Corredor Zumbi

Apoiou a cabeça latejante na mão, estava com uma dor de cabeça terrível, e a baderna que a turma se empenhava em fazer certamente não ajudava. Seus ouvidos pareciam inchar com tanto barulho.

Ergueu um olhar mal-humorado ao professor de cabelos ralos que tentava se defender das bolinhas de papel com uma pasta, inutilmente. Levantou-se da cadeira sentindo o mundo balançar como se a escola fosse nada mais que um pêndulo balançante. Camuflando-se nas outras dezenas de alunos de pé, conseguiu chegar até a porta. Lançou uma olhadela para fora, não havia nenhum aluno no corredor, e, melhor, nenhum inspetor.

Olhou novamente para o professor que estava agora escondido debaixo da mesa. Talvez houvesse algo de cômico nessa cena, mas o lado do seu cérebro em que ficava seu senso de humor havia sido afetado. Não vão dar pela minha falta, concluiu.

Saiu da sala indo na direção do bebedouro que ficava na extrema direita, ao lado da escada, a cinco enormes salas de distância.

O céu estava escuro, apesar de ainda ser manhã. Tinha tons claros de roxo e o sol não parecia ser nada mais que uma mancha clara.

À medida que o barulho da algazarra da turma ficava mais distante, a garota pôde notar um silêncio quase sinistro vindo das outras salas. Além disso, todas as portas estavam trancadas e havia um fedor indescritível de podridão no ar.

Temari não conseguiu resistir à tentação e parou em frente a uma das janelas altas, postando-se na ponta dos pés para tentar enxergar o interior.

O fedor invadiu suas narinas, fazendo-as arderem. Seus olhos verdes lacrimejaram, assustados. As luzes estavam apagadas e apenas a silhueta dos corpos lhe era visível.

Corpos, sim. Já não eram nada mais do que isso.

Dezena de cadáveres de estudantes postos em suas carteiras, alguns com partes roubadas, todos com marcas de dentes.

Voltou ao corredor, as mãos na boca para cobrir a ânsia de vômito, os olhos gotejantes tentando suprir a enorme vontade de começar um choro histérico.

O céu escureceu ainda mais, cobrindo agora completamente a mancha que era o sol.

Um ruído baixo chamou a sua atenção, e a garota conseguiu, apesar da escuridão, enxergar uma inspetora, parada ao lado do bebedouro.

- Graças a Deus – ela soluçou -, graças a Deus, alguém. Você não sabe o que eu...

O seu choro foi cortado quando notou o estado da inspetora. Suas roupas e suas mãos estavam manchadas de sangue, os seus olhos estavam tomados por um verde grotesco, a pele do seu rosto estava meio caída, em carne viva e pulsante, e nos seus lábios um sorriso doentio mostrando todos os dentes afiados e sujos de sangue.

Temari deu um passo para trás, arfante, preparando-se para sair em disparada a qualquer momento. Não conseguia entender o direito, mas seja qual fosse o estado da inspetora, não seria ela quem lhe ajudaria.

A mulher-zumbi à sua frente escancarou a boca em um grito esganiçado. A garota virou-se para correr, mas foi presa em um abraço por um professor que a atacou ferozmente, arrancando-lhe a orelha com os dentes.

Temari soltou-se dos braços apodrecidos, as mãos no lugar da orelha arrancada, o sangue abundante encharcando-lhe o lado direito do corpo, os gritos de desespero sendo lançados no ar. Uma segunda boca apossou-se do lado esquerdo do seu pescoço, os dentes afiados invadiram a sua carne, tentando arrancar um pedaço.

A garota caiu de joelhos sobre uma poça do próprio sangue, gritava com toda e qualquer força que lhe restasse. Mordidas nos seus braços, rosto, pescoço. Bocas famintas pela sua carne.

A insuportável dor. A sensação do sangue viscoso, escapando cada vez mais. O som da sua própria carne sendo dilacerada e dos seus próprios gritos se calando.

E, finalmente, a merecida escuridão.

The End

Já sabem, né? Xingamentos, pedidos de mortes, o diaboaquatro = Review. °3°

Kisu kisu.