Shine

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Draco Malfoy não havia dito ao filho, diretamente, que ele precisava entrar no time de quadribol da Slytherin, mas Scorpius interpretou as coisas de um modo mais abrangente quando sua vassoura – que era muito boa e tinha apenas um ano de uso – foi repentinamente substituída por uma melhor no seu aniversário de doze anos.

Sendo assim, Scorpius se esforçou para se tornar aceitável para o time e, no terceiro ano, quando finalmente conseguiu, o pai parecia se orgulhar dele. Esse era o objetivo.

Agora, no entanto, Scorpius duvidava um pouco do seu suposto talento para o campo. No primeiro jogo da temporada – Gryffindor versus Slytherin – o sol parecia ter nascido apenas para implicar com ele.

Ele tentou se convencer de que o frio na barriga não devia ter nada a ver com o jogo. Nem com o fato de que o sol definitivamente atrapalharia sua visão.

Scorpius continuou tentando se convencer disso durante as duas horas seguintes de jogo. Ele era pequeno e ágil o suficiente para fazer cinco gols, mas também para ser empurrado para um lado e pro outro pelos jogadores maiores.

As coisas até pareciam estar melhorando, mas o apanhador da Gryffindor de repente resolveu que pegar o pomo seria uma boa idéia. O fato, isoladamente, era até uma boa notícia: significava que o jogo havia terminado e que a Slytherin havia vencido pela vantagem de pontos.

Poderia ter sido, realmente, uma boa notícia.

Mas bem que seu pai havia falado que a exaltação dos Gryffindor em jogos de quadribol era preocupante. Há poucos metros de Scorpius, uma discussão entre o goleiro Gryffindor e os batedores Slytherin evoluía rapidamente para uma briga mais séria.

Scorpius decidiu que era melhor deixar isso pra lá e sair logo do campo. Eles que se entendessem. E, a apenas cinco metros do chão, ele sentiu algo particularmente pesado bater na cauda da sua vassoura – que tinha cerca de um ano de uso – e tudo que se seguiu depois foi o desequilíbrio vergonhoso e a fratura sonora e extremamente dolorosa dos seus dedos do pé esquerdo.

Scorpius ouviu a torcida gemer de dor junto com ele e, bom... Não foi exatamente um consolo.

De algum lugar, uma mão foi estendida na sua direção.

"Que droga, cara. Eu disse pra eles não ficarem agitando aqueles bastões!"

Ele olhou para o goleiro da Gryffindor, que parecia sinceramente preocupado com seu pé, por dois segundos até conseguir entender o que ele estava dizendo; a dor dificultava um pouco o seu raciocínio e, por Merlin, a escola inteira estava vendo o seu desastre.

Entre a vergonha e a dor, ele percebeu que aquele goleiro era o primeiro Potter que lhe estendia a mão. Scorpius aceitou e, com a ajuda dele, se desvencilhou da vassoura e se ajeitou melhor na grama. Levantar não era uma boa idéia no momento.

"Deve estar doendo, né?", o garoto falou para ele, com um sorriso culpado.

Bem que o seu pai havia lhe dito que os Potter não eram muito perspicazes.


N.A.: Escrita pro III Challenge Scorpius Malfoy do Fórum 6V.

Eu sei, tenho uma péssima imaginação pra títulos...

:)