Capítulo 1 – Um Novo Começo
## Bela PoV ##
Era meu primeiro dia na nova escola. 2º ano do colegial. Tinha acabado de chegar a Forks, mal tinha desfeito as malas, mas não podia adiar esse dia. O semestre já havia começado, mas ainda faltava muito para terminar e Charlie não me deixaria esperar pelo próximo. Tinha que enfrentar isso: "a aluna nova da cidade grande". Ugh!!!
Minha mãe havia se casado novamente, há apenas alguns meses. Phil é jogador de futebol e viaja muito. Minha mãe sempre ficava em casa comigo pra não me deixar sozinha, mas isso a entristecia, e eu não podia conviver com isso. Assim, decidi passar um pouco a mais de tempo com meu pai.
Forks não era exatamente o meu lugar preferido, mas Charlie realmente tinha ficado feliz com a idéia de me ter por um pouco mais que duas semanas durante cada verão. Assim, independente do que eu sentia, eu estava fazendo felizes as duas pessoas que eu amava.
Em Phoenix eu não tinha uma vida social muito agitada, então não foi difícil deixar a cidade. Eu não tinha muitos amigos para sentir falta. Na verdade, eu sentiria falta mesmo do sol e do calor. Chuva e neve realmente não me agradavam muito. Mas eu não estava fazendo isso por mim, não é?
Estava chovendo naquele dia. Novidade. Em Forks sempre chovia. Acordei meio sem vontade. Eu realmente não queria ir à escola. Charlie me disse que eu poderia esperar um dia ou dois, mas ficar em casa hoje só iria adiar o inevitável. Eu logo teria que enfrentar o primeiro dia de aula.
Levantei cedo, pois não tinha muita certeza de onde ficava a escola, apesar de saber que tudo na cidade ficava na mesma avenida principal. Vesti-me vagarosamente e desci as escadas para tomar meu café da manhã. Charlie já estava de saída para a delegacia: ele era o chefe de polícia da cidade. Um trabalho simples, pois Forks era um lugar onde nada acontecia de verdade.
- Hey, Bells. Animada para o seu primeiro dia de aula?
Eu preferia voltar pra minha cama e tentar acordar desse pesadelo, mas isso realmente magoaria Charlie. Bem, eu já tinha vindo até aqui, agora tinha que seguir em frente com o plano.
- É, pode-se dizer que sim – foi o melhor que eu consegui dizer, esperando que ele não percebesse meu desânimo.
- Bom, estou de saída. Te vejo no final do dia. Boa sorte na escola – ele sorriu e saiu, me deixando novamente com meus pensamentos.
Preparei meu cereal e comi vagarosamente. Ainda estava cedo. Lavei a louça e dei uma última olhada no espelho. Estava tudo em ordem. Peguei meu casaco e saí de casa. A chuva finalmente tinha dado uma trégua, mas o céu escuro mostrava que não duraria muito.
Charlie tinha comprado pra mim uma caminhonete nova. Pelo menos era nova pra mim. Na verdade, ela devia ser mais velha do que ele. Mas eu estava feliz por não ter que ir andando até a escola ou, pior, de carona na viatura policial. E era um carro bem forte, daqueles que destroem tudo antes de ganhar pelo menos um arranhão. Perfeito para pessoas que atraem acidentes, como eu.
Dirigi lentamente até a escola. Não tive dificuldades em encontrá-la. Realmente ficava onde tudo o mais na cidade estava. Era um conjunto de prédios antigos, identificada por uma grande placa "Forks High School". Exatamente o que eu esperava de uma escola em Forks.
Apesar de ser cedo, já havia alguns alunos no estacionamento. Fiquei feliz em ver que todos os carros eram tão velhos quanto o meu, exceto por um Volvo prata reluzente. Ótimo. Eu não chamaria a atenção. Estacionei em frente ao prédio identificado como secretaria e entrei.
Lá dentro, havia apenas uma senhora sentada atrás de uma mesa, do outro lado do balcão que dividia a sala. Ao me ver ela se levantou e caminhou em minha direção.
- Bom dia, querida. Em que posso lhe ajudar?
- Sou Isabella Swan – eu disse sem graça, mas feliz em encontrar a primeira pessoa que não me reconheceu desde que cheguei a Forks.
- Ah, claro! A filha do chefe Swan. Seja bem vinda querida! – Ok, apenas o rosto não foi reconhecido, mas já era um começo.
- Hoje é meu primeiro dia, e eu preciso pegar meus horários de aula.
- É claro. Aqui estão seus horários e um mapa da escola, também – ela disse, me estendendo algumas folhas de papel. Então ela sorriu e me desejou sorte, não apenas na escola, mas na nova cidade.
Eu saí do prédio da secretaria e corri até minha caminhonete. Já estava chovendo de novo, e o estacionamento estava quase cheio. Contornei o prédio da secretaria e estacionei em frente ao prédio central, onde teria minhas primeiras aulas.
Quando desci, percebi que quase todos os alunos (que não eram muitos) olhavam pra mim com curiosidade. Me encolhi ainda mais. Eu realmente não queria ser o centro das atenções, mas isso parecia ser inevitável. Pelo menos por hoje. "Ok, eu posso fazer isso" menti pra mim mesma.
Caminhei apressadamente para dentro do prédio para fugir da chuva e dos olhares que eu sentia em mim, mas antes que pudesse pegar o mapa novamente, ouvi uma voz chamar o meu nome.
- Isabella Swan, certo?
Me virei tão rápido que acabei escorregando no piso molhado, mas antes de atingir o chão o garoto me pegou, me ajudando a levantar. Era um garoto louro, de olhos claros. Bonito até. E sorria largamente.
- Bella – eu o corrigi, ainda envergonhada com a situação.
Tentei me recompor rapidamente, agora irritada. Ele ainda sorria, me olhando, e eu sorri de volta mais por educação que por vontade.
- Sou Mike Newton. Bem vinda a Forks – era impressão minha ou ele parecia um cachorrinho abanando o rabo? – Qual é sua primeira aula? Eu posso te ajudar a achar o caminho.
- Acho que essa escola não é tão grande – eu disse, na defensiva, mas logo me arrependi da grosseria – mas acho que eu gostaria de um pouco de companhia.
Seus olhos brilharam e ele sorriu mais ainda. Logo começamos a caminhar. Eu teria a primeira aula com ele, então era melhor ser educada com ele. Mike era um garoto bem atencioso. Eu é que tinha problemas com toda essa atenção.
Trocamos mais algumas palavras durante o início da aula. Era incrível como ele parecia querer chamar minha atenção a todo momento, e isso me incomodava de verdade. A última coisa que eu queria na vida era um garoto tentando chamar minha atenção. Não é que eu não gostasse de garotos. Na verdade, eu não gostava mesmo. Mas só porque eu gostava de estar só. Não tinha muita paciência para relacionamentos.
A manhã finalmente passou. Não tive problemas com nenhuma das matérias. Todas estavam no mesmo nível que eu estava, ou um pouco abaixo. Pelo menos essa parte seria fácil. O difícil era que em todas as aulas sempre havia algum garoto tentando se mostrar simpático demais. Mas era só por eu ser nova na escola. Isso logo passaria. Pelo menos eu contava com isso.
Ao final da última aula da manhã me dirigi até o refeitório. O lugar era amplo e bem iluminado, com grandes janelas em uma das paredes. Havia várias mesas pequenas espalhadas e uma grande, formada por algumas mesas encostadas, bem no centro do salão. Ali estavam alguns rostos familiares, que eu reconhecia das aulas passadas, apesar de não lembrar de nenhum dos nomes.
O garoto da primeira aula acenou para que eu me sentasse junto a eles. Eu caminhei lentamente e me sentei na cadeira que ele indicou, bem ao seu lado. De repente ele me lembrou novamente um cachorrinho feliz. Ri comigo mesma.
Ali, sentada no meio da mesa, era impossível escapar do bombardeio de perguntas. Todos queriam saber mais a respeito da "aluna nova da cidade grande". Será que isso era realmente necessário? Eu não era tão interessante assim. Percebi que mesmo aqueles que não estavam na mesa comigo me olhava curiosos. Eu parecia um extraterrestre no Central Park.
Finalmente o sinal tocou. Fiquei agradecida por isso. Levantei apressada, antes que alguém tivesse a idéia de me acompanhar e continuar me fazendo perguntas. Minha próxima aula era Biologia, minha matéria preferida, e ficava no prédio mais distante. A essa altura eu não precisava mais de mapa para me localizar.
Quando cheguei à minha sala o professor já estava lá, mas pelo barulho que vinha de dentro a aula ainda não começara. Olhei em volta a procura de um lugar vazio, e então eu o vi. No canto oposto à entrada, na última carteira, ele estava lá, lindo, mais perfeito que qualquer anjo de Michelangelo poderia ser.
Ele tinha a pele branca, mais pálida que a de qualquer outro aluno ali. Seu cabelo era de um bronze diferente, e apesar de levemente desmanchados pela chuva, ainda assim estava lindo. Mas foi a perfeição de seus traços que capturou meu olhar. Ele tinha o rosto perfeito. Era de uma beleza assustadora. Eu simplesmente não conseguia desviar o olhar.
Então seus olhos me encontraram. Suas íris douradas eram tão profundas, como se pudessem ler minha alma. Ele simplesmente me olhava, sem nenhuma expressão no rosto, mas ainda assim eu sentia aquele olhar tentando desvendar todos os meus segredos. Ao contrário de todos com quem eu tinha falado naquele dia, ele não demonstrava qualquer curiosidade em relação a mim. Ele simplesmente me olhava, vazio, e ao mesmo tempo profundo.
Neste momento o professor chamou a atenção de todos, me tirando de meus devaneios, para iniciar a aula. Ele me indicou o único lugar vazio para que eu sentasse. Céus, tinha mesmo que ser ao lado dele?
Me dirigi vagarosamente até o meu lugar. Ele não olhava mais pra mim. Tinha os olhos baixos, fitando um livro fechado em cima da carteira, com uma expressão bastante séria, quase hostil. Acho que ele não queria dividir a carteira comigo. Eu deveria ficar feliz por me sentar ao lado da única pessoa em Forks que não demonstrava interesse especial em mim. Mas aquela frieza me incomodava. Por quê?
Coloquei meus livros no canto, em cima da mesa e me sentei o mais silenciosamente que eu pude, sentindo todos os olhares em cima de mim. Todos, menos o dele. Ali, ao seu lado, eu não tinha coragem de olhar para ele, apesar de cada célula do meu corpo pedir que eu o fizesse. Era estranho que, mesmo eu estando sentada o mais distante que a carteira permitia, eu sentia como se uma força me atraísse a ele.
De repente eu ouvi a cadeira dele se movendo e percebi que ele se virava pra mim. Olhei pra ele, e ele me olhava sorrindo. Mas onde estava aquele ar sério de antes? Eu tinha imaginado isso? Diante daquele sorriso, eu tinha certeza que era só minha imaginação me pregando peças, e era impossível não sorrir de volta. Novamente, eu estava prisioneira de seus olhos dourados.
- Olá – ele falou numa voz calma. – Eu sou Edward Cullen. Seja bem vinda.
Sua voz era quase musical, tão perfeita quanto tudo o mais nele. Ele me olhava, e sorria o sorriso mais perfeito que eu já tinha visto na vida. Eu estava completamente atordoada por tê-lo tão próximo. Eu simplesmente olhava-o de volta, sem conseguir articular nenhuma resposta.
- Acho que essa é a hora em que você me diz o seu nome – ele brincou, e me deixou mais desconsertada ainda. Ele era perfeito demais.
- D - d - desculpe – eu tentei, mas não consegui não gaguejar – Meu nome é Bella. Mas acho que você já sabe disso.
Ele sorriu novamente. Um sorriso leve, encantador.
- É verdade. Eu acho que todo mundo sabe. A cidade inteira esteve esperando você chegar.
Eu olhei pra baixo, envergonhada, e senti o meu rosto corar. Eu sabia que Charlie havia espalhado a notícia pela cidade, ansioso pela minha chegada. Todo o excesso de atenção que eu havia recebido até então era, em grande parte, graças a isso.
Edward ainda me olhava, com um sorriso encantador estampado naquele rosto perfeito. Como era possível haver tanta beleza em uma pessoa só? Alguma coisa muito errada devia haver naquele garoto, para compensar todo o resto. Ele não podia realmente ser perfeito. Ninguém era. Mas olhando pra ele, com aquele sorriso tão lindo, era realmente difícil não acreditar em perfeição.
- Então, gostando da cidade nova? – ele perguntou, cortando meus devaneios.
Meu Deus! Além de lindo, ele ainda era atencioso. E não era como todos os outros. Ele não me bombardeava com perguntas incômodas como os outros alunos. Ele era apenas gentil, como se só quisesse me fazer sentir à vontade. Eu não parecia um brinquedo novo e brilhante para ele.
Conversamos muito durante toda a aula. Em apenas uma hora Edward sabia detalhes da minha vida que nem mesmo minha mãe sabia. Era incrível como eu me sentia à vontade perto daquele garoto. Eu não era eu mesma perto dele.
De repente o sinal tocou, interrompendo nossa conversa.
- Acho que está na hora de ir – ele disse sorrindo um sorriso torto perfeito. – Nos vemos amanha, Bella. Foi realmente um prazer te conhecer.
E antes que eu percebesse, ele me deu um beijo no rosto, me fazendo corar violentamente. Ele saiu da sala, ainda sorrindo, mas sem me olhar novamente. Eu fiquei ali, imóvel, não sei por quanto tempo. Quando percebi, estava sozinha na sala. Não. Sozinha, não. O garoto da primeira aula, Mike, estava ali, olhando pra mim.
- É, você deve ser bem interessante mesmo – ele disse com um tom sarcástico que me irritou. – Eu nunca vi o Cullen trocar mais de duas palavras com ninguém desde que chegou à Forks. E agora vocês são o quê? Amigos de infância?
Eu lancei-lhe um olhar raivoso. Ele parecia não gostar do Edward. Mas tinha outra coisa ali. No final da frase, seu tom não era mais sarcástico. Era meio possessivo. Ciúmes? Eu não acredito!
- Não enche o saco, Mike!
Eu peguei meus livros e saí da sala apressada, até o estacionamento, que já estava quase vazio. Dirigi lentamente de volta pra casa, imersa em meus pensamentos, repassando em minha mente cada minuto daquela última aula, tentando entender o que havia acontecido ali. Quando foi mesmo que eu fiquei tão tagarela? Eu não costumava agir daquela maneira. Eu sempre fui uma garota tímida, fechada. Mas era tão fácil conversar com aquele garoto...