Capítulo 21

Um acordo

Passei a noite toda em claro, pensando nas coisas que Draco me falara. Minha mente parecia uma televisão reprisando a cena mais triste de minha vida. Ninguém nunca havia sido tão cruelmente sincero comigo. Eu estava me sentindo a pior das hipócritas do mundo. Mas não parecia ser tão fácil como ele falara. Ele havia mentido e, acima de tudo, ainda era Draco Malfoy. Depois de tudo voltara a ser Draco Malfoy. A sensação de que se eu me entregasse acabaria saindo magoada não saía de minha mente. E eu não suportaria. Havia deixado Harry e toda a segurança de minha vida por um homem que na verdade eu não conhecia. Aqueles pensamentos me perturbaram por toda a noite.

Mas pela manhã eu tinha decidido parcialmente o que fazer de minha vida. Apesar do medo de tentar me reconciliar com Draco, não poderia ignorar tudo que havia acontecido e, principalmente, o fato de estar morando na casa que pertencia a ele. Independente de qualquer coisa, sempre estaríamos ligados por algo.

Procurei Teodoro e o chamei até minha casa para uma reunião sobre o destino do imóvel e solicitei que ele chamasse o dono da propriedade. Era a forma que encontrei de Draco ir me ver sem que eu precisasse chamá-lo. E também precisávamos resolver a situação da casa. Tínhamos que ter uma última conversa. Não aceitaria que as coisas acabassem daquela forma mal-resolvida. Somente ele havia falado e eu ainda tinha coisas na garganta que precisavam ser ditas.

No dia seguinte, quando eu os esperava, deixei a casa especialmente arrumada, iluminada e com um aroma floral maravilhoso. Preparei um lanche e fiquei aguardando no sofá, como quem esperava um namorado para um encontro. Sentia-me de alguma forma mais segura e não estava disposta a permitir que somente ele viesse a falar verdades na minha cara. Porque, apesar de tudo, ele não era o mais correto da história.

Quando a campainha soou dei um pulo do sofá. Ajeitei meu vestido e meus cabelos rapidamente e corri até a porta. Ao ver o homem baixinho com um sorriso paciente e Draco logo atrás, sorri e dei passagem para que eles entrassem. Teodoro, muito educado, como se quisesse recomeçar uma reunião de paz, beijou-me a mão e entrou, seguido por Draco que me cumprimentou cortês, mas distante, com um aceno de cabeça. Mal me olhara nos olhos. Com uma pontinha de decepção, fechei a porta e pedi que eles se sentassem.

- Querem comer algo? – disse, fazendo com que eu me lembrasse de minha mãe.

- Ah eu adoraria... – Teodoro animou-se, rodando o chapéu em suas mãos.

- Prefiro que seja discutido o motivo dessa reunião logo. Tenho coisas a fazer. – Draco interrompeu e não viu o homem soltar um suspiro desanimado, quase conformado, como se já visse que aquela reunião não daria frutos, como da última vez. – Embora eu não veja motivos para estarmos aqui de novo. Está tudo decidido e minha mãe não mais se intrometerá nessa história. Ginevra, a casa é sua.

- Então faremos logo o ato contratual mágico. – Teodoro se levantou do sofá tomado de animação novamente, colocando a varinha em punho e pegando um pergaminho que trazia no bolso.

- Não. – falei ao me colocar de frente para Draco e Teodoro se sentou novamente, resmungando. – Não está resolvido. A casa é sua também e tenho uma proposta a fazer.

- Ah, muito bom, muito bom. – Teodoro falou encarando-nos sério, soltando um suspiro longo. – Pode dizer, senhorita Weasley.

- Antes gostaria de falar à sós com Draco. – falei, encarando o loiro a minha frente, que bufou e desviou o olhar, com os braços cruzados. – Tem uns bolinhos sobre a bancada da cozinha, pode ir comer, senhor Karkaroff.

- Tudo bem. – Ele concordou sem muito esforço e direcionou-se para a cozinha. Mesmo se nada fosse resolvido hoje, o dia não seria tão decepcionante para ele.

- Draco, eu... – comecei, mexendo nervosamente em minhas mãos, como ele mesmo fazia em momentos de tensão. Permaneci de cabeça baixa. Apesar de ter pensado em tudo desde a última visita dele a casa, agora não sabia muito o que falar. – Eu só quero...

- Ginevra, – Ele se levantou e parou em minha frente, impaciente, numa postura quase hostil. – por que quer continuar alongando isso? Droga, não entendo você. Você não me quer, tem raiva de mim, me acha um mentiroso canalha e fica insistindo nessa história da casa. Se for por um orgulho Weasley idiota, esqueça, porque não vou...

- Eu não tenho raiva de você... – Minha voz baixa o interrompeu. Levantei os olhos tímidos para ele. – Não acho você um mentiroso canalha e não tenho raiva de você, Draco. – Ele me encarou desconfiado. – Eu pensei no que você me disse e tem razão. Talvez eu tenha exagerado na minha reação. Você errou, eu também errei, mas exagerei também. E não é verdade que eu não quero você.

Ele fitou-me por um momento, imerso em pensamentos. Seus olhos jamais me pareceram tão misteriosos. Não tirou sua expressão de suspeita da face.

- O que quer, Ginevra Weasley? Sabe finalmente o que quer?

- Quero fazer minha proposta para resolvermos a questão dessa casa. – Abri um pequeno sorriso no canto da boca e dei um pequeno passo para frente, me aproximando ligeiramente dele.

- Estou te ouvindo. – Não tirou a expressão séria do rosto por nenhum segundo.

- Eu adoro essa casa e no fundo não quero deixá-la, mas também não quero ter a sensação de que tenho algo que não me pertence de verdade. E sua mãe faz questão de que você fique com ela, o que me faz pensar que se eu morar aqui ela pode me perseguir eternamente. – continuei com um ar divertido e rimos, ele discretamente. Percebi que ele não queria sair de sua postura rígida e desconfiada. – E você mesmo disse que também adora essa casa. Eu não vejo outra solução a não ser a dividirmos. – Prendi o sorriso bobo em minha boca, esperando por sua reação. Ele ergueu o rosto e me encarou sério, confuso.

- Dividirmos? – Sua sobrancelha arqueada e sua postura superior começava a me enlouquecer.

- Sim. Você moraria aqui, eu também, tudo estaria resolvido. – Não contive o olhar maroto para ele e ele abaixou a cabeça, rindo, passou a mão pelos cabelos, como se estivesse fazendo charme para mim. E estava dando certo.

- Moraríamos juntos? – Um sorriso debochado se formou em seus lábios ao me fitar.

- Sim. Já sabemos que nos damos bem, não teríamos grandes problemas. Seriamos como duas pessoas dividindo uma casa.

- Essa é a única solução que você encontrou para resolver os problemas sobre a posse da casa? – Ergueu a sobrancelha com o olhar irônico novamente. Cruzou os braços, ainda me olhando profundamente.

- E para você ficar comigo. – Minha voz não passou de um sussurro, mas o suficiente para ele me ouvir.

- Então não seria como dois amigos dividindo uma casa. – Ele deu mais um passo a frente e ficamos separados por apenas milímetros de distância. – Seríamos um casal?

- Se você quiser... – Levantei o olhar para ele com um sorriso quase tímido. – Quer casar comigo? Eu sou um bom partido, tenho uma casa para te dar e tudo mais.

Rimos e ele envolveu seu braço em minha cintura. Passou a mão por meus cabelos e os dedos delicados por meu rosto.

- Eu sinto sua falta, Draco. – Meu coração batia com uma força nunca vista antes. Onde a mão dele tocava, eu sentia queimar, como se estivesse pegando fogo. – Sinto sua falta ao meu lado, nesta casa comigo. Preciso de você aqui comigo, senão também não quero estar aqui.

- Também sinto sua falta, Weasley. Mesmo você sendo uma chata exagerada.

Dei um soco em seu braço e o apertei com força.

- Fica comigo? – perguntei, mordendo o lábio inferior e mergulhando no azul dos olhos dele.

- Eu realmente quero isso. – respondeu com o olhar fixo no meu. – Mas agora já não posso.

Seus braços largaram meu corpo e ele deu um passo para trás, sem afastar o olhar do meu. Não disfarcei a perturbação por sua atitude. Não consegui entender.

- Como assim? O que houve? Por que...? – tentava falar.

- Se você teve seu orgulho até agora, eu também tenho o meu. Tentei várias vezes te convencer de que isso era o certo, mas você se manteve orgulhosa, só pensando no fato de que eu menti para você. Agora quem realmente não quer sou eu. Não posso aceitar isso. Sou um Malfoy, tenho meu orgulho. Você acha que é fácil assim? Quando você decide finalmente ficar comigo eu vou correndo atrás de você? Não é assim, Weasley. Não é mesmo. Você pode ter uma casa e morar sozinha, mas tem que aprender a tomar decisões como um adulto e não perder oportunidades que a vida te dá para ser feliz. Você tem muito o que aprender, Weasley.

Terminou sua fala com um singelo aceno com a cabeça e saiu pela porta.

Eu fiquei encarando a porta pela qual ele passara boquiaberta, ainda sem conseguir absorver o que havia acontecido. Ele havia falado, eu havia ficado calada. Eu quisera retomar nossa relação e ele não mais me queria. Tudo havia saído ao contrário do que eu planejara. Caí sobre o sofá, tonta, sem acreditar no que a vida fizera comigo, ou no que eu mesma tinha feito.

De repente a porta se abriu novamente e a imagem de Draco se revelou, olhando para mim. Eu o encarei com os olhos marejados e ele se aproximou. Puxou-me pela mão para que eu me levantasse do sofá. Fiquei de frente para ele, confusa, segurando as lágrimas.

- Você realmente acreditou que eu cometeria a mesma burrice que você, Weasley? – indagou com um sorriso debochado. – Só queria saber qual seria sua reação se eu desse um fora em você. Jamais deixaria que um orgulho idiota me afastasse de você. – terminou com um sorriso maroto e envolveu seu braço por minha cintura.

Quando eu consegui esboçar uma reação, dei um soco em seu ombro, fazendo com que ele soltasse um gemido. Lágrimas rolaram livremente por meu rosto enquanto eu o socava.

- Não faça isso, Malfoy. Não faça isso! – gritava enquanto ele tentava se esquivar de mim entre risos. – Droga, não faça isso!

Ele segurou meus braços e colou meu corpo ao dele.

- Não faço mais isso se você não fizer mais burrices. – disse mais sério. – Não serei mais mentiroso e soberbo. – Parou por um segundo e pensou. – Tá, consigo prometer não ser mais mentiroso. – Rimos. – Mas só se você prometer não mais ficar se colocando como vítima de nossas brigas, ser hipócrita e me usar como amante.

- Eu consegui ser pior que um Malfoy?

- Para você ver o nível de suas atitudes, mocinha! – falou num tom divertidamente censurador.

- Eu prometo. – Sorri, secando as lágrimas do meu rosto.

- E tenho outra condição.

- Qual?

- Não quero me esconder no porão por nenhuma razão que seja.

Rimos com vontade e nos beijamos apaixonadamente, como se ambos esperássemos por aquele momento há anos. Jamais havia sentido meu corpo e minha alma tão próximos de alguém.

Teodoro ficara feliz ao voltar da cozinha e nos encontrar juntos, com a noticia de que tudo estava resolvido, e foi embora, levando todos os bolinhos que eu havia preparado e o pergaminho assinado por nós, comprovando que éramos agora, ambos, donos da casa. Mas aquilo não nos importava muito. Só desejávamos mesmo era a garrafa de uísque e minha cama, nossa cama.

O●

No dia seguinte, Draco e eu nos casamos em uma cerimônia secreta. Sentíamos que não podíamos esperar mais nem um minuto para aquilo. Apesar de não haver ninguém ali conosco, havia sido um momento lindo. Eu vestia um vestido branco delicado e ele um terno cinzento, sem gravata. Seus olhos brilhavam de maneira especial e eu sabia que o mesmo brilho estava no meu olhar. Era mais do que alegria de estarmos juntos finalmente. Era o nosso amor, sem mais mentiras, segredos ou preocupações.

Ao trocarmos nossas alianças de ouro branco, prometemos que esqueceríamos as memórias antigas que nos separavam e que seriamos felizes pelo resto de nossas vidas, e eu tinha certeza de que aquela promessa seria cumprida.

A noite, Draco trouxe todos os seus pertences para a nossa casa e não quis me dizer a reação de sua mãe quando soube de nosso casamento, como se eu não imaginasse o escândalo que ela havia feito. Não é preciso também mencionar o quanto minha família enlouquecera quando souberam sobre o casamento por uma simples carta. Não que eu fosse covarde, mas definitivamente não estava querendo perder tempo discutindo com minha familia sobre minhas decisões. Qualquer reação que Narcisa Malfoy tivera seria com certeza serena comparando com a reação que minha família teria. Apenas lhes disse que conhecera Draco há algum tempo e havíamos resolvido nos casar. Berradores em dezenas me foram enviados, mas todos escutados entre risos meus e de Draco. Não nos importávamos com nada.

E a nossa vida recomeçou da forma mais bonita possível. Era estranho retomar nossa vida a dois, mas de uma forma muito diferente. Ele era realmente o que ele era, e eu não tinha com que me preocupar. E me sentia a pessoa mais completa possível. Ter ele ao meu lado era algo que eu não poderia descrever. Ele me irritava e me dava a maior felicidade possível. E sei que ele também estava muito feliz. Tinha certeza disso cada vez que o olhava nos olhos e via aquele azul brilhar como estrelas e seu sorriso moldado em seu rosto.

A única coisa que tínhamos em mente era nossa nova vida, repleta de felicidade e amor. E a casa jamais pareceu mais colorida e alegre. Era o nosso amor, o nosso lar.

N.A.: Bom, é isso. Antes de tudo quero responder as reviews do capítulo passado: Ana, sim sim, eu adoro escrever a Gina perdendo ele. Hahaha. E ele sendo O Draco Malfoy, sedutor, lindo, e praticamente o certo da história haha. Sim!! farmácia é ótimo, vc fez uma ótima escolha e vai ser bem sucedida nela, pode ter certeza. Vou deixar meu email aqui e quero que você me mande notícias sobre seu vestibular, sei que ótimas! E sim, comecei a ler os dois livros que você falou, são ótimos! Hahaha. E são confusos no começo mesmo haha. Ah sim, leia sim, vou esperar as reviews. Leia Laços de Amor, é ótima mesmo. Beijo enorme pra você, ana! Lidiia, siim! Eu não consigo deixar de escrever assim. Eu realmente gosto de escrever as burradas em relacionamentos que eu vejo acontecem em minha volta, ou em minha vida mesmo ¬¬ e sempre seria beeem amis fácil simplesmente se entregar né? Hahahaa obrigada mesmo pela review! Ann Malfoy, eu também adoro as explosões bem do draco mesmo! Hahaha, adoro ele. Tadinha da gi mesmo, gosto de ve-la sofrer ;/ hahaha ah, eu entendo ;/ faculdade toma realmente muito tempo. Nesse commento mesmo eu deveria estar estudando, mas to aqui postando ¬¬ hahaha, muito obrigada pela review!

Aggora, vamos a realidade. Chegamos ao fim. É isso! ;/ Ai! Que triste. Eu realmente gostei de escrever essa fic que já tinha começado a ser escrita há anos com uma amiga. Queria agradecer a ela: Sarah, que começou a escrever essa fic comigo, mas infelizmente não foi possível continuarmos.

E quero agradecer as pessoas que leram a fic, que eu sei que não foram poucas, mas que infelizmente não deixaram comentários e nem seus nomes ;/ Ainda assim agradeço muito por vocês terem dedicado tempo de vocês para ler essa fic.

Agora os agradecimentos especiais: Ana Coelho, que sempre esteve presente, conversando comigo pelos comentários, rs. Ann Malfoy, sempre deixando seus comentários especiais, Athena Mcfoster, que adicionou a fic em seus favoritos, Big Banana, também representando nas reviews, Caah LisLis, que também adicionou a fic em seus favoritos, Gih Malfoy, também com seus comentários especiais, Helena Malfoy, presente nas reviews, sempre é um incentivo muito grande, Ju-PiAzZaLuNgA pela review, Keyrvt Maia, que adicionou a minha fic lá nos seus favoritos, Lidiia, pela review especial, Lizaaa, com os comentários ótimos, valeu mesmo, Milaaa., que tem essa fic em seus favoritos, Thath, também valeu por adicionar minha fic nos seus favoritos, smainart e Veronica D.M. que tem a fic em seus favoritos também. Gente, muito obrigada mesmo! Vocês são 10, 100, 1000! Espero mesmo não ter esquecido de ninguém, se esqueci mil desculpas! Todas estão no meu coração!

Agradeço a todos e espero que realmente tenham gostado da fic. Espero voltar em breve com a minha nova fic que já tá em andamento. Enquanto isso, leiam minhas outras fics. Quem gostou dessa vai gostar de Laços de Amor, é uma que eu realmente aconselho e que foi sucesso em todos os sites onde eu postei. Meu e-mail tá aqui pra quem quiser entrar em contato: lilycdsa yahoo (ponto) com (ponto) br. Sempre que puderem entrem em contato. Valeu mesmo, gente. Besous já saudosos a todos :*