Amores que matam

Fanfiction de Sion Neblina

Disclaimer: Saint Seiya não me pertence, todos os direitos são de Masami Kurumada. Trabalho sem fins lucrativos, apenas para diversão dos fãs.

Romance-Angst – Yaoi

Amores que matam

Prólogo

"Love hurts, Love scars, Love wounds' and marks
Any heart not tough or strong enough
To take a lot of pain, take a lot of pain
Love is like a cloud, it holds a lot of rain
Love hurts"

"O amor fere, o amor deixa cicatrizes, o amor machuca
Quase todos os corações.
Não agressivamente o bastante ou forte o suficiente
Para causar muita dor, causar muita dor...
O amor é como uma nuvem contém muita chuva,
O amor fere..."

Camus olhou a figura abatida que dormia na cama do hospital, suspirou: Ele dormia com a expressão mais serena que já vira, apesar de tão machucado. A aurora já rompia no horizonte. Ele não conseguira pregar o olho, velando o sono de Milo e cuidando dele, tentando consertar o que fizera; sorriu com amargura. E pensar que há tempos atrás pensou em matá-lo. Tanto orgulho, orgulho que só aumentava a dor, e vê-lo agora, daquela forma, derretia ainda mais seu "coração de gelo" como ele mesmo lhe chamara tantas vezes; ele estava deprimido, machucado, frágil como nunca havia visto e por quê? Qual o sentido de tudo aquilo, qual o sentido daquela busca por punição?

Milo se virou na cama descobrindo os braços e Camus reparou nas marcas roxas que algum tipo de corda deixou em seus pulsos, teve vontade de chorar, mas, se conteve, afinal, havia se contido a vida toda, e aquilo de uma forma ou outra era resultado desse seu comportamento, então por que não agora? Agora era à hora de ser forte, forte para reconstruir o que havia se partido entre eles.

A farsa - tudo para ter você.

I Parte

- Eu vou te matar! - gritou Milo histérico, sendo seguro pelos pulsos por Mu. Estavam todos na arena de treinamento e os outros cavaleiros o olhavam; uns perplexos, outros divertidos; Camus e Shaka que era pra quem ele dirigia as ameaças estavam pálidos, o indiano inconscientemente se escondendo atrás de Aquário.

- Milo, para com isso, vamos conversar... – começou Camus, tentando acalmar o companheiro cujos olhos faiscavam, morrendo de vergonha daquele escândalo.

- Conversar seu... Seu... verme traidor, desgraçado!- cuspiu o outro ensandecido; as lágrimas se formando em seus olhos, não conseguiu se controlar, embora odiasse, seu orgulho estava sendo ferido mais pelas lágrimas que pelo que vira entre Camus e Shaka. E como era orgulhoso o escorpiano. Aquilo para ele era pior que a morte.

- Milo, não...

- Sei, não é nada do que estou pensando não é seu loiro tarado? - ele interrompeu Shaka que ruborizou até a raiz dos cabelos. - E me solta, Mu, me solta que eu acabo com esses dois!

- Chega! - falou Camus – Se você não quer me ouvir fique sozinho dando esse escândalo! - Tornou o francês contrariado deixando a arena.

Shaka suspirou e o seguiu. Aquilo foi demais para Milo, ele o deixara falando sozinho e além do mais, saiu com o homem que há poucos minutos estava trocando beijos? O escorpião se sentiu tão desolado que parou de lutar contra os braços de Mu e se jogou sentando no chão.

- Ei, levanta daí. - pediu o ariano com carinho – Isso tudo deve ser um mal entendido, com certeza, todo o santuário sabe o quanto Camus te ama e Shaka nunca se envolveria com ele, havendo você.

Milo piscou e olhou pra Áries, confuso e envergonhado. Sabia o quanto Camus odiava escândalos e foi exatamente o que estava fazendo, talvez, tudo tenha sido um mal entendido mesmo e ele não era um garotinho pra ficar esperneando. Afinal, ele não viu nada além dos dois caídos no chão, muito próximos, os lábios quase se roçando, próximos demais...

O ciúme voltou violentamente, e ele se levantou sozinho, limpando a calça justa que usava para treinamento.

- Desculpe, Mu... - pediu – Eu sou mesmo um imbecil.

- Não, você não é, - sorriu o ariano – mas, é apaixonado demais, tente pensar antes de agir e tudo ficará bem, agora dê uma chance ao Camus de se explicar e tenho certeza que tudo se resolverá.

- Mas, eu vi, Mu, ele e Shaka, estavam...

- Milo, - Mu sorriu chamando seu nome docilmente – Nós dois sabemos quem é o dono do coração do Shaka... – aquelas palavras pareciam produzir uma dor intensa no ariano, mas logo ele sorriu e completou: e do Camus também.

Milo assentiu com a cabeça, mas, na verdade não sabia de nada, ouviu rumores de que o indiano amava um cavaleiro de bronze, contudo, isso naquele momento não significava nada. Mu o deixou entre a vergonha e o ciúme. Ele ficou encostado numa coluna pensando no que fazer; se deveria pedir desculpas ou não. Aquilo já estava se tornando "lugar comum" ele pedindo desculpa a Camus e este o chamando de impulsivo e manipulador, entre outras coisas. Já estava cansado e a relação dos dois a cada dia ficava mais desgastada com tantas brigas, mas, o que poderia fazer se sentia ciúmes? Camus o acusava de tentar manipulá-lo, de querer mandar nele e na relação, mas não era isso, a necessidade de ter o controle, era fruto de problemas passados, problemas que o aquariano entendia muito bem.

Sentiu um cosmos conhecido se aproximar. Soltou uma exclamação de protesto, não estava a fim de conversar, não mesmo, muito menos com Máscara da Morte de Câncer.

- O que você faz aqui sozinho? - perguntou o recém-chegado – Deixe-me adivinhar, o francês já te trocou pelo Shaka, não é?

- O que... do que você está falando? - gaguejou Milo nervoso.

- Ah, tolinho! Todos no santuário já sabiam menos você! - riu perversamente Máscara da morte com o rosto pálido de Milo - Não fique assim, aquele merda não merece um prêmio como você, o deixa com o Shaka mesmo, os dois são iguaiszinhos, fica comigo seu bobo.

Ele disse isso, já enlaçando a cintura de Milo que o empurrou:

- Me fala o que você sabe, o que todo mundo sabe e eu não? - Milo perguntou ainda mais zangado.

- Se eu te contar, o que terei em troca?

- Vai se danar! - bufou Milo já começando a voltar pro santuário, mas o cavaleiro de câncer segurou-lhe o braço.

- Tá bom, eu conto assim mesmo. - riu Máscara da Morte – Nesse mês que você esteve fora em missão pra Athena, Camus e Shaka foram vistos juntos pra cima e pra baixo. Até mesmo em lugares, digamos... íntimos. Todos estão achando que os dois estão de caso e com você fora, sabe como é...

O rosto de Milo ruborizou num misto de raiva e tristeza. Então era isso? Ele estava sendo feito de idiota por aqueles dois há um mês, um mês? Tentou pensar em alguma coisa que lhe desse a pista da traição, mas, não conseguia achar, devia ser muito ingênuo mesmo, estúpido!

Lágrimas se formaram em seus olhos, mas, ele não deixou que elas se derramassem, não choraria, ele era Milo de Escorpião e não deixaria que ninguém visse suas lágrimas, nunca mais.

O escorpiano não se achava um poço de virtudes, sempre fora promíscuo, mas, isso até Camus, até o namoro começar de verdade, quando o francês realmente o reconheceu como "namorado" sem deixar mais dúvidas, se tornou só dele e não se arrependia, pois todos seus relacionamentos anteriores eram vazios e sem propósitos, somente por prazer ou punição, e agora era isso que recebia em troca?

Milo não conseguia raciocinar em meio a tantos sentimentos, as imagens se confundiam em sua mente, seus amantes, seus erros; Camus nunca errava, estava sempre certo, frio, calculista, elegante. Caso ele quisesse realmente enganá-lo, ninguém nunca saberia, ele era inteligente e estrategista suficiente para isso.

- Tem alguma coisa errada... - disse Milo, mais pra si que pra Câncer – Ele não faria isso comigo, quanto mais aqui, ele sabia que eu estava na arena e além do mais, Shaka não está com...

- Isso é fachada do indiano pra que ninguém desconfie. Você já o viu com alguém além do Camus? - disse o canceriano rapidamente e engolindo em seco, não podia dar tempo para o escorpião pensar ou talvez a razão falasse mais alto que o ciúme. Apesar de Milo ser explosivo e apaixonado era também um homem inteligente e astuto, a única arma a usar contra essas duas qualidades, era o ciúme doentio que ele sentia pelo aquariano.

- Você já pensou que ele poderia querer se ver livre de você e não saber como? - Continuou.

- Como assim, se ver livre de mim?

- Isso mesmo, ora, Milo, ele vive reclamando de você, que você é impulsivo, que você é manipulador, nada seria melhor pra ele do que se envolver com alguém calmo, equilibrado como Shaka, aliás não é disso mesmo que ele te chama o tempo todo, DE-SE-QUI-LI-BRA-DO?!

- Eu o mato, eu mato os dois! - gritou o Escorpião e Máscara da Morte sorriu malignamente, vendo o cavaleiro correr a velocidade da luz para o santuário.

Milo subiu correndo para a casa de aquário. Encontrou Camus sentado próximo a janela, o rosto impassível, mas tão bem conhecido por ele, traía contrariedade. Engoliu em seco quase fraquejando, contudo, ao se recordar das palavras de Máscara da morte, nova onda de ódio se apossou dele.

- Então é isso?! – esbravejou, tentando chamar a atenção do outro que nem se quer olhou em sua direção; era essa indiferença de Camus que o matava a cada dia, que fazia com que duvidasse sempre dos sentimentos dele.

- Isso o quê, Milo? - o francês perguntou sem tirar os olhos do dia que ia embora pela janela.

- Ah, não se faça de bobo, aliás, eu sou o bobo aqui, já que o santuário inteiro sabia, menos eu!

- Para com esse escândalo! - a voz de Camus demonstrou um desprezo tão grande, que o escorpiano se sentiu a menor das criaturas. "DE-SE-QUI-LI-BRA-DO" a voz de Câncer voltou a sua mente, ferindo ainda mais seu orgulho.

- Posso ser um escandaloso, sim, mas, ao menos não sou um bloco de gelo filho da puta igual a você! - mesmo sem querer, Milo não conseguiu sustentar mais o tom da voz e disse quase num sussurro – Você não me ama... Você me traiu?

Camus revirou os olhos para o céu, pedindo paciência aos deuses para lidar com Milo, ele estava se tornando a cada dia mais temperamental e aquilo já estava fazendo mal a relação dos dois.

- Escute aqui, Milo, já lhe disse que não há nada entre Shaka e eu, você não deveria ficar ouvindo essas fofocas idiotas!

- Então negue, negue que disse que estava cansado do meu jeito, dos meus impulsos, cansado de mim! – falou nervoso.

- Já falei pra parar de gritar! - Camus tentava controlar a voz, mas, o Escorpião já estava mesmo conseguindo tirar o francês do sério, olhou pra ele com um misto de amor e piedade...

O corpo trêmulo e suado, dentro da túnica de treinamento e da calça preta, os cabelos grudados na testa pelo suor, as lágrimas e a comoção que fazia seu peito arfar, teve vontade de abraçá-lo imediatamente.

Milo percebeu a piedade no olhar de Camus e não o amor, então era aquilo que ele sentia por ele? Agora as palavras de Câncer faziam mais sentido, ele estava com Shaka, mas sentia pena dele, piedade o suficiente para não deixá-lo, mesmo querendo. Como até alguém como Máscara da Morte poderia perceber aquilo, e ele não?

- Me responda... - pediu Milo num fio de voz, a dor que sentia era tanta que não conseguia mais gritar, estava arrasado – Você disse que eu era um desequilibrado?

- Eu nunca disse isso, mas, já que tocou no assunto... - Camus suspirou – Você sabe o quanto me aborrece esse tipo de comportamento, Milo, todos estavam lá e você gritando, falando aquelas coisas, estou cheio disso, assim não dá, tente se controlar de vez em quando, essa sua passionalidade é irritante!

- Então é verdade! - exclamou Milo as lágrimas descendo por seu rosto e ele tentando escondê-las, limpando o rosto rapidamente – Você preferia ter se apaixonado por outra pessoa, alguém mais equilibrado que eu...Frio...

- Ah, sim! Como queria! – riu Camus – Mas, infelizmente não mandamos nos sentimentos, Ah, se mandássemos, Milo de escorpião, eu nunca me envolveria com você!

Camus proferiu as palavras num tom divertido, sem ter noção do que elas causaram em Milo. Ele o fitou com ódio e ergueu a mão, Camus arregalou os olhos, mas ele parou o golpe, recolhendo a unha escarlate antes de deferi-lo e fechando o punho fortemente.

- Você ... Você me atacaria, é isso? - perguntou Camus, atônito – Eu não posso acreditar nisso, Milo! Você está totalmente louco mesmo, você me assusta!

- Assusto? - Milo sorriu com tristeza – E eu nunca te faria mal, Camus, então foi por isso que você procurou o Shaka? O equilíbrio que falta em mim? Agora se você queria alguém diferente de mim, era só dizer que eu tiraria meu time de campo sem fazer papel de palhaço!

- Milo, não é nada disso, o que eu tenho com Shaka é só...

- Eu não quero saber o que você tem com ele! – esbravejou o escorpiano – Não quero! A única coisa que sei é que é diferente do que tem comigo e que você prefere isso!

- Eu não acredito que esteja dizendo isso. - murmurou o cavaleiro de aquário se levantando calmamente – Quando eu disse que queria alguém diferente de você, Escorpião? Pelo que eu saiba o homem das cobranças aqui é você e não eu.

- Você está certo. - Milo sorriu irônico – Eu não deveria fazer cobranças, afinal quem sou eu perto do grande mago do gelo, não é?

- Milo, eu gostaria mesmo de saber aonde você quer chegar com essa conversa? - perguntou Camus colocando a mão no ombro do outro que a afastou com um safanão,

O escorpiano encheu de ar os pulmões, soltando-o lentamente; nem mesmo ele sabia o que queria agora, já não sentia ciúmes, somente uma tristeza profunda.

- Eu quero terminar tudo... – disse em fim para surpresa de Camus e dele próprio.

- Você deve estar mesmo muito confuso pra cogitar uma coisa dessas! - Volveu frio como sempre, mas em seu íntimo começou a temer que ele falasse sério. Milo demonstrava uma dor e tristeza maior do que todas que já vira, e dessa vez, era diferente, era algo profundo, só não entendia por quê.

Milo sorriu com escárnio.

- Você se acha mesmo, não é? Só mesmo eu estando louco pra deixá-lo, é isso?

- Milo, para com isso, eu estou tentando, mas não consigo entender você.

O coração do escorpião já estava envenenado demais e ele não conseguia ouvir mais o que Camus falava. Se ao menos ele dissesse que o amava, que era ele que queria e não Shaka, ele voltaria atrás, mas, ele fez exatamente o contrário, confirmou que a pessoa certa para ele era o louro da casa de virgem e que ele, Milo, era apenas uma paixão que tirava sua paz e equilíbrio.

- Não precisa entender, eu só... - ele engoliu em seco, tentando achar forças – Eu só não quero ficar mais com você.

- Você não pode está falando sério? - exclamou Camus já se desesperando, não permitiria que Milo o deixasse por uma tolice, por mais que as coisas não estivessem bem, tinha certeza que se amavam.

- Estou falando sério sim... - Milo baixou os olhos pra não olhar o rosto perturbado de Camus, se o olhasse não conseguiria deixá-lo e já estava decidido, teria que deixá-lo para que ele não se sentisse culpado em assumir sua relação com Shaka, afinal, era isso que ele queria, mas sabia que seu coração era grande demais para magoá-lo e por isso continuava com ele.

Será que aquilo era verdade? A dúvida brigava na mente do escorpiano. Não conseguia pensar direito, havia um misto de amor, orgulho e mágoa e ele não conseguia identificar qual sentimento o estava guiando.

- Milo, Milo... – Camus sorriu e se aproximou dele o abraçando – Não seja criança, eu não quero vê-lo magoado...

Milo correspondeu ao abraço, afagando os cabelos escuros de Camus, este segurou seu queixo e o beijou, depois enxugou seu rosto e disse:

- Eu não suporto ver você assim, eu nunca o magoaria...

A essas palavras, Milo o empurrou. Tudo estava se confirmando em sua cabeça, "eu não quero Vê-lo magoado..." Ele dissera, mas em momento nenhum disse que o amava, era isso, ele era um peso, uma criança que ele não queria abandonar, só isso.

- Eu tenho outra pessoa... – Milo se ouviu dizer e Camus o fitou em confusão, o rosto antes impassível, traindo dúvida e medo.

Escorpião se afastou dele lhe dando as costas, ele sabia como ferir mais com palavras que com suas agulhas e sabia exatamente a única coisa que provocaria a fúria do companheiro, seu orgulho de homem.

- O que você disse? - A voz de Camus agora era ainda mais fria.

- O que você ouviu... – Milo disse com a cabeça baixa – Não posso cobrar fidelidade, porque eu também não sou fiel, então, fique tranqüilo para me deixar, ficarei bem se é isso que o preocupa.

Camus não sabia o que dizer, não podia acreditar naquilo, aquela discussão estava surreal demais para ele, aquele não era o Milo que conhecia. O homem que amava nunca lhe diria aquilo daquela forma, fria e... até com um pouco de sarcasmo, que diabos estava acontecendo com ele?

- Você está mentindo... Somente pra me magoar, é isso?

- Não estou não, Camus. - disse tentando mostrar convicção, olhou o outro com um sorriso irônico – Você me conhece, acha mesmo que eu conseguiria ficar esses meses todos em que você viajava pela fundação, sozinho? Se você que é um bloco de gelo não agüentou quatro semanas sem mim, imagine eu, Camus? Eu sou muito quente, você sabe...

- Cale a boca! - Camus o segurou pelos ombros e Milo se libertou se afastando dele.

- Ora, ficou nervoso? - provocou com ironia, mas estava chorando por dentro – Pois saiba que também ficava nervoso em estar sempre sozinho!

- Eu nunca o trair, Milo. - a voz de Camus voltou a ser baixa e fria e Milo estava se arrependendo, mas, alguma coisa falou alto na sua cabeça que o melhor para Camus era deixá-lo, a velha sensação de derrota e medo...

- Pena que eu não possa dizer o mesmo. - tentou ser frio, entretanto, as lágrimas teimavam em se apossar de seus olhos.

- Por que está fazendo isso? - Camus o olhou num misto de raiva e mágoa – É só pra me ferir, Milo, é isso que quer?

- Como se fosse possível feri-lo, senhor frieza! – riu o escorpiano – Eu sim, sou ferido o tempo todo, por você!

- Quando eu o ferir, Milo? Me diga! - dessa vez Camus gritou – Por você eu abrir mão de todos meus valores, de todas minhas convicções, seu desgraçado!

- É melhor pararmos por aqui... – disse Milo caminhando até a porta, estava abalado demais por vê-lo daquela forma.

Mas, rapidamente Camus se pôs em sua frente, brecando sua passagem.

- Quem é? - perguntou friamente – Você não vai sair sem me dizer o nome dele.

Milo gargalhou de uma forma que soou artificial até pra ele, não sabia se era uma risada ou um grito.

- Você quer um nome? Não me faça rir, Camus, eu poderia lhe dar vários nomes diferentes! Cada noite passei com uma pessoa, durante suas viagens e não faça essa cara de cachorro sem dono, porque isso...

Milo foi atirado contra uma parede com um soco bem no meio da cara, pode ver lágrimas nos olhos frios de Camus e aquilo o surpreendeu e o deixou ainda mais confuso, ele estava sofrendo, mas, por quê? Amor ou orgulho?

Limpou o sangue que escorria por seus lábios e se levantou acariciando a mandíbula dolorida; a raiva fazendo seu cosmo explodir e se bater contra o de Aquário, contudo, ao ver o estado de Camus, não teve coragem de lutar com ele, ao contrário, uma tristeza e apatia se formaram de imediato em sua alma.

- Deixe-me sair ou lutaremos até a morte, Camus... – disse num fio de voz. Estava derrotado, sabia que merecia a agressão por tudo que dissera, pelo menos era prova de que ele se importava, mesmo que fosse só por orgulho, ele se importava...

"Claro que ele se importa, seu escorpião imbecil!" Pensou irritado, a mente ainda mais confusa – Camus o amava, amava sim, não podia duvidar disso e por que duvidava?

- Só me responda mais uma coisa... – pediu Camus se afastando da porta, estava envergonhado por ter perdido o controle, por ter chorado e por ter agredido Milo, ele não poderia perder o controle nunca, ele não, e machucar Milo era tudo que nunca pensou que faria um dia e também não se permitiria chorar, jamais, embora tudo que o amante lhe dissesse, doesse profundamente.

Aquário se recompôs tão rápido quanto havia perdido o controle e olhou friamente para o outro.

- Sim, mas, seja breve... – Milo engoliu em seco, não sabia se teria mais criatividade para encontrar mentiras para magoar Camus e nem sabia se queria mesmo aquilo.

- Há alguém especial? - Ele sabia que era masoquismo ter aquela informação, porém, não conseguiu se controlar; precisava saber quem era, precisava odiar aquela pessoa tanto quanto estava odiando Milo naquele momento.

- Camus, eu não queria... – Milo fraquejou, não esperava aquela reação dele e isso fez com que voltasse atrás em sua decisão de deixá-lo, talvez tudo não passasse de um mal entendido, Camus o amava, claro que ele amava, ele não o traíra, aquilo tudo era uma calúnia.

- Camus, olha, eu estava... Eu não queria dizer essas coisas...

- Você queria sim, cavaleiro de escorpião. - disse Aquário com ódio na voz, os olhos faiscando, Milo instintivamente se encolheu enquanto Camus avançava em sua direção, ele sabia que merecia e, por isso, não reagiria caso apanhasse novamente.

Camus segurou o rosto dele, pressionando seus lábios já machucados e vendo o sangue correr por seu queixo.

- Me diz logo o que quero saber, qual o nome dele?

- Não há ninguém... eu... Não há ninguém especial, só... - Milo gaguejou com a mão forte de Camus apertando seu rosto.

- Então, tudo foi só por sexo? - riu com amargura – Eu te odeio, Milo! Você é um filho da puta de um cachorro no cio! E se quer saber, sei que nunca veria esse tipo de comportamento em alguém como Shaka, você deve ter razão, ele é muito melhor que você!

- Então fica com ele! - murmurou Milo tentando se soltar da mão que o prendia, lágrimas descendo por sua face em fim, e Camus teve vontade de morrer, mas, a mágoa que sentia pela confissão das traições ainda queimava seu coração.

Soltou o Escorpião imediatamente, pesando a maldade da frase dita, e vendo o rosto machucado dele, onde um hematoma roxo já se formava ao lado da boca, sabia que fizera tudo errado, mas ele também era humano e também tinha impulsos, o que fazer se o escorpiano conseguia o que ninguém jamais conseguiu? Tirá-lo do sério.

Milo sentiu mais uma vez aquele olhar, misto de piedade e mágoa e caminhou até a porta, falou sem se virar para o outro:

- O Shaka, é a pessoa certa pra você...

- Eu já disse que não há nada... Quer saber? Vai se danar, Milo!

Bradou Camus e foi pra o quarto, Milo sentiu vontade de correr atrás dele, mas, se controlou, era orgulhoso demais, por várias vezes, abriu mão de seu orgulho por ele, dessa vez, não faria aquilo.

Ficou um tempo parado na sala, sem nada pensar, até que resolveu estava acabado.

****************

Passaram-se duas semanas que eles haviam terminado, e claro, todo o santuário já sabia e também o motivo. Os outros cavaleiros estranharam, porque todos sentiam o quanto Milo e Camus eram apaixonados, mas também estavam cientes da repentina e íntima amizade do aquariano com o louro da sexta casa.

Milo chorara tudo o que podia no dia da briga e junto com Máscara da Morte tomou um porre homérico dentro da casa de Câncer, só acordando às três da tarde do dia seguinte, faltando o treinamento, porém, sem se importar, só pensava em ficar bêbado a maior parte do tempo, pois assim, não pensava, não pensava na única pessoa que ocupava seus pensamentos. Nisso, Câncer era um ótimo companheiro, e embora tudo que quisesse era ter a chance de levá-lo pra cama, tinha ao menos um bom estoque de bebida e conseguia ouvi-lo bêbado e carente, repetir o nome do ex-amante.

Por várias vezes, o canceriano perdeu a paciência, pois nem mesmo bêbado, Milo o queria. Aliás, ele não parecia querer ninguém e nada, estava em estado de confusão mental, e foi nesse estado de confusão que alguém do passado bateu a sua porta, se mostrando amigo e solicito nas suas necessidades, bem mais que Máscara da Morte, que não sabia falar de sentimentos, só de sexo e álcool. O outro cavaleiro não; sabia confortá-lo e fez com que sorrisse novamente, com suas piadas sem graças, mas, cheias de boas intenções. No começo ele desconfiou, teve medo e rejeitou um pouco a proximidade do outro, mas, com a passagem dos dias e apesar do passado conflitante e sombrio que tiveram, a alma do cavaleiro de escorpião se abriu e se agarrou aquela amizade como sua bóia de salvação, para não afundar no álcool junto com Câncer. Nem sempre se viam, o outro cavaleiro era um dos conselheiros da Deusa e estava sempre em sua companhia, mas, as noites passadas em longas conversas, e muitas lágrimas derramadas no ombro forte do amigo, já fazia com que o escorpiano ansiasse por cada volta sua, da mesma forma que ansiava em tirar Aquário do seu.

Já Camus seguia sua rotina normal, ainda mais introspectivo e distante, além disso, mais nada era notado nos seus indefectíveis olhos. Somente Shaka conseguia, de vez em quando, lhe tirar da introspecção e convencê-lo a acompanhá-lo num passeio, o que causava mais fofocas pelo santuário. Ele nunca pensou que sentiria tanto a falta de outra pessoa, ele, o frio cavaleiro de aquário, tão auto-suficiente, agora era um espectro de si mesmo, uma parte só da moeda, tinha que admitir: amava demais Milo e não conseguia mais viver sem ele, tinha sempre a sensação de estar sozinho, mesmo em meio dos amigos, sua alma nunca esteve tão solitária, nem mesmo quando treinava isolado nos penhascos de gelo do Alasca.

Naquela manhã, Camus e Shaka passeavam pela encosta próximo ao mar, estavam vestidos em suas armaduras, sem os elmos e a agradável brisa marinha brincava com seus cabelos.

- Sinto-me responsável pelo que aconteceu entre você e o Milo, Camus... - começou o indiano – Se você não tivesse me ajudado, se não tivesse sido tão meu amigo...

- Não se sinta assim, Shaka... – interrompeu o francês – O Milo me deixou por conta própria, não foi por causa daquele incidente.

- Até o momento não consigo acreditar no que aconteceu. – disse Shaka, confuso – Nós cavaleiros de ouro perdendo o equilíbrio daquele jeito, você não achou estranho?

- Pra falar a verdade, com tudo que aconteceu não tive muito tempo pra pensar nisso, mas agora que você tocou no assunto, foi estranho sim e eu posso jurar que senti um cosmo junto de nós dois, antes da queda e depois ele sumiu.

Shaka continuava com os olhos fechados, mas, seu rosto traiu preocupação.

- O que foi, Shaka?

- Os boatos me preocupam, estão dizendo que... você sabe, nós dois...e quando ele voltar...

- Eu sei, ele é tão genioso quanto o Milo, não é? - perguntou Camus depois de um suspiro, olhando o mar, o peito esmagado pela dor.

- E nós dois somos tão parecidos... – sorriu Shaka com o canto da boca – Mas, bem, dizem que temos que encontrar sempre a outra metade, talvez seja isso.

- Só se for pra você, para mim acabou, eu...

Camus se calou ao enxergar Milo abaixo do penhasco, ele estava com a roupa de treinamento, uma calça preta justa e uma túnica branca semi-aberta no peito e corria atrás de uma mocinha que não deveria ter mais que quinze anos, a beijando, e os dois riam sem parar, sim, o escorpiano parecia ter se recuperado bem rápido do final do romance – pensava Camus se roendo de ciúmes - Deveria ser uma das servas do santuário. A moça respondia ao beijo com sofreguidão se agarrando ao pescoço do cavaleiro, contudo, ele parecia só querer seduzir a menina, pois a afastava sempre que ela tentava um contato mais íntimo com seu corpo, e ela parecia querer muito mais que os beijos do Escorpião. Milo era um mestre na arte de seduzir, ele sempre soube disso, e sempre gostou muito de provocar não importasse quem fosse.

- Vamos sair daqui. – pediu Camus caminhando na direção contrária, o ciúme e o ódio por senti-lo colorindo a sua face e ele se odiando mais uma vez, por se entregar tão claramente aos sentimentos.

- Não fique assim, Camus, você sabia que cedo ou tarde veria uma cena como essa. Você conhece esse escorpiano!

- Só não sabia que me sentiria assim! - bradou Camus tentando controlar a voz, sem sucesso, no que ele estava se transformando? Num fraco, importando-se tanto com alguém que o traiu e enganou? Nunca fora assim, por que Milo conseguia desestabilizá-lo, daquela forma?

Shaka ficou desconcertado sem saber o que fazer, nunca vira Camus naquele estado, durante mais de um mês foi o amigo quem o consolou e agora...

- Camus, Camus, não fique assim – disse o abraçando – Tenho certeza que logo tudo ficará bem entre vocês.

Camus escondeu o rosto nos cabelos cheirosos de Shaka, sentindo aquele cheiro suave e ao mesmo tempo másculo de mate verde que emanava dele, tentava controlar os sentimentos, quando finalmente conseguiu o olhou meio constrangido ao que Shaka sorriu:

- Está tudo bem. – disse o indiano – Vamos para o treinamento.

Aquário assentiu e eles foram andando para a arena, depois de alguns minutos, Milo também apareceu já vestido em sua armadura. Seus olhos e os de Camus se encontraram por um breve momento, mas, logo Saga o chamou colocando a mão em seu ombro.

Camus franziu a sobrancelha; sabia que Saga fora o grande amor da adolescência de Milo, mas, sabia também que essa relação deixara feridas profundas no cavaleiro de escorpião. Somente um toque, nada demais, uma mão no ombro, isso era comum quando as pessoas conversavam, e Camus sabia bem porque aquilo o incomodava tanto, não queria ver os dois juntos, não queria vê-lo de forma alguma perto dele. Milo apesar do porte altivo que ficava ainda mais evidente com a armadura dourada lhe pareceu frágil, perto do cavaleiro de gêmeos; e Camus percebeu também aquele olhar de humilhação e submissão que ele sempre demonstrou perto do outro. Eles tiveram uma relação sádica e Milo lhe contava as inúmeras crueldades e humilhações que passara em suas mãos. Antes o escorpiano não conseguia nem mesmo olhar no rosto do geminiano e por que agora eram amigos? O que estava acontecendo entre eles?

- Por que estamos com nossas armaduras? - perguntou a Shaka, sem tirar os olhos dos outros dois cavaleiros.

- Parece que teremos uma reunião com a deusa, depois do treinamento, e nessas ocasiões solenes, você já conhece o ritual.

- Sabe a respeito de quê?

- O de sempre, não acho que seja nada de especial.

- Camus... - uma voz lhe chamou interrompendo a conversa. Era Mu que se aproximava dele e de Shaka.

- Olá, Mu... - respondeu piscando, libertando-se da cena a sua frente, tentando pelo menos, corando de ciúmes a cada sorriso que o geminiano lançava para Milo e ao qual o escorpião respondia baixando a cabeça e sorrindo timidamente; respeito, admiração, submissão?

- Você ainda o ama, não é? - perguntou Mu, seguindo seu olhar.

- Não seja tolo! - reclamou Camus – Eu nem penso mais naquele...

Camus suspirou para controlar suas emoções.

- Seria bom se amássemos apenas a pessoa certa. - falou o ariano e levantou os olhos para Shaka que corou e desviou o olhar, sabia que era o grande amor dele, e o final do relacionamento dos dois não foi fácil, porém, não estava disposto a conversar sobre aquilo, pelo menos não ali.

- Bem, acho que tenho que treinar agora... - falou o indiano saindo de perto dos amigos, desconfortável com o comentário de Áries, que seguiu seus graciosos movimentos, até que ele chegou ao centro da arena.

- Ainda dói muito? - perguntou Camus com curiosidade, gostaria que o ariano dissesse que não, que aquilo passaria mais rápido do que ele pensava.

- Sim, menos que antes, mas ainda dói. Não se esquece um grande amor de uma hora para a outra.

- Bem, mas você não está com...

- Eu não estou com ninguém, Camus, com ninguém... – Mu respondeu e o deixou sozinho.

Camus observava toda a conversa de Saga e Milo, até que o cavaleiro de gêmeos pareceu se despedir, dando um suave beijo nos lábios do outro.

"Isso aí, já é demais!" Pensou Aquário revoltado, saindo de onde estava e indo até Milo que estranhou quando teve o braço seguro por Camus possessivamente.

- O que você tem com o Saga? - perguntou sem rodeios, sentia tanto ódio que acabou abandonado sua frieza e bom senso.

Milo somente o fitou com os olhos opacos, Aquário estranhou a ausência do brilho no olhar do outro, ele estava estranhamente calmo e triste, não tinha mais aquela vivacidade de antes.

- Você quer largar meu braço? - pediu com indiferença e isso machucou ainda mais o coração ferido de Camus que o soltou lentamente.

Milo saiu da arena se afastando, subindo as ruínas do templo, não tinha condições de conversar com Camus, se o olhasse se desmancharia em mil pedaços, ainda estava ferido demais e o amava demais. Aquário, Porém, não se deu por vencido e o seguiu:

- Eu não acredito em você, Milo! - disse zangado – Tudo bem que você não quisesse ficar comigo, mas, voltar pro Saga? Você sabe a relação doentia que havia entre vocês!

Milo baixou a cabeça com um sorriso irônico e amargo:

- Essa sua velha responsabilidade não é, Camus? Então você ainda se sente responsável por mim, por meus atos? Não precisa se preocupar, você já não tem motivo nenhum para se preocupar comigo, eu sei me cuidar.

- Não é nada disso, eu te... Eu gosto de você, mesmo você tendo me magoado tanto com suas mentiras e traições e não quero vê-lo machucado novamente, humilhado novamente, pois sei que é assim que ele vai deixar você!

- Pode deixar, sei me cuidar sozinho. - suspirou Escorpião escondendo uma lágrima que descia por seu rosto – Por favor, não se preocupe mais, cuide de sua vida, por favor...

Camus balançou a cabeça com tristeza.

_ Espero que saiba mesmo, porque eu não perderei meu tempo correndo atrás de você e lhe tirando do buraco que sei que ele vai jogá-lo! – disse e o deixou.

Milo deu um soco numa rocha a partindo em mil pedaços, estava cansado da piedade de Camus, do senso de responsabilidade dele, não queria sua preocupação, queria seu amor somente, e isso não tinha.

- Então você está ai? - Ele ouviu a voz de Máscara da Morte e estava tão carente que não tinha forças para repelir seus avanços caso ele tentasse, embora nunca tivessem ido pra cama, aceitava seu carinho de amigo e tentava ignorar suas reais intenções. Naquele momento, a única pessoa que poderia tê-lo além de Camus era Saga, não entendia o fascínio que ele ainda lhe exercia, uma mistura de medo e desejo, sabia que não era amor, sabia que era doentio, mas não conseguia resistir àquele que foi seu primeiro amante, aquele que sempre o humilhava e denegria; que o tratava com flores pela manhã e com espinhos à noite.

Amava Camus, amava como nunca achou que amaria alguém, mas o que sentia por Saga era algo estranho, sabia no íntimo, embora sem admitir, que tinha medo, se sentia como um subalterno que deveria obedecer as suas ordens, mesmo sem entender o motivo.

Às vezes, achava que estava louco, só mesmo louco, para cair novamente nos braços de Saga, contudo, ao que parecia agora, ele estava diferente, mais maduro, mais carinhoso e amigo e ajudava-o a superar o fim do seu relacionamento com Camus.

Milo sorriu para Câncer, mas pensava em Gêmeos.

- Já me procurando, Câncer, que saco! Você parece um cachorro no cio, credo! - reclamou Milo.

- Eu, Afrodite e Shura, vamos numa boate hoje, bebida free, quer ir conosco? - ignorou o desaforo Máscara da Morte.

- Eu não sei, primeiro, eu tenho...

- Que tem nada, ah, já sei! Vai pedir permissão ao Saga? Será o cordeirinho dele igual era do Camus? Você tem mesmo vocação pra capacho, hein, Milo! Eu estou aqui, te ajudando, sendo seu amigo e você prefere dar pra aquele puto que pra mim, você é um ingrato!

- Não sou nada ingrato, agradeço tudo que tem feito por mim e se quer saber, eu não estou dando pra ninguém... – confessou Escorpião – O Saga é meu amigo somente, assim como você, e não pedirei permissão a ninguém, só não estou em clima de boate.

- Ah, faz um esforço, eu não quero ir sozinho com o Shura e o Afrodite, você sabe que nós três já nos envolvemos e não estou a fim disso de novo, vai, por favor! – implorou Máscara da Morte.

- Ta bom, eu vou! - concordou sem convicção. Estava se sentindo estranho naquele dia, uma letargia, um enjôo, será que estava doente? Não, deveria ser o efeito das noites mal dormidas, regadas a uísque e outras bebidas, mas, aquilo nunca o afetou antes, por que agora estava se sentindo aquele trapo? Não entendia.

Quando a noite caiu, ele se aprontou para sair com os amigos, vestiu uma camisa preta e uma calça da mesma cor que se moldavam divinamente ao corpo perfeito e malhado de cavaleiro. Penteou os cabelos repicados, mas mantendo aquele jeito desalinhado e selvagem de sempre e desceu para a casa de câncer, encontrando os amigos.

- Por Zeus! - exclamou Afrodite – Você está um verdadeiro Deus grego, Escorpião!

Milo sorriu timidamente, já estava melhor do que na manhã e também mais animado.

- Vamos logo, quero encher a cara! - disse seguindo na frente e entrando no carro, poderiam ir a pé (velocidade da luz), mas, tentavam parecer pessoas normais a maior parte do tempo, e por isso, usavam geralmente os carros da fundação.

- Ah, pode deixar comigo, eu providencio as bebidas pra você. – disse Máscara da Morte com malícia.

Desde o final das batalhas, ele só tinha uma coisa na cabeça: levar Milo pra cama, e já havia se passado meses desde que recebeu sua vida de volta depois da batalha das doze casas. A Deusa fora condescendente e permitira que eles tentassem levar uma vida normal, mas, isso para alguns era impossível, a sensação de que haveria sempre uma batalha por vim, não os abandonavam por mais que tentassem e ele, às vezes, se perguntava se chegaria o dia de morrer outra vez, sem conhecer o "veneno do escorpião". Era pura lasciva, nada de sentimentos, odiava sentimentos, sentimento foi o que o ligou a Afrodite e agora o ex-companheiro estava com Shura na maior cara de pau, então, o que ele queria mesmo era sexo e sabia que Milo era o amante mais quente do Santuário, sonhava com ele o tempo todo e não mediria esforços para conseguir realizar sua obsessão.

Máscara da Morte olhou para cima do santuário e viu a figura imponente – suspirou – não deveria ter aceitado aquilo, mas, o que fazer se era a única forma de ter Milo? Estava com receio de aquele plano ir longe demais, entretanto, achava que saberia o momento de parar, além do mais, valia a pena algumas canalhices por uma noite fogosa com o amigo – O homem assentiu com a cabeça pra ele e desapareceu na escuridão.

- Vamos, Câncer, vai ficar aí parado? - gritou Shura e ele entrou no carro.

Seguiram para uma boate luxuosa e badalada no centro da cidade, os casais dançavam na pista o ritmo bate estaca da música eletrônica, mas, Milo não prestava atenção, estava no bar bebendo e pensando em Camus, se achando idiota por tê-lo deixado, por que sua mente estava tão confusa? Aquela discussão tola, ele confessara algo que não fizera, só para afastar o amor de sua vida dos seus braços? Milo tentava pensar, mas nunca foi muito bom em compreender seus sentimentos, por isso resolveu que o melhor era beber.

Na casa de aquário, dois cavaleiros conversavam, Camus tomava sua taça de vinho e Shaka apenas observava. O indiano não bebia, mas, gostava de conversar com o amigo, principalmente quando ele bebia e se tornava um pouco menos gelado.

- O que você achou da reunião? Achei meio sem sentido, tanta solenidade para comunicar algo banal como uma viagem? Às vezes, a nossa deusa se esquece quem é e se transforma apenas na adolescente mimada.

- Eu também, não entendi o que a Saori queria dessa vez, o que há de tão importante em Tóquio? - Camus solveu mais um pouco do seu vinho.

- Talvez, seja somente um capricho da nossa deusa adolescente... – sorriu Shaka – De qualquer forma, não é isso que tem preocupado minha mente nos últimos tempos, aliás, nada mais preocupa minha cabeça, além dele. - confessou o indiano corando um pouco.

- Isso é estranho para mim... – Camus sorriu com o canto dos lábios – Nunca o vi assim, nem mesmo quando namorava o Mu, acho que é a primeira vez que o vejo...

- Não fale essa palavra, ela me atormenta mais do que você possa imaginar, Camus. – disse Virgem – Meu autodomínio foi o que mais exercitei em meu árduo treinamento, não posso ser pego por esse tipo de sentimento, não pode fazer parte de mim, é mesquinho e ...

- Humano? - perguntou Camus, interrompendo as palavras do outro com um sorriso, depois ele se aproximou mais do rosto de Shaka que estava sentado a sua frente e lhe segurou o queixo ainda sorrindo – Shaka tenho uma coisa muito ruim pra te contar: você é humano.

Virgem abriu os olhos azuis celestes e sorriu, sentindo o cheiro doce do vinho tinto que vinha dos lábios do amigo.

- Eu sei, mas, não deveria ser... – falou num suspiro – Sou a atual manifestação de Buda na terra, não deveria me entregar dessa forma as minhas paixões, fui ensinado que paixão é um problema.

- Eu também acreditava nisso até conhecer o... bem, acho melhor mudarmos de assunto, você não quer mesmo uma taça?

- Não, eu...

- Ah, Shaka! Você já está apaixonado mesmo, mais uma transgressão não vai fazer mal, não fará que seja menos sagrado...– disse Camus teatralmente e o indiano riu:

- Você é péssimo com piadas, Camus de Aquário. – voltou a fechar os olhos – Mas, acho que aceitarei embora não devesse, está ficando tarde.

Camus encheu uma segunda taça e entregou-a ao amigo que tomou um gole e fez uma careta.

- É doce e ácido... – disse o cavaleiro de virgem – Queima um pouco a garganta.

Camus riu e olhou o amigo mais detalhadamente, ele sabia da missão de Shaka e se perguntava se não era um peso muito grande para um ser humano ser tão sagrado, já que como se falava, ele era sagrado do céu até o inferno e do inferno até o céu. Contudo, o que via a sua frente era um jovem inseguro, cheio de medos e apaixonado, assim como ele próprio, talvez, a vida do amigo fosse bem mais difícil que a sua, tinha certeza que era. Embora soubessem que era parte da missão de um cavaleiro, o auto-sacrifício, todos tinham no íntimo a esperança de sobreviver ao final, Shaka, não, ele não podia fugir do que ele era, do que ele nasceu pra ser, um iluminado, um ser sagrado, sem direitos humanos, acima do bem e do mal.

- Ninguém nunca me disse que vinho queimava a garganta, imagino se você bebesse uísque? - Camus tentou falar normalmente, já que percebeu que seu olhar estava deixando o amigo desconfortável.

- Você bebe uísque? - Espantou-se Virgem.

- Não, mas, já provei e é horrível – os dois riram e ele pousou a mão no ombro de Shaka que terminou sua taça de vinho, Camus encheu uma próxima e o cavaleiro de virgem não reclamou, voltou a beber, estava gostando da sensação que o vinho lhe causava, um estado de relaxamento e paz.

- Está se sentindo melhor? - perguntou Camus colocando a mão sobre a do louro que estava pousada em seu colo, sem perceber.

- Conversar com você, sempre me deixa melhor, Camus meu amigo, eu sinto é não poder deixá-lo melhor – tornou o indiano, já sentindo a cabeça rodar um pouco, o corpo parecia estranhar o álcool nunca ingerido.

- Nada no mundo me deixaria melhor, meu amigo... – disse frio dando de ombro – Porque analisando tudo, me vejo como o único culpado das atitudes do Milo.

- Como assim, culpado?

- Shaka, meu temperamento é um problema quando a questão é sentimentos, um problema que não consigo resolver por mais que tente, é de minha personalidade e ele... ele precisava tanto de palavras! Nem eu mesmo sei porque ele precisava tanto ouvir certas coisas!

- Mas, todos nós temos algum defeito sem solução, meu amigo, o meu é minha paixão fora de hora, mas, conversamos sobre isso outro dia, já é hora de ir, amanhã acordamos cedo... – volveu Shaka se levantando, porém, nesse momento se sentiu tonto e quase caiu, sendo apoiado rapidamente pelos braços de Camus, sua cabeça rodava tanto que ele não acreditou naquilo.

- Vejo que mesmo uma taça de vinho é demais pra você – disse o francês próximo ao rosto do cavaleiro de virgem, próximo demais, seu braço apoiava o corpo de Shaka pela cintura enquanto a mão segurava sua nuca e se afundava nos espessos cabelos louros, seus lábios estavam sedutoramente próximos e exalavam o doce odor do vinho, estimulando seus sentidos mais do que ele gostou.

Ficaram sem fala, somente os olhos se encontrando, perdidos um no outro, enquanto os lábios se aproximavam perigosamente, Camus puxou o corpo de virgem contra o seu e os lábios se tocaram numa carícia inicialmente suave, até se aprofundar e logo estavam num beijo louco, sugando e lambendo aqueles lábios doces e convidativos. Ele afundava a mão nos cabelos louros e as mãos de Shaka estavam cravadas em seu peito. O Cavaleiro de Aquário estava inebriado pelo vinho e o cheiro másculo que emanava do corpo do indiano, mas, quando sua mão afastou a bata que escondia a pele clara do ombro de Shaka, este o interrompeu, empurrando-o delicadamente e colocando um dedo contra os seus lábios o afastando, ofegante, quebrando um pouco o clima entre eles.

- Isso... não é certo... – sussurrou Virgem e Camus olhou para seus olhos azuis, não era os azuis que ele queria encontrar.

- Desculpe-me, Shaka, eu não sei o que aconteceu comigo. – disse se afastando e soltando o amigo, extremamente embaraçado.

- A culpa não foi só sua. – tornou o indiano corando e fechando os olhos, mas, seu peito ainda arfava – Foi do vinho e minha também, estamos muito fragilizados, eu deveria ter desconfiado que algo assim pudesse acontecer, não deveria ter feito o que fiz.

- O-o que você fez? - gaguejou Camus.

- O vinho... – respondeu corando ainda mais e se afastou em direção a saída.

- Shaka, por favor, não quero que se culpe ainda mais, você...

- Tenho que ir... - interrompeu.

- Shaka, eu...- tentou novamente Camus.

- Não se preocupe... – interrompeu o indiano – Eu também sinto muito, boa noite, meu amigo.

- Boa noite... – repetiu Camus, envergonhado demais para olhar o amigo que deixava sua casa. Por um momento pensou que deveria acompanhá-lo até a casa de virgem, afinal, Shaka estava tonto com o vinho, porém, temia que um clima como aquele acontecesse de novo e com isso, o amigo não quisesse mais sua companhia. Ambos estavam carentes e solitários, disponíveis demais, e aquilo era um perigo. Suspirou; Errara com Shaka, se não bastasse à culpa que ele já sentia por se desviar de sua missão, agora ele carregava mais uma, sua esperança era que logo, isso acabaria, a paixão de Virgem voltaria para o Santuário e tudo seria resolvido entre eles, somente para sua vida não havia solução, estava perdido, porque nunca conseguiria substituir Milo em seu coração e era os lábios dele que procurava nos lábios do amigo. Aquilo realmente não estava certo, tinha uma vontade incontrolável de procurá-lo, mas... havia o orgulho, sempre ele a emperrar os acontecimentos.

Flashback

- Milo, eu não quero fazer isso!

- Relaxa, você vai gostar! - disse o Escorpião cheio de malícia, já tirando as próprias roupas. Camus olhou aquele corpo malhado que não possuía quase nada de um corpo adolescente.

- Você é exibido demais, oh grego! - reclamou começando a tirar as suas.

- Ah, sou mesmo, e sei que você adora me olhar, pensa que não vejo?

Camus corou até a raiz dos cabelos.

- Isso é mentira! - disse e disparou com ironia – Mesmo porque não quero ter problemas com o Saga.

Milo engoliu em seco e o olhou zangado.

- Não fala nele, tá bom?

- Por quê? Ele não é seu namorado?

- Quem me dera... – dessa vez a voz de Milo foi triste, mas, logo depois ele sorriu e pegou Camus pela mão – Vem, no três!

- um... dois... três! - os dois pularam no lago que ficava afastado num bosque atrás das ruínas e que era proibida a ida dos aspirantes a cavaleiros. Mergulharam e depois de muito tempo, ascenderam rindo. Camus parou e ficou apenas observando o amigo que ria sem parar, jogando água no ar; era um quente dia de verão e Milo tivera a idéia de fugir do treinamento para aquele lugar e claro, arrastá-lo, mas, agora, vendo a alegria do belo rapaz a sua frente, Camus teve a certeza que jamais se arrependeria daquilo.

- Camus! - Milo jogou água em seu rosto – Acorda! Viu que você fica me secando!

- Eu? Que absurdo! - reclamou o francês, corando.

- Ah, Camie, não fica com vergonha... – disse com um sorriso malicioso – Todos nesse santuário me secam, é um efeito que eu causo...

- Menos em mim! - bufou Camus – E para de me chamar de Camie! Se quer saber, eu nem gosto dessas coisas!

- Não?

- Não mesmo! - Camus cruzou os braços e Milo riu descruzando os braços dele.

- Ora, Camus! Temos quatorze anos, não somos mais crianças, você nunca...

- N –não... - confessou o francês sabendo que seria zoado até a morte por Milo, mas, ao contrário do que imaginou os olhos azuis a sua frente brilharam mais intensamente e seu rosto demonstrou uma emoção não esperada pelo outro rapaz.

- Se você quiser, eu posso te ensinar – disse segurando a mão do amigo, contudo, Camus a puxou violentamente, corando ainda mais.

- Eu não quero, Milo, cai fora! - disse e se afastou dele.

- Você é um covarde, Camus! - gritou Milo, irritado, derrubando o companheiro na água – Você é um medroso, você tem é medo!

- Eu só não quero me tornar igual a você! Nunca deixarei alguém fazer comigo, o que o Saga faz com você! - desabafou Camus e ele pode ver mesmo no rosto molhado, as lágrimas se formarem naqueles lindos olhos azuis.

Milo se afastou até a margem do lago e se sentou numa pedra, a franja cobrindo seus olhos.

- Milo, eu...

- Vai embora, Camus! - pediu fraco – Acho que você já falou demais...

- Me desculpa, eu não queria dizer aquilo é que você me irritou... – o francês foi até ele, sentando ao seu lado – Você sabe que me importo com você, sabe que me importo muito.

- Ah, Camus, se você se importasse comigo, o quanto me importo com você...

- É claro que me importo. – Camus o abraçou pelos ombros – Você é meu amigo, me desculpa...

E Camus o beijou na testa, era a primeira vez que ele fazia aquilo e isso já foi o suficiente para passar a tristeza do futuro cavaleiro de escorpião. Ficaram a tarde inteira ali, não se importando com o castigo que receberiam e aquela foi à lembrança mais bela que levaram do verão.

Fim do Flashback

Milo balançou a cabeça afastando as recordações. Olhou os três amigos na pista, na verdade não tinha vontade nenhuma de estar naquele lugar, nada o divertia e por mais que bebesse; Camus não saia de seus pensamentos, e já havia bebido muito, e recebido todo tipo de cantada de homens e de mulheres. Contudo, não queria sexo, queria uma dose bem forte de qualquer coisa que aliviasse a dor do seu peito.

Abandonou o bar, se aproximando dos três cavaleiros que se esfregavam numa dança sensual e gritou para que ouvissem:

- Vou embora!

Máscara da Morte parou de dançar e o arrastou para um canto da boate.

- Ah, você não vai não! - disse o beijando, beijando seu pescoço e apalpando seu corpo – Já deu tanto trabalho te trazer, e agora, você querer partir e me deixar na mão!

- Para com isso, Câncer... – pediu Milo tentando se desvencilhar chateado – Eu não estou mesmo a fim!

- Para com isso, você! - reclamou o outro – Você tem que tirar aquele francês da cabeça, e eu estou aqui para ajudá-lo...

- Eu sei droga! Mas, não consigo! - Milo gritou enquanto o outro se afastava indo até o bar, pegou uma garrafa de uísque e voltou, levando-a aos lábios de Milo.

- Toma, vamos beber, vamos beber e logo você fica legal. - tornou e Milo virou a garrafa na boca, solvendo o líquido que queimava sua garganta, em grande quantidade.

Câncer começou a beijar seu pescoço, lamber... Milo começou a se sentir tonto, os olhos turvaram, enquanto o outro cavaleiro abria sua camisa e começava a lamber seu peito e mordiscar seus mamilos. Ele gemeu inebriado, pensando somente em uma pessoa.

- Camus... - murmurou enquanto Máscara da Morte abria sua calça, sua mente tentava raciocinar e impedir aquilo, não entendia como estava tão tonto apenas com alguns goles de bebida, era acostumado a beber e muito.

Ainda empurrou a mão do amigo que abria o zíper de sua calça e puxava seu membro o masturbando enquanto o beijava, a língua invadindo sua boca faminta, chupando cada canto, mordendo seus lábios; Milo suspirava de prazer e aflição porque não conseguia dominar seu próprio corpo e nem seus atos, apenas gemia e tentava se livrar, logo caindo numa letargia de onde não conseguia sair.

- Vem, Milo, vamos sair daqui... – disse Máscara da Morte entre beijos, arrastando o Escorpião para fora da boate.

Levou Milo para um parque que ficava atrás da casa noturna o jogando em cima de um carro, de bruços.

- Ah, eu sempre quis tanto você... - murmurou próximo ao seu ouvido – É mesmo uma tentação vê-lo assim, ao meu dispor.

- Me deixa...eu não quero - Milo conseguiu balbuciar e Máscara da Morte se interrompeu; por mais que tentasse não conseguia, por mais que desejasse aquele corpo, não podia fazer aquilo, não daquela forma e já estava arrependido. Sabia que alguém ficaria furioso com o que faria a seguir, mas, achava que era a única coisa sensata a fazer.

Câncer não era um modelo de virtudes, mas, também não era um desalmado e Milo era seu amigo, mesmo sendo também o objeto de seu mais luxuriante desejo, não podia deixá-lo daquela forma nas mãos de outra pessoa, precisava de alguém que pudesse confiar.

- Vem, Milo, vou levá-lo pra casa. - disse aflito, vendo que agora o Escorpião perdia a consciência de vez, temeu ter exagerado na dose e que Milo morresse ali e não pudesse fazer nada – Merda, acorda Milo! - gritou dando alguns tapas no rosto do rapaz que abriu os olhos debilmente.

- Camus... - balbuciou.

- Não, não é ele, mas, sei que ele poderá nos ajudar - disse Câncer pegando o celular e discando o número de Aquário. Suspirou pensando que o outro cavaleiro odiaria o que estava fazendo.

Continua...

Notas finais: Fanfiction reeditada, porque foi a primeira que escrevi e como não tinha muita experiência, fiz capítulos enormes. Impossível de se ler, então olha ela novinha aqui. Também fiz sutis mudanças que achei importante.

Essa Fic foi feita sem seguir a cronologia do anime, penso que a situei após a batalha das doze casas, depois da Saga de Poseidon e antes da Saga de Hades. Mas peço que não se prenda a isso, porque ficará muita coisa sem sentido, sei que não há intervalos entre as sagas, mas imaginei assim. Outra coisa, cavaleiros de sete anos? Pra mim pelo menos, essa é uma das loucuras do Sapo Kururumada, então por isso, aqui nessa fic, aos quatorze, Camus e Milo ainda não eram cavaleiros, se tornaram cavaleiros lá pelos dezoitos e no presente da fic deve contar com uns vinte e cinco por aí. Mesmo porque, o Ikki nessa fic não poderia ter menos de vinte (na minha cabeça não mesmo!).

Beijos e obrigada de antemão a todos os reviews deixados!

Sion Neblina