Uma viagem "em família"

Caius pov

- Não importa o quanto à idéia lhe pareça tentadora, Aro. – Giullia disparou contra meu irmão com os olhos queimando de fúria – Adélia NÃO VAI TER UM LOBISOMEM COMO BICHO DE ESTIMAÇÃO!

- Ele é um transmorfo, Giullia. – Aro respondeu num tom diplomático, mas pela cara da minha esposa ela poderia decapita-lo ali mesmo – E você mesma viu o quanto os poderes dela o dominam. Não há o que temer! – se eu acreditava que nada neste mundo poderia contrariar ordens de Aro, aparentemente eu estava errado, já que minha esposa estava conseguindo deixar meu irmão seriamente intimidado. Em outros tempos isso seria inimaginável.

- PRO INFERNO VOCÊ E SEUS TRANSMORFOS! – ela berrou mais uma vez. Huhuh! Ele estava muito encrencado! Aro me lançava olhares tentando, ou melhor suplicando para que eu controlasse Giullia. Por que eu faria isso, já que a idéia de ter um bicho semi-humano e fedorento dentro de casa me agradava tanto quanto agradava a ela? Bem, em todo caso, ele ainda era o "líder" da família e Giullia estava extrapolando em sua cena de mãe super-protetora, mesmo que eu estivesse achando a coisa toda divertidíssima.

- Giullia, amore... – eu tentei chamar a atenção dela da maneira mais calma possível e o que eu recebi foi um rosnado furioso. Marcus ria da minha cara em algum lugar da sala.

- Não importa o que você diga, Caius Marius Volturi! Eu NÃO VOU MUDAR DE IDÉIA! - ela me encarou furiosamente enquanto trincava os dentes – E se insistir é melhor estar preparado para a maior crise de abstinência sexual da história. Por falar nisso, já estou com enxaqueca!

- Giullia, querida.- eu tentei mais uma vez – Nós não temos enxaquecas, somos vampiros.

- Isso funciona muito bem com as humanas, achei que seria interessante mudar um pouco as coisas por aqui. – ela pronunciou venenosamente – É melhor não me testar.

Vocês devem estar imaginando como foi que eu me coloquei nesta situação no mínimo ridícula. Bem, pode-se dizer que tudo começou quando nossa filha resolveu aparecer em casa depois de uma caçada com um pseudo-lobisomem. Adélia tem menos de um ano de idade e a aparência de uma criança humana de cinco anos. Como toda criança ela quer ter um bichinho de estimação, mas até onde um meio humano de dois metros de altura, que se transforma num lobo gigantesco destruidor de vampiros pode ser considerado como uma boa escolha?

No que dependesse de mim e de Giullia, a decisão seria rápida e objetiva. Aceitar uma criatura daquelas no nosso lar era no mínimo um risco para todos nós. Com tudo, Aro estava tentado a aceitar o lobo com a finalidade de usá-lo como possível arma. Além disso, ele estava ainda mais interessado no tipo de dom que Adélia demonstrava.

Dês de sua primeira semana de vida ela já demonstrava uma capacidade extraordinária com animais. Mais especificamente, ela os dominava como se fossem fantoches. Com o advento do transmorfo, ficou evidente que as habilidades dela eram eficazes também em seres que possuíssem instinto animalesco, ou fossem meio humanos e meio animais. O lobo havia tentado atacar Jane durante uma caçada e antes que ela pudesse ter qualquer reação, Adélia parou o ataque dele com um único comando que era no mínimo humilhante para a criatura. A frase de Adélia que entrou para a história do clã Volturi. "Senta, Totó!"

Duas palavras que conseguiram fazer Marcus rir durante horas. Minha filha é um prodígio, tanto que ninguém conseguia negar a ela algo que ela desejasse e este lobo de estimação se encaixava na descrição. Minha primeira reação foi o choque, mas Giullia teve seus instintos maternais imediatamente ativados e se atirou contra Aro como uma leoa protegendo sua cria. Nunca imaginei que minha esposa fosse capaz de demonstrar fúria ou revolta, talvez por sua personalidade habitualmente submissa, mas ela aparentemente os traços instintivos da personalidade vampírica estavam se mostrando muito mais evidentes agora.

Ela deixou a sala dos tronos como se fosse um furacão e eu me vi obrigado a ir atrás dela. Eu a encontrei no quarto de Adélia, rosnando ameaçadoramente para o pivô de toda discussão. Ele era anormalmente alto para um humano, de pele clara e cabelos loiros desarrumados. Os olhos azuis tinham um brilho ameaçador que davam a ele um ar selvagem. Em contra partida, Giullia estava em posição de ataque, com os cabelos soltos e desalinhados, com as presas a mostra e os olhos vermelhos como fogo. Não demorou para que eu identificasse o motivo da tensão. O lobo estava com Adélia nos braços, enquanto ela dormia.

- Coloque-a de volta na cama! – Giullia falou entre dentes e eu também me preparei para um possível ataque – AGORA!

- Você não me dá ordens, vadia do demônio! – o lobo disparou contra ela, ainda segurando Adélia protetoramente.

- Você não vai tornar a falar com a minha mulher assim! – eu falei e Giullia se aproximou de mim instintivamente. – Não é esperto de sua parte tentar agredir alguém aqui. Não vai durar muito tempo, lobo.

- LARGA A MINHA FILHA, SEU CACHORRO SARNENTO! – Giullia berrou furiosamente, fazendo Adélia se remexer entre os braços dele.

- Pra começo de conversa, eu tenho um nome. É Amadeus. Nada de Totó, ou cachorro pulguento, é Amadeus! – ele falou com forte sarcasmo – E eu já estava colocando ela na cama quando você chegou e começou a berrar. Ela estava com sono e eu a coloquei pra dormir. Aparentemente, vocês, filhos de Hella, não sabem como criar uma criança muito bem, talvez esteja além das habilidades de um morto vivo! – ele colocou Adélia na cama cuidadosamente e se afastou dela – Se me permitem, eu vou dormir lá fora, no pátio. O cheiro aqui dentro está me deixando enjoado. – ele saiu pela porta, ignorando o fato de existirem dois vampiros em posição ofensiva, prontos para atacá-lo na primeira chance.

Assim que ele saiu, vi os músculos de Giullia relaxarem e a cabeça dela pender de uma maneira familiar. Ela estava triste. Me aproximei dela cuidadosamente, para evitar um possível ataque. Segurei a mão dela e a abracei carinhosamente, enquanto ela continuava encarando nossa filha adormecida sobre a cama.

- Você acha que ele está certo? – a voz dela saiu melancólica e eu a abracei mais forte.

- Sobre o que, amore? – perguntei baixo, perto do ouvido dela.

- Criar uma criança, mesmo que ela seja parcialmente igual a nós, estar fora das nossas aptidões. – ela se agarrou a mim, escondendo o rosto no meu peito. Afaguei os cabelos dela.

- Não dê ouvido aquele ser asqueroso. – eu respondi – Você é uma ótima mãe e Adélia te ama.

- Não posso deixar de pensar que eu realmente não sei o que estou fazendo. – ela disse pesadamente – Estou cuidando dela com base em experiências que tive enquanto humana, mas e se eu estiver fazendo algo errado? Eu não sei absolutamente nada sobre criar uma garotinha meio vampira.

- Estamos fazendo o melhor possível, amore mio. – eu respondi, mas ela me encarou com determinação.

- Caius, além de não sabermos como as coisas funcionam com ela, também não entendemos nada sobre o que existe entre Adélia e aquele... Aquele indivíduo chamado Amadeus.

- Aonde quer chegar? – eu a encarei curioso por um momento.

- Talvez essa ligação não seja mera conseqüência das habilidades dela. – Giullia respirou fundo – Talvez seja aquilo que os cães da América chamam de impressão. – fiquei imediatamente tenso com a possibilidade. Eu me lembrava muito bem da descrição que Aro havia feito sobre o fenômeno e a simples possibilidade de ter minha filha presa aquele lobo me causava asco.

- Acha mesmo possível que seja isso? – ela afirmou com a cabeça.

- Caius, o quão contrariado você ficaria em pedir ajuda à Carlisle? – imediatamente um rosnado saiu de minha garganta.

- Jamais farei isso, Giullia! – respondi categoricamente.

- E o quanto você se oporia se eu fizesse isso? – meus dedos se fecharam fortemente ao redor do pulso dela, prendendo-a com força.

- Você não vai fazer isso! – ordenei. Ela se manteve inabalável e paciente.

- Caius, pense por um momento. Os Cullen são os únicos que possuem algum conhecimento em ambas as questões. A esta altura, a neta de Carlisle já deve ter completado o crescimento, ou está muito próxima disso. Eles devem ter algumas informações relevantes e poderemos saber o que esperar deste lobo também.

- O que você está sugerindo? – falei entre dentes, ainda segurando ela pelos pulsos.

- Levar o lobo e Adélia até os Cullen e tentar aprender com as experiências deles. – eu a encarei desconfiado por um momento. Ela tinha alguma razão.

- Quem levaria os dois e como faria isso? Nós podemos viajar rapidamente sem nos cansarmos, mas Adélia não. Além do mais o lobo é muito lento na água.

- Nós dois poderíamos ir, disfarçados como humanos. – ela disse calmamente – Iríamos até Florença e pegaríamos um avião para a América, chegaríamos lá em menos de vinte e quatro horas. Adélia pode se passar por humana tranquilamente e nós podemos manter a sede sobre controle por algumas horas. Aposto como o nosso hospede indesejado pode se comportar se Adélia der a ordem certa.

- Giullia, eu não vou me disfarçar de humano, não vou pegar um avião em Florença e também não vou ver Carlisle levando um lobisomem e minha filha para que ele examine. – ela soltou um suspiro.

- Me deixe ir então. – rosnei mais uma vez.

- Isso é só uma desculpa sua para ir ver o seu amado doutor, não é! – falei furioso – Ainda sente alguma coisa por ele e está usando a nossa filha como motivo para tentar se jogar nos braços do virtuoso Carlisle Cullen! Isso não vai acontecer, entendeu?!

- Caius, me escute. – ela ainda se mantinha serena e aquilo me intimidou muito mais do que os gritos dela – Eu já me senti atraída por ele, mas era tudo por causa da maneira gentil que ele me tratava. O que você fez por mim, o que você esteve a ponto de sacrificar para que eu fosse feliz, Carlisle jamais poderia fazer. Além do mais, eu amo você, seu juiz ranzinza, orgulhoso, possessivo e ciumento. – depois disso ela me beijou carinhosamente, me deixando tonto com a sensação de ter tanta dedicação num ato como aquele.

- Você está aprendendo a jogar sujo. – eu disse depois de separar o beijo – Não sei se gosto disso. – ela riu – Giullia, se você tentar fugir novamente, desta vez eu juro que mato Carlisle e te tranco nesta Torre até o dia do apocalipse.

- Eu não vou fugir, Caius. – ela me beijou mais uma vez.

- Temos que providenciar documentos falsos e um bom estoque de sangue em algum hemocentro. Não queremos acidentes. – ela sorriu para mim. Aquilo já estava me deixando excitado. – E você vai dirigir a Mercedez até Florença. – ela fez biquinho e me olhou com aqueles olhos chantagistas.

- Por que não posso usar o Lamborghini? – as mãos dela desceram pelo meu tórax insinuantes.

- Porque aquela aberração loira não caberia no Diablo. – respondi, tentando manter a racionalidade, mas as mãos dela estavam dificultando as coisas – Prometo que pode levar Adélia para dar uma volta em outra ocasião. Agora vamos para o nosso quarto, antes que eu acabe te possuindo aqui mesmo e Adélia acorde. – aquele foi o xeque mate da Rainha Branca, e este Rei que vos fala caiu miseravelmente.

Amadeus pov

A pior parte de estar sobre efeito permanente e constante dos poderes daquela criaturinha diabólica era o fato de eu ser tratado como o bicho de estimação da família de malditos. Amaldiçoarei até o meu ultimo dia de vida o momento em que eu decidi atacar aquela assassina sádica, Jane.

Eu me atirei no ataque mais violento que eu já havia planejado e então a voz clara e aguda como um sinete de prata disse "Senta, Totó!" Pronto, não consegui mover mais nem um músculo. Cai no chão como se tivesse sido preso por correntes de ferro invisíveis e então aquela criaturinha que mal alcançava meus joelhos veio até mim com seus olhos verdes arregalados. Ela me deu um tapa na cara e disse "Totó mau! Só eu posso bater na Jane." Por favor, me avise se conseguir imaginar uma cena mais ridícula e humilhante do que esta.

A conclusão de tudo foi aquela viagem esdrúxula e agora eu estava num avião, apavorado com a idéia de estar a uma distancia tão grande do chão. Pra completar, a fêmea com cara de Banshee, Giullia, ficava me encarando constantemente durante todo caminho até a América, enquanto Adélia dormia ignorando absolutamente tudo o que se passava ao redor. Quando aterrissamos a única coisa que eu conseguia pensar era "Graças à Odin eu estou em terra firme!"

A sanguessuga histérica se camuflava muito bem entre pessoas normais e se mantinha inacreditavelmente controlada, provavelmente porque ela andava com uma pequena bolsa térmica com alguns saquinhos de sangue para ela e Adélia. Giullia usava preto em via de regra, óculos escuros e lentes de contato para disfarçar a cor vermelha dos olhos, além de um nada discreto colar de pérolas, enquanto eu havia sido enfiado num terno esquisito que me fazia parecer uma mistura de guarda-costas com babá. Adélia usava seus habituais vestidos de boneca e ficava pulando do colo da mãe para o meu. Alugamos um carro tão discreto quanto o nosso pequeno grupo e saímos de Seatle em direção a uma pequena cidade chamada Forks.

Fato número um, essa louca super-protetora dirige um carro como se fosse uma fugitiva da policia. Fato número dois, Adélia adora isso. Fato número três, estou ficando enjoado com o vôo, o cheiro da vampira e a velocidade.

- Se sabe o que é melhor pra você, cachorro, é bom se comportar como gente. – ela rosnava ocasionalmente enquanto Adélia desarrumava meu cabelo – Essas são pessoas importantes.

- Se são iguais a você, eu não considero como "pessoas", muito menos importantes. – retruquei mal humorado – Addy, para de bagunçar meu cabelo. – Giullia me fuzilou com os olhos.

- Do que você chamou a MINHA FILHA? – ela urrou e eu pensei que ela fosse largar o volante e arrancar a minha cabeça fora.

- Adélia é um nome pomposo de mais pra ficar chamando o tempo todo. – dei de ombros enquanto eu pegava a garota no banco de trás e colocava no meu colo. – Addy é mais fácil.

- O nome dela é Adélia Helena Anitta Ligia Francesca Volturi! Não é Addy, ou Nitta, ou France, ou Li!

- Você esqueceu Hell! – falei sarcástico e a louca chegou a soltar uma das mãos pra me bater, mas mudou de idéia quando viu a filha no meio do caminho.

- Reze pra Carlisle dizer que você não pode se separar dela, do contrario eu vou arrancar seu couro e fazer um belo casaco de pele! – finalmente atravessamos a placa que indicava a cidade, em alguns minutos estávamos estacionando a uma distancia razoável de uma suntuosa casa branca.

Logo que saímos do carro quatro machos vieram em nossa direção. Um estava bem surpreso, o mais franzino parecia tão amistoso quanto Giullia, o grandalhão parecia estar achando tudo muito divertido e o ultimo parecia analítico de mais. O mais chocante foi ver um quinto macho sair do meio das arvores, mas este era exatamente como eu. Um filho de Fenrir. A fêmea Volturi se colocou na minha frente, enquanto eu escondia Adélia atrás de mim de maneira protetora.

- O que uma Volturi está fazendo aqui? – o mirradinho falou entre dentes. – Posso ver, mas não entendo. – o loiro vestido de branco colocou a mão no peito do nervosinho e o conteve.

- Calma, Edward. – ele falou tranquilamente – Isso não é uma visita ofensiva, ou pelo menos é o que eu espero. Confesso que estou surpreso e intrigado pelo motivo que a trás aqui, Giullia Volturi.

- É um prazer revê-lo, Carlisle. – foi a primeira vez que eu a vi sorrindo – E Edward, não estou aqui como uma ameaça, preciso de ajuda e nada mais. Paz entre nós, irmãos.

- Huhuh! Parece que você não é o tipo de visita desejada. – eu comentei baixo e ela rosnou de volta para mim.

- Calado, Amadeus! – ela disse rispidamente.

- Qual é o problema, Giullia? – o homem loiro perguntou ainda muito educado. Ela pegou Adélia no colo imediatamente.

- Carlisle, esta é Adélia Helena Anitta Ligia Francesca Volturi. – ela fez uma pausa – Minha filha. – o loiro a encarou assustado, enquanto os demais pareciam igualmente confusos.

- Eu acho melhor entrarmos então. – ele ofereceu passagem a ela.

- E o que fazemos com o cachorro albino? – o grandalhão disse enquanto apontava pra mim, antes que pudesse dar uma resposta o outro filho de Fenrir se pronunciou.

- Deixa que eu cuido dele, grandão. – o filho de Fenrir veio até mim e estendeu a mão – Prazer, sou Jacob Black. – apertamos as mãos e uma onda de tensão percorreu meu corpo. Ele não era só um Fenrirson*, ele era um jahrl* também. – Pode trazer a baixinha com você, Nessie vai gostar de conhecê-la.

- Sou Amadeus. – respondi enquanto pegava Adélia no colo, ignorando o olhar de Giullia solenemente – E quem é Nessie?

- É a minha garota. – ele indicou uma pequena trilha até a parte de trás da casa – Ela vai gostar de saber que as garotas iguais a ela estão aumentando em número. – Adélia tentou puxar a minha gravata, me enforcando.

- Adélia, solta isso! – ela soltou e me mostrou a língua – Afinal de contas, o que esses malditos ensinam aos filhos? Você é muito mal educada, sabia? – eu me virei para ele mais uma vez – A sua "garota" é igual à Addy? – ele acenou com a cabeça.

- Elas são raras e irresistíveis de várias maneiras. Muito prazer Addy, eu sou Jacob. – ela piscou algumas vezes enquanto o encarava e se agarrou ao meu pescoço com força.

- Adélia Volturi. – ela falou baixo – E ele é o meu Totó. – ela apontou pra mim.

- Já disse que meu nome é Amadeus, Adélia. – resmunguei constrangido. Chegamos a uma pequena clareira onde alguns troncos estavam caídos.

- É o meu "Deus". – ela disse mais uma vez. Então me dei conta de que uma quarta figura estava na clareira. Era uma fêmea de cabelos castanhos avermelhados e olhos castanhos, esguia e bonita. O coração dela batia como o de Adélia.

Jacob foi até ela e a beijou na boca como se nunca tivesse visto mulher na vida. Confesso que se fosse eu no lugar dele agiria da mesma maneira, já que eu não via uma mulher há muito tempo mesmo! Ela separou o beijo e encarou a mim e Adélia. Ela sorriu.

- Eu sou Nessie, é um prazer conhece-los. – ela disse com sua voz musical e caminhou até mim.

- Sou Amadeus, ela é a Addy. – respondi sem graça. Ela me cumprimentou com um aceno de cabeça e se dirigiu a Adélia diretamente.

– Olá pequenina, gostaria de brincar comigo? – ela falou a palavra magia, "brincar". Imediatamente, Addy pulou do meu colo e começou a puxar Nessie pela saia. Fiquei tenso com aquilo.

- Relaxa ai! – Jacob falou – Elas vão brincar de esconde-esconde entre as arvores. Daqui a pouco elas aparecem. – nos sentamos em dois troncos caídos no meio da clareira.

- Então, você virou bicho de estimação também? – eu perguntei meio indiferente, só pra puxar assunto.

- Como assim? – ele me encarou como se eu estivesse louco.

- Você faz tudo o que ela manda, não consegue recusar nada, fica meio retardado tentando fazer ela feliz vinte e quatro horas por dia. Isso é mais ou menos o que acontece comigo. – ele mal conseguia conter o riso - Virei Totó. – então ele quase caiu do tronco de tanto rir. Me senti um idiota.

- É, você definiu bem como é estar "impressionado". – ele disse enquanto tentava recuperar o fôlego – Mas eu não sou o bichinho de estimação.

- Então, o que você é? – eu o olhei meio sarcástico.

- Em termos humanos, sou o cara dela. Em termos vampíricos, sou o companheiro. – ele fez uma pausa e soltou um riso malicioso – Em termos de bando, eu sou o macho dela, quem faz ela gritar durante a noite e deixa os pais dela loucos. – certo, americanos são estranhos, mas acasalar com o inimigo era de mais.

- Faz tempo que uma mulher não grita por minha causa, ultimamente elas gritam comigo. Leia-se, a mãe vampira super-protetora. – passei as mãos no cabelo, deixando-os ainda mais bagunçados – Anos como alfa não servem de nada agora. Cara, eu preciso de sexo.

- É, parece que você está na merda. A tampinha vai levar um tempo pra chegar no ponto. – certo, aquilo revirou meu estomago mais uma vez. ELE ERA LOUCO!

- Seu...ELA?! Isso é absurdo, nojento e doentio! – eu disparei contra ele. Loucos, são todos loucos!

- Cara, você teve uma impressão e espera o que? Jogar baralho quando ela crescer? – ele me olhou como se eu fosse retardado ou algo parecido. Adélia tinha a aparência de uma criança com a idade do meu filho mais novo e ele esperava que eu a visse como uma fêmea em potencial? Isso está ficando ridículo!

- EU NÃO TIVE UMA IMPRESSÃO! Seja lá o que isso for! – eu tentei me manter calmo - Ela controla animais! Ela controla a parte animal em mim! EU ESTOU AQUI OBRIGADO!

- Não sabe o que é impressão? – ele arqueou a sobrancelha enquanto me encarava. Neguei com a cabeça. – Que tipo de lobo é você? – ele disse chocado – Bem, acho que os albinos do norte não sabem o que é. É a maneira como encontramos nossas parceiras. Atração e amor da maneira mais irresistível e incontrolável que puder imaginar.

- Não tive uma impressão. – retruquei categórico. A descrição do fenômeno era familiar, mas eu não estava "impressionado", isso era impossível! Tinha que ser! – Como eu disse, ela controla animais.

- Vai nessa, mané! – ele disse debochadamente – Um dia vai acordar com ela cheia de curvas do seu lado, ai vai ver a parte animal que ela NÃO pode controlar.

Edward pov

Não conseguia controlar minha hostilidade em condições como aquelas. Giullia Volturi mal havia entrado em nossa casa e os efeitos de sua presença já eram devastadores. Bella estava tão alerta quanto eu, Rosalie estava extremamente desconfortável com a visão de uma fêmea que rivalizasse com ela em beleza. Carlisle estava intrigado, ansioso e absolutamente constrangido, enquanto Esme estava nada menos do que enciumada.

Giullia reparou em cada ação desfavorável à presença dela, mas ignorou de maneira graciosa e polida, dando a impressão de que ela era superior a tudo aquilo. A visão daquela mulher, aliada aos pensamentos objetivos e inexplicáveis a tornavam muito mais parecida com o marido do que Carlisle se lembrava. Nas memórias do meu pai ela era uma mulher infeliz e desejosa de afeto, mas a jovem que estava sentada a nossa frente era muito mais forte e passional do que esta lembrança falha. Caius havia feito um trabalho inacreditável quando a transformou definitivamente em Rainha Branca.

O mais interessante eram os olhares trocados entre ela e Esme. Minha mãe nunca foi tão insegura quanto naquele momento. Cada sorriso discreto que Giullia desenhava no rosto era uma pontada na segurança da matriarca Cullen. A mente de Esme não parava de gritar "O QUE ELA QUER COM MEU MARIDO?!" A senhora Caius Volturi parecia notar isso.

- Giullia, explique, por favor, como aconteceu. – Carlisle iniciou a conversa – Como foi que você e Caius conseguiram esta façanha?

- Não há façanha, Carlisle. – eu disse antes que ela se pronunciasse – Seria mais uma trapaça da parte de ambos. – meu pai me encarou confuso por um momento e voltou-se para ela novamente.

- Seu filho tem razão, Carlisle. – ela respondeu com uma voz absolutamente calma e sonora – Trapaça é um bom termo para o que aconteceu. As circunstancias envolvidas não são relevantes. O que precisam saber é que Adélia é minha filha adotiva e é uma mestiça, como a sua neta.

- Há outras crianças? – Carlisle a encarou espantado – Quem são os pais?

- O pai biológico dela é Johan, pai de Nahuel. – ela respondeu objetivamente, omitindo todo plano deturpado de Caius – A mãe morreu durante o parto, como as outras. Aro estava rastreando as atividades dele há algum tempo e foi para o interior da França no intuito de capturá-lo. Infelizmente Johan fugiu mais uma vez, mas Aro encontrou a mãe biológica dela a beira da morte. Quando ela nasceu, meu cunhado decidiu que Adélia deveria ficar aos meus cuidados e de meu marido. Caius a considera um milagre. – por um momento eu não soube se o que chocou Carlisle foi a história contada por ela ou o fato dela demonstrar tamanha afeição pelo impiedoso juiz Volturi.

- Acho que posso entender a idéia geral, Giullia. – ele disse serenamente. Notei que Bella parecia atônita com o relato de Giullia e demonstrava até mesmo alguma simpatia por nossa convidada indesejada – No entanto, o que se torna tão urgente a ponto de você receber permissão de Caius para vir até mim, sem uma escolta mínima e com a peculiar companhia de um lobisomem? – o semblante da senhora Volturi se contraiu.

- Em primeiro lugar, Caius nunca foi pai e a única experiência que eu tenho em maternidade são baseadas em minhas percepções humanas de quando eu ajudei a criar meus irmãos mais novos. Em linhas gerais, não sabemos o que esperar do processo de criação de uma criança meio vampira e quando me dei conta disso percebi que os únicos que poderiam ajudar são vocês. Mais especificamente, Edward, Bella e você, Carlisle, já que suponho que você estudou cada estagio do crescimento de sua neta. – ela fez uma pausa – Com tudo, há um segundo ponto. Minha filha tem um dom, ela controla animais de todo tipo e tamanho com uma facilidade incrível. O verdadeiro problema surgiu quando ela e Jane saíram para caçar e Jane acabou sendo atacada por um lobisomem alfa, de uma alcatéia de nômades. Um ataque que deveria ter sido fatal foi evitado, graças às habilidades de minha filha. Ela conseguiu parar o lobisomem, mas dês de então ela determinou que ele é seu bichinho de estimação e não consegue se afastar dele. – ao ouvir isso não me contive, soltei uma gargalhada anormalmente alta. Ela me encarou chocada.

- Posso imaginar como Caius deve estar adorando a idéia! – comentei venenosamente. Carlisle me repreendeu com um olhar significativo. Ela sorriu polidamente.

- Ele está tão satisfeito quanto eu. – ela disse com um toque tão sutil de sarcasmo que chegava a ser quase uma obra de arte – Como eu tenho certeza que você já deve ter visto em meus pensamentos, Edward. O que me preocupa é a possibilidade deste efeito que minha filha tem sobre ele ser produto de outra coisa que não seu talento com animais. Em outras palavras, estou apavorada com a possibilidade de uma "impressão".

Nota da autora: É galera, mais uma fic iniciada. Esta é a continuação de The White Queen, cujo foco é a filha de Caius e Giullia Volturi e o seu Totó!

Alguns pontos relevantes sobre Amadeus: Ele é um lobo bem velhinho, mais de cem anos com um corpinho de vinte e cinco XD. Ele nasceu na Noruega e vivia literalmente no fim do mundo com o bando dele, que é composto pelos membros masculinos da família. Ele já foi casado três vezes e isso vai aparecer ao longo da história, bem como sua tripla viuvez. Ele tem quatro filhos que se espalharam pelo mundo. Algumas palavras que ele usa são referentes à cultura nórdica, já que ele vivia quase como um viking e se considera um semi-deus (com toda razão, diga-se de passagem).

Personagens que já estavam na outra fic sofreram modificações, as mais gritantes ocorreram com Caius e Giullia, que estão se descobrindo enquanto companheiros e pais. Não me peçam previsão de capítulos, pq eu ainda não faço idéia.

No mais, agradeçam a Mandy, já que foi ela que insistiu na publicação deste capitulo e por favor COMENTEM!

Boa leitura para todos e nunca se esqueçam que reviews são coisas adoráveis que fazem os capítulos ficarem prontos muito mais rápido.

Bjux

Bee