Minha vida com James

Ser um elfo doméstico deve ser péssimo. Nunca gostei exatamente desse negócio de mandar os coitadinhos fazerem a limpeza, mas agora que eu vejo pelo ponto de vista deles (sério, minha mãe e Petunia devem ter algum problema, porque elas insistem que o fogão BRILHANTE que eu estou limpando tem sujeira.) soa bem pior do que eu imaginava.

Quero dizer, a família do meu namorado (oh céus, eu tenho que me acostumar com isso, fato) tem um, mas ela é bem cuidadinha. E os elfos de Hogwarts também são extremamente bonzinhos bem cuidados...

Se bem que eu poderia mesmo criar um movimento para os elfos serem bem tratados e...

- Pronto, querida, pode ir.

Hã? Ah, valeu, mãe. Joguei o pano que eu estava usando para limpar o fogão e corri para o banheiro (observação: quando eu olhei para trás, Petunia tinha começado a limpar o fogão. Mãe, psicóloga pra ela)

Minhas roupas estão nojentas, preciso de novas, urgente. Isso soou extremamente Narcissa Black. Preciso parar com isso, ou meu cabelo vai começar a descolorir naturalmente, como diria Dorcas.

- Oi! – falei, envolvendo meus braços em volta do pescoço de James. Ele tinha crescido uns bons dois centímetros. Ótima notícia para mim, e minha altura insignificante.

- Minha mãe anda viajando um pouco, e resolveu fazer uma festa de aniversário para Sirius.

- Achei que Sirius não gostasse de festas de aniversário.

Bom, digamos que a cara dele quando tentamos fazer uma ''surpresa'' de aniversário para ele ano passado não foi muito legal. Acho que ele tem medo de ficar velho, fato.

- E ele não gosta, mas a minha mãe que deu a idéia, então ele não vai latir.

Eu nunca entendo esse negócio de latir. Uma vez, James disse que se Peter guinchasse sobre nós, ele ia apanhar. Sirius parece ''latir'' mais vezes do que é saudável. Releve e ignore, Lily. Releve e ignore. Sempre.

Quando chegamos, a casa mansão estava como sempre. Gigante, confortável e bonita. Nunca vou me cansar de ir até lá.

- JAMES! JAMES VEM AQUI, SUA GAZELA!

Sirius. Sério, ele me surpreende. Todo dia. Quando você pensa que ele superou sua capacidade de irritar e me fazer rir ao mesmo tempo, ele vem e faz algo mais chocante.

Andamos até o quintal, e Sirius abriu um sorriso gigantesco e começou a pular no lugar.

- Sirius, mas o que...

- Olha só, olha só! – ele respondeu, apontando para a cerca.

Eu nunca tinha reparado nos vizinhos da casa – mansão. Talvez fosse porque a casa em si era tão surpreendente que os vizinhos não eram tão importantes assim, mas pelo jeito Sirius reparava.

A casa estava cheia de gente, entrando e saindo com caixas de papelão. Mudança, com certeza. Já estava me perguntando quem seria o novo vizinho de James, quando um carrinho cor de rosa parou no portão.

- Que carro é esse?

A porta do motorista abriu, e de lá saiu uma mulher muito bizarra. Ela era alta, loirona (de farmácia! As sobrancelhas eram castanhas, yep.), e obviamente achava que tecido não devia ser desperdiçado em roupas.

- Merlin! De onde ela é? – perguntou Sirius. Olhei para o lado. Eu não sabia se ria ou chorava, porque ele estava pateticamente de quatro, espiando por uma fresta da cerca.

- Sirius! Por deus, que mau gosto. Ela tingiu o cabelo pra ficar loiro e... Tingiu o cachorro?

Atrás dela, vinha um poodle bem pequeno, rosa. Vou reclamar para a proteção aos animais. E depois vou canonizar Narcissa Black, como símbolo de pureza, castidade e simplicidade.

- Ela é gostosa.

Boa conclusão, Sirius. Quer um balão?

- É...

Limpei a garganta. Acho que os dois meio que esqueceram de mim.

- Oi!

- Ah, Lily...

Revirei os olhos.

- Eu achei ela vulgar.

Mas apenas James estava escutando. Sirius tinha começado a arrumar os cabelos.

- Aonde você vai?

- Me apresentar.

- Boa sorte. – retruquei, e cruzei os braços.

James riu, e disse:

- Tente paquerar o poodle, ele parece que a gostar de você.

- Idiota. Vai ver.

Mas o que exatamente ele ia ver eu não ia descobrir, porque a Sra. Potter saiu da casa – mansão a todo vapor, e começou a falar conosco:

- Ah, Lily querida, que bom que chegou. James te disse da festa? Ah, tenho certeza que sim! Vamos logo, tenho que correr com os preparativos, estou tão feliz!

Sirius ficou vermelho.

- Tia, sério, realmente não precisa...

- Imagina que não precisa, Sirius! Seu décimo sétimo! James, venha logo, preciso de uma ajudinha com as cortinas da sala.

Revirando os olhos, James foi junto com ela para dentro da casa, e eu acabei lá, tendo que aturar o Sirius babando pela vizinha.

- Sabe, eu achei ela vulgar.

- Eu achei ela gostosa.

- Ela não é gostosa, só está quase nua.

- Grande coisa.

- Quantos anos você acha que ela tem?

- Será que ela vai pra minha festa, se eu chamar?

Revirei os olhos. Sério, isso tá virando hábito.

Quando entramos na casa mansão junto da Sra. Potter, que começou:

- Viram a nova vizinha? Ouvi que ela ia chegar ainda ontem!

- Sabe alguma coisa dela? – Sirius perguntou, piscando os olhos pesadamente, o que me fez lembrar as bonecas da Petunia. Isso foi nojento.

- Só sei que se chama Joan. isso, Sirius.

- Acha que ela viria na festa? – ele repetiu a pergunta que tinha feito a mim. Sorri diabolicamente quando ela virou – se para ele, com as sobrancelhas levantadas.

- Não. Sério, querido, eu acho que ela é velha demais para você.

Ele revirou os olhos.

- Já ouviu falar em "o amor não tem idade" ?

James olhou para ele, sarcástico.

- Já ouviu falar em pedofilia, Sirius?