Bleach não me pertence. Estraga a roupa, descolore e deixa as fibras... Ah, o Mangá... Também não.

Fanfic participante do Desafio Miss Sunshine 2009 – Porque a Nielita era foda e ficou ainda mais!!!

Tema 70 - Relógio

Eternidade

Dizem os que são mortais que a morte é o segredo inexorável. Afinal, ela é o fenômeno que os separa dos eternos. Dizem ainda que não adianta esperar pela morte, pois ela é inesperada e seus desígnios talvez sejam ainda mais inescrutáveis do que sua natureza.

E a verdade é que não esperamos pela morte. Ao menos não conscientemente e isso é um enorme alívio. Quão grande seria o nosso temor, se, da mesma maneira como os ponteiros de um relógio, fossem cadenciados os passos da morte?

Segundo a segundo. E essa consciência terrível que ronda e assombra?

Essa seria a hora de acordar e de ver que tudo é pesadelo e sonho e ilusão. Mas não. Os passos continuam, os segundos passam. E ela se aproxima.

Como ela é? Thanatos Grego, Hel Nórdica, Anúbis Egípcio? Ou mais terrível, um monstro cuja face está oculta sobre camadas indizíveis, cuja cabeleira se arqueia como coroa. E cuja voz ressoa como o mais terrível e profano dos abismos?

E a espera, deuses, a espera pela morte o estava matando. Onde estariam as badaladas derradeiras para esse marchar de passos ocos, cavos e ensurdecedores?

Szayelaporro Grantz via a morte se aproximando, uma lâmina brilhante em sua direção. E na espera daquele instante final de alívio, naquele instante final de morte, mil vezes a tortura do medo de morrer, de renunciar a sua imortalidade e perfeição, sofreu.

A morte se fazia visível a sua frente e qualquer temor que pudesse sentir era ínfimo comparado a lentidão com a qual caminhava. Aqueles passos, enervantes e apavorantes, se aproximavam.

Como o som de um relógio comum. Um som que mal pode ser ouvido nos dias mortais conturbados, mas que marcha a nosso lado, esperando uma hora designada.

Deuses, como são felizes os que ignoram esse som. Pois apenas tem de temer a hora de uma badalada súbita e a descida as trevas.

O Octava Espada não somente ouvia os passos da morte, via a monstra envolta em luz e sombra caminhando em sua direção. E ansiava pelo fim. Pois infindas vezes mais aterrador que uma doce badalada final, é o trajeto da morte, imensurável, intangível, inexprimível, a sucessão de Tic-Tacs imaginários ou audíveis, ele não mais sabia.

Oito séculos se passaram antes que Mayuri Kurotsuchi o matasse finalmente, seus passos se distanciando lentamente sobre os escombros do laboratório do Arrancar.

Descobri hoje que tenho uma compulsão entre fics e morte. Opinem sobre o fato, por gentileza.