N/Bru: Pessoal, chegamos ao último capítulo. Essa fic foi a segunda de uma trilogia, que começou com The Scientist with the Child. Então, podem esperar a continuação dessa para breve. Obrigada por todas as reviews, mesmo!
Capítulo Dezenove.
"Bones! Eu preciso da sua ajuda!"
Ela o acompanhou com os olhos enquanto ele entrava apressado por sua sala. O mini-jaleco azul que ela finalmente o presenteara meses atrás envolvendo sua pequena forma. Brennan não conseguiu esconder o sorriso que apareceu no seu rosto ao compará-lo ao pai. Os mesmos olhos. O mesmo coração. E claro, a mesma forma explosiva e sem cerimônia com a qual entravam pelo seu escritório.
"O que é engraçado?" – Ele franziu o cenho, parando em frente à mesa dela e momentaneamente esquecendo o motivo pelo qual estava ali.
"Nada." – Ela retomou sua postura, os cotovelos apoiados na mesa e os olhos atentos nele. – "Do que você precisa, Parker?"
"Nós precisamos fazer uma festa de aniversário para o papai! E eu preciso comprar um presente. Claro que mamãe poderia me ajudar na segunda parte, mas eu sei que você o conhece melhor do que qualquer um de nós."
Brennan levou um tempo para voltar a falar, e quando o fez, soltou um leve suspiro.
"Você tem certeza de que não precisa da minha ajuda para uma coisa mais fácil? Como, por exemplo, alguma tarefa da escola? Do clube de ciências do Jeffersonian?"
No início do mês, os dois haviam conseguido a permissão dos pais do garoto para inscrevê-lo no novo clube de ciências do Instituto. Uma idéia de Brennan que foi aceita com um pouco de relutância pelo diretor do local. Desde a viagem com a intenção de visitar o museu em Nova York, 5 meses atrás, Parker nunca mais havia ficado tão empolgado.
"Por favor, Bones." – Ele a implorou, olhando-a diretamente nos olhos com uma expressão que ainda não tinha falhado em convencê-la a fazer o que quer que ele pedisse.
"Parker, essas datas comemorativas,"
"Eu sei o que você vai falar, ok?"
Dando uma volta rápida na mesa, ele rapidamente estava ao lado da cadeira dela; e com um esforço, a girou na sua direção. Antes que Brennan percebesse o que estava fazendo, abriu suas pernas, e o garoto se posicionou entre elas como se fosse natural aquela posição para eles. Talvez fosse.
"Escute, Bones." – As pequenas mãos dele pegaram cada lado do rosto dela. – "É para o papai. Para o seu parceiro e namorado. É claro que vamos comprar presentes, porque é isso que fazemos em aniversários, mas a data não é apenas para gastarmos dinheiro. Você sabe disso. Vamos comemorar juntos em um dia especial para ele. Dinheiro e presentes, apesar de fazerem parte do momento, serão as últimas coisas nas nossas mentes. Certo, Bones?"
Ele sorriu vitorioso ao vê-la pendendo a cabeça para trás, saindo das mãos dele. Segundos depois, ela o surpreendeu sentando-o no seu colo.
"Sério, Parker, quantos anos você tem?"
"7 anos, Bones."
"Eu preciso confirmar na sua certidão de nascimento."
Ele gargalhou, ela imitando-o logo em seguida.
"Você me ensinou que um argumento bom é uma das melhores armas que podemos ter ao nosso favor."
"Ensinei?" – Ela perguntou e fez cócegas nele
"Ensinou, Bones." – Ele conseguiu dizer entre risadas.
Ele respirou fundo quando ela eventualmente parou, e com o fôlego de volta, angulou sua cabeça para encará-la.
"Você vai me ajudar, não vai?"
Ela teria que ignorar aqueles olhinhos pidões e o tom de sua voz doce para dizer não.
"Vou." – Ela falhou ao tentar fingir irritação. Ele riu de novo. – "E você tem que parar de me convencer a fazer o que você quer tão facilmente, mocinho."
"Tarde demais, Bones. Você já caiu nas garras dos Booths."
Em um salto, ele saiu do colo dela, sabendo que estaria em apuros se continuasse ali.
"Eu vou falar com a mamãe." – Ele continuou no sofá, sua cabeça apoiada no braço mais distante e de onde ela ainda permanecia em seu campo de visão, uma expressão de puro divertimento em seu rosto. Ele adorava essa Bones, a que parecia ter a idade dele pelo seu entusiasmo. – "Amanhã, depois do clube, vou dizer a ela para não me pegar. E então, se você puder, nós dois saímos para comprar o presente do papai e o que mais precisarmos para a festa dele. Você pode?"
"Se nenhum caso aparecer e eu e seu pai precisarmos investigar, eu posso."
"E desmarque o jantar com papai."
"Como você sabe que eu e ele íamos jantar?"
"É o que vocês fazem todas as noites desde que são parceiros." – Ela ia abrir a boca para protestar, mas ele continuou. – "Quer dizer, desde que são amigos. Melhor assim? De todo jeito, fuja do papai amanhã, se isso for possível."
Brennan desligou o computador, arrumou alguns papéis dentro de uma pasta e foi sentar perto dos pés do garoto.
"Certo. Fugirei. Não será fácil, mas ao fim da tarde, seremos só você e eu."
Ele assentiu, seus olhos brilhando de excitação.
"E Bones?" – Ele tinha uma expressão de quem aprontaria alguma coisa e ela fitou-o desconfiada. – "Um conselho: não tente mentir pessoalmente para o papai sobre o que você vai fazer amanhã que não pode jantar com ele. Você não consegue fazer isso."
Ela soltou uma risada, e ele se colocou em uma posição sentada ao lado dela.
"É, você tem razão. Vou dizer que será uma noite de garotas. Contarei a Angie nosso plano, ela nos acobertará e amanhã de manhã falo com seu pai pelo telefone. Está bom assim?"
"Está perfeito."
BB
Brennan estava orgulhosa com ela mesma. Após se despedirem no estacionamento do prédio dele aquela manhã, ela conseguira se ver livre do parceiro pelo resto do dia. Na verdade, Angela fora sua salvação, informando a Booth que ele teria a antropóloga de volta pela noite, na hora em que fosse melhor para as duas amigas.
"Você está pronta?" – O pequeno parou na porta do escritório, um lado do seu corpo encostado no batente.
"Estou. Vamos?" – Após assinar um último papel, ela retirou o jaleco e o substituiu pelo casaco. Com a bolsa devidamente pendurada em um ombro, ela encontrou-se com Parker na porta e os dois trocaram um sorriso cúmplice. – "Você avisou a sua mãe para não dizer seu paradeiro a Booth? Caso ele ligue?"
"Sim, eu disse."
"E a lembrou que eu mesma o deixarei em casa?"
"Sim, mãe!" – Ele brincou, e viu os olhos dela aumentando em surpresa. Adorava provocá-la.
"Certo." – Ela procurou automaticamente pela mão dele, que da mesma forma, deslizou para dentro da dela.
Dez minutos depois, eles chegaram ao seu destino.
BB
"O que você tem em mente?" – Ela o questionou assim que entraram no shopping center.
"Sobre o presente ou a festa?"
"A festa. Eu já sei o que nós vamos dar ao seu pai."
Ele parou, e ela fez o mesmo ao não sentir a mão dele na sua.
"Você sabe?"
"Sei." – Ela falou, seu tom misterioso. A curiosidade dele era seu ponto fraco, pelo menos quando ela queria provocá-lo.
"E você falou "nós"?"
"Claro."
"Mamãe me deu dinheiro para eu comprar o que eu quisesse para o papai, Bones, você não precisa,"
"Olhe, Parker." – Ela localizou um banco e o arrastou até lá. Eles tinham alguns pontos a esclarecer antes de comprarem qualquer coisa. – "Eu sei que você tem seu dinheiro, e eu o ajudarei a comprar algum presente que será exclusivamente seu para seu pai. Mas, esse presente que eu tenho em mente, é grande demais para ser só meu. Além do mais, Booth ficará mais feliz ainda se o presente for nosso e como estamos comprando juntos, nada mais lógico que ser algo meu e seu para ele."
Ele chacoalhou a cabeça, maravilhado.
"Esse negócio de bons argumentos realmente funciona." – Ela sorriu com a fala dele.
"Me conte sua ideia para a festa."
"Na verdade, quando eu pensei em fazer algo para o papai, eu só inclui eu, ele e você."
"O que exatamente?"
"Eu não sei. Você sabe como é o papai. Se ficarmos nós três na casa dele, sem fazer nada, ele vai gostar tanto quanto se sairmos para um estádio de futebol."
"Você está certo. Vou pensar em algo daqui para sexta, ok?"
"Ok. Pensarei também."
Eles voltaram a andar, e durante todo o tempo que foi necessário para levá-los à loja onde Brennan compraria o tal presente, Parker insistiu em saber qual seria. Ela apenas sorria, deliciando-se com os pulos que ele dava ao lado dela, e as caretas de insatisfação que ele tentava fazer antes de cair na risada.
"Uma loja de eletrodomésticos?" – Ele questionou assim que entraram por um corredor composto de geladeiras e fogões.
"Qual o aparelho que seu pai mais usa em casa, Parker?"
Ela olhou para baixo a tempo de ver os olhos dele de repente brilharem. Compreendendo.
"Uma televisão!" – Ele repetiu os movimentos saltitantes balançando o braço dos dois.
"Exatamente! Aquela televisão enorme de plasma que ele tanto sonha."
"Ele vai enlouquecer!" – O pequeno apressou seus passos, conduzindo-a na sua velocidade até a área das televisões.
"Por que ele iria enlouquecer? Não é uma reação racional ao presente."
"Não, Bones. Foi uma forma de falar. O que eu quis dizer é que ele vai ficar muito feliz, ainda que no começo, talvez tente recusar seu presente."
"Por que ele recusaria meu presente?" – Às vezes podia ser complicado se comunicar com Parker.
"Porque é um presente caro. E enorme. Ele vai dizer que você não devia gastar dinheiro dessa forma."
"Booth sabe que eu tenho muito dinheiro. Eu posso convencê-lo com aqueles nossos argumentos infalíveis que o presente não é um problema. E, é meu e seu. Ele não pode reclamar muito." - Ele acenou positivamente com a cabeça. Ela estava certa e de qualquer forma, seu pai aceitaria qualquer coisa que fosse da sua Bones.
Parker parou ao se deparar com os aparelhos, uma quantidade enorme de várias marcas e tamanhos. Um vendedor se aproximou sorridente e após avaliar o garoto, fixou seus olhos em Brennan.
"Posso ajudá-la?"
"Acredito que sim."
Minutos depois, a transação estava completa. A televisão seria entregue no endereço do agente na tarde do aniversário. Os dois teriam que aprontar um plano para manter Booth longe de casa até o momento exato, mas isso era assunto para outra hora.
"Onde vamos agora?" – Parker perguntou ao chegarem em um corredor.
"Você ainda quer gastar seu dinheiro?"
"Quero!" – Ele a olhou cheio de expectativa.
"Eu pensei que você podia comprar algo mais simples que essa televisão e que ainda assim seu pai vai adorar."
"O que, o que?" – Os pulos de novo.
"O que ele mais gosta de vestir?"
"Oh!" – Ela sorriu com a realização dele. – "Eu sei uma loja, Bones! Na última vez em que eu vim com o papai até aqui, ele me levou nesse lugar onde compramos várias meias coloridas e gravatas engraçadas. Eu lembro onde é!"
"Então nos leve até lá."
A loja ficava um andar acima. Parker disparou, levando-a junto, para a sessão que seu pai o mostrara da outra vez e os dois se divertiram escolhendo as peças que Booth provavelmente mais gostaria. A caminho do caixa, Brennan desviou do caminho, encontrando a sessão infantil e surpreendendo sua companhia ao pedi-lo para escolher quantas meias quisesse.
"Não é meu aniversário, Bones." – Ele brincou, percorrendo as opções que estavam disponíveis.
"Não me impede de presenteá-lo." – Ela deu de ombros e apenas manteve distância, deixando-o livre para suas escolhas.
A cada meia que chamava sua atenção, ele a levantava para que ela visse, e esperava sua aprovação. Ela gostava daquilo. Da confiança que ele tinha nela para assuntos até tão triviais quanto as melhores escolhas de uma parte da vestimenta. E ele se deliciava com esses momentos com a antropóloga. Onde eles pareciam, para qualquer um que os observasse de fora, mãe e filho.
"Eu já disse que você é a melhor?" – Eles estavam saindo da fila do caixa, seus estômagos implorando por comida.
"Ei, moça!" – A jovem que acabara de atendê-los chamou-os antes que Brennan pudesse responder. – "Seu filho esqueceu de pegar essa sacola." – Parker voltou correndo para perto da mulher e pegou o que ela o oferecia. Ele mesmo havia puxado da mão de Brennan uma para ajudá-la e quase a esquecia.
"Obrigado." – Ele agradeceu timidamente e voltou para o lado de Brennan, pegando sua mão.
"Seu filho é um fofo." – A desconhecida continuou.
"Ele não é,"
"Obrigado." – Parker a interrompeu e a puxou em direção a saída. – "Vamos, mãe!" – Ele gargalhou ao chegarem do lado de fora e mais ainda ao ver a expressão que ela possuía no rosto. Meio fascinada. Meio confusa. – "Você está bem aí, Bones?"
Ela fixou seus olhos nele e abriu um sorriso divertido.
"Estou ótima, Parker." – E ela se sentia exatamente assim. Ótima. Mais do que isso. A sua relação com o garoto a proporcionava nada mais do que felicidade. A provava que ela podia, se assim quisesse e fosse importante, relacionar-se com crianças. Amá-las.
Os dois comeram calmamente, apreciando a companhia um do outro. Ele lhe falou sobre o dia na escola e no Jeffersonian. O novo trabalho sobre insetos – e ela imediatamente se ofereceu para ajudá-lo, mesmo que fosse a especialidade de Hodgins – e as experiências que realizaram no clube de ciências.
Ela lhe contou sobre os ossos do Limbo que estava analisando durante os últimos dois dias. Explicou-lhe mais sobre a época à qual a pessoa pertencera e como as guerras eram freqüentes naquele tempo. Ele fez perguntas e ela as respondeu.
O jantar durou o dobro do tempo normal com as conversas e ele quase adormecera no carro dela antes de conseguirem chegar a casa dele.
"Aqui estamos." – Brennan saiu do carro, abriu a porta para ele e o desamarrou do cinto de segurança. Ele pulou para fora, pegou-a pela mão e os dois seguiram até a entrada da casa.
Rebecca atendeu a campanhia e tentou esconder sua surpresa ao vê-los de mãos dadas. Cumprimentou Brennan e esperou o filho se despedir da cientista.
"Você vai ter tempo de embrulhar os presentes mesmo, Bones?"
"Sim, Parker. Não se preocupe." – Ela pendurou na mão do garoto a sacola onde estavam apenas as meias dele.
"Ok. Até sexta então, Bones. Pensarei em algo para fazermos. Se tiver uma idéia, me avise."
"Deixe comigo. Até sexta, Parker." – Ela abriu os braços e ele deu um passo a frente, envolvendo-a pela cintura.
"Boa noite, Bones. Eu amo você."
"Boa noite, Parker." – Ela beijou o topo da cabeça dele. – "Eu também amo você."
Rebecca teve certeza que sua surpresa, dessa vez, não pôde ser escondida.
BB
O plano estava armado na quinta-feira. Ela tivera a idéia do que fazer na manhã seguinte a compra dos presentes. Ela sairia mais cedo do Jeffersonian, pegaria Parker na escola e os dois iriam direto para o apartamento de Booth. Quando ele chegasse em casa, ao fim da tarde, estaria tudo pronto para a comemoração que teriam. Uma que ele nem sequer imaginava. Além dela sempre ter dito que essas datas são sem significado, Parker ainda fez um enorme esforço para não mencionar nada sobre o aniversário para o pai. Como se até ele tivesse esquecido. Não foi difícil notar um pouco de desapontamento nos olhos dele na manhã do grande dia.
Ela se despediu, como de costume, no estacionamento do prédio dele. Ele tinha um sorriso de expectativa no rosto, torcendo para que ela lembrasse, ou notasse que havia algo diferente com ele naquele dia. Uma alegria maior logo pela manhã. Mas ela apenas entrou no carro, acenou e partiu.
Parker não ligou assim que acordou e antes da escola, como fazia todos os anos. Dessa forma, ele sabia que Booth teria certeza sobre o seu esquecimento. Era cruel, eles estavam cientes, mas no fim, valeria a pena.
Ao largar, o pequeno encontrou Brennan no portão da sua escola. Eles trocaram um abraço e sem perderem tempo, foram até o apartamento de Booth. Parker fez questão de ajudá-la em todos os aspectos da pequena festa deles. Especialmente na parte em que ela faria o macarrão com queijo. A comida preferida do seu pai, junto com torta, e que ela decidira ser mais uma parte da surpresa dele.
A televisão chegou na hora marcada e foi pendurada na sala por um funcionário especializado da loja. Brennan o agradeceu e ela e Parker passaram alguns segundos admirando o novo equipamento na pequena sala de Booth. Ele também admiraria.
No momento em que ouviram a fechadura sendo girada, os dois pararam de falar. O macarrão com queijo estava pronto. A mesa estava posta. Os presentes a mais de Parker embrulhados. E eles estavam devidamente vestidos.
A expressão no rosto dele ao acender a luz, entrar na sala – ainda sem ver a televisão as suas costas – e encontrar seu filho e sua parceira sorridentes e cantando a típica música de parabéns mudou com o passar dos segundos. Primeiro, surpresa. Depois, alívio. E por fim, adoração. Ele teve que reagir rápido quando Parker pulou em seus braços e se prendeu a ele. Timidamente, Brennan também se aproximou, e com um simples puxão, ele a incluiu no abraço. Os três se permitiram ficar naquela posição, Parker entre eles, os braços de Brennan passando por ele e envolvendo Booth pela cintura; por longos segundos. Era bom. E certo.
"Parabéns, papai!" – O garoto quebrou o silêncio, deu um beijo na bochecha do pai e foi recolocado no chão após receber outro beijo.
"Parabéns, Booth." – Brennan repetiu as palavras da criança no ouvido dele, dessa vez seus corpos colados. Ele sorriu, e se afastou, capturando os lábios dela para um rápido, e ainda assim, profundo beijo.
Quando se separaram, Brennan e Parker trocaram um olhar, e pediram a Booth que fechasse os olhos. Desconfiado, mas acima de tudo, curioso, ele obedeceu, e ao reabri-los, teve certeza que sua boca estava aberta. A televisão encarando-o de volta.
"Presente meu e de Parker." – Ela apressou-se em dizer, esperando que ele não começasse um discurso sobre como aquilo era demais.
"Eu estou delirando." – Ele disse quando recuperou a fala. Brennan e Parker soltaram uma risada, cada um pegando-o por uma mão e conduzindo-o até a cozinha.
Mais tarde, eles decidiram estrear a televisão. Pai e filho encontraram um jogo de hóquei ao vivo e após checarem mais de uma vez com Brennan que não tinha problema em assistirem, os três se jogaram no sofá.
Booth dividiu sua atenção entre observar todos os aspectos do novo aparelho – o jogo em segundo plano – e a sensação que o invadia. Calma. Perfeição. Um de seus braços estava em volta do ombro dela, a cabeça de Brennan repousando na curva do seu pescoço. O outro braço envolvia o filho, mantendo-o perto e aconchegado. Era o melhor aniversário da sua vida.
"Ficaremos a sós em alguns minutos." – Ele sussurrou para ela e voltou-se para Parker, informando-o que era hora da cama. Ela tencionou, imediatamente se arrependo da sua reação. Com um pedido de licença, Brennan se retirou até a cozinha, respirando fundo e não percebendo a chegada do seu parceiro logo depois.
"Bones? Você está bem?"
"Eu estou ótima, Booth." – Ela respondeu com as costas viradas para ele, fingindo procurar algo na geladeira aberta. – "Onde está Parker?"
"Na sala. Bones, olhe pra mim."
"Estou ocupada." – Suas mãos vasculhavam, e cada objeto encontrado era descartado. Ela nem sequer sabia o que queria.
"Qual o problema?"
"Não tem problema."
"Temperance." – Ela automaticamente se endireitou, sua postura reta. As mãos dele, inesperadamente em seus ombros, a giraram. – "Fale comigo."
"Não é nada, Booth." – Por que ele sempre via um problema onde não havia um. Ela estava apenas... Mentirosa.
"Ouça, Bones. Se isso tudo – esse aniversário e todo o tempo em que você precisou passar com o Parker – foi demais para você, eu entendo, ok? Se você precisar ir embora para ter um pouco de espaço, eu... entendo."
"Não!" – Ela imediatamente rebateu ao ouvir uma ponta de tristeza na voz dele, ainda que sincera.
"Você não está racionalizando de novo, está?" – Ele precisava checar.
"Sim."
"Bones! Você prometeu!"
"Não, Booth. Não sobre nós. Eu não estou racionalizando nossa relação." – Ela apressou-se em explicar. Por vezes, eles não se comunicavam com a clareza necessária.
"Então o que é?"
"Você precisa me deixar pensar um pouco antes de falarmos sobre isso."
"O que é 'isso'?"
"Exato, eu não estou pronta para falar ainda. Por favor, Booth, não agora. Não hoje. Eu prometo que não vou afastar você. Só preciso de uns dias."
"Bones..."
"Booth, não precisa se preocupar. Não é nada ruim, ok?"
"Ok..." – Ele disse inseguro. Ela sorriu, pegando um lado da face dele na palma de uma mão.
"Booth?"
"Sim?"
"Quando você vai ter certeza que eu e Parker adoramos todo o tempo que temos juntos?"
Ele corou e abriu seu próprio sorriso.
"Eu falo sério, Booth. Eu sei que não gostava de crianças, na verdade, elas ainda me deixam um pouco desconfortável, ou o pensamento de estar com elas, várias delas. Não sei." – Ela parou e chacoalhou a cabeça. Problemas na fala agora? – "Só estou dizendo que você precisa parar de pensar que é um enorme esforço pra mim estar com ele. Parar de se preocupar com isso. Não é. Hoje e os últimos dias não foram diferentes. Eu amo seu filho, Booth."
Ele aumentou seu sorriso, e ela fez o mesmo.
"Você só ama meu filho, huh?"
Ela soltou uma risada, mais aliviada de ter conseguido mudar o rumo da conversa.
"Você sabe que isso não é verdade."
"Diga."
"O que?"
"Que me ama."
"Você já sabe isso." - Ela foi puxada de encontro a ele, seus quadris colados.
"Fale agora. Você me ama, Temperance?"
"Você sabe a resposta." – Ela sorriu quando ele fechou os olhos frustrados.
"É meu aniversário. Você supostamente deveria fazer tudo o que eu quero."
"E o que você quer, Booth?" – A pergunta direto no ouvido dele, o quadril dela se movendo contra o dele.
"Bones..."
Ele ia mostrá-la um pouco do que queria, a ideia de fazê-la falar totalmente esquecida, mas a voz do seu filho, chamando por ele, os interrompeu.
"Eu volto já. Você, não se mova."
Ela deu de ombros e se afastou, voltando até a geladeira. Uma garrafa de água era seu objetivo agora.
"E Bones?"
"Hum?"
"Boa tentativa."
"O que?" – Ela virou apenas sua cabeça para fitá-lo.
"Eu não esqueci que tem algo incomodando você."
"Depois, Booth. Parker está chamando."
Ele se deu por vencido. Pelo menos naquela noite. Na sala, Parker estava enroscado em um lado do sofá, quase nocauteado pelo sono.
"Cama, rapazinho."
Ele sorriu sonolento e esticou os braços.
"Um dia eu não agüento mais você." – Booth brincou, já se abaixando e pegando o filho nos braços.
"Até lá, eu me aproveito disso."
"Você e Bones precisam passar menos tempo juntos. Você está esperto demais."
Parker gargalhou, seu corpo vibrando nos braços do pai.
"Eu e Bones nem passamos todo o tempo que gostaríamos de passar juntos. E ainda tem gente querendo nos separar. O ciúme é uma coisa triste, não é mesmo, papai?"
Booth o acompanhou na risada, e colocou o garoto delicadamente na cama.
"Onde está Bones?"
"Na cozinha."
"Ela está bem?"
"Ela diz que sim." – Booth percebeu a expressão pensativa no rosto do filho, e depois como ele se iluminou, compreendendo algo que era desconhecido pelo agente. – "Você sabe o que ela tem?" – Ele perguntou após analisar a face da criança por mais um tempo. Ele sabia algo sobre Brennan.
"Sei. Mas você tem que guardar esse segredo até Bones contar a você."
"Sem problemas."
"Prometa, papai."
"Eu prometo. Você não confia no seu velho?"
"Confio." – Ele instruiu o pai a se sentar na cama, aproximando-se calmamente até alcançar o ouvido dele, onde sussurrou o que sabia conspiratoriamente. – "Bones está grávida, papai."
FIM.