Never Happen
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Eu me lembro de ter ouvido nosso pai dizer, em algum dia perdido da nossa infância, que eu e você éramos muito parecidos. Naquele dia eu percebi que nossos olhos eram iguais; mesma cor, mesmo formato. Daquele momento em diante, quis encontrar as diferenças. Não bastava que você fosse o mais velho, o grifinório, o rebelde, o primeiro em tudo. Eu queria mais. Queria mais do que o contraste entre o verde e o vermelho, mais do que o rubor no seu rosto quando discutia, mais do que a sua risada rouca. Queria poder olhar nos seus olhos e não ver os meus. Queria que o seu nome não fosse uma estrela, que o seu sangue não fosse tão Black.
Eu queria – muito e muito – ter chegado um pouco mais perto enquanto pude. Queria que - apenas mais uma vez, uma só – eu pudesse entrar no seu quarto em uma noite de chuva e dormir com você. Queria que nunca – nunca mesmo – houvesse chegado o tempo em que você diria que eu não podia entrar sem bater. Queria – uma última vez, por favor – poder olhar nos seus olhos.
E então eu não me importaria mais que eles fossem iguais aos meus. Sei disso. Porque seríamos apenas eu e você, e tudo o que nunca fizemos. Tudo o que nunca vai acontecer.