Disclaimer: XxXHolyc não me pertence. Ou Tsubasa seria só um mangá na pilha da leitura da Yuuko!

Fic escrita em sequências de dias de mau humor. Extremo.

Be careful.


REASONS

.

.

.

I've always been in love with you

I guess you've always known it's true

Eu sempre estive apaixonado por você

Acho que você sempre soube que era verdade

.

.

- Tudo isso… tudo isso foi para você descobrir meus sentimentos, não foi?

Watanuki tremeu por um instante, uma inquietude sem nome roubando todo o ar do seu peito.

Doumeki caminhou até bem perto de seu rosto, os olhos apertados e secos demais.

-Agora você sabe. O que vai fazer?

-E-eu...

Doumeki olhou nos olhos azul e dourado. E se afastou, os passos duros e barulhentos no chão.

Watanuki só conseguiu distinguir o borrão da porta que se abriu e se fechou, uma única vez.

.

.

You took my love for granted

Why? oh why?

The show is over say good-bye

Você tocou no meu amor só para ter certeza

Por quê? Oh por quê?

O show acabou, diga adeus

.

.



I. A Dúvida

.

.

Era um dia como qualquer outro. E como sempre, nesses dias algo acontece com o menor dos detalhes, a menor das ações.

-Himawari-chaaaaan! – Watanuki sorriu, estendendo o almoço que havia feito para a amiga.

-Obrigada, Watanuki-kun. Parece delicioso, não é Doumeki-kun?

-Hun.

-SEJA AGRADECIDO PELO MENOS UMA VEZ!

-Ne, Wataniku... às vezes não precisamos dizer o que sentimos, não acha? Se nossas ações já mostram o bastante, não é preciso usar as palavras.

Watanuki sentiu um estalo dentro de si. E se ele tivesse realmente aprendido alguma coisa na loja dos Desejos, ele teria entendido que deveria deixar aquelas palavras seguirem seu caminho.

Mas, ele era o bobo do primeiro de Abril. Não um Mago das Dimensões...

-Himawari-chan é tão generosa! Não perca seu tempo com esse coração-de-pedra do Doumeki! Ele não demonstra nada porque não sente nada!

Ele deveria ter ouvido o segundo estalo.

Deveria, mas nesses momentos, geralmente estamos muito mais extasiados com o som da nossa própria voz, poderosa, cheia de verdade e coerência... não é mesmo?

E assim foi, Watanuki não ouviu nada, além de si mesmo.

-Não! Não diga essas coisas, Watanuki-kun! Eu só quis dizer que...

-Doumeki não sente nada PORQUE TEM UM BURACO NEGRO ENGULIDOR DE COMIDA ALHEIA!

-Mas se ele sempre come a sua comida, já não diz o quanto aprecia o que você faz?

Himawari sorriu, inutilmente tentando dizer muito mais do que um sorriso seu realmente transmitia a Watanuki. Queria tanto dizer o que ela sabia. O que Yuuko-san, Kohane-chan, Mokona, as meninas, o que todos sabiam. O que Doumeki sabia.

Mas falhou, miseravelmente.

-Pra mim ele continua um aproveitador! – determinou, envaidecido, e se virou para o rival. Como sempre, Doumeki comia silenciosamente. – E VOCÊ NEM SE DEFENDE!!!

-Vocês já estão discutindo o bastante por mim.

-Seu...!!!

Mas não continuou o xingo, interrompido pelo som da risada da menina.

Um almoço como qualquer outro, como eu disse.

Alguns minutos depois o sinal tocou e todos voltaram para a sala de aula. Mais tarde, cada um tomaria seu caminho para os afazeres do dia. Como um dia qualquer.

E como é sempre num dia qualquer que as pequenas coisas se tornam grandes demais, Watanuki passou a tarde toda pensando naquele silêncio insuportável de Doumeki.

Custava tanto dizer uma palavra?!

Se ele gostava mesmo de sua comida, por que não elogiava como Himawari?

-Talvez ele não queira usar elogios na frente da Himawari-chan para outra pessoa! É isso! É uma estratégia daquele bastardo para conquistar a Himawari-chan!

A adolescência não é o melhor momento na vida para pensamentos lógicos e racionais. E muito menos quando o adolescente está com ciúmes e, honestamente, não sabe disso.

Ao contrário de todo o resto do mundo.

Mas, se você já foi adolescente tem de concordar, eles sempre acham que sabem.

Por isso, à noite, enquanto caminhavam para uma casa mal assombrada - mais uma cortesia de sua chefe – Watanuki tratou logo de afirmar:

-Descobri todo seu jogo.

-Oi?

-Com a Himawari-chan. Eu percebi quando pensei melhor sobre porque você não elogia minha comida... é para não ficar feio com ela, não é?! Você acha que ela ficaria com ciúmes de...

Doumeki parou de andar, encarando o jovem mais baixo ao seu lado.

-Eu não tenho esses sentimentos pela Kunogi.

-É claro que...

-Não. – Doumeki reafirmou, a voz mais forte e rouca que antes.

Watanuki sentiu seu queixo cair, e toda sua teoria, bolada com tanto trabalho a tarde toda, foi por água baixo.

Triste, não?

-E VOCÊ SÒ ME DIZ ISSO AGORA?!

Toda aquela rivalidade, ciúmes, medo, pressão... então de onde vinham?!

Como... como aquele maldito tinha a ousadia!?!?!

-Você é quem nunca quis saber.

E eis o terceiro estalo. Mas diferente dos outros dois, que vinham de fora, alarmantes, como sinos intuitivos, esse Watanuki ouviu. E ouviu como algo batendo dentro dele, que ele simplesmente não entendia o que era, mas que ressoava exatamente como se seu coração tivesse falhado em uma batida.

-E você ainda não quer.

E talvez mais outra, também.

Dizendo isso, Doumeki voltou a andar, e Watanuki deixou o assunto morrer ali.

Ou tentou.

Debaixo das cobertas, os olhos não queriam se fechar.

Se Doumeki não gostava da Himawari-chan... Por que ele gostava tanto de atormentar a sua paz?! Watanuki se enrolou ainda mais no cobertor, resmungando seus pensamentos. Afinal, o que acontecia por trás daquele muro branco e seco que era o rosto de Doumeki?

Sempre cheio de silêncios, meias palavras, meios risos. Tudo que dizia era tão rápido e objetivo, certeiro como suas flechas. Tudo que ele fazia tinha um motivo, uma razão que com certeza havia sido pensada e repensada muito antes de chegar aos olhos do mundo. Tudo nele era tão estável, forte... Impassível! Será que ele nunca explodia? Nunca gritava, nunca se enfurecia, nunca... nunca se sentia sozinho?

Tentou se lembrar de qualquer brisa mais forte no semblante do arqueiro. Watanuki lembrou e pensou por muito tempo, e muitas coisas sobre Doumeki que ele nem mesmo acreditava que sabia.

Mas o que ele ainda não sabia era por que Doumeki nunca dizer o que sentia. Claro, ele era o típico cara racional e contido. Mas ele sentia alguma coisa. E ao contrário de Watanuki, que berrava e esperneava todos seus sentimentos, e quase sempre na frente do outro, Doumeki mantinha tudo guardado. Tudo escondido.

Não era justo!

Ele queria saber! Ele tinha o direito de saber!!! Por que... bom, por quê?

Watanuki se perguntou, por um ligeiro minuto, se ele realmente se importava com o que o outro sentia. Não respondeu a si mesmo. Apenas lembrou que eles não eram amigos, definitivamente não. Mas o outro estava sempre salvando sua pele. Por quê? O que Doumeki sentia quando o salvava, mesmo ele berrando aos quatro ventos o quanto detestava o arqueiro?

Virou de lado, mirando o relógio. 5h12 da manhã. Dane-se. Só entendia que estava curioso, e não conseguiria dormir em paz até saciar sua curiosidade.

Se Doumeki tinha alguma coisa em seu buraco negro sentimental, Watanuki ia descobrir.

E foi assim que Hitsuzen fez de uma coisa tão pequena, o início pra essa estória.

.

.

...

­­­­­­­­­­­­­­­