Disclaimer: Harry Potter não me pertence e blábláblá.


- Prólogo -

O balanço ia tão alto quanto suas correntes agüentavam, rangendo agourentamente como se os parafusos fossem se soltar. Os barulhos do ferro eram intercalados pelo baque dos pezinhos infantis contra a grama verdinha, em busca de impulso. Uma perfeita sinfonia, tendo como segunda voz outras crianças e seus "Ah!" e "Oh!", cada vez que o balanço levantava-se no ar. A garota sorria, convencida. Era bom ser admirada pelas coisas que fazia. Ela podia ser quem ela quisesse e, nesse momento, quem tomava conta era a Lily-pará-quedista. Quase podia sentir as cordas do pára-quedas em suas costas.

"Lily Evans, desça daí agora!"

O problema era que os pára-quedistas que normalmente apareciam nas revistas e nos filmes não tinham babás gritando para que eles parassem de fazer o que mais gostavam. A criança abriu os olhos, uma expressão de fúria resignada nascendo em seu rosto, sabia que teria que obedecer à babá. Sempre existiu a condição de que ela e Petúnia poderiam ficar a tarde toda no parquinho, desde que fossem nos brinquedos com a autorização e a supervisão da moça que cuidava delas. Caso desobedecessem a essas regras, o parquinho estaria vetado. Para as duas. Mas, por alguma estranha coincidência, o namorado irritante da babá estava toda tarde na pracinha e enquanto ela trocava risinhos com o sujeito, Lily aproveitava para escapulir e balançar o mais alto que podia.

Com um pulo (e tornando-se, de repente, a Lily-saltadora-das-Olimpíadas) que assustou as admiradas criancinhas, a garota aterrissou no chão com força. Susan, a babá, prostrou-se extremamente zangada à sua frente.

"O que você pensa que está fazendo? Não pode simplesmente sair de perto de mim! Se alguma coisa acontecer com você ou Petúnia, sua mãe me mata, aberraçãozinha!"

Lily podia ver faíscas de ódio saltando dos olhos azuis de Susan, enquanto segurava seu braço com força, como se esperasse uma fuga a qualquer momento. A babá estava completamente histeria, se ela perdesse o emprego não teria seu precioso dinheirinho para comprar os sapatos caros ou qualquer outra idiotice com a qual ela gastasse seu salário.

"...sua irmã nunca me dá trabalho, sempre calminha, obediente..."

Petúnia brincava de pega-pega ou qualquer outra brincadeira idiota em que as pessoas tinham de correr umas atrás das outras a alguns metros do banco onde o namorado de Susan estava sentado, a impaciência clara em sua expressão. Lily não via a menor graça em ficar correndo como uma estúpida.

"...o seu pai é educado, sua mãe um amor de pessoa e filha fica pulando e saltando de lugares..."

Ela preferia olhar para qualquer lado que não fosse a cara vermelha de raiva de Susan, que ainda a xingava, por isso passava os olhos por todos os lugares a sua volta. Então, a ruiva viu algo, melhor, alguém atrás do banco do namorado-feio-e-impaciente. Um garoto (ela o conhecia de algum lugar!) com óculos redondos e esquisitos, os cabelos pretos desgrenhados e as roupas meio sujas de brincar no parquinho, segurava um par de sandálias que ele acabara de apanhar do chão. Suas sandálias. E o babaca, aparentemente, a estava roubando.

Susan continuava a discursar longa e irritantemente sobre Lily ser mal-educada, abominável, uma aberração ou qualquer outro apelido que a moça tivesse lhe dado. A garota se irritou e, além do mais, o garoto a estava roubando, caramba!

"Cala a boca, sua idiota! E dá para me largar?"

Lily, com um gesto brusco, soltou-se do aperto da mulher. Estreitando os olhos, encarou a babá, que conservava uma expressão chocada. Aparentemente, não esperava que a garota se rebelasse, ainda mais de um modo tão ríspido. Quando ia tomar fôlego para recomeçar o sermão (e, dessa vez, a palavra "mal-educada" seria bem mais usada), a menina saiu correndo em direção ao ladrãozinho.

"Volte aqui! Onde pensa que vai? Sua mãe vai ficar sabendo disso, Lily Evans!"

A pequena revirou os olhos enquanto corria. Ficar sem sandálias, não! Ela poderia cuidar de Susan mais tarde. Bem como o castigo que certamente levaria da mãe. Seu pai de certo não se importaria (provavelmente, riria quando ficasse sabendo que a filha mandara a babá calar a boca e ainda por cima a chamara de idiota), mas a mãe era muito rígida quando se tratava da educação das filhas. Lily ser tão agitada e rebelde sempre fora um problema que a deixava com os lábios comprimidos.

O garoto estava de costas, por isso não viu quando Lily estava se aproximando. Andava com calma em direção às diversas crianças em outro ponto do parquinho, segurando o par de sandálias sujas nas mãos. A garota chegou com violência, dando um empurrão nas cotas dele. Ao cair no chão, virou-se de frente para ver quem o empurrara, a expressão chocada e as sandálias já largadas na grama. Ele ia dizer alguma coisa, mas foi impedido por Lily, que se sentou em cima dele e deu um soco em sua barriga.

"Qual é, sua maluca? O que foi que eu te fiz?", o moreno gritou, tentando se livrar da menina sentada em cima dele. Seus óculos escorregaram pelo nariz suado.

Ah, agora ela o reconhecia! Era o filho dos Potter, que moravam na rua de trás da sua casa. Eles sempre se viam em festinhas e reuniões sociais, mas Lily nunca conversara realmente com ele. O garoto parecia ser tão idiota, brincando com seus amiguinhos sujos e fedorentos. Como seu muro dos fundos era o mesmo da casa de Lily, ela sempre o escutava jogando de futebol com os garotos. Mas nada disso mudava o fato dele estar roubando suas sandálias favoritas.

"Por que você está roubando as minhas sandálias?", a ruiva esbravejou, apontando para os calçados caídos ao lado de ambos.

"Suas sandálias?", ele riu. "São da minha priminha, Marlene. Vê se relaxa, Red, ninguém está te roubando."

"Não me chama de Red!", ela desferiu um novo soco na barriga dele, fazendo-o ofegar. Lily corou até a raiz dos cabelos, possivelmente de vergonha ou raiva.

"Tudo bem, tudo bem. Seu nome é Lily, não é? Lily Evans. Será que você pode me soltar agora?"

Lily estreitou os olhos verdes, passando do rosto impaciente de Potter para as malditas sandálias no chão. Claramente, eram pequenas demais para ela, embora fossem parecidas com as suas. Afinal, onde foi que as deixara mesmo? Com um repentino flash, a garota lembrou-se de tê-las deixado...em casa. É, hoje ela viera brincar de chinelos. Que burrice!

"Claro que sim, me desculpe."

A menina levantou-se, batendo no vestido para tirar a poeira. O garoto sentou-se ao lado dela, que estava ajoelhada, parecendo muito desconcertada. Sorriu para ela, bagunçando os cabelos crespos dela com uma mão e ajeitando seus óculos com a outra.

"A gente se vê?"

Ela levantou os olhos, surpresa, para ele, que se levantara para ir embora, o par de sandálias seguro nas mãos. Sorriu, também se levantando.

"É claro. Somos vizinhos de fundo, não é?"

"Até mais, Red.", ele acenou com a mão, já distante.

"Ei, Potter! Juro que não te bato da próxima vez!"


N/A: Essa foi uma pequena introdução à história, meio que como os dois se conheceram. No próximo capítulo, eles não vão ser mais crianças, claro. O prólogo serviu mais para a gente entender a história (nem eu estou entendendo, quanto mais vocês!). Não sou uma grande escritora de longs, então dêem um desconto, okay? Quem quiser favoritar, alertar, ler, usar como papel higiênico...fiquem à vontade, mas deixem uma review!

Vejo vocês no próximo capítulo? 8D