N/A: Olha só quem voltou!!!

Gente, depois de muito tempo afastada daqui, resolvi postar uma nova fic! Tava em casa, sem ter o que fazer, quando resolvi dar uma olhada nos meus projetos de fics (que nunca se realizaram) e ver o que podia ser aproveitado. Aí eu achei esse capítulo, e quando reli, achei que dava pra coninuar. E fui escrevendo, escrevendo, escrevendo... e agora já estou no capítulo seis! Pasmem!

Pela primeira vez (desconsiderando as traduções) eu vou postar uma fic quase pronta, o que significa que eu provavelmente não vou atrasar nas postagens, o que é muito bom pra vocês, leitores fiéis!

Sem mais delongas, aqui está o primeir capítulo. Leiam, deixem reviews com suas opiniões e me desejem boas-vindas novamente!

P.s.: comecei a postar essa fic também na Floreios e Borrões porque o FF não estava querendo fazer upload de jeito nenhum! Espero que isso não se repita...

Paradoxos

Paradoxos podem ser definidos como uma relação de interdependência entre contrários, que se harmonizam naturalmente. Um não existe sem o outro. Existem vários paradoxos. Fome e saciedade. Vida e morte. E o mais intrigante: amor e ódio.


Ódio

Lily Evans estava estudando em silêncio na sala comunal. Era noite, e não havia muitos alunos por lá. Pelo menos não que estivessem fazendo algo de realmente importante. Em um canto, reunia-se um pequeno grupo de garotas quartanistas que fingiam estar estudando, mas cochichavam e davam risinhos irritantes aos ouvidos da ruiva, enquanto espiavam do outro lado da sala. O grupo de quatro garotos do sétimo ano que conversava descontraído.

- Você viu a cara do ranhoso? Foi hilária! A gente devia aprontar mais dessas com ele... – disse um Sirius Black com sua risada rouca que parecia um latido. Quando ria seus cabelos negros e lisos balançavam por sobre seus olhos cinzentos, fazendo as garotinhas do outro lado da sala suspirarem. Ele percebeu e piscou para as três, que se alvoroçaram ainda mais.

- É! Como a gente não tinha pensado nisso antes, Almofadinhas? Quero dizer, pendurá-lo de cabeça pra baixo, estragar suas poções nas aulas... normal... mas transfigurar suas roupas em um vestido de oncinhas com uma estola de penas rosa-shocking na frente de todo o Salão Principal? Foi demais!! – exclamou James Potter, gargalhando com o amigo. – E você, Aluado, o que achou?

- Eu acho que foi um exagero... – respondeu Remus Lupin, por detrás do livro que lia. Por um momento, os outros dois amigos ficaram desapontados e em silêncio, até que o garoto abriu um leve sorriso – Mas admito que foi bem engraçado...

Mais risadas estouraram no grupo dos quatro, e até agora o único que se mantivera calado fora Peter Petigrew, garoto gorducho e baixote, que apenas ria acompanhando os amigos.

- Será que vocês poderiam fazer suas gracinhas em outro lugar? Estou tentando estudar. – disse uma Lily extremamente chateada, sem erguer os olhos do livro de poções.

- Lugar de estudo é na biblioteca, Evans. – disse James sem encará-la, com um ar de displicência, pousando as mãos atrás da cabeça que recostava no encosto do sofá. Peter riu da fala do amigo, calando-se em seguida ao perceber o ambiente tenso (ou talvez fora porque recebera um tapa, de Sirius, na nuca).

A ruiva se virou para ele rapidamente, os cabelos lisos se movendo graciosamente, mas suas feições longe de expressar qualquer traço de graciosidade. Seus belos olhos verdes estavam estreitados, brilhando de raiva, e seus lábios comprimidos de tal modo que mal se podia vê-los.

- Pois saiba, Potter, - respondeu a garota com o tom de voz controlado – que as salas comunais também são feitas para estudos, especialmente fora do horário das aulas.

- Ou seja, você é uma maníaca que não tem nada mais pra fazer do que estudar? – retorquiu o rapaz com um ar de divertimento, ao que Peter recomeçara a rir, incentivado por ele. Remus se ocupara em voltar a atenção para seu livro, enquanto Sirius observava a 'conversa' com extremo interesse, sorrindo misteriosamente. Percebeu que as quartanistas também observavam a discussão, assim indicou para que subissem os seus dormitórios apenas com um olhar e um gesto com as mãos, ao que elas obedeceram como cãezinhos treinados. – Você bem que podia arranjar um namorado...

- Eu já tenho um namorado. E se eu passo a maior parte do meu tempo com coisas realmente importantes como estudos, ao contrário de você, é porque eu quero ter bons resultados nos exames, que aliás, são na semana que vem. – disse Lily, cuspindo as palavras, sua voz se alterando mais e mais.

Remus decidiu que se ficasse mais tempo no recinto poderia acabar compelido a tomar partido e arriscar a amizade com um dos dois. Fechou o livro que estava lendo, puxou um Peter risonho pela capa, murmurou um "boa noite Lily" e subiu as escadas que davam para o dormitório masculino. No último degrau, lançou um olhar de advertência para Sirius, que parecia estar muito entretido com a iminente briga do 'casal' e sinalizou que subiria mais tarde. Sirius adorava presenciar as discussões de James e Lily.

- É mesmo, você namora o Diggory da Lufa-Lufa... – lembrou James, com um sorriso. – Mas ele deve ser realmente um péssimo namorado, já que você prefere passar seu tempo valioso estudando ao invés de ficar com ele... Admita, Evans, o Diggory não é homem suficiente pra você...

- Rá! E quem seria? Você? Poupe-me, Potter. E fique sabendo que minha vida pessoal não é da sua conta!

Sirius não pôde conter uma gargalhada. Mas ninguém mais riu. Lily olhou para ele com seus olhos de fúria, e James o encarou como se o visse pela primeira vez e o desaprovasse.

- Ahn... Acho que vou subir agora... – e assim o fez, mas ficou espiando a briga por detrás da porta do dormitório, por mais que Remus o repreendesse e dissesse que ele estava sendo infantil – Ora, deixe de bobagem, Aluado, venha assistir também!

- Ei Almofadinhas, o que "tá" acontecendo? – perguntou um Peter completamente alheio a qualquer situação. Sirius revirou os olhos e disse, sem tirar os olhos do 'casal'.

- Deixe de ser tão obtuso, Rabicho! O Pontas "tá" brigando com a Evans! Será que ele vai azará-la, ou algo assim dessa vez? Eu bem que ia querer ver a reação dela...

- Credo, Sirius! Você quer a morte do seu melhor amigo? – brincou Remus, não resistindo e espiando também. – Espero que ele não faça nada disso. Ela vai ficar muito, muito zangada. Não quero nem ver o que vai sobrar dele...

De volta à sala...

- (...) Ora Evans, diga que nunca pensou na possibilidade de sairmos juntos. Nem uma vez sequer. Admita. Você e eu temos alguma coisa...

- Nós não temos nada, nem nunca vamos ter! – defendeu-se a garota, gesticulando nervosa. Os dois já estavam de pé, um de frente para o outro, Lily com o rosto vermelho e contorcido de fúria, os cabelos levemente desalinhados, mas sem deixar de estar linda, e James extremamente relaxado e até sorrindo.

- Olha só, você até está dizendo nós! Vamos, ruivinha, largue o Diggory e saia comigo. Tenho certeza de que não se arrependerá.

- Potter, eu nunca vou sair com você, muito menos largar o Amos para isso! Essas suas atitudes arrogantes é que me fazem perceber o quanto você é um babaca que só tem titica nessa sua cabeça grande! – ao dizer isso, fez-se uma pausa de uns dois segundos, interrompida por James.

- Você adora dizer titica, não é? – perguntou James abrupta e estupidamente, sem deixar de rir. Nas escadas, Sirius e Peter também continham as gargalhadas. Lily foi surpreendida pela fala do rapaz e o encarou com uma feição confusa e cansada. – Quero dizer, sempre que você briga comigo, me acusa de um monte de coisas, e diz que eu tenho titica na cabeça. Às vezes você esquece alguns adjetivos como exibido e prepotente, mas você nunca esquece o 'cabeça de titica'. Pode dizer, Evans, você adora essa palavra, não é?

Lily não podia acreditar no que estava ouvindo. Ele era idiota ou o quê? Além de provocá-la, insultá-la, fazê-la se desgastar com essa briga sem sentido, ele ainda resumia tudo o que ela dizia a uma piada? Que pessoa é essa? Ele, sem dúvida, não podia ser desse mundo.

- Vá se danar, Potter. – disse por fim, rendida. Ajeitou uma mecha dos cabelos ruivos para trás da orelha e apanhou os livros na mesa e colocou a mochila nas costas.

- Ei, é só isso? Nossa briga épica vai se acabar com um simples 'vá se danar, Potter'?

Ela se virou para ele, com um ar cansado, sem dizer nada por um instante. Depois respondeu, a voz calma:

- Potter. Você me impediu de estudar e me fez brigar com você. Agora eu estou cansada e chateada, e tem aula amanhã cedo. Será que dá pra deixar a sua estupidez de lado e me deixar dormir?

- Claro, mas antes... – e aproveitando a distração da garota, puxou-a pelo braço e a envolveu num beijo.

Lily deixou os livros e a mochila caírem, arregalando os olhos com a atitude inesperada e abrindo a boca para contestar, mas tudo o que James fez foi aprofundar o beijo com sua língua. Percebendo a gravidade da situação, a ruiva prontamente posicionou seus braços de modo a empurrar o rapaz para longe. Mas ele era obviamente mais forte do que ela, que a envolveu num abraço apertado, do qual ela não conseguia fugir nem por feitiço. Lily queria matá-lo por isso. Mas ao mesmo tempo não conseguia deixar de sentir uma estranha sensação dentro de si; uma espécie de formigamento, suas entranhas se revirando, mas de um jeito gostoso e agradável, ela observou. Não, não! Nem um pouco agradável. Nada que venha de Potter pode ser agradável. E lembrando que ele ainda estava beijando-a, e que – Merlin! – ela parecia estar correspondendo já que sua língua tocava a dele carinhosamente, voltou a se concentrar em afastá-lo, agora batendo em seu peito com os punhos fechados e chutando suas canelas.

James não podia estar mais satisfeito. Não apenas estava tendo um memorável desfecho para sua habitual briga com Lily, como ainda estava tirando uma casquinha de uma garota realmente atraente. James não sabia o que sentia por Lily; gostava de implicar com ela, e se deleitava com suas reações explosivas. Mas algumas – poucas – vezes se magoava com as palavras duras que ela proferia. Seria ele tão monstruoso como ela tanto acusava? E outras vezes ainda, sentia-se enciumado ao vê-la com outros rapazes, especialmente quando ela começara a namorar. Mas não admitiria para ninguém, nem mesmo seus melhores amigos, que sentia ciúmes da garota, o que obviamente poderia denotar uma relevância maior à estranha relação que os dois estabeleciam entre si.

Mas além de todo o triunfo que sentia ao beijar "A Monitora Certinha Evans Que Nunca Sairia Com Ele", sentia algo mais. Uma sensação esquisita. Como se o simples contato dos lábios fizesse todo o seu corpo faiscar. E o tempo parecia ter estacionado. Como se "ouvisse sinos tocando", como uns diriam. Era, sem dúvida, uma sensação diferente. E realmente incrível. James com certeza iria querer repetir a experiência.

Mas ao sentir a garota socá-lo e chutá-lo, decidiu que talvez fosse hora de parar. Afrouxou o abraço e finalizou o beijo, e logo em seguida sentiu Lily afastar-se de si agilmente, e mais rápido ainda, um doloroso tapa em sua face.

- Potter, você é um estúpido! – ela gritou, cuidando para que sua voz não fosse alta o suficiente para acordar a todos da Torre, mas sem deixar de transparecer sua ira. – O que pensa que estava fazendo?

- Dando um beijo de boa noite – respondeu o rapaz, meio bobo ainda com o acontecido, mas sem deixar de ser sedutor, com um meio-sorriso no rosto e alisando o lado da face que recebera o tapa, que estava bem vermelho.

Lily soltou um grunhido de frustração.

- É por isso que eu odeio você, Potter! Odeio!

- Não odeia não. – ele disse, agora o ar sedutor era proposital. Ela hesitou em xingá-lo mais um pouco e se aproximou, um dedo apontado para ele.

- Potter, se você contar isso para alguém, quem quer que seja, eu juro, eu juro que te mato com minhas próprias mãos!

- Não mata, não. – ele disse, no mesmo tom da fala anterior, mas sentindo um certo prazer na reação desesperada da ruiva. Ela grunhiu novamente, apanhou suas coisas e subiu as escadas do dormitório das garotas do sétimo ano, batendo os pés.

James ouviu a porta batendo, e permaneceu por um momento na mesma posição, de pé no meio da sala comunal. O que estava acontecendo? Abanou a cabeça para espantar tais pensamentos, e subiu as escadas que levavam ao dormitório masculino do sétimo ano preguiçosamente, e ao fechar a porta e deparar-se com as caras pasmas de seus amigos encarando-o de braços cruzados, sentiu um leve rubor subir por suas bochechas.

- Hum... vocês ainda não dormiram? – perguntou estupidamente, apontando o óbvio, passando pelos amigos e abrindo a cômoda a fim de pegar um pijama.

- Cara, você é meu ídolo! – exclamou Sirius, abraçando o amigo com entusiasmo – Você conseguiu, tirou uma casquinha da Evans!

James suspirou aliviado, e riu junto com o amigo, recuperando a pose de garanhão.

- Eu a deixei completamente abalada, não foi?

- Completamente, cara! Ah, como eu queria ter uma câmera pra registrar a cara da Evans! Essa ela não vai esquecer nunca! Haha!

- Eu não entendi... – murmurou Peter, confuso. Sirius e James reviraram os olhos, rindo – Você gosta dela, James?

O rapaz sentiu o rubor voltar para seu rosto.

- Quê? Não, óbvio que não, Rabicho! – apressou-se em esclarecer, quase se engasgando. Andou alguns passos em direção à sua cama, dando as costas ao grupo de amigos até que o calor em suas faces se amainasse. – De onde você tirou isso?

- Ué, você vive chamando ela pra sair, e agora lascou um beijo nela... Eu só pensei que...

- Pensou errado. Até parece que eu ia gostar de alguém que fosse tão certinho, organizado e estudioso como a Evans!

- Ei! – fez Remus, que se mantivera calado todo o tempo – Eu me encaixo nessa descrição!

- Ora, você não conta, Aluado, você é um maroto. – explicou Sirius - Você só se disfarça de cara certinho, organizado e estudioso.

- Sei... Mas não achei que você agiu certo, Pontas. – disse Remus, voltando-se para o amigo de óculos. – Ela tem namorado!

- Ora, foi só uma brincadeira... E depois, ela não quer que ninguém saiba, não há motivo pra ela contar pro namorado, a não ser que queira levar um pé na bunda.

- E você não vai contar nada pra ninguém? Quero dizer, vai ficar só entre a gente? Você não vai armar nenhum jeito de humilhar a Evans na frente da escola inteira? – perguntou Sirius, decepcionado. James pensou por um segundo, sério.

- Hum... não. Isso foi mais um... er... uma forma de ela calar a boca. É. Foi pra ela calar a boca e parar de me encher. Da próxima vez, pode ter certeza que ela nem vai querer discutir comigo, porque já sabe que corre o risco de ser beijada novamente, até na frente do namorado, se não me deixar em paz. A minha vingança será a longo prazo, Almofadinhas.

- Já gostei!

- Eu não. – reclamou Remus. – Pontas, já reparou que é você que não a deixa em paz? Que não larga do pé dela? Pra quê aborrecê-la tanto?

- Ah, você sabe por quê. Desde aquele dia, no final do quarto ano, quando eu a chamei pra sair...

- ... Ela recusou e te empurrou no lago, eu conheço a história. Mas vale mesmo a pena você fazer a garota te odiar mais e mais a cada dia? Quero dizer, o que você ganha com isso?

- Ora, Aluado... Eu me divirto... – respondeu James, com um ar infantil inocente.

- E nós também! – concordou Sirius, ainda mais infantil.

Remus olhou para os dois amigos, revirou os olhos e suspirou.

- Você é que sabe. Bom, já está bem tarde, é melhor dormirmos.

Os quatro concordaram e se recolheram em suas camas. James deitou-se, e sentindo-se seguro fechado em seu cortinado, cerrou os olhos e se permitiu reviver o beijo daquela noite com um leve sorriso nos lábios...

- Evans...

xXxXxXx

Na manhã seguinte, Lily Evans estava mal-humorada. Qualquer pessoa que atravessasse seu caminho nos corredores receberia um olhar fulminante e aterrorizante, e se esbarrassem nela, poderia até levar uma azaração.

- Meu anjinho, 'tá' tudo bem? – perguntou Amos Diggory quando saíam do Salão Principal, depois do café da manhã. - Estou te achando um pouco... cansada... – ele escolheu bem as palavras. Sabia que quando a ruiva estava nervosa, era melhor agir com cautela.

Lily parou a meio caminho das estufas, onde teriam aula de Herbologia, fechou os olhos e suspirou pesadamente.

- Me desculpe, Amos. Não é com você. É só que... eu não consegui estudar direito ontem porque o Potter ficou me enchendo a paciência. Mas deixa pra lá. Estou bem agora. – ela forçou um sorriso.

- Hum... O Potter ta sempre pegando no seu pé, né... – ele comentou, com um pouco de chateação na voz. – Ele sempre consegue te tirar do sério...

- É, ele é um idiota. Mas não vamos desperdiçar nossa manhã com Potter. – disse um pouco mais animada. – Pensei em você a noite toda...

O garoto sorriu, e a envolveu num beijo cálido e respeitoso. Sem nem um pouquinho de emoção e paixão. Apenas um beijo... 'xôxo'. O beijo do Potter era melhor...

Lily interrompeu o beijo do namorado abruptamente.

- Anjinho, o que houve? Algum problema?

- Me desculpe, eu esqueci que preciso devolver um livro da biblioteca, e tem que ser agora! A gente se vê depois! – falou a garota rapidamente, inventando uma desculpa qualquer e começando a correr de volta para o castelo.

- Quê? Mas, Lily...

- Tchau!

Lily continuou correndo a toda velocidade pelos corredores de castelo, atropelando primeiranistas e atravessando fantasmas, até chegar ao seu recinto de paz. A biblioteca.

A garota respirou fundo e caminhou calmamente até a última mesa, na parte mais vazia da biblioteca, que já não estava muito cheia, pois era horário de aula. A ruiva sabia que estava matando aula. Mas não podia assistir aquela aula, não podia encarar Potter sem querer matá-lo, e ainda por cima, aquela aula era junto com a Lufa-Lufa. Não podia arriscar que o infame desse alguma indireta do acontecido na noite passada para seu namorado. Ela não podia confiar que ele não contaria.

Ah, como era tonta! Como conseguira beijar Potter na noite passada? Por que não o azarara quando tivera a oportunidade? Ela estava com a varinha no bolso, era só sacar e pendurá-lo de cabeça pra baixo! E o pior de tudo: como ela pôde gostar, e achar que o beijo do asqueroso do Potter era melhor que o de seu namorado doce, gentil e adorável?

Lily refletia tudo isso com a cabeça deitada na mesa, bufando. Mas o que ela não sabia é que alguém a observava.

- Matando aula, Evans? Nunca pensei isso de você...

Lily ergueu a cabeça rapidamente, não acreditando no que ouvia. Com certeza era a parte insana de sua mente lhe pregando uma peça. Não era. James Potter estava ali, de frente para ela, displicentemente encostado numa estante. Tinha usado o Mapa do Maroto para localizar a garota quando vira Amos Diggory indo para as estufas sozinho. Não hesitou em segui-la. Não sabia por quê exatamente estava indo atrás dela. Mas não podia deixar de ir.

- Potter! O que está fazendo aqui?! – indagou a ruiva, aos sussurros, o desespero perceptível em sua voz. – Me deixa em paz!

- Nossa, que maus modos! Justo você, uma garota tão ajuizada, monitora-chefe ainda por cima! Não deveria tratar as pessoas com tanta rispidez. – a garota cerrou os dentes.

- Acontece que você também é monitor-chefe e não trata todo mundo com gentileza. O que é que você está fazendo aqui, afinal? Aliás, por que você não larga do meu pé? – ralhou ainda mais a garota, levantando-se e andando por entre as estantes, de modo a livrar-se do rapaz. Mas o insistente a seguiu.

- Ora, vai dizer que não estava pensando em mim? – a garota ruborizou, e continuou seu caminho, ziguezagueando por entre as estantes. Como ele sabia?

- Ora Potter, vê se me esquece... – a garota virou de costas e não viu o rapaz. Suspirou. Ele tinha desistido de segui-la. Uma sensação de paz apoderou-se dela imediatamente. Porém, quando virou-se novamente, ele estava à sua frente.

- Oi, Lily. – disse James, com a voz rouca e terrivelmente sedutora, a poucos centímetros da ruiva. A garota estremeceu e tentou afastar-se, mas ele a segurou pelos braços.

- Potter, me solta. E você não tem permissão pra me chamar pelo meu nome. – disse Lily, tentando controlar-se para não chutá-lo nas partes baixas.

Se bem que era uma idéia tentadora... Não, ela não ia perder a cabeça dessa vez. Agiria civilizadamente. Afinal, ele era só o Potter. O velho, chato e implicante Potter. O metido Potter. O Potter nem um pouquinho atraente para ela. Ok, só um pouquinho. Mas daquele ângulo em que ela se encontrava, podia ver os exóticos olhos castanho-esverdeados por detrás dos óculos redondos dele. E os cabelos negros e bagunçados até que tinham um certo charme...

- Sabe, eu nunca tinha reparado no quanto o seu nome é bonito. Lily. Gostei de te chamar assim. Li-ly.

- Obrigada pelo elogio, Potter, mas eu não vou permitir que me chame pelo meu primeiro nome, até porque nós não temos nenhuma afinidade, e será que agora você poderia, por favor, me soltar? – ele sorriu ainda mais sedutor, mostrando duas fileiras de dentes brancos e bem alinhados. Ele soltou os pulsos da garota, que deu alguns passos para trás. – Afinal, o que você quer comigo?

Ele a mirou com um sorriso misterioso antes de responder. Nossa, ela era bonita. Talvez não fosse aquela beleza convencional, rasgada, mas era uma beleza natural, singela. E isso bastava para James.

- Senti saudades dos seus lábios... – respondeu, sincero. Em algum canto de sua mente, uma voz dizia que ele só ia arranjar problemas se continuasse a dizer as coisas sem pensar. Mas ele não escutava essa voz há muito tempo. Principalmente quando se tratava de Lily Evans.

A garota não pôde evitar que seu coração acelerasse com aquelas palavras. E ela amaldiçoou-se por sentir o mesmo que o garoto afirmara. Não, não! Tudo aquilo era muita loucura! Lily não podia ter sentimentos por James Potter! Pelo menos não positivos... Lily estava sentindo-se nauseada. Não conseguiu pensar em nada para responder. Nada que realmente fizesse o garoto parar de andar em sua direção e encurralá-la na estante.

- Potter, eu tenho namorado. – conseguiu dizer, quando ele já estava a poucos centímetros dela.

- Eu sei. – ele respondeu, quase num sussurro, uma mão acariciando suavemente os cabelos da garota. Ela não teve forças para afastar a mão dele dali. Estava se concentrando o máximo que podia para não escorregar e cair desfalecida no chão.

- Potter... Não se aproxime nem mais um milímetro, ou eu...

- Você fala demais...

E ele então a beijou, calando-a. Mais uma vez.

Lily tentou de todas as maneiras enviar mensagens para seus braços e pernas empurrarem o garoto para longe, mas ela estava imóvel. Só de ter aquela sensação de novo, de beijar aqueles lábios macios e carnudos... Ela só podia estar enlouquecendo...

James não saberia descrever o que sentia no momento. Melhor: não saberia explicar. Não sabia explicar porquê de repente se interessara tanto em Lily Evans a ponto de persegui-la e chamá-la pra sair, mesmo ela estando comprometida. Não sabia explicar porque a beijara na noite anterior; e não sabia por que a procurara tão desesperadamente naquela manhã.


N/A: Reviews? :D

Beijos,

Lulu Star