Gunpowder

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Pólvora que mata e destrói. Pólvora que liberta e vinga.

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Por muito tempo, que se prolongava ainda mais a cada tragédia inexplicada, as ruas de meu país exalaram o odor inconfundível do medo. O temor provinha dos olhos assustados que cortavam cada esquina, cada beco, cada janela. Mas somente até a noite cair, pois era até quando lhes era permitido transitar fingindo normalidade.

Onde houvesse um cidadão, havia também um medo intrínseco, sufocado e perturbante. Eles poderiam fingir que não o viam, que não o sentiam verter de cada poro de seus corpos, porém a sensação de que poderia ser atacado por uma sombra continuaria lá. A suposta segurança provida por policiais era proteção somente aos próprios governantes, os mais covardes dentre todos.

Liberdade era uma falsidade plantada naquelas almas perdidas, carregadas pelo vento incontestável de promessas tão grandiosas quanto ocas. Raros e malditos eram aqueles cujos olhos não estavam tampados, e ainda mais os que sentiam no coração arder a chama da revolução.

V, como se aprensentara até os últimos momentos e cuja memória estará eternamente cravada em minha alma, fora o idealizador de tudo. Seus gestos e palavras ainda ecoam em mim, soando como o hino do novo mundo, o mundo com o qual ele sonhava. Seus votos e desejos ainda arrepiam minha pele, e a sua ausência doída ainda traz pranto à noite.

Obliterando quaisquer previsões contra sua trama, V foi capaz de transformar este país e, indubitavelmente, me transformar também. Munido de um ideal atemporal e de uma alma elevada de esperança, ele fez cair finalmente todas as máscaras. Revelou a verdadeira face do poder e mostrou à nação que não devemos jamais renegar o que é nosso por excelência.

Rogando verdades aos condenados por suas mãos enluvadas, e não por isso menos equilibradas, ele findou sua missão para com o mundo. Sua vingança fora libertadora, e sua sombra fugaz jamais deixará nossos olhos. Mesmo os que não tiveram o prazer único de conviver com ele conhecem-no intimamente; basta olhar para dentro de si e será surpreendido por um sentimento de coragem sem precedentes. Essa sensação à beira do divino que existe em meu povo, nosso povo, é o legado eterno de V, no qual pode-se sempre confiar em momentos de em que tudo parecer perdido.

Atualmente, a fragrância que se desprende nua e imaculada das calçadas de meu país é de pólvora. O pó tão loucamente importante que será sempre não um aviso repressor como os cartazes do governo, mas um lembrete sutil do poder de um único homem. Um homem sem rosto, sem nome, sem identidade. Um homem feito de coragem, que explodira contra as injustiças cometidas contra a sua nação. Um anjo feito de pólvora e coroado de humanidade.


N/A: Plágio da Anne! E não tenho o menor pudor em admiti-lo 8D

Te plagiarei mais com certeza, pap! /fikdik

P.S.: Aberta a maratona "Mil fics de V for Vendetta" 8D (?)