Título: Love on the Dancefloor
Autor: Kassiminha
Categoria: AU
Advertências: Yaoi/ Lemon e hentai eventualmente. Sem betagem porque eu estava com vergonha de alguém ler, mas agora já era.
Classificação: NC-17
Capítulos: Er... sei ainda não.
Completa: [ ] Yes [x] No
Resumo: Por que é tão difícil enxergar o que está bem diante do nariz? Amores inconfessos que resistiram por tanto tempo ainda têm chances de aflorar, apesar de tudo? Milo x Camus

Disclaimer: Saint Seya não me pertence. Foi Masami Kurumada quem (inconscientemente?) perverteu no mínimo duas gerações de fãs colocando conteúdo yaoi subliminar na história. xD

Capítulo I

FLASHBACK

– Mas mãe, eu quero ser bailarino! – Os cachos loiros de Milo caíam pelos ombros, os olhos claros faiscando. Suas mãos se torceram desesperadas, na tentativa de convencer aquela mulher tranqüila à sua frente. Agatha Komninos sorriu, tomando as mãos do filho nas suas.

– Meu querido, você sabe o que eu penso. Seu pai não teve muitas opções, ele teve que escolher...

– Entre Medicina e Engenharia, eu sei, conheço a história. Mas nem por isso, eu tenho que...

– E eu não soube escolher, filho. Não sei se a Psicologia era a profissão da minha vida. Eu não sabia o que fazer, era um curso em moda na minha época... me deixei levar. Não faça o mesmo, Milo. Não se deixe levar. Sempre vai haver tempo para o ballet, mas não faça disso seu carro-chefe. Até porque... você sabe como são... poucas... as chances de sucesso. E desde a morte do seu pai... bem, querido, não podemos dedicar a vida inteira aos sonhos. Me sinto tão mal em ter que dizer isso, Milo...

O jovem grego suspirou profundamente e abraçou a mãe com força, o coração apertado. Sabia como a mãe se sentia e sabia que, se pudesse, ela não diria nada daquilo. Que diabos, o ballet era só um sonho! "Pela primeira vez vou me separar do Camus." Pensou Milo com uma dor aguda no peito. Como se adivinhasse o pensamento do filho, Agatha falou delicadamente.

– Você e Camus ainda vão se ver o tempo todo, não se preocupe. – Os olhos de Milo se arregalaram e a dama grega sorriu, acariciando o rosto do filho. – Eu sei, eu sei. Você está apaixonado por ele, não está?

Era o fim do mundo. Ela agora lia mentes ou o quê? Pior ainda! Ele nunca tivera coragem de contar que era gay por medo da reação da mãe e ela o dizia assim, naturalmente?! Suspirando, Milo confessou.

– Ok, dona Agatha, me rendo. Eu amo aquele francês metido. Estou mesmo apaixonado e é uma droga por que eu acho que ele não é...

– Gay? Ora, querido, é obvio que ele é gay! Qualquer ser humano com um mínimo de atenção percebe.

– Agora é oficial, Máva [1]. Você não é um ser humano normal. Como foi que eu nunca percebi!? – O loiro disfarçava com piadas o total espanto diante do conhecimento da mãe, recebendo uma piscadinha cúmplice em troca.

– Se você souber o que fazer, Camus será seu em dois tempos. Mas, voltando ao assunto, filho, o que vai fazer?

– Fotografia. Se não posso ser bailarino, vou ser fotógrafo! – Milo ria ao ver a mãe revirar os olhos.

– Fotografia, Milo?

– É sim. Sou ótimo nisso, você vai ver. Vou ser um fotógrafo brilhante! – Abraçando a mãe mais uma vez, o escorpiano beijou seu rosto. – Não vamos mais ter essa conversa, mãe, prometo.

– Agapetos [2], essa é a qüinquagésima vez que me diz isso! – Agatha sorria para o filho de 16 anos.

– Dessa vez é sério, Máva. Você vai ver...

FIM DO FLASHBACK

–oOo–

Milo sempre relembrava essa conversa – a última que tivera com sua mãe – todas as vezes que passava pelo hall de entrada da Sanctuary Ballet Academy. Cumprira a promessa fielmente, embora nunca tivesse deixado de dançar. Não conseguira que Camus fosse "seu em dois tempos"... Aliás, ele nunca conseguira sequer falar sobre seus sentimentos. Vira o francês namorar uma garota por dois anos e meio e um rapaz por um ano... e ele, Milo, acabara por ficar com outros caras. Ok, algumas garotas também. E isso o lembrava de Shina, uma bailarina italiana de seios maravilhosos, com quem deixara alguns... assuntos pendentes antes de viajar... Bom, não que Milo chegasse a se apaixonar. Não conseguia. Tudo por culpa do francês de seus sonhos... mas, enfim... Camus era seu melhor amigo. Já passara do tempo em que poderia falar de sentimentos românticos com ele. Amizade pura e simples.

Milo e Camus compartilhavam tudo (ou quase), inclusive as piores bebedeiras e as melhores conquistas. Apesar de não ter parado de dançar, Milo se tornara um exímio fotógrafo. E ainda agora agradecia à mãe pelo sucesso profissional. Quatro anos depois da morte (por conta de um tumor no cérebro) de Agatha, Milo ganhara notoriedade ao mostrar, por acaso, as últimas fotos que fizera dela a Saga, seu professor de ballet. Nela, contra um fundo escuro, sua mãe usava as jóias mais valiosas que herdara de sua avó (e as únicas que não venderia nem sob risco de passar fome). Eram pesados rubis, cujo brilho e formato eram tão peculiares que Milo os apelidara de Agulhas Escarlate. Saga ficara impressionado com a qualidade das fotos e as pedira emprestado para mostrar ao namorado.

Para sorte de Milo, Shura – o empresário espanhol que namorava Saga – era o representante da Tiffany & Co. na Grécia e havia ficado tão encantado com as fotos que indicara, praticamente exigira Milo como fotógrafo na coleção 2009 da Tiffany's. Por conta disso, o grego havia passado quatro meses em Nova York fotografando a coleção. Na verdade, Milo chegara a Atenas na noite anterior, tendo imediatamente recebido uma ligação de Camus, que se desculpava por não ter ido buscá-lo no aeroporto e exigindo (que absurdo!) sua presença na SBA [3] na tarde seguinte. "Francesinho metido!" Riu-se Milo, encostando-se na janela do corredor do segundo andar para fumar enquanto esperava por Camus. Olhou ao redor, pensando no quanto aquele lugar tinha feito falta nos últimos meses. Seu santuário, como gostava de chamar a Academia. Acendeu o cigarro e tragou profundamente, pensando no quanto o professor Dohko o faria sofrer para compensar quatro meses perdidos de dança. "Ah, que saudade do Saga, nessas horas", pensou Milo. De repente, teve o cigarro roubado de seus lábios.

Só havia uma pessoa no universo capaz de tamanha audácia... e ele estava bem à sua frente, os longos cabelos vermelhos presos num coque firme, uma regata preta que deixava os músculos delineados à mostra, usando malha e sapatilhas de ponta, pronto para a aula e FUMANDO O CIGARRO DELE, MILO!

– Isto vai matá-lo, mon ami. – comentou Camus ironicamente.

– Seu pai morreu de câncer no pulmão, hipócrita!

– Je ne suis pas mon père, n'est ce pas [4]? – e, sorrindo carinhosamente, o ruivo abriu os braços para o amigo. – Senti sua falta...

Milo arregalou os olhos. Às vezes era difícil lembrar que Camus era capaz de sentir. Mais difícil ainda era controlar-se e não agarrá-lo quando ele sorria daquela forma que não sorria para mais ninguém. Recompondo-se rapidamente, o escorpiano abraçou o melhor amigo com força.

– Seu mentiroso, está dizendo isso só para eu dar logo o seu presente, não é?

– Presente? Milo, seu idiota, meu aniversário foi há uma semana. Não precisava. – Camus respondeu, voltando à frieza aparente. O loiro deu dois tapinhas no ombro do amigo, falando com ar de sabedoria.

– Esse é o meu Camyu, não aquele E.T. que me abraçou agora há pouco! – Camus apenas sacudiu a cabeça, pedindo paciência aos deuses enquanto o escorpiano tirava de uma sacola enorme algo que parecia... um quadro? O francês fitou o amigo interrogativamente enquanto jogava fora o cigarro (que, depois de esquecido por tanto tempo, acabou queimando-lhe os dedos). Já Milo, estava ansioso. E se Camus não gostasse?

– Para de me olhar com essa cara e vê logo! Se não gostar... sei lá... eu te dou outra coisa... – Calou-se o ver o olhar de Camus desviar-se de si para o que tinha nas mãos. O impacto sobre o ruivo fora tão forte que suas duas sobrancelhas se ergueram de uma vez, arregalando os olhos azuis. Era mesmo um quadro. Ultrajante de tão belo. Era a segunda a vez que via uma tela pintada por Milo. A primeira fora um retrato de Mme. Komninos (Camus nunca conseguira chamá-la de "tia Agatha", nem quando era criança). "Fantastique!" Pensava, completamente admirado. Era Camus... no dia em que apresentara seu primeiro grande papel! Milo o retratara no meio de um salto, com os cabelos soltos e o olhar perdido, o rosto tão sublime...

– E então? – Milo cortou seus pensamentos. Suspirando, Camus colocou o quadro de volta na sacola tranquilamente.

– Merci beaucoup, mon ami. Eu sempre disse que você devia continuar a pintar. Vamos? Estamos em cima da hora. – Milo sorriu feliz. Camus ADORARA o quadro. Qualquer outra pessoa teria esmurrado o francês pela indiferença, mas o escorpiano conhecia demais seu amigo para interpretar suas reações como indiferença.

– Vamos. Você me disse que Shion já escolheu a peça deste ano. Qual vai ser?

– Não sabemos ainda. Ele vai anunciar hoje.

– E se não fosse por você eu perderia o desespero e a competição pelos papéis! Camus, eu te amo! – Milo soltou a frase quase que fervorosamente, fazendo o estômago do ruivo congelar. Há quanto tempo se apaixonara por Milo? Dois anos? Mais? Não se lembrava. Fora tão natural... Se não conhecesse o amigo e não soubesse que ele estava brincando, seria capaz de ignorar a aula e prensá-lo na parede, roubando seus beijos e dizendo que o amava em todos os idiomas conhecidos... "Camus, pare de pensar idiotices MAINTENANT [5]!" Repreendeu-se o aquariano, entrando na sala seguido por um Milo ainda sorridente que quase teve um infarto ao ouvir um grito estridente ecoar na sala cheia.

– MILUCHO! – Uma nuvem de cabelos verdes invadiu seu campo de visão e seus lábios foram tomados de assalto num beijo sufocante. Droga, era Shina...


Nota: [1] Mãe (mamãe) em grego

[2] Querido em grego

[3] Sanctuary Ballet Academy

[4] "Eu não sou meu pai, não é mesmo?"

[5] Imediatamente

Primeira fic da minha vida... '^^ Espero que gostem.