Capítulo 1.
"Que droga, será que eu não posso ser simplesmente uma adolescente normal e passar horas escolhendo minha roupa para a festa?"– O lobo com pelo acinzentado pensou enquanto corria pela floresta negra, acompanhado com seus outros dois companheiros.
Leah ouviu um uivo, o uivo do riso; em seguida ouviu o riso humano de Jacob na sua mente. Semicerrou os olhos, essa era a pior parte de ser lobo. Pelo menos, a única parte ruim.
"Você não é mais adolescente, Leah, só se parece com uma" – falou a voz de Jacob em sua mente.
"E você se parece com uma criança, Jacob."
"Eu ouvi", pensou Jacob.
"Ótimo."
"Leah, não seja má com Jacob, ele só disse a verdade", Seth tentou aliviar, "Ele não quis dizer psicologicamente, ele quis dizer fisicamente".
"Na verdade...", começou Jacob.
"Cale a boca", preveniu Seth, "E acho que você deve usar seu vestido rosa com sua sandália prata."
"Desde quando virasse especialista nisso? E, além do mais, aquele salto é gigante! Vou parecer um travesti."
"Não vai, não", Jacob discordou, "Mulheres altas são atraentes."
Leah arregalou seus olhos castanhos.
"Nossa, você está mesmo me elogiando? Estranho."
"Como é estranho você querer ir para a festa de Nessie."
"Bom... É o aniversário de 17 anos, quando ela para de crescer, é importante para ela que todos estejam lá. E os vampiros não são tão ruim quanto parecem."
"Eu sempre falei isso", disse Jacob.
"Na verdade, fui eu", Seth corrigiu.
Todos riram.
Leah fechou os olhos enquanto corriam pela floresta, ela já sabia o caminho de cor. Sentiu o vento bater no seu corpo, balançar seus pelos. Cheirou os aromas das flores de primavera, o cheiro de terra molhado que era tão comum em Forks, mas que ela tão pouco percebia. Finalmente ela estava em paz, depois de tão longos anos com raiva, ciúme e inveja. Ela não ligava mais para Sam e Emily, e percebeu que foi infantil ter se preocupado tantos anos de sua vida com isso. Jacob estava errado, a adolescência dela estava começando agora.
"Você sofre a síndrome de Benjamin Button", Jacob brincou.
Leah riu e perguntou:
"Para onde estamos indo, afinal?"
"Nós já chegamos. Sam quer ajuda, mais um garoto se transformou hoje."
Mais um?, Leah pensou. Ela pensava que todos que tinham que se transformar já se transformaram.
"Todos que moram em La Push, você está certa. O novo garoto, Zac eu acho, é primo do Paul que veio de algum lugar do Canadá".
"Espero que ele não arranje tantos problemas como Paul arranjava", pensou Seth. "Quantos anos ele tem?"
"A minha idade", Jacob respondeu.
"Ele não está meio velho para se transformar?"
"Coisas estranhas acontecem", Jacob pensou num tom agourento.
Logo avistaram o bando de Sam, impossível de não notar tantos lobos reunidos. Na hora em que viram já conseguiram identificar o novato. Alto, mais ou menos o tamanho de Jacob, e era o único lobo com pelos totalmente brancos.
Sam avistou os três rapidamente, e então foi para atrás das árvores para voltar a sua forma humana, já que não os dois bandos não podiam ler a mente um dos outros.
Os três também foram se transformar, os dois homens colocaram um calça e Leah um vestido. Quando voltaram, perceberam que não havia mais lobos presentes, só humanos.
O novato, Zac, estava de costas, conversando com Sam e Paul. Ele era alto e tinha ombros largos, pele morena e cabelo castanho. Parece ser muito bonito, Leah pensou, grata que Jacob não podia ler a mente dela mais.
Zac se virou sorrindo – de alguma piada, provavelmente. Leah estava correta, ele era lindo. Ele olhou os três, primeiro Seth e depois Jacob, e quando seu olhar encontrou o de Leah, seus olhos verdes ficaram perturbados.
Leah arfou ao olhar nos olhos dele, sentindo uma corda apertar dolorosamente sua cintura e a puxar até Zac. Ela fincou seus pés no chão com força, mas ela mal sentia o chão. Ela estava afogando numa água densa e profunda, águas desconhecidas. Todo seu corpo ficou quente e o ar entrava com dificuldade em seus pulmões. Era como se ela fosse levada para baixo e para cima, mas tudo a levava para Zac.
Só podia ser, por toda a sua experiência, ela sabia que isso só podia significar uma coisa.
A impressão.
