N.A.: Depois de alguns anos, volto a publicar uma fanfic. Essa fic eu comecei a escrever com uma amiga há anos, mas com as nossas obrigações do dia-a-dia deixamos o projeto de lá. Agora eu resolvi retomá-lo e espero que dê certo. Não vou abandoná-la afinal já está toda escrita, o que não permitirá que eu demore a atualizá-la. Ah, acho importante lembrar que aqui o epílogo que a titia Rowling tratou de nos escrever é ignorado, coisa que eu acho que vem acontecendo muito se as fics tratam logo do pós-guerra. Enfim, quero que aproveitem a leitura e que gostem :)


AMAR, DOCE LAR

Capítulo 1

Um olhar imaginativo e é quase perfeita!

Depois de um longo e exaustivo dia finalmente eu estava deitada, e era tão reconfortante. Com o meu corpo desajeitadamente estirado sobre a cama, rodei o olhar em volta, fitando cada canto daquele cômodo, cada detalhe de sua simples e graciosa decoração. Os pôsteres, a escrivaninha, os ursos de pelúcia organizados sobre as prateleiras, tudo intimamente ligado à minha infância. Sentiria falta do meu quarto assim como de toda a casa. Aqueles sons e cheiros tão característicos da minha família que caracterizavam meu lar faziam parte de mim. De qualquer forma, eu precisava dar aquele passo. Uma casa só minha era a última etapa para que eu assumisse minha completa independência, finalmente. Eu me formara em Hogwarts e depois de dois anos já havia conseguido quase tudo que eu queria. Jogava na Harpias de Holyhead, tinha meu próprio dinheiro, um namoro estável, minha própria vida. Só me faltava a privacidade que eu tanto necessitava e desejava. Rony tentava me convencer de que era desnecessária uma mudança naquele momento. Dizia que a Toca era grande demais para poucas pessoas, mas acho que no fundo ele tinha inveja porque eu iria sair de casa antes dele, mesmo sendo a irmã caçula. Rony agora estava casado com Hermione e ambos moravam com meus pais, que, não tenho dúvida, acabaram influenciando na escolha dele de continuar na Toca. Harry também não me apoiava, dizendo que não havia motivos suficientes para minha decisão e que era cedo demais para sair de casa. Todos falavam sempre que se eu esperasse um pouco mais, sairia da Toca casada com ele e iríamos para nossa casa. Não entendiam, e eu também não tentava explicar, que eu precisava passar por aquele "rito". Não queria sair da casa dos meus pais casada. Eu precisava da experiência de morar sozinha e ser completamente independente. A única exceção era Hermione, que me apoiava incondicionalmente. Dizia que eu tinha que fazer o que eu quisesse, se fosse importante para mim. Era minha grande amiga e com ela eu podia contar sempre, principalmente em minhas ânsias de mulher.

Contudo, a missão de achar uma casa começava a me desgastar mais do que eu esperava. Nunca pensei que seria tão difícil conseguir uma casa pequena por um preço razoável. Mas, mesmo com a dificuldade, não tinha desistido e nem planejava fazê-lo. Eu tinha uma motivação: todo mundo precisava ver que definitivamente eu poderia me virar sozinha. Principalmente Harry que, apesar de tudo pelo que havíamos passado em nossa juventude, tentava me tratar como uma jovem ingênua. Aquele comportamento assumido por ele logo após minha formatura me irritava profundamente. Era como se ele ainda necessitasse de alguém para proteger e houvesse me escolhido. No fundo eu sabia que ele agia assim por gostar de mim e confesso que sabia também que a maioria das mulheres gostariam de ser tratadas da maneira que ele me tratava. Eu também gostava, no começo, mas depois simplesmente foi me enjoando. Eu ainda gostava dele, talvez não tanto quanto na época de Hogwarts, com aquela paixão adolescente, mas gostava. Não poderia vislumbrar meu futuro com mais ninguém; não depois de todos os nossos momentos compartilhados até ali, que não haviam sido poucos, e de todas as dificuldades pelas quais havíamos passado. Antes de nos casarmos, aquele período frio de nosso relacionamento tinha que acabar.

Mesmo com muitos pensamentos em mente, naquele final de dia eu só queria descansar e não me preocupar com nada. Fechei meus olhos e me encolhi sob as cobertas, esperando pelo sono que parecia não querer me visitar naquela noite, por mais que meu corpo estivesse completamente esgotado. Talvez minha inconveniente insônia fosse causada por meus pensamentos incontroláveis e preocupados. Por algum motivo as cenas que eu havia vivido há anos atrás vinham perfeitas em minha mente, lutando contra meu desejo de não querer lembrar. A guerra fora horrivel, desastrosa. Não apenas havia visto coisas que não poderia esquecer jamais, como também as havia vivenciado. Mas ao recordar de como tudo terminara, mesmo com a perda de pessoas queridas, um sentimento de que valera a pena e um suspiro aliviado eram inevitáveis. Viver com a certeza de que Voldemort não voltaria era ótimo e eu tinha muito orgulho e admiração por Harry, por minha família e por todos que haviam ajudado para que a paz fosse conquistada.

O●

Era fim de tarde e novamente meus pés me matavam. Fora mais um dia cansativo de procura e eu não conseguia encontrar uma boa casa para mim. Quando não era grande, era pequena demais ou estava muito cara. Seria sempre tão difícil encontrar uma casa razoável no mínimo? Deitada no sofá, pensava em todos os lugares possíveis na Grã-Bretanha que não fossem tão distantes de Ottery St. Catchpole, mas nada vinha em minha mente a não ser o único lugar que eu estava evitando até ali: Hogsmeade. Aquele local me trazia muitas lembranças da guerra e eu não queria morar ali, por mais que tudo estivesse normal e em paz no momento. Preferia algum vilarejo habitado por trouxas ou qualquer coisa parecida. Contudo, se eu não achasse nada rapidamente, teria que pensar na possibilidade de morar lá.

E, como eu não desejava, passou-se quase um mês e não encontrei nada suficientemente bom. Fui forçada a ignorar minhas lembranças e hesitações e pensar no meu futuro, que era o que importava. Pedi que Hermione me acompanhasse à Hogsmeade para vermos o vilarejo, mas Rony decidiu vir junto e Harry fez o mesmo. Ficamos aborrecidas afinal pretendíamos passar o dia sozinhas para conversarmos, mas com eles e principalmente com Rony não tinha como discutir. Mesmo contrariadas, fomos os quatro até Hogsmeade, lugar que eu não visitava desde a guerra. Tudo fora reformado e as lojas, as casas e todo o resto estava mais bonito do que nunca. Achei-me uma profunda tonta pensando em como eu tentara evitar aquele lugar, sem necessidade. Andamos bastante, mas não encontramos nada que nos chamasse a atenção. Resolvemos ir, então, ao Três Vassouras tomar uma cerveja amanteigada e relaxar um pouco. No caminho, já próximo ao bar, Rony lembrou-se de uma rua onde se escondera uma vez num passeio de Hogwarts. Não era muito longe dali e segundo ele havia apenas casas e parecia um bom lugar de se morar. Imediatamente nos direcionamos para lá e não demoramos muito a chegar. Caminhamos lentamente pela rua sem-saída fechada por um muro muito alto que dava para um bairro trouxa da Escócia, segundo Rony. Era muito silenciosa e as casas eram simples e bonitas, exatamente como eu desejava. Rony, que estava um pouco mais a frente, parou de repente em frente à última casa da rua.

- Ginazinha... – Virou-se com um sorriso cheio de ironia para mim e aquele olhar zombador que ele sempre fazia quando estava prestes a me irritar. Boa coisa certamente não era. Fomos até ele e quando vi a casa que ele fitava parei imediatamente. – Gostou? Não é muito nova, mas dá pro gasto, não é? – terminou dando risadinhas irritantes. Ao contrário do que ele esperava, fitei a casa com um olhar diferente, um olhar mais criativo.

- Não fale besteiras, Rony! Você acha que Gina iria morar nisso? – Hermione o encarou, enfatizando a última palavra com repulsa. Eu apenas escutava sem dizer nada.

- Lógico que não! – Harry apressou-se a responder. – A casa está aos cacos e...

- Então não deve ter dono... – Eu disse repentina, ainda encarando a casa. Permanecia muito pensativa. Aproximei-me mais e dei uma olhadela por cima do muro baixo. O jardim estava morto, a casa aos pedaços, mas algo nela me chamou a atenção. Eu parecia ser a única a perceber o potencial da construção e que, com um jeitinho, ela ficaria muito bonita. – Parece que encontrei o que procurava. Obrigada, Rony.

- O QUE?! – Os três indagaram olhando para mim espantados. Eu apenas ri e fitei a casa por mais uma vez, imaginando como ela ficaria depois que eu a reformasse.

O●

Depois de uma semana tudo estava resolvido. Ter familiares trabalhando no Ministério havia facilitado as coisas e, além do mais, a casa era realmente abandonada. Não deram muitas informações, mas parecia que os donos haviam desaparecido ou morrido durante a guerra e não haveria ninguém que pudesse reclamar pelo direito da propriedade. Logo os documentos estavam nas minhas mãos. Ela era minha, minha casa finalmente! Abraçada aos documentos, eu pulava por toda a Toca, repleta de satisfação, quase exaltada de alegria, enquanto meus pais me parabenizavam por minha conquista.

Naquele mesmo dia em que recebi a documentação do meu pai, fui com Harry, Hermione, Rony e Jorge para a casa começar a reforma. Eu não queria perder nem um dia mais e eles haviam se oferecido para me ajudar. Chegamos e mal houve tempo deles se acomodarem e observarem com mais atenção o local. Eu dividi nosso pequeno grupo, indiquei o que cada um faria e já começamos a trabalhar. Todos sabiam como eu queria as coisas e não seria nem difícil e nem demorado. Jorge cuidava do jardim e do pequeno quintal, Hermione e Rony ajeitavam o primeiro andar e Harry e eu arrumávamos o segundo.

Em algumas horas conseguimos transformar toda a casa e reparar os móveis que ali já estavam. Quando terminamos, estávamos fatigados, mas satisfeitos. Não que fosse cansativo usar magia, e nem a casa era muito grande, mas ela estava realmente muito velha e algumas partes simplesmente destruídas, o que nos exigiu algum esforço físico. Ao final, demos uma volta por toda a propriedade para vermos os detalhes de nosso trabalho e, contentes, fomos nos sentar na escada de quatro degraus da varanda para descansarmos. Servi suco de abóbora para eles e alguns biscoitos feitos por minha mãe. Estava muito agradecida por terem me ajudado nesse trabalho que seria definitivamente mais cansativo se fosse feito apenas por uma pessoa, que seria eu.

- Não imaginei que a casa fosse tão grande. Pelo que Rony falou pensei em algo bem pequeno, aliás. – Jorge comentou ao tomar um gole de suco e dar mais uma olhada para a fachada e para o jardim que havia feito com capricho, do jeito que agradaria a mim. Havia algumas árvores frutíferas, como uma bonita cerejeira, e canteiros com diversas flores, todas de cores quentes e brancas. Hermione mesmo dissera que havia ficado a minha cara.

- Realmente, ficou muito bom. – Rony disse deitado no chão da varanda. Ri ao lembrar da maneira que ele olhava para mim quando me mostrou a casa. Ele nunca imaginaria que aquela maneira de me provocar daria naquilo.

- Obrigada, pessoal. Obrigada mesmo por terem me ajudado. – agradeci com um sorriso gigantesco nos lábios. Eles sorriram de volta.

- Que isso, Gina! Foi um prazer. – disse Hermione, servindo-se de mais um copo de suco. Sorri e dei mais uma olhadela na casa. Tinha ficado realmente muito boa. – Vocês devem estar cansados. Eu estou morta! – Todos concordaram assentindo com a cabeça.

Terminamos de comer e eles resolveram ir embora. Despedi-me de todos e os acompanhei pelo jardim. Vendo-os partir, não pude deixar de sentir a ausência de Fred, meu querido irmão. Como ele fazia falta, não só para mim, mas para toda a família e amigos. Anos haviam passado e já parecíamos acostumados, mas jamais poderíamos esquecê-lo. Sempre nesses pequenos detalhes eu recordava dele. De sua vitalidade e alegria. Sei que ele estaria muito orgulhoso em me ver agora. Permaneci a encarar o jardim um tanto melancólica, mas procurei apagar os pensamentos tristes de minha mente rapidamente. Tinha que aproveitar com alegria aquele momento. Não podia deixar de sentir orgulho de mim mesma, afinal estava com uma casa só minha, que tanto lutei pra conseguir e que por muito tempo ansiei. Era, agora, completamente independente. Fiquei observando o sol se pôr da varanda e depois entrei. Estava morta e precisava de um banho. Mal podia esperar pra cair na cama e dormir. Fui indo em direção às escadas que levavam ao segundo andar quando reparei que perto da lareira, no chão, havia uma parte da tábua de madeira solta.

- Muito obrigada, Rony. – resmunguei por seu trabalho mal-feito e fui tentar ajeitar aquilo antes de ir descansar.

Afastei a cadeira que estava por cima e reparei que aquela parte do chão estava estranha. Parecia... solta. Afastei mais a cadeira e olhei bem. Vi com surpresa que aquilo parecia a entrada para um porão. Provavelmente ninguém tinha visto aquilo já que não havia gancho ou coisa parecida para levantar a porta. Peguei minha varinha.

- Alorromora. – A tampa se levantou com um forte rangido.

Dei uma olhada rápida para dentro da escuridão, mas logo me afastei ao sentir o cheiro forte de poeira que saia dali. Parecia estar há muito tempo fechado.

- Lumus. – disse enquanto tossia.

Com a varinha iluminando meu caminho, desci receosa a escada bamba de madeira. Meu corpo gelara rapidamente com o frio que estava ali. Com cuidado, dei uns passos para frente, pelo que parecia ser um corredor. Havia muito lixo ali e alguns móveis e objetos aparentemente quebrados. Preferi não tocar em nada e continuei andando até que, mais ao final do longo corredor, vi um estranho vulto negro ao canto. Estava meio distante de mim, mas não parecia ser nenhum objeto ou móvel que eu pudesse reconhecer. Alguma coisa me disse que era melhor eu deixar pra lá, sair dali e trancar aquilo permanentemente, mas minha curiosidade não permitiu. Continuei lentamente andando com a varinha em punho. Estava muito escuro e eu sentia meu coração acelerar apreensivo. De repente, escutei um barulho alto e meu corpo paralisou de imediato. Parecia um vidro se quebrando. Olhei para os meus pés irritada. Eu mesma havia pisado em algo. Ao levantar meu olhar para o estranho vulto, vi-o se mexer em resposta ao barulho do vidro. Sobressaltei-me, imaginando que pudesse ser algum animal perdido, sem pensar na hora como aquilo poderia ser possível. Ia girar nos calcanhares e correr em direção a saída antes que pudesse ser atacada, quando ouvi um resmungo rouco:

- Quem está ai?

Com os olhos arregalados, senti meu sangue congelar.


N.A.: Bom, é isso, espero mesmo que comecem a gostar dessa fic feita com muito carinho. E não esqueçam das reviews, que são muito importantes. Dicas, conselhos, elogios, críticas, cobranças, tudo! Espero ansiosamente as reviews :) beijos!