Disclaimer: Trata-se de uma história cujo único propósito é entreter sem a intenção de infringir os direitos autorais das obras nas quais foram inspiradas ou auferir qualquer lucro.


Em seu leito, na mansão Luthor, Tess Mercer acordou com uma estranha sensação. As paredes e os assoalhos pareciam vibrar. Vestiu então seu peignoir de seda, deixou seus aposentos, e caminhou apressada pela mansão, enquanto passava a escutar um estranho ruído que ecoava por toda a propriedade. No escritório, notou uma luz estranhamente púrpura que brilhava intensamente do lado de fora através das janelas de vitrais coloridos. Confusa, atordoada, porém, desconfiada do que parecia ser, ela atravessou a passos apressados os corredores labirinticos da propriedade Luthor, até chegar a um quarto de hóspedes, de onde viu a luz brilhar com ainda mais intensidade de sua janela.

Hesitante, Tess se aproximou, afastando as cortinas. Foi então que ela viu nos jardins dos fundos da mansão Luthor, a órbita púrpura que encontrou no Ártico, onde Lex desapareceu há mais de um ano, e que havia misteriosamente desaparecido de seu cofre dias atrás. Por um lapso de momento, lembrou das palavras de seu assistente, no sentido que o cofre havia sido arrombado de dentro para fora, e soube que Lois Lane, afinal de contas, não tinha nada a ver com o roubo da peça. Mas pouco parecia se importar com isso agora. Sua atenção estava totalmente concentrada naquela visão surreal. O artefato brilhava e se movia em pleno ar, como se tivesse vida própria. Ela se desesperou, mas não o bastante para revidar o olhar da magnifica luz que envolvia a esfera, quando então um clarão finalmente a fez desviar os olhos a fim de protegê-los.

Quando a luz branca intensa se dissipou, Tess voltou o olhar em direção aos jardins, e viu que agora o artefato alienígena repousava na mão de uma forma humana nua, na qual um símbolo ilegível queimava às suas costas, marcando-o como a uma tatuagem, ao mesmo tempo que uma inscrição indecifrável igualmente queimava a grama dos jardins, sob seus pés.

Horrorizada, Tess não perdeu mais tempo. Correu desesperada pela mansão em direção às portas dos fundos, e quando saiu pelo acesso aos jardins, viu seus seguranças apontando as armas para o homem nu que se afastava do gramado em chamas, ainda segurando a órbita. Tentou identificar seu semblante, mas a escuridão a impedia, ainda que a esfera continuasse a brilhar na mão daquele estranho e novo ser.

"Para trás, Srta Mercer!" gritou o chefe dos seguranças ao vê-la surgir à porta dos fundos, e com a arma em punho junto com outros três colegas, todos olhando fixos para o homem que se aproximava, emergindo da escuridão dos jardins da propriedade Luthor.

"Não atirem!" gritou Tess.

Mas era tarde. Assustado ao finalmente reconhecer o rosto do homem, um dos seguranças disparou sua arma de fogo contra o invasor. Mas os disparos o ricochetearam, como se sua pele fosse revestida de aço. Confusos, todos os seguranças dispararam suas armas ao mesmo tempo, e todos os projéteis desviavam ao contato com seu corpo. O homem se aproximou do primeiro deles, e com um pequeno empurrão, atirou-o para longe, arremessando-o contra a parede da mansão, por onde escorreu uma massa de sangue e pele até o chão, onde caiu morto.

O homem se aproximou de outro dos seguranças, que tentou esmurrá-lo com toda a força mergulhando o punho em seu abdôme mas acabou quebrando todos os ossos da mão, e também o empurrou, atirando-o para longe, em direção às árvores dos jardins da propriedade Luthor. O terceiro segurança, ao notar a distração do invasor, jogou-se contra ele, mas num reflexo sobrehumano, o homem o segurou pelo crânio com apenas uma das mãos e o apertou o bastante para que mesmo Tess, de uma certa distância, pudesse escutar um ruído de algo que se quebrava dentro de sua cabeça. E sangue começou a correr incessantemte pelos olhos e ouvidos do empregado, que caiu morto aos pés daquela máquina assassina.

O chefe dos seguranças largou a arma, e puxou um punhal que jazia em um cinturão preso à canela. Foi então que o homem finalmente viu Tess a poucos passos de distância, procurando se esconder nos arbustos próximos à porta dos fundos da mansão Luthor. Seu olhar era de puro horror enquanto assistia àquelas cenas, por mais que já tivesse visto coisas inexplicáveis e mesmo horríveis. E ela finalmente o reconheceu. Sua fisionomia era idêntica a de Davis Bloome, exceto por alguns poucos anos mais velho, e um fino e alinhado cavanhaque desenhado à sua face. Ele então lhe dirigiu umas palavras, que Tess não soube identificar ou mesmo entender, e o segurança remanescente, aproveitando-se de sua distração, mergulhou contra ele a ponto de lhe cravar o punhal contra seu peito, mas a arma se quebrou, assim como seu próprio punho. Caindo sobre seus próprios joelhos, o segurança gritou enquanto segurava a mão ferida, e o invasor o ignorou por completo para se aproximar agora de Tess, a qual procurou apoio às paredes da mansão e talvez uma forma de escapar, por mais que soubesse que não houvesse como.

"Você!" apontou o homem, finalmente de forma a se fazer entendido. À contrário de Davis, sua voz era imponente, áspera e prepotente. "Você me manteve preso todo esse tempo" acusou ele, olhando agora para a esfera, referindo-se ao artefato como sua prisão.

Tess olhou alternadamente para ele e para a órbita.

"Não sei o que está dizendo" disse ela. "Eu apenas encontrei a órbita e tentava entender o que representava"

"Não minta, criatura desprezível" disse ele, dando-lhe as costas, e se voltando para o segurança que ainda gritava e gemia de dor ao chão. "Todos vocês são uns seres desprezíveis!"

O homem apontou a esfera em direção ao segurança, e um feixe de luz púrpura saiu do artefato e atravessou a testa do segurança, que caiu de costas ao chão, contorcendo-se como num ataque convulsivo.

Tess assistiu horrorizada àquele ritual, e caiu ao chão, certa de que não havia como escapar. O homem continuou a olhar o segurança, agora imóvel ao chão. Sem compreender, Tess finalmente viu o chefe dos seguranças se levantar diante do invasor, e notou que sua mão se curava sozinha dos ferimentos, e que seu olhar era agora sinistro.

"Bem vindo, Non" disse o invasor, virando-se novamente para Tess.

"Por favor, não faça isso" implorou Tess.

Mas o homem apontou a esfera em direção a Tess, e sabendo que sua vida agora corria perigo ela conseguiu reunir forças suficientes para se levantar e correr o mais depressa que podia pelos jardins da propriedade Luthor, na medida em que gritava por ajuda, e dentre seus gritos, chamou inúmeras vezes o nome de "Clark" e de "Kal-El". De repente, ela tropeçou no corpo do segurança atirado para longe, e caiu, mergulhando e cortando o rosto nos arbustos. Ao tentar se recompor, viu o chefe dos seguranças transformado aterrissar à sua frente com um sorriso cruel nos lábios, e quando tentou fugir pelo outro lado, o homem nu com a órbita surgiu de súbito, como se tivesse a alcançado à uma super-velocidade.

"Você gritou um nome" disse ele, aproximando-se dela com seus olhos fixos nos de Tess. Sua expressão era serena, e seus olhos transbordavam um ódio mortal.

Apavorada como jamais esteve na vida, Tess balançou a cabeça negativamente, imaginando porque Clark não a teria escutado, já que sabia ser ele capaz de fazê-lo.

"Kal-El" continuou o homem. "Você chamou por Kal-El"

"Não, eu... eu não sei o que eu disse" devolveu ela, ofegante.

O homem emitiu um pequeno sorriso com o canto dos lábios.

"Você poderia ter a honra de morrer pelas mãos de Zod, mas sua mentira ainda pode me ser útil" disse ele.

"Zod?" repetiu ela, confusa.

Ele então apontou a órbita em direção à Tess, que olhou horrorizada o feixe de luz púrpura emergir do artefato em direção à ela, tal como sucedido com o chefe dos seguranças. A ex-emissária de Lex Luthor caiu ao chão, contorcendo-se, e quando finalmente cessou os movimentos histéricos e convulsivos, levantou-se de forma ereta e elegante. Os ferimentos no rostos desapareceram, e seu olhar de puro desprezo pelo mundo que havia à sua volta denunciava tratar-se agora de outra pessoa, enquanto um pequeno sorriso surgia ao canto de seus lábios.

"Finalmente, livre!" exclamou ela, olhando agora para suas mãos e braços, e tocando seu corpo.

"Ursa" disse o homem abaixando a esfera, e dando-lhe as costas. "Diga-me o que essa forma de vida infeliz estava a me esconder"

A mulher, que agora usava o corpo de Tess como hospedeira enrugou a testa, e como se ainda tentasse assimilar o que se passava, disse com denotado entusiasmo ao finalmente compreender o que descobrira:

"Kal-El, meu general!"

Zod se virou para encará-la dos olhos.

"Kal-El, filho de Jor-El? Aqui? Nesse planeta imprestável?" perguntou ele, com seus olhos negros e sem brilho nitidamente alarmados.

"Sim" respondeu Ursa personificada em Tess. "Ele está na Terra, e vive como se fosse um deles. Seu nome terráqueo é Clark Kent"

Zod se virou, e suspirou.

"Então vamos encontrar Clark Kent, e acabar com ele!"

E se voltando novamente para Non e Ursa:

"E depois vamos transformar esse planeta rude numa Nova Krypton"

Non e Ursa se entreolharam e sorriram.


Metropolis, 3015

Lois cobria os olhos da luz que a envolveu instantes antes no porão do Planeta Diário, e quando o clarão se dissipou, seus olhos pousaram no anel entre seus dedos e que havia encontrado no chão após acertar Tess com a gaveta da mesa de Clark, e descobriu que se encontrava agora num lugar totalmente diferente. Tomada por um misto de confusão e desespero, Lois tentou se levantar aos tropeços em meio àquela montanha que, horrorizada, logo identificou como pedras e ossos humanos, para finalmente olhar o que havia à sua volta: a cidade de Metropolis em ruínas.


A/N: O surgimento do Zod na história foi um reboot, ou seja, é como se ele não tivesse encarnado no Lex no final da quinta temporada.