustentar. E por isso, sem alternativa, recorrera à prostituição, que lhe fornecera o dinheiro que precisava. Apesar de detestar o que fazia, era o necessário para poder sobreviver e também seguir o seu sonho. Com o dinheiro, estava a conseguir sobreviver e continuar a estudar. Queria formar-se e faria de tudo para o conseguir.
O carro virou à direita e Sam começou a ficar um pouco nervoso. Onde é que aquele homem o estava a levar? Ainda reconhecia as ruas à sua volta, porém, em vez de pararem nalgum lugar deserto perto do seu bairro, o homem estava a afastar-se. Sam olhou-o, mas o homem não lhe devolveu o olhar. Passaram por uma rua que estava melhor iluminada e Sam conseguiu perceber que o outro homem tinha os olhos verdes mais belos que alguma vez tinha visto.
"Porque é que um homem bonito vem para aqui pagar a um prostituto para o satisfazer? Com toda a certeza que conseguiria arranjar alguém que o satisfizesse sem de ter de recorrer à prostituição. Mas não importa. Não tenho nada a ver com a vida dele, nem sequer vou chegar a conhecer o seu nome." pensou Sam. "Pelo menos vai ser bom para variar, ter alguém agradável à vista a tocar-me. Pelo menos não é nenhum velho baboso, como de costume."
Dean virou à direita numa rua sem saída e parou o carro. A rua não estava mal iluminada de todo e estava silenciosa. As pessoas já se tinham recolhido nas suas casas e Dean achava que era o local perfeito para estar mais ou menos em segurança. Claro que poderia levar o prostituto para um motel também, mas para além de poder ser visto por alguém, isso implicaria ainda o custo de um quarto, pelo que ali teria de servir. Por seu lado, Sam preparou-se para fazer o seu trabalho.
Estava a ficar um profissional na arte do sexo, pensava Sam. Conseguia fingir prazer quando não o sentia. Sempre ouvira dizer que eram as mulheres que fingiam ter prazer, mas isso também era possível para os homens. No seu caso, era agora quase automático. Não sentia qualquer prazer em ter relações com aqueles desconhecidos, mas fazia o seu papel. Tinha de os satisfazer e parecer satisfeito. Tinha de gemer, para dar a entender que estava a gostar e para excitar mais os seus clientes. Se demorassem mais tempo do que o estabelecido, teriam de pagar mais, por isso era do interesse de Sam mantê-los ocupados e interessados durante mais alguns minutos.
Dean fez sinal a Sam e saiu do carro pela porta da frente. De seguida, fechou a porta e abriu a porta detrás, entrando de seguida. Sam passou pela abertura entre os dois assentos da frente e também ele passou para os bancos detrás. Alguns dos homens preferiam ter sexo nos bancos da frente, mas para Sam era realmente desconfortável. Aliás, nos bancos de trás também não era muito confortável, porém era melhor do que nos da frente. Dean trancou as portas do carro e de seguida olhou para Sam.
Dean estudou novamente o rapaz à sua frente. Agora reparava que devia ter estacionado mais longe do candeeiro de iluminação, que estava mesmo ali ao lado. Deixou esse pensamento de lado. Não importava agora. Ao perto, o rapaz à sua frente parecia ainda mais atraente.
"Obviamente que é atraente. Se não o fosse, não valeria a pena tentar prostituir-se, pois seria improvável que alguém quisesse ter relações com ele. Pelo valor que vou pagar, valerá a pena estar com este." pensou Dean. "Está na hora de avançar."
Dean puxou Sam para si e tirou-lhe o colete, puxando-lhe de seguida a t-shirt para cima. Sam pensou que pelo menos o homem não lhe tinha rasgado a roupa. Já não seria a primeira vez que isso acontecia e Sam detestava essa situação. Ficava com a roupa estragada e na maioria das vezes o cliente não lhe pagava mais por isso, argumentando que tinha pago para estar com ele e que isso incluía fazer-lhe o que queria, incluindo rasgar-lhe a roupa.
Foi a vez de Sam se mover ele tirou o casaco preto que Dean vestia. Parecia ser de marca. Sam pensou que com certeza seria caro. Talvez este cliente tivesse muito dinheiro. Pelo menos, pela roupa e pelo carro, era o que parecia. Depois de retirar o casaco, começou a desabotoar a camisa de Dean, enquanto lhe beijava o pescoço. Sam sabia que, na maioria dos casos, os seus clientes adoravam que lhe beijasse o pescoço e, como pôde comprovar, Dean não era excepção.
Dean gemeu, enquanto Sam continuava a beijar-lhe o pescoço. Sim, o jovem sabia realmente como o excitar. Sam tirou a camisa a Dean e de seguida investiu sobre o peito do cliente, lambendo e beijando. Sam sabia que muitos dos outros prostitutos limitavam-se a fazer sexo oral e anal aos seus clientes e terminava por ali, mas ele, Sam, também tinha a convicção de que, se continuasse com os jogos sexuais, o tempo que estabelecera para satisfazer o cliente iria estender-se e isso significava mais dinheiro. Além disso, este cliente em particular parecia poder pagar para ficar completamente satisfeito em todos os sentidos.
Dean voltou a gemer, enquanto Sam continuava com os seus jogos sexuais, pelo peito e mamilos de Dean. Perdido em sensações, Dean fechou os olhos e deixou-se levar. Na sua mente, uma voz alertou-o de que nunca devia fechar os olhos. O prostituto podia ter uma faca num dos bolsos e aproveitar para o ameaçar ou até mesmo matá-lo naquele momento de vulnerabilidade, para lhe roubar dinheiro e o carro. Mas Dean optou por ignorar a voz daquela vez. Queria apenas apreciar o momento.
Pouco depois, quando Sam achava que não podia perder mais tempo no peito do seu cliente, não fosse ele perder o interesse, começou a tirar o cinto das calças de Dean e a desabotoá-las. Quando lhe removeu os boxers, viu que Dean estava realmente excitado. Segundos depois, Dean gemia novamente. Não queria saber se não o devia fazer, estando a ser estimulado por um prostituto, mas estava a receber tanto prazer que não se conseguia conter.
Sam praticou sexo oral no pénis de Dean durante alguns segundos e quando Dean estava prestes a chegar ao clímax, afastou ligeiramente Sam. Se chegasse ao clímax agora, poderia não conseguir aproveitar o resto da experiência ao máximo. Por conseguinte, puxou Sam mais para si e começou a desapertar-lhe as calças, retirando-lhe de seguida os boxers azuis-escuros que Sam vestia. Sam voltou a investir sobre o pescoço de Dean, que gemeu e puxou Sam mais para si.
"Este rapaz sabe mesmo o que me deixa louco de prazer. Apetece-me beijá-lo, mas não o devo fazer. Não é um namorado meu e sim um prostituto." pensou Dean.
Dean voltou a afastar Sam um pouco, para poder tirar do bolso do casaco, que agora estava no chão do carro, um preservativo. Rasgou o papel que envolvia o preservativo e de seguida Sam tirou-lhe o preservativo das mãos e colocou-o sobre o órgão sexual de Dean.
"Mais um ponto a favor do meu cliente." pensou Sam. "Trouxe protecção. Claro que eu também tenho preservativos no bolso das calças. Nunca teria sexo desprotegido e me sujeitaria a apanhar alguma doença. Já me fizeram propostas para isso, mas recusei."
Dean empurrou Sam suavemente, para ele se deitar sobre o banco traseiro do carro e Sam assim fez. De seguida, Dean humedeceu os seus dedos com saliva, para servir de lubrificante. Sam sentiu o seu cliente a introduzir um dedo no ânus, com cautela e os segundos foram passando. Dean era extremamente cuidadoso e não queria magoar o prostituto.
"Mais um ponto a favor dele. Está a perder tempo para me lubrificar, para que eu não sinta dor." pensou Sam. "Já não há muitos assim. Querem logo passar à foda, sem pensarem que me estão a magoar por não estar suficientemente lubrificado. Só querem saber do prazer deles, claro. E eu aguento, como tem de ser. Mas desta vez, parece que não vou ter de suportar essas dores."
Quando Dean entrou dentro dele, Sam gemeu. Era um gemido automatizado. Sam já sabia quando devia gemer, para convencer o seu cliente de que o estava a satisfazer. Sentiu uma pequena pontada de dor, que logo se desvaneceu, enquanto Dean continuava a entrar e a sair dele, cada vez mais depressa. As mãos de Dean começaram a acariciar o peito de Sam e por uns segundos, Sam esqueceu-se de que estava com um cliente. As mãos de Dean moviam-se com suavidade, tocando em todos os pontos do peito.
"O que se passa comigo?" pensou Sam, gemendo novamente. "É apenas mais um cliente, mas está a fazer-me sentir bem agora."
Pouco depois, com um grande gemido, Dean ejaculou e começou a mexer-se mais lentamente, até parar e sair de dentro de Sam, que estava ofegante. Terminara, então, pensou Sam. Já era costume que a maioria dos seus clientes chegasse ao clímax e terminasse por ali. Claro que não queriam saber se o prostituto também tinha chegado ao ponto alto do prazer ou não.
Para surpresa de Sam, Dean deitou-se sobre ele e começou a beijar-lhe o pescoço também, enquanto uma das suas mãos deslizou até ao pénis de Sam e o começou a massajar. Sam gemeu, desta vez um gemido verdadeiro e pouco depois, ejaculou também. Olhou para Dean, surpreendido. Conseguia contar pelos dedos das mãos as vezes que algo deste género tinha acontecido, em que um cliente se tinha preocupado em dar-lhe prazer para o fazer chegar ao clímax.
Claro que Sam já tivera de se exibir perante alguns clientes que o queriam ver chegar ao clímax, mas não o ajudavam a chegar lá. Agora tinha sido diferente. E aqueles olhos verdes que olhavam os seus eram tão diferentes da maioria. Dean saiu de cima de Sam e tirou uma caixa de toalhetes de debaixo de um dos bancos. Sam e Dean limparam-se e vestiram-se, passando de seguida para os bancos da frente do carro.
"Vou levar-te de volta ao teu bairro." disse Dean, olhando para o prostituto ao seu lado. "Estamos longe para voltares a pé."
Sam acenou afirmativamente e Dean arrancou, em direcção ao bairro da prostituição novamente. Sam suspirou baixinho e recostou-se mais no assento. Olhou para Dean com cautela, tentando que Dean não reparasse que ele o estava a olhar.
"Ainda bem que me vai levar de volta. Seria realmente penoso ter de voltar a pé, estando agora longe. Desta vez… não posso queixar-me, porque tudo correu bem. Não esperava que assim fosse, mas realmente senti-me bem desta vez, para variar." pensou Sam.
Poucos minutos depois, Dean parou o carro novamente na rua onde estavam os prostitutos, mas desta vez do lado oposto da rua, para que nenhum se aproximasse. De seguida, tirou a carteira do bolso do casaco e passou o dinheiro a Sam, que olhou para as notas, contando-as e depois viu que o seu cliente lhe dera dinheiro a mais.
"Enganou-se. Deu-me dinheiro a mais." disse Sam, estendendo uma das notas a Dean.
"Dei porque quis." disse Dean. "Fica com ele."
Sam hesitou, mas acenou afirmativamente. Não podia negar que dinheiro nunca era demais e estava realmente a precisar dele. Olhou uma última vez para Dean e saiu do carro, afastando-se para o outro lado da rua. Ainda olhou para trás, pensando que gostaria de saber quem era aquele cliente.
"Provavelmente nunca mais o verei, por isso, para que é que eu quereria saber?" perguntou-se Sam.
Por seu lado, Dean ficou parado no carro durante alguns segundos, vendo o prostituto voltar para junto dos outros, que aguardavam. Um carro surgiu e um dos prostitutos entrou no carro. Dean suspirou e arrancou, saindo daquela rua, enquanto continuava pensativo.
"Porque estará um rapaz daqueles a prostituir-se?" perguntou-se Dean. "É bonito, tem bom corpo e poderia ter outro destino. Não compreendo realmente. Mas… foi óptimo. Das outras duas vezes, com os outros prostitutos, foi banal, mas desta vez foi diferente. Amanhã voltarei aqui e espero encontrar aquele prostituto de novo."
Dean continuou a conduzir, voltando à parte da cidade que era normal, como lhe chamava, a parte iluminada, aquela parte da cidade livre de prostituição e drogas ou pelo menos assim pensava Dean. Alguns minutos depois, chegou a casa e decidiu ir dormir, pois no dia seguinte tinha coisas para resolver, como sempre.
Bater de Dois Corações
No dia seguinte, Dean levantou-se cedo para ir trabalhar. Tomou banho, fez a barba, vestiu o fato completo que costumava usar no trabalho na maioria das vezes, tomou o pequeno-almoço rapidamente e saiu. Entrou no carro pouco depois e partiu em direcção ao seu trabalho. Chegou ao edifício alguns minutos depois e estacionou o carro no lugar habitual. Pegou na sua pasta e avançou, entrando no edifício com oito andares. Todo o edifício pertencia às publicações Resmonder, que tinha várias revistas.
Dean entrou no edifício, acenou a alguns colegas e entrou no elevador, premindo o botão para o quinto andar, que se destinava ao seu território de trabalho. Dean era o director da revista Maxycool, uma revista masculina, que se focava em tudo o que os homens heterossexuais gostavam. Todas as semanas tinham as mais belas mulheres na capa e todo o tipo de conteúdos para interessar os homens e os cativar para o sexo oposto. Dean sorriu, abanando a cabeça, por causa ironia de, para ele, aquilo não ter muito significado.
Apesar de tudo e mesmo não estando muito virado para as mulheres quase nuas que apareciam nas capas da revista que dirigia, Dean era bastante competente no seu trabalho. Coordenava tudo na perfeição e tinha boas ideias. Conseguia estimular as pessoas que trabalhavam consigo e dava-lhes ânimo. A maioria das pessoas gostavam dele. As restantes detestavam-no e queriam-no fora dali para ficarem com o seu lugar, mas Dean não deixava. Tinha trabalhado demasiado para chegar onde chegara.
Quando as portas do elevador se abriram, Dean saiu e passou pela secretária da recepção, que estava vazia. Abanou a cabeça. Com certeza que Ruby Mattews, a recepcionista morena e faladora estaria nalgum lado a meter conversa com alguém. Passou pela sala principal, onde existiam várias secretárias com computadores e onde a maioria dos redactores trabalhava. Ao passar, acenou a algumas pessoas, que lhe deram os bons dias e uma ou outra fez um esgar ao vê-lo afastar-se, em direcção seu gabinete.
Dean, como director, tinha um gabinete só para si. Para lá chegar, tinha de passar antes por um gabinete mais pequeno, da sua secretária pessoal, Ava Wilson. Ao sair da sala principal e entrar directamente no pequeno gabinete de Ava, Dean viu a sua secretária pessoal a falar com a recepcionista Ruby. Ambos tinham cabelo castanho comprido e estavam a falar animadamente.
"Eu acho que seria um óptimo tema a abordar na próxima edição da revista." disse Ruby, abanando a cabeça. "Algum que nunca foi abordado aqui e penso que os homens gostariam de saber, nem que fosse só por curiosidade."
"Sim, mesmo que seja só por curiosidade. A maioria deles não se preocupava se nos dá prazer ou não. Apenas se querem satisfazer a eles próprios." disse Ava.
"Bom dia senhoras." disse Dean, aproximando-se.
Ruby e Ava pararam de falar e olharam para Dean, dando-lhe os bons dias. Ava era uma pessoa difícil de descrever, porque tinha certas variações de humor, mas era competente e bastante fiel a Dean, por isso Dean mantinha-a como sua secretária pessoal. Já Ruby era pior. Costumava saber a vida de toda a gente e espalhá-la por todos os cantos. Porém, quando estava realmente empenhada fazia bem o seu trabalho e conhecia bem os homens, pelo que por vezes dava óptimas ideias para a revista, mesmo sem lhas pedirem e Dean apreciava o seu esforço por ser útil com essas mesmas ideias.
"De que é que estavam a falar? Pareceu-me ouvir dizer algo sobre um tema a abordar na próxima edição da revista." disse Dean.
"Sim, é verdade. Estava a contar à Ava a ideia que tive." disse Ruby, encarando Dean. "Não sei se vai gostar da minha ideia, mas eu acho que seria importante abordar o tema."
"De que tema estamos a falar?"
"Prostituição." respondeu Ruby, abanando a cabeça. Dean levantou uma sobrancelha. "Espere, espere. Eu sei que é um tema esbatido e que já foi falado na revista, mas acho que podíamos abordar uma situação que faz parte desse tema. As prostitutas e o prazer."
Dean ficou pensativo e fez sinal a Ruby para prosseguir.
"Quando tive esta ideia, fui fazer umas pesquisas para confirmar certas situações, sabe? Há prostitutas que vendem o corpo por dinheiro, outras por prazer e outras por ambas as situações. Mas será que realmente têm prazer quando têm sexo com os homens? É que, sejamos sinceros, se um homem que nos conhece bem, por vezes não nos consegue fazer atingir um orgasmo, será que um estranho que surge ali para ter sexo se preocupa em proporcionar prazer à outra pessoa?"
Ava acenou em assentimento, compreendendo a ideia de Ruby. Achava que era um bom tema a abordar. Dean abanou a cabeça.
"Ok, Ruby, então tem a ideia de um artigo sobre o prazer na prostituição. Mas onde é que isso nos ia levar e como é que isso ia fazer vender a revista e ser um artigo de sucesso?" perguntou ele.
"Podíamos entrevistar prostitutas e saber o que eles têm para nos dizer. Quais são as suas opiniões no assunto. Como é que são as coisas no caso delas. Dar-lhe-ão os homens prazer ou não? E o que é que podem os homens fazer para lhes dar prazer." respondeu Ruby. "Director, tem de admitir que os homens adoram gabar-se dos dotes sexuais e acho que ficaram muito interessados em saber com o que é que as profissionais do sexo ficam excitadas. Podiam até usar esses conhecimentos para conquistar qualquer mulher ou satisfazer a esposa ou a namorada. O que acha?"
Dean ficou calado durante alguns segundos e abanou a cabeça em assentimento.
"Acho que foi uma ideia muito bem pensada. Dicas de como excitar uma mulher, mas não qualquer mulher. Isso vende. Muito bem, Ruby. Falarei dessa ideia na próxima reunião e encarregarei alguém de lhe dar seguimento." disse Dean. "Continue com o bom trabalho, Ruby. Mais algumas ideias e é promovida a redactora."
Dean avançou e entrou no seu gabinete, deixando Ruby e Ava para trás. Ruby estava bastante contente com a sua ideia e começou a falar incessantemente. Dean fechou a porta do gabinete, pousou a mala em cima de uma cadeira e foi até à janela, olhando para a rua e o movimento dos carros e das pessoas.
"A ideia da Ruby é bastante interessante. Eu próprio nunca tinha pensado muito nisso. Das três vezes que agora recorri aos prostitutos, não me importei muito com o que eles estavam a sentir. Afinal, eu estava ali para me satisfazer e eles tinham de me satisfazer a mim e não eu a eles." pensou Dean. "Mas de qualquer maneira, penso que não fui totalmente egoísta. Fiz com que os três prostitutos com quem tive relações até agora chegassem ao clímax, pelo que deve contar para alguma coisa."
Dean caminhou até à sua cadeira de executivo e sentou-se, continuando pensativo.
"Agora fiquei realmente pensativo. Será que realmente as prostitutas e prostitutos sentem prazer ao ter sexo com as pessoas que lhes pagam? Não sei como é com os outros, mas deve haver gente muito bruta, que se quer satisfazer e quando está satisfeita é até capaz de deixar a outra pessoa ali à beira da estrada sem mais nem menos."
Dean abriu a sua agenda e folheou-a, vendo que tinha duas reuniões para esse dia. Abanou a cabeça e voltou a fechar a agenda. Ava acabaria por vir ter com ele dentro de alguns minutos e trazer-lhe indicações de tudo o que estava marcado para aquele dia. Dean apontava apenas o mais importante.
"Será que dei algum prazer àquele rapaz, ontem à noite?" perguntou-se Dean. "Espero que sim… ou também os homens podem ter orgasmos sem sentir qualquer praze? Talvez por causa da prostituição os seus corpos estejam já tão habituados que têm certas reacções, independentemente dos poucos ou muitos estímulos que tenham. Mas realmente espero ter-lhe proporcionado algum prazer, tal como ele me proporcionou a mim."
O telefone tocou e Dean atendeu. Era Ava, para saber se lhe podia passar uma chamada. Dean acenou afirmativamente, falou alguns minutos ao telefone e pouco depois bateram à porta. Era Ava novamente, segurando alguns papéis.
"Com licença. Trago aqui uns papéis para assinar. E não se esqueça que tem uma reunião daqui a dez minutos. Depois da reunião, faço-lhe um relato do que tem marcado para o resto do dia."
Dean acenou afirmativamente, assinou os papéis e pediu a Ava para sair. Ela assim fez, fechando a porta atrás de si.
"Nem sei o nome do rapaz, mas agora não consigo deixar de pensar nele. Vou voltar àquele bairro novamente hoje à noite e espero encontrá-lo outra vez. É com ele que quero estar novamente." pensou Dean. "E talvez… hoje eu tenha uma abordagem diferente. Se ontem ele não tiver sentido qualquer prazer, então hoje vou fazer com que sinta."
Pouco depois, Dean levantou-se e foi para a reunião, para decidirem quais os conteúdos da próxima edição da revista. Dean expôs a ideia de Ruby, que foi bem aceite por todos e atribuiu o trabalho de campo a dois dos seus redactores, Jessica Moore e Chuck Shurley. Depois de todos os temas discutidos, a reunião terminou e Dean indicou a todos que poderiam voltar ao trabalho.
Castiel Brooks, o subdirector da revista aproximou-se de Dean, felicitando-o por mais uma boa reunião e mais bons temas a serem abordados na próxima edição da revista. Dean agradeceu também o elogio, mas não se deixou enganar. Castiel era a pessoa mais oportunista que conhecia e se Dean desse um passo em falso, Castiel não hesitaria e iria usar o que fosse para que Dean fosse despedido e ele pudesse ficar com o seu lugar.
"Continua com o bom trabalho, director Dean." disse Castiel, sorrindo falsamente.
"Irei continuar, com toda a certeza." disse Dean, afastando-se e regressando ao seu gabinete.
Castiel lançou-lhe um olhar gelado quando Dean virou costas.
"Dean Winchester, tens algum podre, com certeza. Eu estou atento e quando descobrir algo que te possa pôr daqui para fora, irei usá-lo. Vou acabar contigo e com a tua carreira. Devia ter sido eu a ser promovido a director, mas não, passei apenas a subdirector e tu ganhaste o melhor cargo. Mas não ficarás com ele por muito mais tempo."
Bater de Dois Corações
Quando a noite se abateu na cidade, Dean saiu do edifício da Resmonder, entrou no carro e seguiu para sua casa. Ao chegar lá, acabou por fazer uns ovos mexidos e comê-los com pão. Estava cansado e não lhe apetecia cozinhar mais nada. Apesar de tudo, mesmo cansado, não ia mudar de ideias sobre o que tinha decidido.
"Vou até ao bairro novamente. Quero encontrá-lo outra vez." pensou Dean, pegando nas chaves de casa para sair. "Espero que hoje seja tão bom como ontem. Gastei algum dinheiro, é verdade, e vou gastar novamente, mas não importa."
Ao sair de casa e entrar no carro, Dean não tinha a noção de que com a noite do dia anterior a sua vida tinha mudado e nesta noite, iria mudar ainda mais, pois os sentimentos por vezes são incontroláveis e quando duas realidades distintas se juntam, tudo pode acontecer. Dean e Sam acabariam por descobrir isso mesmo.
E assim, termina o primeiro capítulo da história. No próximo, a história continua.