10 dias. 10 sentimentos ao lado de Severus Snape.

28 de julho: Raiva;

Harry acordou, quentinho, confortável. Demorou a entender o porque daquela dor em seu peito. Daquele sentimento apertado dentro de si.

Apertou os olhos, ainda fechados, tentando refletir, se lembrar…

Sim. Lembrara.

A guerra. A perda de sua varinha. Voldemort exigindo que o prendessem como prova de seu poder. A sensação angustiante de não poder fazer nada.

Estava encarcerado. Provavelmente sob a guarda de um dos seguidores daquele lunático. Sabe-se lá quem.

Ele não podia continuar dormindo? Porque fora lembrar?

Soltou um gemido de frustração.

- Vejo que resolveu acordar, Potter.

Oh não! Ele ainda estava dormindo, era isso. E aquilo era um pesadelo.

Abriu um olho, devagarzinho.

Droga!

Snape o encarava com um sorriso nos lábios. Irônico, como sempre. A varinha apontada para a sua testa.

Harry se sentou, o mais depressa que conseguiu. Buscou os óculos ao seu lado e o encontrou há alguns centímetros de sua mão. Só quando o colocou foi que percebeu que não estavam sozinhos no aposento.

Seu rosto se contraiu de raiva e ele avançou, mas cordas surgiram de algum lugar da cama e prenderam seus pulsos para cima e seus tornozelos no mesmo lugar.

Revirou-se, xingou, blasfemou. Nada adiantou, porém, a não ser aquela mordaça imunda e fedorenta que surgiu do nada em sua boca.

Fenrir Greyback riu, deixando visível seus longos caninos amarelados.

- Muito bem, Severus, muito bem. Vejo que está cuidando muito bem do garoto. Embora, eu deva dizer que deveria tê-lo amarrado durante a noite também. Você sabe, não podemos correr o risco de que ele fuja. O Lorde…

- Eu sei bem das minhas obrigações, Lobo – Snape respondeu, ríspido. – Potter estava estuporado, não iria fugir ao menos que lançasse feitiços por sonhos, o que, conhecendo a capacidade de Potter como eu, digo que seria impossível.

Harry se remexeu outra vez nas cordas, sentindo seus pulsos arderem. Não mais que sua raiva, porém.

- O que fez com os restos da varinha dele?

Snape apontou a cabeça para o lado, com os olhos ainda em Harry.

Tanto Fenrir quanto Harry olharam. A única coisa que havia naquela direção era uma lareira negra, com um fogo tão baixo que mal brilhava.

- Estava sem lenha – ele murmurou, um sorriso torto nos lábios. – Deu para, ao menos, fazer um foguinho à noite.

Enquanto o lobisomem ria, os olhos de Harry desceram até as cinzas no fundo da lareira. Sua varinha…? Aquela que comprara aos 11 anos e que o ajudara a lutar contra Voldemort tantas vezes?

Sem que percebesse, seus olhos marejaram. De dor. De raiva. Mostrou isso quando olhou para Snape, espumando, fulminante.

- Bom, Lobo – este falou, o ignorando. – Agora que já viu o que queria, espero que se retire. Tenho ainda muitos afazeres e receio dizer que está me atrapalhando. Tenha a bondade…?

Os olhos de Fenrir faiscaram.

- Ainda não, Snape.

E se aproximou de Harry, que voltou a se agitar violentamente contra as cordas.

- O que pensa que está fazendo, Greyback? – Snape resmungou em voz cansada.

- Ora, Snape. Porque não se divertir um pouquinho com o garoto? O Lorde lhe deu liberdade total, se lembra?

Com um sorriso repugnante, Fenrir apontou a varinha para Harry, que percebeu naquele instante o que ele queria fazer.

Voltou a se debater, tentando gritar… Em vão. Logo percebeu-se seminu sobre a cama. Sua face queimou de ódio, de vergonha, de repugnância ao sentir o olhar cobiçoso do Lobo sobre o seu corpo. Antes de qualquer outra cosia, porém, a varinha de Greyback voou longe e ele foi jogado para trás.

- Tem razão, Lobo. O Lorde [i]me[/i] deu liberdade total. Se tem alguém aqui que possui o direito de se divertir com Potter, esse alguém sou eu. E eu sou exigente, gosto de exclusividade. Portanto, se não tem mais nada a fazer, agora, vou pedir [i]novamente[/i] que se retire.

Furioso e contrariado, ele se retirou, batendo a porta.

Snape se voltou para Harry que estava ainda mais furioso. Se divertir? Com ele? Era isso o que ele pretendia fazer? Nunca! Ele morreria! Morreria mas não permitiria isso!

Seus pulsos já ardiam terrivelmente. Ele já podia ver a marca das cordas na pele.

Então, com um aceno da varinha de Snape, as cordas e a mordaça o abandonaram.

Ele trouxe as mãos para perto do corpo, conferindo os ferimentos. Foi com repulsa que viu Sanpe se aproximar e estender a mão para tocar o seu pulso. Pulou para longe dele.

- Fica longe de mim! Você é tão repulsivo como ele!

Snape piscou, ainda com a mão estendida. Mas sorriu, depois.

- Ótimo. Fique aí com suas dores e repulsas, elas não vão mudar a sua situação, Potter.

E deu as costas, se encaminhando para a porta.

- E se não quiser pegar um resfriado eu aconselho a vestir suas roupas.

Uma onda revoltante de raiva tomou conta de Harry naquele momento. Antes que pudesse perceber o que estava fazendo, viu-se jgando-se em cima do outro e o agredindo, de todas as formas que conseguia. Com chutes, socos, ofensas...

Sabia que estava passando ridículo; Snape facilmente o deteve, mas não se importou. Queria causar tanto mal a ele quanto ele o causava. Queria machucá-lo tanto quanto estava machucado....

- Potter! – Snape berrou, furioso, o jogando na cama. As cordas não demoraram a voltar, cobrindo seus pulsos machucados. – Por essa atitude infantil vai ficar amarrado pelo resto do dia! E isso vai acontecer sempre se continuar com essa atitude!

E saiu, furioso.

Harry se debateu, gritou. Ofendeu. Talvez até por horas… E nada adiantou.

Ele não soube quando foi que desistiu, mas da forma que estava, com os pulsos tão feridos que nem dor ele conseguia sentir mais, de cuecas, exausto, adormeceu outra vez.


Próximo sentimento: Ódio.