N.A: No dia 25 de Julho de 2005, a EdD Brasil começava a ser publicada. No dia 14 de Dezembro de 2008 ela era encerrada. Passaram-se exatamente um ano, cinco meses e dois dias, e a EdD Réquiem é publicada. Demorou mais tempo do que eu queria, como é de praxe em se tratando de EdD, ela acaba sendo mais forte que qualquer prazo que eu dê. Mas, eu me sinto feliz por estar publicando o primeiro capítulo da última fanfic que encerra a série. São oito anos de EdD. Ter ficado quase uma década presa a um único projeto me faz pensar se eu não deveria tentar ser escritora – ou se eu sou mesmo um fracasso em se tratando de projetos pessoais. De qualquer forma, fico feliz por estar aqui hoje. Continuo – e encerro – essa fanfic por respeito ao que a série Harry Potter significou pra mim, ao mundo das fanfics, que não quero deixar como alguém que 'desistiu no caminho, e aos leitores que apareceram e desapareceram no decorrer destes oito anos.
Todos os jovens bruxos estão de volta à Hogwarts: Harry, Hermione, Rony, Gina, Draco. Todos voltam para a Europa com uma grande bagagem adquirida no Egito e no Brasil. Leah está desaparecida, junto de Voldemort. De volta ao ambiente original dos livros, é hora de todos se reunirem e se prepararem: o confronto final está mais perto do que eles imaginam. E será muito mais difícil e surpreendente do que poderiam imaginar.
Sejam bem vindos à quinta e última fanfic da série Espada dos Deuses. Espero sinceramente que se divirtam. É a única coisa que pretendo com essa série.
ESPADA DOS DEUSES
EPISÓDIO FINAL: RÉQUIEM
CAPÍTULO 01 - Recomeçar para terminar (EdD 96)
O trem diminuía a velocidade quilômetros antes de chegar à estação de Hogsmead. Um dos passageiros colocou a cabeça para fora:
- ...Ué? - estranhou Harry, ansioso para chegar - Essa não é a estação que a gente costuma parar.
Era uma plataforma improvisada e recém construída numa clareira da floresta de pinheiros.
- Parece uma estação de minhotrô. - comentou Hermione, debruçando-se na janela também.
Os dois desceram do trem, carregando as malas, olhando ao redor. Instantes depois reconheceram um ruivo alto que vinha correndo ao encontro deles, subindo pela improvisada trilha até a plataforma.
- Harry! Mione! - exclamou Rony, abraçando os amigos com força.
- E aí, Rony. - sorriu Harry, animado ao ver o amigo depois de quase um ano. - Muito tempo... você cresceu mais!
- Só um pouco. Eu acho. - disse, passando a mão na franja, que lhe caía nos olhos.
- E esse cabelo desse tamanho? - perguntou Hermione, passando a mão nos fios finos e ruivos do cabelo de Rony, que já quase chegavam aos ombros - Já inventaram a tesoura, sabia?
- Pois é. Não cortei mais, e virou isso. Mas gostei, deixa assim. - riu, colocando uma das malas nos ombros e caminhando para a mesma trilha de onde viera, dessa vez com os amigos. - Você está bonita, Hermione. Estão moreninhos. Pegaram praia, é? A gente também pegou muito sol, cozinhando naquele maldito sol do deserto. - e olhou Harry - Fala sério, Harry, você também aumentou de tamanho, cara; andou malhando bastante, não?
- Malhando? - riu Harry, olhando pro alto - Coitado de mim. Andei foi apanhando, você quer dizer. E bastante.
- ...Onde estão seus óculos?
- Ih, essa é uma longa história. - suspirou Harry. Ele reparou que em um dos braços de Rony havia uma marca escura, formando um desenho estranho em quase todo o antebraço, e, na outra mão, usava uma grande pulseira de ouro, muito brilhante, em forma de rede, que se prendia ao seu dedo médio por um anel - Ei, e você, o que arrumou nesses braços?
- Ah, é também uma longa história. Agora vamos logo, Dumbledore e os outros nos esperam numas carruagens lá em baixo.
Após alguns minutos de caminhada eles chegaram à Hogsmead, por uma improvisada trilha recém calçada, que desembocava e uma das ruas do vilarejo, passando entre casas. Duas charretes - aparentemente sem cavalos - os esperavam. Os três entraram em uma delas, onde Dumbledore os esperava.
- Bem vindos de volta. - cumprimentou, feliz, mas com a aparência um pouco cansada - Espero que tenham tido uma boa viagem.
- Muito boa. - sorriu Hermione - ...Agora eu consigo ver os tresálios.
- Eu também. - comentou Rony, sorrindo.
- Imagino que sim. - sorriu o professor, olhando Harry, que já era capaz de vê-los há anos - Que bom que podem vê-los; significa que sobreviveram para contar.
- Ah... - começou Harry, meio desconfortável - Há alguma tensão no ar, professor?
- Não. - falou, suspirando - Quer dizer, não espere ter o sossego de antes. Mas não é nada de grave ou inesperado.
Harry reparou que a outra charrete os seguia bem de perto.
- Gina, Draco, Neville e Lupin estão lá. - sorriu Rony - Sirius estava na sede da Ordem. Snape está na escola. Eles não desceram nem vieram ver vocês porque são responsáveis pelas bagagens. - e riu - Sabe como é, aquele carro é mais importante que esse aqui.
Hermione deu um sorriso meu nervoso:
- Realmente corremos riscos aqui?
- Em se tratando da Espada dos Deuses, nenhum cuidado é pouco. - explicou Dumbledore.
- ...Tem alguma notícia da Leah? Sabem se ela está bem?
O professor respirou fundo, passando as mãos pelo saiote branco que usava por cima da calça cinza claro do uniforme:
- Leah escapou. - disse, olhando os alunos - Destruiu parte da Penitenciária Mágia Sul Americana, e sumiu do território brasileiro, sem deixar vestígios. Não sabemos o paradeiro dela, porque ela foi resgatada pro Voldemort.
- ...O QUÊ? - perguntou Hermione, com voz fina.
- Voldemort salvou a Leah? - inconformou-se Harry - Nós vimos os dois duelarem quase até a morte! Os dois se cortaram, se retalharam de forma até selvagem, saíram vivos por, sei lá, sorte!
- Nós sabemos de tudo, já. - disse o professor - Mas nada é tão simples em se tratando de Voldemort e Leah.
- Talvez ele queira barganhar, foi o que pensamos. - resmungou Rony - Ele a libertou, mas não vai usá-la como moeda de troca, nem vai matá-la. Seria mais provável fazer algum tipo de trato.
- Enviamos um pedido formal ao império Brasileiro para proteger ou nos enviar Kojiro e seu filho. Por sorte, eles parecem ir muito com a cara da família dela, e resolveram colaborar. A família pode ser um alvo para uma troca entre eles, conosco por fora.
- E qual o plano? - perguntou Harry, preocupado.
- ...Nenhum. - sorriu Dumbledore, desfazendo a expressão séria - O importante era reunir todos os aurores e armas mágicas aqui. Conseguimos. Vamos esperar o próximo passo, que deverá ser deles. Voldemort está em desvantagem.
Harry suspirou, meio descontente, e olhou pela janela. Passavam ao lado da estação de trem onde desciam antigamente.
- ...O que houve aqui? - exclamou Hermione, olhando para fora.
- A estação estava completamente destruída. Parte das paredes e telhado estavam negras, ainda soltando fumaça após um incêndio. E a maior parte da construção estava tomada por inúmeras plantas, flores, trepadeiras e árvores pequenas.
- Comensais. - disse Rony - Gina e Neville encontraram com eles ontem. Sabem quem? Goyle e mais dois rapazes, acho que estão no mesmo ano que a Gina. Devem ser amadores, iniciantes. Levaram uma surra.
- Espere aí. - pediu Harry - Goyle? Alunos? Eles atacam, assim?
- Sim. Tomem cuidado ao andarem por aí. - suspirou Dumbledore, parecendo aborrecido, demonstrando que era esse tipo de coisa que o andava deixando cansado - Todos sabem que vocês são aurores. Quase elitizados. Todos que eu digo, infelizmente, são aqueles que não queríamos que soubessem. São novos, ou futuros comensais. Voldemort está recrutando muitos deles, sabemos disso. Mas não temos provas para tomar providências sólidas. Nem o Ministério quer. Então, eles ficam soltos. E, se encontram aurores, vão querer medir suas capacidades, sem se importar com o lugar onde estão.
- ...Assim, briga de rua? Como gangues? Que se cruzam num lugar e inevitavelmente brigam? - perguntou Hermione, já lamentando - Que horrível.
- Sim. - concordou Dumbledore, desapontado - Imagine que vocês são, mesmo, de uma irmandade, ou gangue, ou clã. Encontram os membros do clã rival. É quase impossível não acontecer nada. Dificilmente um auror bem preparado aceitará uma provocação, mas o outro lado não se importa com isso.
- Ah, que ótimo. - murmurou Hermione, parando de olhar a estação, já sumindo de vista, e se encolhendo no assento - Agora mal poderemos sair sozinhos? Vigilância constante?
- Sim. Tal como Olho-Tonto adora. - riu Rony - Isso cansa demais. ...Mas é bem divertido.
- Talvez hoje à noite vocês voltem para suas casas. - avisou Dumbledore, para os recém-chegados - Não precisarão ficar em Hogwarts.
- Estamos pensando em ficarmos todos na Mansão dos Black, sede da Ordem. - disse Rony, cruzando os braços - lá é mais seguro, e mais fácil de nos reunir caso seja necessário. Vocês sabem, somos aurores novos... e com armas mágicas. Somos um alvo em potencial.
- ...Não estou gostando disso.- gemeu Hermione.
- Nem eu. - concordou Harry.
Harry, Hermione e Rony foram para o Castelo de Hogwarts, e focaram esperando pelos outros na antiga sala do Clube dos Duelos.
- ...Parecem que faz tanto tempo... – sussurrou Hermione, passando a mão pelo tablado.
Rony pulou nele, sentando-se na beirada, e Harry fez o mesmo, ao lado do amigo:
- Faz tempo que vocês chegaram?
- Não. Tem três dias, só.
- Muito estranho o castelo vazio. – comentou Harry - ...Ei. Perdemos o ano letivo.
- Pois é. – concordou Rony - Mas acho que somos um caso especial, não?
- ...E essa marca no seu braço? Parece uma tatuagem.
Rony ergueu o braço, onde uma grande marca marrom escuro contornava sua pele, como uma tatuagem tribal mal feita. Parecia até mesmo um machucado com uma casca escurecida.
- É uma cicatriz de fogo. – e sorriu ao ver a cara de espanto dos amigos – Ok... acho melhor passar umas ataduras pra esconder. Chama muito a atenção. Descobri que tenho uma facilidade muito grande com magias de fogo. Minha espada mágica, inclusive, é a do fogo.
- Jura? Você tem um elemento próprio? Com espada? Que legal!
- Sim. Todos nós conseguimos desenvolver um elemento próprio. Encontramos dois pares de espadas, um do fogo outro do gelo. Gina também manipula fogo. É melhor que eu. – resmungou – Ela é mais concentrada e disciplinada. Essa marca no meu braço é de uma magia que eu mesmo acabei criando, porque chega uma hora que meu poder mágico acumula demais, e daí eu uso ele todo de uma vez. – sorriu – Então quando as cicatrizes ficam bem vivas, como se estivessem em brasa, feitas na hora... é porque meu poder está no limite. Daí tenho que liberar. Agora ela já está marrom, depois que eu uso todo o poder de uma vez, ela fica bem preta.
- ...Uau. Eu não tenho elemento nenhum. - suspirou, desanimado – Acham que eu sou como minha mãe, que conseguia lidar com todos. Mas tenho achado muito difícil. Estou usando até a espada mágica dela.
- Sorte de vocês. – murmurou Hermione, amargurada – Eu não tenho nenhum elemento. Nem espada mágica eu tenho.
- Até parece. – riu Harry – Com coisa que você é muito fracote. Você foi a única que já usou a Espada dos Deuses!
- ...Você usou a Espada dos Deuses? – exclamou Rony, arregalando os olhos para a amiga.
- Sim, ela usa a Espada dos Deuses. – disse Harry, antes que Hermione falasse qualquer coisa – E usa muito bem. Muito melhor que eu.
- ...Eu não usei porque eu quis. – defendeu-se Hermione, com voz fina – Eu usei porque eu não tive escolha!
- Você disse a mesma coisa quando matou um comensal usando um Avada Kedavra. – comentou Rony, olhando-a de esguio.
- Não é a mesma coisa. – justificou-se.
Harry saltou do tablado, quando as portas do salão se abriram. Rony ainda dizia pra Hermione, meio assustado: "tenho MEDO de você, Hermione." Dumbledore, Lupin, Sirius, Gina, Neville e Draco: todos esses bruxos puxavam dois carrinhos, e era fácil saber que dentro das compridas e lacradas caixas estavam as espadas mágicas.
- Vocês parecem ótimos. – cumprimentou Lupin, olhando o casal recém chegado.
Dumbledore, com um gesto das mãos, fez os carrinhos se alinharem, e falou, voltando-se para os alunos:
- Harry, Hermione, sei que estão cansados, assim como Sirius. – e deu uma olhada rápida para Sirius, que vinha a pedido do professor – E merecem um bom descanso. Mas não podia deixar vocês sem saber de tudo.
Os alunos se sentaram, para prestar mais atenção.
- Voltamos a nos encontrar, e numa grande vantagem em relação á Voldemort. A maioria das armas mágicas está conosco, inclusive a Espada dos Deuses. – ele moveu a varinha no ar, e as espadas saíram de suas caixas, ficando suspensas no ar.
- Uau... todas elas são muito bonitas. – comentou Harry.
- NOSSA! – exclamou Rony, olhando Harry rápido, apontando as duas maiores espadas – Aquelas duas só podem ser a Espada dos Deuses e a Matadora de Dragão, não é? São enormes!
Entre as espadas havia: uma branca, que lembrava muito a de Bellatrix; a cinza escuro, das trevas; o par de espadas do fogo; o par de espadas do gelo; a Matadora de Dragão e a Espada dos Deuses. E havia entre eles também um pedaço de pau, parecia um galho de madeira recém arrancado de uma árvore, com alguns brotinhos verdes.
Com outro movimento Dumbledore fez as chamas de uma tocha que estava na parede se mover, formar um círculo de fogo perto das espadas e, dentro desse círculo, apareceu o desenho de outras espadas.
- Estas imagens são das espadas que não temos em nosso poder. – esclareceu, apontando cada uma delas – A espada de Griffyndor, que foi destruída. Uma das espadas das trevas, também destruída. A Serrote, de Voldemort. Uma do vento, em poder de Voldemort; e a Um, espada de Leah, que contamos como perdida, já que não sabemos nem da arma nem da espadachim responsável. Em compensação... – continuou, fazendo a imagem das espadas chegar para o lado, e as espadas ali presentes ficarem em evidência – Temos do nosso lado o par de espadas do fogo, do gelo, uma do vento, uma da terra, a Matadragão, a Lua e a Espada dos Deuses. É uma vantagem inegável.
Hermione levantou a mão. Dumbledore sorriu, ao ver a ansiedade dela por perguntar alguma coisa:
- Não conhecíamos a do vento e da terra. ...E quanto à Um? Se ela estiver em poder de Voldemort, não pode fazer frente à Espada dos Deuses? ...E qual delas é a Lua?...
- As espadas do vento e da terra eram as únicas guardadas pelo Ministério. – disse Dumbledore – Nós as adquirimos formalmente quando tivemos a confirmação de que cada grupo conseguiu as espadas nos Templos Perdidos. Como você mesma disse, Hermione, tem toda a razão: a Um é da mesma forja da MataDragão. Nas mãos de alguém experiente, pode, sim, se igualar à Espada dos Deuses. Já a Lua... é minha espada mágica. – sorriu, por debaixo dos olhos – Eu a chamava de Zuzu. Troquei o nome dela porque ela foi reforjada. Mas, ainda assim, ela está numa forja abaixo das Elementais, por isso não segue nenhuma nomenclatura oficial.
Os alunos ficaram quietos. Dumbledore chamou Neville, que, sem graça, chegou ao lado dele. Dumbledore colocou a mão nos seus ombros, e incentivou:
- Vamos, conte para os amigos recém-chegados.
Ele, meio tímido, mexendo na capa branca de auror, disse:
- Eu... nesse meio tempo também me tornei auror. Acharam que minhas habilidades com plantas fosse útil. E... eu me saí bem. Então, me chamaram para integrar o novo grupo de Aurors Supremos, junto de vocês.
- Auror Supremo! – enfatizou Rony, cruzando os braços e olhando Harry e Hermione – Viram a estação de Hogsmead? Tomada por plantas e destruída? Ele quem fez aquilo.
- Eu quase pus fogo nela. – riu Gina, dolorida – Então ele não teve escolha a não ser detoná-la para me acudir.
Os amigos soltaram o longo "uau".
- ...Uso a espada da terra. – falou Neville, dando de ombros – É aquela ali, que parece um galho.
- É, ele sempre foi o melhor em Herbologia, mesmo. – resmungou Hermione, cruzando os braços, meio amargurada de lembrar.
- Cada um venha buscar sua espada mágica e volte ao tablado. – pediu Dumbledore, dando espaço para eles passarem.
Hermione vacilou na fila. Draco, até então calado, atrás dela, resmungou:
- ...Se apresse, Granger, isso não é um saldão para escolher a mais bonita.
Ela parou na frente dos professores, e foi categórica:
- Não quero usar a Espada dos Deuses. – disse, olhando chão – Usei como último recurso. Procuramos por ela tanto, foi tão difícil encontrá-la... não podemos deixá-la à vista.
Os aurores se olharam. Lupin perguntou:
- E prefere que a deixemos onde? Nessa caixa? Num cofre? Em Gringotes? Ficando de pé 24 horas ao lado dela, ou esperando irem roubá-la?
- Hermione, você sabe por que, dentre todas as espadas mágicas, ela é a mais forte, e a mais temida, não? – perguntou adiantou-se Sirius, já colocando sua espada das trevas na cintura - ...Porque ela devora almas. Cada pessoa morta por ela não morre propriamente dizendo. Sua alma é aprisionada na espada, como combustível. Ela aumenta a ambição e a força do usuário. É um ciclo vicioso. Você a usou... e não se corrompeu.
- Confiamos em você. É uma bruxa do nível de Lílian. Ou de qualquer um de nós. – sorriu Dumbledore – Se você já a usou, ainda que como último recurso, é porque você a aceitou. E a arma se sentiu bem ao ser manejada por você. Nem sempre a energia do bruxo combina com a da espada. ...Não a abandone, agora. Ela é sua companheira.
A jovem, ainda triste, ergueu os olhos para a espada, repousada no carrinho. Olhou longamente os rubis dos olhos do dragão. Tudo o que passou veio á sua mente num instante. "Sou uma sangue ruim cheia de insegurança que lutou para achar seu lugar e ser aceita. Mas eu não acho que esteja no seu nível."
Snape pegou a Espada dos Deuses do carrinho e a empurrou no colo da aluna, e disse, mal humorado:
- Vamos, pegue isso logo. Não achamos ninguém melhor para usá-la.
Os professores se olharam, e riram. Ela ficou vermelha de raiva e vergonha. Mas respirou fundo e foi para o tablado, olhando o chão, ainda com raiva. Rony, rindo, olhou Hermione:
- Não abandone sua companheira. Você sabe... garotas rejeitadas são um perigo.
- ...Engraçadinho.
Sirius, Lupin e Snape também pegaram suas espadas, mas ficaram ao lado de Dumbledore, que olhou seus alunos enfileirados:
- Coloquem a espada em suas roupas, como se fossem sair em uma missão qualquer.
Os jovens então amarraram as espadas, cada um ao seu modo. Draco amarrou a espada do lado direito da cintura, quase nas costas. Neville amarrou o cinto na diagonal, do ombro á cintura, e colocou o estranho galho perto das costelas, no lado esquerdo do peito. Gina colocou a espada do lado direito da cintura, bem rente á coxa. Hermione amarrou a espada no lado esquerdo da cintura, de forma que a espada ficasse um pouco mais inclinada que o normal. Rony amarrou na diagonal, no lado esquerdo. Já Harry colocou a espada nas costas, presa no ombro direito, quase reta.
- Percebem que colocam as armas da forma que mais sentem confortáveis? – perguntou Dumbledore – Mas apenas colocar ela na posição mais confortável... não quer dizer que seja a melhor forma.
Dumbledore ergueu a varinha na frente do rosto. Abaixou o braço de uma vez, desenhando uma meia lua... e sua antiga varinha se transformou numa fina e branca espada, com a lâmina em curva. Parecia feita do material de uma pérola. E tinha a empunhadura como uma tradicional espada de esgrima, mas que parecia feita de marfim amarelado, com desenhos florais bem detalhados.
- Essa... é a Lua. Antiga Zuzu.
- ...Há quanto tempo o senhor tem essa espada disfarçada? – perguntou Harry.
- Desde sempre. – sorriu – Quer dizer... desde bem antes de vocês terem nascido.
Ele olhou a espada por uns instantes, e começou a explicar:
- O que eu usei para unir minha espada à varinha é um processo complicado e poderoso. Sim, ela não está disfarçada, são duas armas em uma só. É uma espécie de forja mágica, onde iremos fundir a espada mágica a outra arma. A intenção nossa não é, de forma alguma, fazer suas espadas virarem varinhas, mas, sim, fazer suas armas se adequarem de forma perfeita a quem irá usá-la. – ele olhou Sirius e Lupin - ...Os senhores poderiam mostrar as lembranças?
Os dois tocaram suas têmporas com as varinhas, e puxaram um fio prateado, que soltaram no ar.
A primeira lembrança foi de Sirius: ele estava vendo Leah, jovem, em um ataque. Sua espada era uma tradicional katana de lâmina azul escuro, que ela segurou com as duas mãos, e a fez brilhar. Dois homens fortes, parecendo vikings, a atacaram, com machados enormes. Ela esticou os braços e, mesmo magra, conseguiu bloqueá-los: sua espada havia se dividido em duas. E, com isso, ela facilmente bloqueou e jogou os homens para longe.
A segunda lembrança, de Lupin, fez o coração de Harry saltar: Era Lílian, com a roupa de auror e a Matadora de Dragão na mão, parada numa rua, á noite. Metros á frente dela, já meio enevoado, um prédio alto, abandonado. E sobre o prédio, um enorme dragão negro. Aurores e domadores corriam ao lado de Lílian, na direção do prédio. A auror apenas esperava.
A ruiva olhou para trás, na direção dos espectadores – sem dúvida Lupin, no dia – para depois olhar o dragão, e agachar-se, esticando a espada do lado direito do corpo. A Matadragão diminuiu de espessura e tamanho: tornou-se pequena, fina, fácil de manusear. E correu na direção do dragão. Os olhos de Lupin acompanharam tudo: ela saltou na parede do prédio, e a espada se transformou de novo: tornou-se uma antiga arma, de duas pontas: uma pequena foice numa ponta, e uma longa corrente com uma esfera de ferro na outra ponta, um kusari-gama. O dragão voou. Lílian girou a corrente e com extrema facilidade laçou-o. Ela firmou os pés na parede de tijolos do prédio e deu um sentido tranco no dragão, que perdeu o equilibro no vôo, desenhou uma parábola no ar e caiu no chão com estrondo.
Então ela voltou a correr pela rua, enquanto a arma voltava á forma original: a grande, pesada e grossa Matadora de Dragão. O dragão tentou erguer seu corpo, mas era tarde demais: a auror já tinha lhe decapitado, com um certeiro ataque mágico.
As imagens desapareceram. Harry colocou a mão no cabo da espada em suas costas:
- ...Matadora de Dragão. – murmurou, atônito.
- O nome não é por acaso, não é? – sorriu Sirius – Imagine ela contra o dragão da Espada dos Deuses.
- Como... como podem? – perguntou Gina – Mudaram a forma das armas... elas, o senhor, e...
- E potencializamos e ampliamos a possibilidades de forma quase infinita. – disse Dumbledore, sorrindo.
- Isso é realmente possível?
- ...Treino e forja. Não adianta treinar apenas esgrima ou kenjutsu e usar uma espada que faz você se sentir desconfortável. As armas mágicas são poderosas, e canalizam a energia mágica de um bruxo. Se você não fizer isso de forma fluida... não vai adiantar nada. Será energia perdida. – ele parou na frente de Harry e Hermione - ...Soube que você sobreviveram ao Urro de Deus. Acha que se não tivessem uma boa relação com suas armas, teriam sobrevivido? Sua interação com a Espada dos Deuses, Hermione, estava em perfeita sintonia com seus desejos e sentimentos.
Hermione vacilou. Abriu a boca, mas demorou alguns segundos:
- Foi... impulso. Se Harry fosse morrer, eu decidi que morreria com ele. – murmurou, sem graça – Quase morrermos, mesmo. A empunhadura da Espada dos Deuses estava frouxa. Ela virou carvão. Achei que tivesse sido destruída para sempre.
- Sim, vocês se feriram, a espada se destruiu por absorver o impacto. – esclareceu – A arma mágica é um objeto com uma grande sensibilidade. A Espada dos Deuses se alimenta com a ambição do usuário e o alimenta com cada alma sugada, revertida em força. Mas é uma troca prejudicial. Quando ela recebeu sua energia mágica, sem esse tipo de sentimento, ela se moldou ao que recebeu. Isso faz dela uma arma quase perfeita.
O professor fez sua espada voltar a ser varinha, e a guardou:
- As armas de vocês são com um rio: ele sempre procura o melhor curso para chegar ao mar, desviando de obstáculos, desaparecendo de vista por um tempo, se necessário for. Vocês possuem as pedras, as montanhas, as represas dentro de vocês, capazes de dar à espada o curso que desejarem. É só querer.
Ninguém falou nada. Se olharam, pensativos. Neville, tímido, comentou:
- Estou feliz com a Broto assim. Não quero que ela vire um machado, uma foice, ou algo assim...
- Ótimo! – exclamou Dumbledore, satisfeito – Você está sendo o Auror Supremo mais prodígio dessa geração, Longbotton, fico feliz que já saiba o que deseja para si e sua arma mágica.
- É bom que ela fique assim mesmo. – disse Gina, virando os olhos – Com esse pedaço de pau você fez aquilo em Hogsmead... não quero nem ver se você fizer isso virar algo maior.
- Vocês agora são aurores. Aurores Supremos. – enfatizou Dumbledore – E tal como foi a primeira geração, iniciaram jovens demais. Tem muito o que aprender. Proporcional ao poder de vocês, que é grande. Demonstraram capacidade. Superaram desafios que seus experientes professores tiveram igual dificuldade em superar. O próximo passo é conhecer melhor suas novas companheiras. Só assim chegarão ao cem por cento de aproveitamento. ...Mais alguma pergunta?
- ....Perdemos o ano. – resmungou Draco, parecendo entediado de estar ali. Estava diferente: tinha raspado o cabelo, que, loiro, crescia novamente, espetado. E estava visivelmente mais forte e maduro. Infelizmente, o ar de desdém, de superior, e o típico mau humor e má vontade de sua personalidade ainda eram os mesmos - ...Vamos ter de repetir o ano?
- Não. – disse Dumbledore, fazendo os alunos ficarem sem reação – Vocês já não fazem parte de Hogwarts. Não são alunos. São... como se fossem cadetes da Academia de Aurores. – e riu – Naturalmente que não é assim, vocês já são jovens Aurores Supremos. Mas vocês estão assim cadastrados no ministério, como nossos aprendizes. O que vocês aprenderam nessa jornada superou qualquer aula dentro desse castelo.
- ...Mas eu sou um ano mais nova que eles. – reclamou Gina – Deveria começar o sétimo ano agora. Tenho... dificuldades em algumas matérias.
- Se preferir, Weasley, pode freqüentar as aulas que quiser, sem problema algum. Aposto que os professores e colegas não iriam se incomodar. – esclareceu.
- Eu e Gina fomos nomeadas Cavaleiros. – perguntou Hermione – Leah desapareceu. Como faremos? Continuamos com vocês?
- Snape também é Cavaleiro. E está do nosso lado. Usar uma roupa diferente da nossa não os faz nossos inimigos. O que importa é o que vocês carregam dentro desse uniforme.
- Falando em Leah... – comentou Harry, cruzando os braços, incomodado – Não faremos nada por ela, mesmo?
- ...Leah é imprevisível demais. – avisou o professor – É um elo perdido. Esperávamos até que ela não voltasse do Brasil. Mas, com a prisão e a fuga dela... tudo muda de figura. Temos motivos para ter certeza de que Voldemort não irá matá-la depois de ter tirado ela de lá. Mas também é certo de que ela não iria trabalhar para ele. Estamos pensando em algum tipo de 'trato' ou 'pacto' entre eles. Leah não barganha, nem faz chantagem, mas Voldemort, faz. Por isso providenciamos proteção para a família dela.
- Se Leah não serve pra nada, eles não podem simplesmente soltá-la? –perguntou Rony, não acreditando muito no que dizia.
- Talvez. – concordou – Como ela tem uma espada mágica de boa forja, talvez a libertem e fiquem com a espada. Apesar de que a espada sem Leah...
- Não lhes ocorreu que ela possa fazer um trabalho? – perguntou Draco – Do tipo "liberto você com sua arma, mas me traga a Espada dos Deuses"?
Draco acertara a suspeita. Os professores desconfiaram que, de fato, a turma ali excedia expectativas.
- Leah é autoconfiante o suficiente para isso. – afirmou Lupin – E a ponto de pensar "entrego a Espada dos Deuses, e depois tomo ela de volta, isso seria muito divertido". Mas sabemos que ela tem motivos pra ser mais fiel à nós do que a Voldemort. Ela não descartaria nossas vidas, mas descartaria a vida de comensais. De qualquer forma, ela é tratada como preocupação, agora.
- E não lhes ocorreu que Leah não seria idiota a esse ponto? – perguntou Harry, meio indignado – Voldemort solta ela e a espada. Se ele fizer isso, ela JAMAIS iria pagar dívida com ele. Leah não seria tão correta a ponto de ter uma atitude dessas. Se Voldemort soltá-la com uma condição dessas, ela vai é dar uma tremenda banana pra ele.
- Voldemort virá atrás das espadas, com ou sem Leah. Ou seja, virá atrás de nós, donos das espadas. – declarou Dumbledore – E seus comensais também. Então, a partir de hoje, voltem para suas casas, ou, se preferirem, para a sede da Ordem da Fênix. Resta estarmos preparados.
- Eu prefiro continuar com a minha avó. – disse Neville – Quero freqüentar a Ordem da Fênix, mas quero continuar morando com ela... não quero deixá-la desprotegida.
Draco abafou uma risada, que fez Gina e Rony olharem pra ele com cara feia.
- Quero ficar com Sirius. – sorriu Harry – Não acho que Voldemort vá querer ferir meus tios. E também se ferir... confesso que não me importo tanto.
- Vou conversar com meus pais, quero ficar direto agora na Ordem, também. – disse Hermione – Creio que serei mais útil a todos ficando com vocês.
- Então fico com Harry e Hermione. – avisou Rony – Não acho que meus pais vão reclamar.
- É... acho que prefiro ficar na Ordem, também. – falou Gina – Não estou animada para ficar em Hogwarts, com vocês todos na Ordem.
- Volto para casa. – declarou Draco, cruzando os braços, sorrindo – vocês sabem, minha família é de seguidores de Voldemort. Quero ficar lá até me expulsarem. Ou me matarem.
Os outros olharam Malfoy, um tanto assombrados. Ele estava mesmo disposto a comprar essa briga, de graça?
- Eu duvido que você continue do nosso lado. – desafiou Harry.
- E você acha que eu me importo com o que você pensa de mim? – riu, olhando Harry de cima a baixo – O que me interessa é ficar do lado mais forte. E, no momento, vocês são, visivelmente, o lado mais forte dessa guerra. Mas, caso a situação se inverta, e Voldemort se tornar o mais forte... não tenha dúvida de que eu irei mudar de lado.
- Filho da ...-
- Vocês mal se encontraram e já estão brigando? – exclamou Hermione, pondo-se na frente de Harry, empurrando-o para trás.
Draco deu um passo para frente, como se fosse "peitar" Harry e Hermione, empurrando-os. Imediatamente os dois sentiram frio.
- Você não é mais a única estrela, Potter. – sorriu o loiro, malvado. Ele ergueu a mão direita, e foi fácil perceber como saía de seus dedos um vapor muito gelado – Todos nós agora somos iguais. Todos aqui temos algo especial a oferecer. ...Quer experimentar um pouco do meu poder?
- Ta calor, mas ninguém precisa de picolé. – comentou Gina, interferindo, colocando a mão no braço de Draco, que o puxou com força, soltando um "ai".
- AH! Weasley. – gemeu, passando a mão onde Gina havia lhe tocado – Tire sua mão de mim. Vá queimar a bunda do seu...
- Já chega, não acham? – perguntou Dumbledore, em voz alta, fazendo os jovens se aquietarem – Muito bom saber que tem energia de sobra. Mas canalizem ela de forma decente. – ele bateu as mãos, encerando – Por hoje é só. Voltem para suas casas, arrumem-se nas novas acomodações, e descansem. Quero que procurem estudar e pensar a melhor forma de usarem suas armas e seus poderes. Nos vemos em uma semana.
E, assim, encerrou-se a pequena "reunião".
- Jura mesmo que você é um auror? Inacreditável. – exclamou Harry, olhando Neville – Não que eu não ache você capaz. As histórias de seus pais são muito legais. Mas você nunca foi...
- Combativo? Corajoso? Forte? – riu Neville, sem graça.
- Na verdade estamos todos muito felizes de ter você com a gente. – sorriu Hermione, orgulhosa – Nós sabíamos que você tinha potencial, e tínhamos medo que você, por insegurança, não... fosse pra frente. Mas é muito legal ver que você se tornou um bruxo tão forte.
- Ainda me sinto inseguro, incomodado com alguma coisa... mas acho que é só falta de costume.
- Você fez mesmo aquilo lá na plataforma? – perguntou Harry.
Neville parou no corredor e se debruçou numa das janelas, para observar o pôr do sol – que só ele tinha notado que estava acontecendo.
- É, foi. ...mas não devemos nos orgulhar disso.
- Mas foram eles que começaram, aposto.
- Mais ou menos. – resmungou, olhando dos lados - ...Gina não foi tão santa assim.
- Tá brincando que Gina os provocou? – engasgou-se Hermione, falando em voz baixa, olhando para os lados.
- Ahm... mais ou menos. Os rapazes da sonserina insultaram. Acho que são do mesmo ano, ou eram. Ela ficou brava e empurrou um deles. Mas não usou magia alguma. Só que entre os rapazes estava o Goyle, que provavelmente é um aprendiz de comensal... daí ele atacou. Gina quase incendiou a estação, que estava cheia de gente. Tive de interferir, para que ninguém se ferisse. Não podemos deixar esse tipo de coisa acontecer.
Hermione suspirou:
- ...Achei que só Draco fosse nos dar trabalho nesse sentido. Fica complicado ter mais de uma pessoa encrenqueira por aqui.
- Mesmo assim, não foi ela quem começou. – defendeu Harry.
- Não importa, Harry, ela se deixou influenciar.
- Para você é fácil, sempre centrada e controlada. Pra quem é meio esquentadinho, é difícil. Eu que o diga.
- ...Acho que já vou indo. – disse Neville – Talvez tenha missão hoje de noite. Tenho trabalhado pro Ministério, também. Vocês vão para onde?
- Quero ir para a mansão de Sirius. Definitivamente não vou aturar meus tios. – avisou Harry.
- Provavelmente eu e os Weasley também iremos para lá depois. Agora que você e Hermione voltaram, a mansão será tipo um quartel general nosso. Será legal.
- Certo. Nos vemos lá.
No topo de um prédio, no subúrbio de Londres, um vulto está 'pousado' sobre uma estátua de pedra, olhando para baixo. Sua roupa é toda negra, com detalhes em amarelo. Seus olhos, sob uma máscara de um demônio celta, também são amarelos.
E, lá embaixo, na avenida, duas carruagens passam apressadas. Com elas, quatro comensais, guiando e fazendo a segurança. Um bruxo, de branco, aparata no meio da rua: Draco. Ele aponta a varinha para o chão, e uma fina camada de gelo se forma. As carruagens deslizam, sem controle. Outro bruxo aparece, corre até as carruagens, deslizando pelo gelo, e parte as rodas de ferro com facilidade.
Para evitar um choque grande, Draco faz surgir no canto da rua um grande monte de neve, onde as carruagens batem e ficam. Ao baterem, os comensais saltam para longe, caindo no chão já com as varinhas em punho.
- Vocês não estavam achando que iriam conseguir brincar de mercado negro bem debaixo dos nossos narizes, acharam? – sorriu Draco, cínico, tirando a espada da cintura.
- Deixa que eu dou uma lição neles. – murmurou Rony, chegando á frente dos comensais, estalando os dedos das mãos.
Os comensais atiraram. Mas as varinhas deles explodiram, ferindo suas mãos, fazendo-os recuar, com dor.
- ...Não acredito que vocês tentaram usar magia de fogo! – exclamou Rony, visivelmente desapontado – Vocês são imbecis? Não sabiam que diante de um bruxo especialista em um elemento específico, não se deve JAMAIS tentar atacá-lo usando seu ponto forte? ...Idiotas!
Rony sacou a espada, e raspou a ponta dela no chão, deixando um enorme rastro de fogo. E avançou, para atacá-los.
Mas bateu de forma dolorosa numa parede transparente, que o jogou de costas, fazendo a espada tilintar no asfalto. Ele xingou, e ergueu o corpo, apoiando-se nos cotovelos.
Na sua frente, entre ele e os comensais, surgiu outra figura, agachada: lembrava o bruxo que ainda vigiava tudo lá do alto do prédio, mas era bem mais imponente. A roupa era negra também, mas com detalhes violetas. Seus ombros eram cobertos por penas negras e brilhantes. E tinha uma capa com forro violeta, mas num tom bem escuro, e a parte de fora também negra. Sua máscara lembrava o desenho de um corvo, ou um pássaro, com um bico longo, a ponta curvada. Assim como os detalhes da roupa, seus olhos e os desenhos tribais da máscara também eram violetas, como se seguissem um padrão para cada bruxo. Ao redor dos olhos, onde deveria aparecer o tom de sua pele, havia uma maquiagem escura - cuidado que todos eles tomavam: pintar os olhos para não aparecer nem mesmo a cor da pele.
Ele se ergueu, olhando Rony fixamente. O ruivo, mesmo sentindo-se muito mais forte e seguro que antes, perdeu a fala. Ele baixou os olhos, e viu que o bruxo á sua frente também carregava uma espada na cintura, mas não parecia ser nenhuma espada mágica. E aos pés dele, na frente de sua bota, estava a espada do fogo.
O bruxo mascarado colocou o bico da bota por debaixo da espada, e num rápido movimento a jogou para cima, agarrando-a entre a lâmina e o cabo: onde vários desenhos em relevo se entrelaçavam, como se fossem labaredas de fogo.
- Ah! Não! Minha espada! – exclamou Rony, levantando-se.
- Seu estúpido! – xingou Draco, com a espada do gelo nas mãos, mas sem saber se deveria atacar ou não.
O misterioso bruxo olhou os rapazes durante alguns instantes... e jogou a espada para Rony, que a pegou no ar e a abraçou com força.
- ...Me devolveu. – gemeu Rony, em voz baixa, assustado, olhando o bruxo, que dava uns três passos para trás.
- ...Não quer nos enfrentar? – perguntou Draco. Ele deu um sorrisinho nervoso – É só chamar aquele seu amigo lá do alto, que fica uma briga justa.
O bruxo olhou estreitamente para Draco, dando a impressão de que sorria da percepção aguçada do loiro. Depois olho para Rony, e disse, com voz suave:
- Tome mais cuidado da próxima vez, rapaz. – A pessoa falava de forma sedosa e calma, de propósito. Era uma voz firme e grossa, mas não dava para ter certeza se era um homem ou uma mulher - ...Nós não seremos tão legais assim.
Depois olhou Draco novamente, fez um gesto para os comensais, e desapareceram.
Rony ficou sem reagir. Que cagada! E que sorte. Perdeu e recuperou sua espada mágica num instante, graças à boa vontade do inimigo. Draco olhou para trás, e procurou pelo outro bruxo no alto do prédio. Mas ele também tinha desaparecido.
- ...Acho que esses bruxos coloridos são os Cavaleiros do Apocalipse.
Rony estava ocupado tentando dar o maior numero de nós possível na espada, prendendo-a na cintura.
- Eles sumiram, Draco. Não existem mais. Quer dizer... Leah, Snape, Gina e Hermione são, mas estão do nosso lado.
- Mas quase todos os Aurores Supremos morreram, também. – lembrou Malfoy – E cá estamos nós. Voldemort pode muito bem ter reunido outra equipe.
- Oh, é mesmo. Tem razão.
Os dois caminharam até as carruagens, e abriram uma delas, que estava carregada de material mágico. Parecia matéria prima para alguma coisa. Barras de metal, vidros contendo inúmeras pedras brilhantes, pregos, pinças grandes, martelos.
- ...Isso é material de forja. – murmurou Draco, estranhando.
- Voldemort resolveu virar ferreiro?
Draco olhou para a outra carruagem, e arrancou-lhe a porta, que tinha se amassado. Os dois jovens apontaram as varinhas para dentro: lá, um homem muito velho, e muito curvado, estava meio enrolado com a própria capa, enroscada em sua própria cabeça por causa do pequeno acidente.
- ...Boa noite, vovô. – cumprimentou Rony, cínico.
- Que coisa feia... – repreendeu Draco, também de forma cínica – Andando em má companhia?
O velho se desvencilhou da capa, resmungando, colocando os óculos fundo de garrafa no rosto:
- Achei que nunca fossem me tirar daqui, seus... COF! ...Seus frouxos. – reclamou Tio Gon.
N.A 1: Vamos a um bate papo mais informal: já disse que estou feliz, e repito: estou feliz. E espero conseguir terminar a Réquiem. – claro que vou terminar, só espero que seja mais rápido do que as fics anteriores. Tentarei manter o ritmo de um capítulo por mês, ou a cada 20 dias. Mas não prometo, porque, como sabem, escrevo primeiro no caderno. Ainda estou sem ritmo, desanimada, mas espero 'pegar firme' e adiantar bastante os próximos capítulos. TUDO nessa fic acontecerá MUITO RÁPIDO. Não será "corrido", "ás pressas", mas... será rápido. Não há nada para se inventar ou acrescentar, como tinha na EdD Saara e Brasil. Preparem-se.
N.A 2: A Réquiem tem o Capítulo das Trevas. Vocês saberão quando ele irá começar. Provavelmente o Capítulo das Trevas tome metade da Réquiem, porque ele é importante. Mas eu acho que vou gostar disso. Na Réquiem tem a Lílian, e, bem, eu adoro a Lílian na EdD. Ela é muito forte e sempre faz tudo ficar sem graça porque ela vence todo mundo. XD
N.A 3: Reli o começo e o fim da EdD Brasil para repetir a estrutura das . E me emocionei ao falar da fic e dos leitores. Bom, sei que nesse um ano muitos desistiram de vez da fic. Muitos estão sumidos. Espero que, com o tempo, descubram que a EdD Réquiem voltou, e venham dar o prazer da companhia. Me sentirei honrada de tê-los novamente por aqui.
N.A 4: Nesse um ano muita coisa mudou na minha vida. Estou passando por uma fase muito difícil, e isso interfere muito na minha produção. Quando você está numa má fase, tudo vai mal: seus estudos, as notas da escola, seu trabalho começa a ficar chato. Agora imaginem no meu caso: alguém que vive de escrever e desenhar. Uma má fase, uma depressão, literalmente destrói isso. Não há porquê produzir. Não há prazer em produzir. Nesse ano, eu publiquei a Trilogia L², que foi divertida de fazer. Mas não era nada se comparada à EdD. Bem, voltemos pro "trabalho de gente grande". Vou melhorando devagar, e quero fazer da EdD uma terapia alternativa.
N.A 5: Estou começando a EdD Réquiem sozinha. Não existe mais fandom de HP, nem livros, nem sites nem fóruns que "bombam" como antigamente. Não tenho mais os leitores de antes, assíduos, quase... tarados? – sei que comecei essa fic sozinha, e provavelmente terminarei ela sozinha. Mas será bom. Uma prova e tanto. Sempre tinha a companhia de uma ou duas beta readers, para corrigirem tudo da fic e deixá-la impecável de se ler. Por isso peço desculpas pela qualidade de escrita baixar de nível drasticamente. Mas sou eu por conta própria, e releio tanto o capítulo que meus olhos 'viciam' e não pegam todos os erros. E eu tinha os amigos que ás vezes até liam o capítulo um dia antes de eu publicar. Não tenho mais nada disso. Mas a vida é assim, cada um vai procurar seu caminho, sua melhor maneira de viver. Mudar é bom. Como diz Rafiki nO Rei Leão, mudar é bom, mas não é fácil. Eu mudei muito. Comecei a escrever a EdD com uns dezoito anos. Hoje tenho vinte e seis. Não sei como será fazer e publicar a EdD completamente sozinha, longe da febre de Harry Potter, num mundo onde a moda atual é gostar de bandas de adolescentes meio 'viados' que se vestem de colorido, como os japoneses estilo Changeman e Flashman da minha infância, e onde a referência de leitura é uma série onde os lendários e perigosos vampiros brilham no sol, coisa que só a fada Sininho fazia, na minha geração. Então... não sei se a EdD serve pro mundo de hoje. Talvez eu seja só uma velha saudosa, rabugenta, quase uma 'indie'- aquela tribo alternativa que só gosta de coisas alternativas que não fazem sucesso em lugar algum, a não ser em se mundinho indie restrito
N.A 6: BOM... chega de papo. Obrigada por estarem aqui de novo. Estamos só começando. Visitem o site, e a comunidade do Orkut! xD Até o próximo capítulo: A Elite.