Dezesseis anos haviam se passado desde que você a vira pela última vez. Você, com o cabelo negro caindo no manto marrom desbotado e ela, sempre tão linda, com os olhos verdes brilhando na direção do marido e do filho, os fios ruivos caindo por seus ombros e tocando o rosto de James.

Era a última imagem que ficava em você, e não a primeira.

Ficava o pôr-do-sol, e não a luz forte da hora antes do almoço. Ficava o sorriso calmo e conscientemente feliz, não o riso alto e despreocupado de criança. Ficavam o brilho de amor no olhar verde, a blusa de um vermelho mais vivo que seus fios e o toque brincalhão na barriga do filho, e não o brilho divertido, a blusa verde e o puxar insistente até que os dois chegassem no balanço.

O verde ficara fosco. O sol parecia se recusar a aparecer. O prata desaparecera, e todos os tons que faziam você pensar nela se basearam no vermelho.

O vermelho do manto da Grifinória. O vermelho da paixão, da coragem, da vida. Da juventude que ela nunca perdera, do seu amor que não morrera com ela, do desejo que o atormentava todo segundo antes de adormecer, te fazendo querer sonhar com ela sonhos com todos os tons.

Você precisou morrer para fazê-lo.


*Ahn, para quem não pegou, a última parte faz referência aos olhos do Harry, ao pôr-do-sol – que eu acredito piamente estar ali na morte do Snape – e aos pensamentos dele. Espero que tenha ficado claro que ele via vermelho em tudo quanto é lugar, porque essa era a cor da Lily como um todo; e não, não era por causa do cabelo.

Enfiiiiiim, espero que tenham lido mesmo depois de muuuuuuito tempo – uns quatro meses? Deus,é uma vida inteira – e que tenham gostado. Se sim, ficaria felicíssima em receber reviews por esse capítulo, rever meus leitores assíduos e esperar que me perdoem.

E, agora, recadinho especial para Sakura Diggory: espero meeeesmo que consiga ler isso daqui, que tenha adorado – eu adorei escrever – e que tenha a idéia de que esse não é o meu único presente para você. Ainda vai chegar outro *-*

PS: Não sei se vocês gostam dele, se já leram um livro dele. Saramago não estava na lista dos meus autores favoritos, mas eu queria poder fazer mais por ele que uma ou duas linhas de homenagem pelo grande feito que ele fez à Literatura.