A Maldição do Trono

Como toda boa história, esta também começa com "Era uma vez". Era uma vez um reino vasto e prospero, chamado Bertah, com um rei, uma rainha e príncipes para herdar trono. Este lugar abençoado era governado por um homem bom e justo, dedicado a sua família e profundamente apaixonado por sua esposa, ele tinha absolutamente tudo o que se poderia desejar da vida.

O rei teve dois filhos e quando sua filha mais jovem nasceu as estrelas revelaram um dom prodigioso para ela. A jovem princesa teria o poder de prever o futuro, como Cassandra de Tróia. O que foi visto no primeiro momento como um presente, logo se mostrou uma habilidade perigosa e até mesmo agourenta, então a família real decidiu que apenas eles saberiam do talento da princesa Alice.

Certa vez, quando ela brincava com os irmãos mais velhos na sala do trono e o príncipe herdeiro sentou-se no lugar do pai, fazendo de conta que era rei, Alice ficou muda, seu rosto ficou pálido e seus olhos perderam o foco. A menina teve sua primeira grande visão e é sobre esta profecia que fala a nossa história.

Edward, o príncipe herdeiro, se tornaria rei ainda muito jovem e seria um grande conquistador de territórios. Ele seria um homem bom, de grande visão a pesar da pouca idade e devotado ao seu povo e a sua família. O destino do jovem rei seria perfeito, ninguém seria mais adorado pelo povo, nem mais amado do que ele e seu nome seriam lembrados por varias gerações futuras sempre com grande honra. O tempo passou e como previu a profecia, ele foi grandioso.

Mas uma sombra pairava sobre à casa real, bem como sobre o trono. Edward seria um grande rei, mas sua coroa correria constante perigo, pois mulher alguma conseguiria conceber um herdeiro dele. Não importava quantas jovens diferentes ele amasse, nenhuma traria estabilidade e continuidade ao nome do bravo rei até o dia em que ele encontrasse a donzela marcada com uma lua crescente. Somente esta garota conseguiria dar a ele um filho, mas ela jamais seria seduzida por ouro ou poder e desprezaria a realeza mais do que tudo no mundo.

Por muitos anos a família real ignorou a profecia da jovem princesa Alice, acreditando ser impossível que um garoto tão sadio quanto Edward fosse incapaz de produzir sua própria descendência, e eles viveram felizes na descrença por muitos anos. Quando o rei morreu, Edward finalmente foi coroado e logo começou a trazer grandes mudanças para o reino.

A primeira grande mudança ocorreu quando ele chamou para o palácio um novo general, Jasper Hale. O general era um homem destemido, racional e brilhante em sua técnica militar. Tão logo assumiu o posto junto ao príncipe Emmett, Jasper conquistou para reino um território importante que se estendia por grandes montanhas, um território onde o sol praticamente não brilhava e era dominado por um povo antigo, valente e forte.

O general Hale passou dois anos em campanha nas montanhas frias e quando retornou trouxe com ele a cabeça do antigo soberano dos Quileute. Jasper foi recebido com grande festa, se tornou um agraciado pelo rei e quando Edward perguntou o que ele desejava como recompensa a princesa Alice entrou na sala. O jovem general perdeu a fala, suas pernas fraquejaram e ele teve a sensação de ter vivido uma vida inteira em função daquele momento. Ele sentiu que sua existência presente e futura só estaria completa se tivesse aquela jovem e então ele disse ao soberano que seu único desejo era casar-se com a vidente.

Alice sabia que dês de seu nascimento estava predestinada ao conquistador de cabelos dourados e já o amava antes mesmo de conhecê-lo. O príncipe Emmett, que a esta altura já tinha uma noiva, teve que se casar rapidamente, para que então Alice fosse entregue ao general. Com dois irmãos casados, era a vez de Edward encontrar uma esposa. O jovem rei ignorou a profecia mais uma vez e tomou por sua rainha uma bela dama da nobreza, de cabelos loiros, chamada Tanya.

Dois anos de casamento se passaram e a então rainha não havia concebido herdeiro do trono, como havia sido previsto. Consecutivas vezes ela sofreu abortos e sua beleza foi decaindo com a tristeza e o desespero. Tanya foi perdendo os favores do rei, que por sua vez passou a ter varias amantes, na esperança de conseguir o filho que tanto desejava. Não agüentando a pressão dos conselheiros reais, da rainha mãe e do povo, a jovem soberana bebeu uma taça de veneno e deixou para trás uma longa fila de problemas pelos quais o reino passava.

Edward, agora viúvo, enfrentava uma série de rebeliões no território nebuloso dos Quileutes, que haviam se reunido sobre o comando de um novo líder, filho do antigo soberano. Jacob Black era jovem, ousado e carismático, além de ser o governante por direito daquela terra. Com um reino a beira de uma grandiosa revolta, era ainda mais urgente que rei tivesse herdeiros para assegurar alguma estabilidade.

Para conter a revolta, Edward enviou seu irmão para exercer os poderes de governador no território e reuniu sobre o comando do príncipe alguns homens confiáveis, entre eles um soldado experiente chamado Charlie Swan. Enquanto isso o povo do reino ignorava os problemas com os rebeldes e adorava o rei como se ele fosse um deus vivo.

A comitiva partiu da capital num dia escuro, alguns dos homens levaram consigo esposa e filhos. O chefe Swan não fugiu a regra, fazendo questão de trazer com ele a única filha que tinha. Bella Swan era apenas uma criança, muitos diziam. Não tinha mais que dezesseis anos e era normalmente quieta e introspectiva. Até então ela não tinha grandes atrativos, se não um belo par de olhos castanhos.

Por um ano, a missão de "colonização" do príncipe Emmett sofreu grandes golpes. Onde quer que instalassem um governo provisório havia sempre um grupo a serviço de Black para sabotar, saquear e incitar grandes motins. Eram dias perigosos para qualquer um que vivesse naquelas terras, fosse um Quileute ou não. Foi mais ou menos nesta época que Bella Swan começou a se interessar pelos costumes daquele povo e questionar seu pai quanto a verdadeira justiça daquela dominação. Aos olhos dela aquilo não passava de barbárie e genocídio. Homens perdiam suas terras, tinham suas colheitas apreendidas, mulheres eram estupradas e as crianças tratadas pior do que animais. Era uma visão desoladora de um povo que não havia cometido nenhum mal, enquanto os homens de Edward enchiam seus bolsos de dinheiro.

Bella passou a levar comida e remédios a alguns vilarejos próximos, onde a população majoritariamente composta por idosos, mulheres e crianças, lutava para sobreviver. Em uma tarde em que uma tempestade ameaçava cair, Bella decidiu voltar para casa cortando caminho pela floresta. O céu já estava escuro e ouvia-se ao longe o barulho dos lobos uivando. Naturalmente ela acelerou o passo, desejando chegar em sua casa o mais rápido possível. Em meio a corrida ela tropeçou e naquele infeliz momento o destino dela começou a ser traçado.

Entre as arvores surgiram vários homens, todos armados e com cara de desagrado. Eles eram enormes e suas peles tinham um tom avermelhado. Cada um deles usava uma capa de pele de lobo jogada sobre as costas, enquanto os cabelos negros e lisos chicoteavam ao sabor do vento que anunciava a tempestade.

- É uma mulher! – um deles disse rapidamente – Esposa ou filha de algum soldado, com certeza! – foi então que o maior deles caminhou até ela, agachou-se para ver melhor. Bella se sentiu intimidade pela imponência daquele homem diante dela.

- Amarrem-na. – ele disse seco e direto.

- Por favor, não! – ela suplicou – Não me machuquem. – o homem alto a encarou furioso por um momento.

- Não agredimos mulheres como os seus soldados! – ele rosnou – Mas isso não quer dizer que o alfa não ficará satisfeito em trocá-la por mantimentos e remédios. Amarrem-na logo, antes que eu perca a paciência! – os outros homens a amarram pelos braços e pernas, vendaram os olhos e a boca dela e depois de um longo tempo sendo levada para a parte mais densa da floresta, Bella finalmente foi colocada sobre um chão de madeira.

Ela ouviu pedaços de uma conversa rápida entre dois homens, sendo um deles o mesmo que havia dado a ordem para amarrá-la. Ela também sentia o aroma de comida e o calor de um fogareiro próximo a ela. De repente a venda foi removida dos olhos e da boca e ela pode encarar diretamente o homem incrivelmente imponente que estava de pé diante dela. Ele tinha o mesmo tamanho do homem que a havia capturado, mas algo nele parecia muito mais respeitável e ameaçador, além dele ser realmente atraente.

Ele andou ao redor dela, avaliando-a minuciosamente. Normalmente ela teria dito algum desaforo, mas nada nele encorajava um confronto. Então ele se sentou num canto do quarto que estava forrado e coberto de almofadas grandes e peles de animais.

- Então é você quem anda fornecendo comida e remédios à vila perto do rio. – ele disse analiticamente, como se o fato não condissesse com a imagem dela – É peculiar, no mínimo. Então me diga quem é o seu responsável. Quem é seu marido, ou o seu pai, ou qualquer que seja o homem que você acompanha. – Bella pensou em desafiá-lo, mas ele parecia tão soberano naquela posição que ela simplesmente não conseguiu.

- Meu pai é Charlie Swan. – ninguém ousaria ferir a filha do homem que era o braço direito do governador, ela pensou. O homem moreno soltou um assovio longo de grata surpresa.

- A filha do chefe da policia real! Sam e os outros merecem uma condecoração por isso. – ele riu – Por que alguém que nasceu como súdita leal de Edward ajuda vilas Quileute? – ele encarou a garota com curiosidade – Poderia fazer a gentileza de me explicar? Quem sabe assim eu seja bem gentil com você ao invés de tratá-la com uma prisioneira comum.

- Como alguém pode ser leal a um rei que mata pessoas inocentes, saqueia vilas indefesas, permite que soldados estuprem mulheres de família, escraviza crianças e velhos usando a desculpa de que aquele é o desejo dos céus? – Bella disse em voz baixa, mas não vacilou nem por um momento – Eu tenho vergonha de ter nascido na condição de súdita dele.

- Uma rebelde, como eu. – ele disse com satisfação – Aposto como você está longe de ser o orgulho da família. – ele riu enquanto Bella apenas abaixou a cabeça em constrangimento – Não precisa ter vergonha por ter nascido sobre o domínio dos Cullen. O velho rei era um homem honrado e bom, é somente o filho dele que trás vergonha a sua memória.

- O que pretende fazer comigo? – ela o encarou diretamente nos olhos e ele ponderou por um momento.

- Me diga você, como devo tratar alguém que ajuda meu povo e ao mesmo tempo serviria para obter tantas vantagens diante do governador real? – ele se levantou e foi até ela – Devo ferir alguém que simpatiza com a minha causa, ou devo tratar como um aliado, mesmo sabendo que foi criada pelo inimigo? Diga-me como ser justo, senhorita Swan.

- Não me machuque, mas ameace meu pai dizendo que vai me matar se ele não cumprir suas exigências. – ela o encarou firmemente dentro dos olhos – Pode conseguir remédios, ou a liberdade de alguns prisioneiros com isso.

- Gosto da sua idéia, senhorita. Me preocupa somente pensar que pode vender informações ao governador quando for libertada e este é um risco que eu não posso correr. – ele sorriu para ela, sem desviar os olhos.

- Não me liberte então. Quando receber o resgate você pode quebrar a promessa e não me soltar, mas se me matar, você fica com uma péssima reputação. É preferível ser um trapaceiro a um trapaceiro assassino. – ele gargalhou com isso.

- Você é realmente uma criaturinha traiçoeira. – ele disse – Sou um homem de palavra e a libertaria de qualquer jeito depois de receber o pagamento. – ela ficou corada diante do comentário – Mas não vou negar que estou tentado a mantê-la aqui por um bom tempo.

- Posso saber por quê? – ela olhou para ele como quem desafia a morte de frente.

- Porque mesmo que você seja muito jovem é uma das visões mais agradáveis que já tive. – ele tocou o rosto dela, sentindo a textura aveludada da pele clara. Bella estremeceu ao notar o quão quente era a pele daquele homem – Quantos homens você já matou asfixiados dentro destes olhos, senhorita?

- Nenhum que eu saiba. – ele riu da resposta.

- Será que o primeiro homem a morrer pelos seus olhos serei eu, Jacob Black, líder dos Quileute? – os olhos dele pareciam analisar a alma dela, pareciam tocá-la de maneiras deliciosas e constrangedoras. Aquele homem era o famoso Black, o líder da resistência e só agora ela entendia o poder que ele exercia sobre as pessoas, exatamente como um encantador de serpentes. – Qual é o seu primeiro nome, menina Swan?

- Isabella, ou só Bella, se preferir. – ela respondeu meio entorpecida.

- Pode me chamar pelo nome, toda vez que não estivermos na presença de terceiros. – ele riu mais uma vez – Sam iria odiar ver uma prisioneira me tratando com intimidade, mais ainda se visse o quanto estou sendo imprudente com uma garota como você. – ele não disse mais nada. Apenas soltou as mãos dela e ofereceu um prato de sopa.

Bella comeu calmamente, mesmo estando faminta. Ele permaneceu sentado entre as peles de animal e as almofadas jogadas no chão, olhando para ela como se estivesse admirando um pequeno felino brincar com um novelo de lã. Jacob era para ela uma lenda, alguém que sempre imaginara como sendo rude e bárbaro, mas ali era evidente que se tratava de um homem extraordinário. Ele não parecia temer coisa alguma, sua postura era confiante e seus modos eram educados. Tudo o que ele dizia parecia correto e justo, mas algo nele parecia misterioso e atraente.

Ela pensou que aquele era um verdadeiro líder. Alguém que não precisava usar de violência para ter respeito, ele transpirava isso. Bella sentiu que seria capaz de seguir um homem daquele até o fim do mundo, sem questionar, simplesmente porque ele era bom e honrado. Ela pensou até mesmo que aquele era o tipo de homem com quem ela gostaria de casar um dia e pelos olhares que ele lançava a ela, pode perceber que Jacob Black parecia mais do que interessado na aparência dela.

Os dias se passaram e Jacob Black mandou ao governo local um pedido de resgate. Ele trocaria Bella por dois homens que haviam sido presos na ultima semana e por um estoque de medicamentos e grãos. Com tudo, ele estava cada vez menos inclinado a entregar a garota como havia prometido. Ela era indomável de varias maneiras, sempre enfrentando Sam quando ele a tratava de forma ríspida, mas tinha um coração bom. Ela ajudava no acampamento de livre vontade, preparava a comida, fazia curativos em quem precisasse e fazia questão de usar roupas iguais as das mulheres da vila. Até mesmo Emily, a mulher de Sam, parecia gostar dela e a tratava como uma amiga.

Jacob estava cada vez mais fascinado por aquela garota incorrigível e desaforada. Ele passava um bom tempo arranjando desculpas para estar próximo de onde ela estava e fazia questão de que todas as noites ela ficasse presa dentro da tenda dele, sobre o pretexto de evitar que algum de seus homens pudesse violentá-la. Bella achava a coisa toda muito mais divertida do que perigosa, sentia-se útil e gratificada por poder ajudar todas aquelas pessoas a lutar por justiça e mais ainda por estar sempre perto de alguém tão admirável quanto o alfa.

Em uma das noites em que ele levou Bella para a tenda dele, Jacob ofereceu lugar para que ela se sentasse próxima a ele entre as almofadas. Ela se sentou ao lado dele e ficou observando ele de perto. Ele parecia sério e pensativo, não havia conversado durante o dia e mal comera.

- Há algo errado? – ela perguntou enquanto sua mão segurava uma mecha do longo cabelo negro dele. Ele a encarou longamente.

- Tecnicamente não. – ele disse pesaroso – Mandaram um mensageiro hoje. O governador aceitou o acordo para ter você de volta.

- E por que isso está te deixando tão incomodado? – ela perguntou igualmente contrariada. Ele a encarou intensamente e segurou uma das mãos dela.

- Seja sincera, Bella. – ele pediu – Você deseja voltar para o seu pai? – Bella ficou meio confusa com aquela pergunta.

- Para ser sincera, não quero voltar para casa e obedecer às ordens de um rei tirano, nem mesmo ver meu pai perseguindo o seu povo como se fossem animais. Também não quero deixar as pessoas daqui para trás. – ela falou em voz baixa – Mas se for o melhor pra vocês, eu irei pra casa.

- Bella, as exigências que fizemos foram em troca da sua integridade física e da sua vida, em momento algum mencionei que você seria devolvida. – ele disse seriamente – Eu não quero que você vá, mas eu preciso de um bom motivo pra mantê-la aqui. A única maneira que tenho para fazer isso é se você aceitar ser minha esposa. – Bella perdeu a fala por um momento – Não faça esta cara, você sabe muito bem que eu tenho vivido sobre o risco constante de me apaixonar por você e isso aconteceu. Tudo depende da sua escolha, não vou obrigá-la a nada. – ela respirou profundamente várias vezes, seu rosto estava pálido e suas mãos suavam.

- Você é louco. – ela disse meio incrédula – Eu venho com um viso de problema tatuado na minha pele e você me pede em casamento.

- Se eu gostasse de monotonia não estaria lutando como um rebelde. – ele a puxou para si, mantendo sua boa a alguns milímetros da dela – Não vou dar um passo a diante se você não disser que posso.

- Acho que estou louca também. – Bella respondeu e em seguida o beijou desesperada. Amava-o dês do momento em que ouviu as histórias sobre o grande líder dos Quileutes. O beijo se tornou quente e mais urgente. Ela colocou uma perna de cada lado do corpo dele, arranhando a nuca de Jake em uma exigência muda. As mãos de Jake subiram as pernas dela, suspendendo a saia dela. A menina rapidamente se livrou da túnica rústica que ele usava. Bella sentia Jacob ficar cada vez mais excitado e exigente com as mãos, enquanto a umidade entre as pernas dela aumentava consideravelmente. Ela o queria naquele momento, sem nem mesmo pensar duas vezes, até que ele separou os corpos.

- Vamos com calma. – ele sorriu abraçando-a em seguida – Não precisamos de tanta pressa.

- Por que não? – ela olhou insinuante para ele – Sei que você quer pressa.

- Quero, mas um casamento Quileute só é válido se a noiva é virgem. – ele riu sonoramente – Não vou dar desculpa pra ninguém contestar este casamento, nem Sam, nem seu pai. Então vê se não me provoca ou vou ter que dar uma lição em você, sua pequena rebelde. – então ele a deitou ao seu lado e dormiram abraçados, sem que nada mais acontecesse.

O que Jacob Black não imaginava é que na semana seguinte seu acampamento seria atacado pelos homens do governador com ordens diretas para matar todos os rebeldes, com exceção do alfa. Eles vieram no meio da noite, atacando como fantasmas, matando sem distinção.

Foi uma noite de terror indescritível, embalada por gritos de horror e pânico. Jacob, Sam e os outros homens lutaram como lobos, com uma fúria que Bella desconhecia até então. Jake ordenou que ela fosse para a floresta e se escondesse, mas ao invés disso ela permaneceu, tentando tirar algumas mulheres e crianças do meio do ataque. Enquanto ajudava Emily a levar seus filhos para a floresta, um dos homens do rei avançou sobre elas, pronto para matá-las.

Antes que o soldado conseguisse feri-las, Jacob o trespassou com a espada e neste momento outro soldado o acertou com um golpe de bastão na nuca. Jacob ficou tonto imediatamente, caindo de joelhos. Bella foi puxada para dentro da floresta por Emily, enquanto Jake era amarrado e jogado sobre um cavalo.

Quando o dia amanheceu, os sobreviventes se reunião em uma grande caverna próxima ao rio. Sam, Quil, Paul e Jared haviam escapado e conseguiram salvar um bom número de pessoas. Foram poucos mortos, a pesar de todo terror da noite anterior. Eles haviam invadido com um objetivo claro, capturar o líder e com isso tentar desmantelar a rebelião. Felizmente os rebeldes tinham uma hierarquia bem definida e na ausência de Jacob, Sam Uley assumiu a chefia do movimento.

Sabendo que Sam não aprovava a presença dela, Bella decidiu fugir do bando e procurar Jacob por conta própria. Ela sabia que não tinha chances contra os soldados, mas com um pouco de sorte ela conseguiria falar com algum dos homens do pai dela e com um pouco de jeito bolaria uma maneira de libertar Jacob, antes que eles chegassem a capital.

Ela seguiu o comboio a distancia, esperando o melhor momento para se aproximar da caravana, mas antes que este momento chegasse, o general Jasper Hale interceptou os soldados na metade do caminho e junto com seus homens, assassinos de sangue frio, cuidou do resto da escolta. Bella sabia que contra ele seria perda de tempo, o general era impiedoso e cruel, um homem que jamais vacilava em uma missão e se ele estava ali era porque o rei desejava que sua ordem fosse muito bem executada.

Após longos dias de caminhada, Bella avistou de longe os muros da capital e o grande movimento de carroças e comerciantes se dirigindo ao mercado de Bertah. Assim que avistavam o general, as pessoas abriam passagem e faziam reverencias. Frequentemente ela se esquecia que Jasper era também um membro da família real por ter se casado com a princesa Alice. Enquanto a princesa era uma figura amada pela população de Bertah, seu marido era temido como um demônio e ninguém sabia dizer o que levara a jovem a ter aceitado um homem como ele.

O comboio atravessou os portões da cidade e depois de terem sido camuflados pela multidão de cidadãos, escravos e animais, Bella viu a imagem monumental do palácio de mármore. Ela se lembrava de quando era criança, do dia em que por um acidente bobo ela adquirira a cicatriz em forma de lua. O dia em que ela se queimara com um ferro de marcar cavalos por ter se distraído observando a grande construção.

Seu pai estava marcando seu novo cavalo com a lua crescente, símbolo da família real. Ela estava distraída próxima dos instrumentos, olhando o palácio branco, quando dois garotos esbarraram nela e por acidente ela acabou encostando sua mão no ferro em brasa. Ela acariciou a marca com cuidado, depois de um tempo aquele símbolo passou a incomodá-la, pois ela sentia que era propriedade daquele maldito rei, exatamente como um de seus cavalos.

Enquanto Bella procurava abrigo na cidade sem ter a menor consciência do que seu destino reservava para ela, a princesa Alice conversava com seu irmão observando os jardins.

- O mensageiro disse que Jasper estaria no palácio até o meio dia. Ele deve estar chegando agora. – o rei disse para a irmã, fazendo-a sorrir – Quando Emmett voltar do território de Forks poderemos finalmente realizar o "triunfo" e mostrar para o povo que não é um bando de agitadores que nos farão recuar.

- Acho desnecessário, mas eu sei que sua majestade não desistira da idéia. – a princesa disse enquanto brincava com uma delicada flor. Foi então que os olhos dela perderam o foco, seu rosto ficou pálido e ela começou a transpirar. O rei já tinha visto tudo àquilo antes, sabia muito bem o que significava. Ele amparou a irmã para que ela não caísse até que os olhos dela recuperaram o foco.

- O que foi desta vez? – ele perguntou com urgência, dês da morte de Tanya ele nunca mais ignorou as visões da irmã. O lábio inferior da princesa tremeu. – Diga Alice!

- Ela está aqui! – a princesa disse – A garota da profecia. A garota com uma lua crescente!

- Tem certeza disso? – ele perguntou mal acreditando em sua sorte.

- Está na cidade. – ela respondeu – Acabou de chegar. Deve ter a minha idade. Não vi o rosto, ela usa um capuz, uma capa, não quer ser vista. – Edward acenou com a cabeça e imediatamente chamou um dos soldados mais próximos.

- Dê ordens para que todas as saídas da cidade sejam fechadas e quero um grupo de soldados perspicazes procurando em cada canto da capital por uma garota de aproximadamente dezessete anos que possui uma marca em forma de lua crescente. – o jovem rei ordenou – Para quem me trouxer a menina ofereço vinte peças de ouro. Dispensado. - soldado saiu e antes do sol se por a capital de Bertah estaria totalmente fechada. A princesa se entristeceu ao ver o quão desesperado o irmão estava, mesmo que não demonstrasse.

- Me perdoe, irmão. – ela disse timidamente.

- Por que me pede perdão? – ele a olhou com carinho. Ela era sua melhor amiga e freqüentemente era muito mais valiosa do que qualquer conselheiro real.

- Eu nunca desejei que passasse por tantos problemas por causa de uma das minhas visões. – ela abaixou a cabeça em sinal de vergonha – Mas é algo que não controlo.

- Alice, você previu cada movimento que eu daria em direção a vitória e a glória. – ele disse tranqüilo – Você viu cada batalha que eu venceria e cada momento importante da minha vida. Quando me disse sobre esta mulher você me deu uma benção e não uma maldição. Ela poderá me dar estes filhos e ser uma boa rainha para Bertah. Eu nunca te disse, mas dês daquele dia eu morro de curiosidade para saber quem é ela e por que ela é tão especial. E logo agora, quando tudo está caminhando para a perfeição, ela aparece. Era tudo uma questão de sincronia, de tempo. Tudo ficará bem, você vai ver.

- Ela é diferente, Edward. Você precisará de muito cuidado ao lidar com ela. – a voz da princesa se tornou sombria – Me prometa que será tão bom para ela quanto sempre foi para todos nós, irmão.

- Não tem com o que se preocupar, Alice. – ele disse – Ela será tratada como uma rainha.

O que rei não esperava era ter de lidar com alguém cuja honra e força de vontade jamais se curvariam diante de um soberano e ele estava muito longe de saber que era a rejeição.

Nota da autora: Eu sei, eu sei. Ainda tenho que terminar a fic da Adélia, mas não me contive quando tive a idéia para esta. Estava eu pensando nas Mil e Uma Noites e me veio à idéia para um conto de fadas meio tenebroso.

Bertah é um reino diferente, quase paradisíaco, e sua cultura mistura elementos árabes, indianos e greco-romanos. O Território Quileute é bem menor e sua capital e principais cidades foram destruídas na guerra. Edward está muuuuuuuiiiiiito longe de ser o príncipe encantado, aliás ele é muito mais um monstro do que um príncipe. Bella é uma criatura que pensa por conta própria e é uma rebelde incorrigível. Jasper = general bruto pra caralho! Alice continua adorável. Pra quem for ler esta história com a cabeça focada em seus favoritismos por um ou outro personagem (leia-se Edward) melhor parar por aqui. Tenham em mente que isto é uma fic e que tudo é possível.

No mais aproveitem e comentem PELO AMOR DOS FILHOS QUE EU PRETENDO TER UM DIA!

Bjux

Bee