Eu devo mil, milhões de desculpas pelo atraso da fic. Meu computador faleceu de um ataque cardíaco (queimou a motherboard) e fiquei temporariamente sem meus arquivos. Mas graças à tecnologia, recuperei meu disco-rígido com tudo, tudinho intato *.*
E, agora desde o computador do meu namô, voltei com tudo em cima!
CHAPEUZINHO VERMELHO
Desde a festa de final de aulas, a rotina de Lily Evans tinha mudado completamente. Passara de habituais sermões e detenções ao quarteto dos Marotos a uma confusão atrás de outra em que ela sempre se encontrara envolta, sem poder fazer nada para sair delas. E Sirius parecia ter a missão de metê-la em enrascadas. Mas o que era realmente preocupante nesse momento era outra coisa, nada a ver com o moreno fumador.
Desde aquela festa, desde que dançara com o mímico-mágico, também se encontrava metida em um turbilhão de sentimentos que não conseguia explicar. Sempre evitara James Potter, tentando ficar o mais longe possível a não ser para detê-lo, porém, nos últimos meses, tudo girava ao seu redor. Não imaginara que ele fosse tão amável como para tirá-la de uma festa para evitar um vexame, nem que ele fosse tão gentil para chamá-la de bonita quando sabia que não estava, nem de fazer aquilo com o coelho e a rosa.
Atrás daquele James brincalhão e quebrador de regras, existia então um romântico.
– J – L –
Lily pensou por um momento que nunca mais poderia se separar daqueles lábios, nem que poderia deixar aquele beijo tão apaixonante. E pareceu que James também não queria deixá-la. Passaram-se um, dois, mil segundos, até que os dois se separaram e se olharam num suspiro, James inclinando-se para apoiar sua testa sobre a dela. Sorriram um para o outro.
E a ruiva não pôde negar que estava começando a sentir um pouco mais do que esperava por James. Na verdade não devia sentir isso... Prometera nunca se envolver com ele...
– Oh, não! – exclamou Lily, olhando o céu pela entrada da árvore. – Já é tarde... A gente devia estar no Salão Comunal já!
A garota segurou o braço de James com uma mão e abraçou o coelhinho contra o peito com a outra. Os dois correram, rindo, até o saguão do castelo, mas Lily se deteve, olhando ao redor. Tinha visto um par de olhos pretos que os observara chegar, e teve medo que fosse Severus. A pesar da briga dos dois, não queria magoar aquele que fora seu melhor amigo durante anos, e sabia que se ele a visse ali, segurando a mão de James, seria a maior decepção que daria a Sev.
– O que foi? – perguntou James franzindo a testa e tentando ver o que ela procurava.
– Nada – respondeu a ruiva, voltando a correr.
Os dois chegaram ao Salão Comunal ainda de mãos dadas. O lugar estava transformado em uma festa cheia de comida roubada (seguramente isso fosse trabalho dos Marotos) e de música. Novamente a garota se perguntou como os professores não conseguiam ouvir essa barulheira.
Os dois primeiros a aproximar-se de Lily e James foram Sirius e Matilde, ambos com um copo de cerveja amanteigada nas mãos e um sorriso enorme. Almofadinhas foi o primeiro em perceber que os dois estavam de mãos dadas e socou o ombro do amigo, rindo. Matilde percebeu meio segundo depois e, às gargalhadas, puxou Lily pelo braço e levou-a para o dormitório das garotas, deixando James com as mãos vazias e com um sorriso maroto e olhar suplicante.
Matilde jogou a sua amiga na cama e ficou de pé na frente dela, com as mãos pousadas na cintura e um olhar difícil de compreender. Lily arqueou as sobrancelhas e abriu a boca para protestar, mas a loira não lhe deu tempo.
– Eu vi bem ou a senhorita estava de mãos dadas com aquele maroto ali? – largou ela em tom alto.
– Matilde, o que você...? – começou a dizer Lily, mas a loira se abalançou sobre ela em um abraço forte.
– Tô tão feliz! – exclamou, soltando-a e puxando-a para que ficasse de pé. – Conta como foi isso! Vai, quero saber detalhes!
– Não viaja, vai – disse Lily, dirigindo-se até a porta do dormitório, se dispondo a sair. – A gente só se beijou, só isso. E me deu de presente um coelho – completou, apontando ao animal peludo que pululava em sua cama. Matilde balançou a cabeça, sorrindo, e seguiu sua amiga até a festa no Salão Comunal.
– J – L –
Uma lágrima de dor rolou até a ponta do nariz do rosto cabisbaixo. O garoto de cabelo preto não se precipitou para ir ao seu Salão Comunal. Não estava com pressa. Tinha esperado para ver Lily e dizer ao menos alguma coisa sobre sua atuação, mas o único que viu foi a mão da garota entrelaçada com a de Potter. Justo James Potter.
Severus deteve-se a uns passos das masmorras. Sua Lily, sua pequena e doce ruiva finalmente se entregara aos encantos do egocêntrico apanhador. Droga. Fizera tudo de errado. De novo. A princesa fora embora para sempre e ele ficara só.
Apoiou as mãos e a testa contra a parede de pedra e chorou como nunca chorou na vida. Deixou-se cair de joelhos no chão e jurou para si mesmo que nunca mais deixaria que nada voltasse a magoá-lo.
A partir de aí, fechou seu coração a tudo.
– J – L –
Já era quase três da manhã quando Lily percebeu que James, Sirius e Peter se foram. Estivera ocupada com Matilde pendurada do seu braço, a loira fazendo mil e uma perguntas em coro com Alice e só percebera que os três tinham sumido quando todo o mundo começava a subir aos seus dormitórios.
– Vocês viram James? – perguntou às garotas, e Matilde esticou o pescoço para olhar ao redor. Logo negou com a cabeça. Alice deu os ombros.
Lily então colocou as mãos na cintura e vincou a testa. Onde poderiam estar? Nenhum dos três perdia uma festa, sempre eram os últimos em irem embora, mesmo se fosse um fiasco total. Pensou uns minutos enquanto o Salão Comunal ficava vazio, exceto por ela e Matilde, que aguardava que ela decidisse alguma coisa.
– Til... Você quer dar uma volta?
A loira levantou os olhos de suas unhas roxas.
– A onde? Sabe ao menos que horas são? A senhorita sabe muito bem que não é permitido sair do Salão Comunal depois das oito – retrucou a garota.
Lily deu uma risadinha de leve.
– Esqueceu que eu sou da monitoria?
– J – L –
O cervo, o cachorro e o rato partiram para o anoitecer nos jardins de Hogwarts. O Salgueiro Lutador estava perto, e Sirius podia ouvir mesmo dali os barulhos de Lupin dentro da Casa dos Gritos. Peter, como de costume, esticou-se até o nó na árvore e paralisou-a. Pontas foi o primeiro a entrar, seguido logo em seguida por Rabicho. Almofadinhas ficou para trás, cheirado o ar sentindo a fragrância de um perfume em particular. Ficou quieto por uns segundos; o rastro era fraco, mas perceptível ao seu faro fino.
James voltou, fazendo um sinal com a cabeça para que o seguisse. O cão preto latiu. O cervo se aproximou ainda mais, com rabicho enroscado em seus pés.
Sirius grunhiu, latiu e começou a correr na direção contrária ao Salgueiro Lutador. Mas era tarde demais.
– J – L –
Lily viu uma enorme sombra preta avançar até onde ela e Matilde estavam. Depois de dois segundos de terror, a ruiva reconheceu-o em seguida: Sirius. Revirou os olhos, sorriu e inclinou-se para acariciá-lo, enquanto a loira dava gritinhos desesperados. Mas Sirius parecia não querer brincar, estava latindo e dando voltas ao redor de Lily.
– O que foi? – perguntou Lily franzindo a testa ao vê-lo tão revoltoso. Matilde segurou seu braço, tremendo.
– Você tá doida? Como vai fazer amizade com um lobo desse tamanhão? Pode morder... Ou dar raiva! – guinchou a loira, levantando um pé ao ver que o cachorro se aproximava para cheirar seu pé.
A uns metros dali, protegidos pela sombra e o buraco debaixo do Salgueiro Lutador, o cervo e o rato observavam sem se mover. James realmente desejava que Lily e Matilde voltassem para o dormitório para dormir.
– Vamos embora, por favooooor!
Lily incorporou-se, olhando Sirius nos olhos. Alguma coisa ali lhe dizia que ele não queria que elas estivessem ali. Levantou os olhos do cachorro até o Salgueiro Lutador e estranhou vê-lo tão quieto balançando-se somente ao sabor do vento. Seus olhos faiscaram ao ver um par de olhos castanhos brilhando que brilhavam debaixo da lua cheia. Um par de olhos familiares.
– Vamos!
Matilde puxou-a com força até o castelo, deixando para trás o cachorro, que ficou quieto observando-as partir.
As duas garotas chegaram logo ao Salão Comunal, e em seguida subiram ao seu dormitório, vestiram seus pijamas e deitaram. Matilde ficou falando todo o caminho cosas como: Como Dumbledore permite cachorros no castelo? Por que fomos ate lá? Foi uma perda de tempo! Mas Lily não lhe prestava atenção. Pensava em tudo o que tinha acontecido, e no que tinha visto.
Havia outro animal mais além de Sirius. Disso não restavam dúvidas. O que aquele Maroto estava aprontando? Ela não estava no direito de bisbilhotar, na verdade isso nem sequer lhe importava. Mas tampouco não podia deixar que se metera em encrencas e acabara expulso do colégio.
Mas também estava Remus, que era monitor e poderia evitar qualquer desgraça. Lembrou então que Remus não estava. Virou na cama e abraçou a almofada.
Olhos castanhos, brilhando intensamente debaixo da lua cheia.
Sentou-se de um pulo em sua cama. Afastou as cortinas e olhou Matilde, que já estava em um sono alto. Suspirou, pousou os pés fora da cama e colocou as pantufas. Olhou o céu sem nuvem pela janela; dali podia ver a lua cheia, minguando lentamente.
O Salgueiro Lutador foi plantado no ano em que chegara a Hogwarts.
Sirius Black é um animago ilegal. Um cachorro enorme e preto.
Remus Lupin sai do colégio uma semana ao mês.
Um par de olhos castanhos escondidos entre as raízes do Salgueiro.
Hoje é lua cheia.
Então se lembrou da conversa que tivera com James na noite de sexta-feira.
– Sei que não é da minha conta nem nada parecido – havia perguntado a ruiva a James –, mas o que é que acontece com Remus?
– Você sabe, ele tem a mãe doente ou coisa assim. Por que está perguntando? – Ele tinha respondido, olhando-a com surpresa e dissimulando com um sorriso torto e um despentear de cabelo.
– Por nada, é só que acho estranho ele não levar nada quando vai embora, e sempre vai uma semana por mês... Bom, era só isso... Até amanhã então.
– J – L –
Lily Evans corria pelos jardins de Hogwarts, de pantufas e pijama rosa-pink. Ofegava quando chegou até o Salgueiro Lutador, e ficou de pé a vários metros, sem se atrever a se aproximar. O Salgueiro se estremecia, mexendo-se com mais violência que o normal, e a ruiva observou-o com estupor, sem ousar a se aproximar mais.
Sirius já não estava ali, nem o outro animal.
Será que toda sua loucura fosse só imaginação? Não estava só unindo cabos para dar uma explicação a tudo aquilo? Balançou a cabeça e deu meia volta em direção ao castelo. E ali, a vários metros, pôde ver a silhueta de Argus Filch, com um farol na mão e a senhora Nora a seus pés parado sem olhar para onde ela estava, distraído com algum ponto na Floresta proibida.
Lily ficou estática. Não podia mentir dizendo que estava fazendo uma ronda se estava de pijama. Corou. Olhou para todos os lados, mas não encontrou nenhum lugar para se esconder.
Mas ouve uns latidos, e um uivo. Filch olhou em direção aos ruídos e riu, caminhando até o lugar de onde provinham. Lily suspirou levou os olhos a mesma direção, mas não podia ver muita coisa. Decidiu então ir embora dali, voltar para seu quarto quente na torre do castelo. Deu dois passos e ficou paralisada ouvindo um barulho de galhos se quebrando e o farfalhar das folhas ao serem pisadas.
Virou para a direita: um lobisomem jovem estava de pé, salivando e caminhando em sua direção.
– J – L –
Na manhã seguinte, Lily acordou cansada, com dor de cabeça e franzindo a testa tentando lembrar-se de um sonho estranho que tivera. Alguma coisa sobre lobisomens, Filch e lua cheia. E ficou pensando que era um sonho até que Matilde abriu a cortina de sua cama e sentou-se aos pés dela com uma expressão preocupada.
– Você está bem? – perguntou a loira. – Precisa de alguma coisa? Se você quiser, pode faltar a aula da primeira hora e depois eu passo tudinho para você.
– De que diabos você está falando? O que aconteceu? – perguntou Lily com prudência. Compreendia que não deveria dizer nada que involucrasse o segredo de Lupin, mesmo se Matilde soubesse alguma coisa ou não. Tinha que ter cuidado.
– Não se lembra? – disse Matilde levantando ambas as sobrancelhas. – Parece que você foi ver o ursão-cachorro de ontem à noite, e ele quase te atacou se não fosse por Sirius e James que estavam por perto. Não me pergunte o que eles estavam fazendo ali, eu acho que eles estão criando esse lobo com cara de tigre feroz ilegalmente aqui no colégio. Eu juro que se eles voltam a me assustar com ele, eu vou denunciá-los para Dumbledore, a se vou!
Lily não prestou atenção à maioria do monólogo de Matilde, mas sim à parte em que Sirius e James a salvaram de Remus. Era óbvio que usariam o cachorro Black para tapar o resto. Então lhe veio à cabeça rápidas imagens sobre o acontecido depois.
Lembrou-se de Sirius em sua forma de cachorrão pulando sobre o lobisomem. Depois gemidos de lobo e cachorro. James inclinado sobre ela com o rosto preocupado. Logo a jaqueta de couro de Sirius, subindo e descendo na frente da sua cara; percebera então que estava em seus braços sendo carregada até o dormitório das garotas.
Ela fora à procura da vovozinha, mas só tinha visto o lobo-mau. Só que o lobo não era como dizia o conto trouxa: ele não queria ser mau...
– Obrigada, Til, mas não será necessário. Quero falar com os garotos – disse Lily, levantando-se e começando a se vestir.
– J – L –
James, Sirius e Peter tentavam ter tudo na ponta da língua, porque já conheciam a pequena ruiva e sabiam que ela iria até ele pedindo explicações. O pior de tudo era que Sirius tinha que manter aquela cabecinha vermelha de boca fechada para não dizer para James que sabe que ele é um animago ilegal. Ainda bem que viu só ele e não a James ou Peter. Mas agora sabia de Remus.
E pior ainda: quando Remus voltasse a si não ia suportar ouvir outro sermão sobre a ilegalidade.
E como os três supuseram, na hora do café da manhã eles viram a ruiva e a loira chegarem. Lily nem se sentou.
– James, Sirius, quero vocês dois lá fora. Quero falar com vocês.
Sirius soltou uma risadinha.
– Olha que eu não tenho nada a ver com a briguinha de casal.
O olhar que ela lhe dedicou o fez levantar calado e segui-la até o saguão sem dizer mais nada.
– J – L –
Bom, espero que tenham gostado. Não é exatamente o que tinha pensado, mas foi isso o que saiu enquanto eu escrevia. Logo tem mais!
Souhait, perdão pelo atrasinho! T.T