Capítulo 14: Eu mesmo.

Aconteceu. Meus lábios se encontraram com os dela. Um beijo singelo. Um abraço o apartou, era ela que me abraçava com mais força. Fiquei apático.

- Vamos logo antes que a doença nos pegue! – disse ela levemente corada.

Corada? Porque ela estaria corada? Porque vermelho é a cor do amor, e era amor o que ela sentia por mim, eu pude sentir em seu beijo terno. Eu senti, e não conseguia acreditar. Quando eu tinha finalmente decidido que eu só podia estar louco de prazer e vontade, e mais nada, isso acontece...

E sabe o que é pior? Fui eu quem se inclinou para beijá-la.

E sabe o que é pior ainda? Que foi ela quem apartou o beijo. Ela que parou de fazê-lo, para mostrar o amor puro de quem nunca amou.

Mais que merda.

Maldita confusão, maldito ego, maldito seja eu; um homem sem coração, sem alma. Ela era uma bruxa, eu tinha certeza, certeza. Mas como eu poderia estar apaixonado por ela? Como ela poderia estar sentindo aquilo por mim!?

Bruxas amam o diabo apenas. Apenas. Acho que quando eu morrer, vou tomar o lugar de Lúcifer...

Ela me puxou para irmos para a carruagem. Eu apenas fui levado, logo comecei a andar normalmente, ela sorriu e correu. Entramos na carruagem. Totalmente encharcados. Ela corou, depois disse:

- Infelizmente o esforço que você fez em pegar o meu vestido foi em vão... Era meu melhor vestido, agora ele está todo sujo e molhado... – ela estava com as maçãs do rosto bem avermelhadas.

- Não trouxe nenhum outro vestido com você? – perguntei por um impulso. Depois me lembrei que ela não havia levado pertence algum.

- Voltei para casa, comi algo e depois vesti o vestido que eu estava usando antes...

Ela parou de falar como se esperasse que eu fizesse algo.

- Troque de roupa então. – disse totalmente fora da realidade que ela estava sentindo no momento.

- Ahm... – ela ficou ainda mais rubra.

- Ah... – eu entendi o problema. Realmente era difícil para eu digerir que aquela bruxa realmente estava com vergonha... – Não tem nada ai que eu já não tenha visto...

- Você é muito grosseiro... – disse ela levemente irritada.

- Eu não tive uma boa educação. – disse tirando minha camisa molhada.

Ela ficou olhando com cuidado todas as marcas que eu tinha pelo corpo. Cicatrizes e queimaduras. Joguei minha camisa nela para que ela voltasse a si.

- Estou vendo... – disse zangada e meio sem jeito.

Tirei as calças, fiquei nu. Vesti minha roupa. Sentei em um canto para dormir.

- Vai ficar assim? – perguntei e logo após fechei os olhos.

- Fique com eles fechados... – ela respondeu desconfiada após alguns segundos.

Eu obedeci, resolvi que descansaria para colocar meus pensamentos em ordem. Estava tudo tão confuso na minha cabeça... E agora? Para que lado eu iria? Vou para a cidade vizinha? Sigo outra rota? Sigo a mesma rota? Quantos problemas...

- Ei... – ela disse encabulada cortando minha linha de pensamentos.

- O que foi? – respondi seco ainda com os olhos fechados.

- Não consigo abrir um botão. Ele ficou preso na linha do vestido, se eu puxar o vestido vai descusturar...

- Não vou conseguir fazer isso de olhos fechados, acho melhor você puxar o vestido mesmo.

Era eu mesmo que estava falando aquilo?

- É só soltar o botão, depois você fecha os olhos de novo.

Era, era eu mesmo.

Abri os olhos, a joguei contra parede, abri o botão, tirei seu vestido. Beijei seu pescoço. Mordi.

Era, era eu mesmo.

Ela se rendeu. Sabia que não seria capaz de resistir, e mesmo que o quisesse, era inútil, eu não podia resistir.

Mais uma vez Eva ofereceu a maçã; aquele pequeno botão vermelho se parecia muito mais com uma maçã do que ela podia imaginar. Mostrar-me suas costas lindas com a pele aveludada e suculenta como a casca de uma maçã vermelha era o maior de todos os pecados que ela poderia cometer.

Quem cometeria o pecado agora seria eu.

Beijei seu pescoço, mordi.

Ela estava deitada sobre o chão de minha carruagem, tantas outras já haviam se deitado nele, mas nenhuma delas era como ela.

Muitas eram bruxas, mas nenhuma como ela.

Bruxa... Ah seus lábios, sua pele.

- Sua bruxa – eu sussurrei em seu ouvido.

Ela gemeu.

- Desgraçada – eu disse lambendo-lhe toda a lateral do pescoço até chegar em sua orelha.

- Largue-me então – ela disse em meio de gemidos.

Nunca, eu nunca o faria.

- Nunca.

Essa palavra saiu meio a contra gosto, mas não consegui pará-la. Quando me dei por conta, ela já estava saindo pelos meus lábios molhados. Molhados com a saliva dela e minha. Longos beijos.

O sabor da fruta em minha língua era entorpecente. A sensação de sua pele arrepiada contra a minha era atroz.

Eu a olhava, mas parecia que não a via por completo.

Meus olhos passeavam por seu corpo nu, eu já o havia visto, mas agora ele era meu. Lúcifer, isso não é lhe pertence mais.

Vendo minha alma a ele se ele vier aqui reivindicar seu tesouro. Até parece que ele ia me querer. Trocar esse meu corpo marcado por rancor batizado com os votos de divindade pelo corpo aveludado e suculento em forma de maçã da musa que geme sobre mim.

Sou capaz de abandonar o paraíso que é a vida sem preocupações, sem medo e sem loucura só para sentir o que estou sentindo nesse momento.

Meus lábios molhados pela sua saliva ansiavam mais dela. Ansiavam mais dos seus lábios enfeitiçando meu coração com o amor e o prazer.

Não era o prazer da luxúria que eu sentia. Era o prazer do amor.

É.

Infelizmente, sou eu mesmo.

~ {Gente, peço muitas desculpas pela demora, só que eu precisava de férias. Eu não conseguia tirar mais nada de dentro da minha cabeça, fiquei saturada, ai eu tive que dar uma espairecida. Ai consegui fazer a história fluir S2²

Espero que tenham gostado do capítulo, e saibam que agora está tudo caminhando para os finalmentes. MAS, também tenham conhecimento que o próximo capítulo não é o último. E quem pensar um pouco vai imaginar seus motivos para que isso que eu estou falando ocorra.

O blog ficou em aberto ainda, então, vamos nos concentrar na fic!

Quero agradecer por chegarmos até as 100 reviews, amo demais vocês S2²

Obrigada por tudo meninas, de verdade.} ~

NO PRÓXIMO CAPÍTULO:

Como eu disse, eu cheguei a um estágio que nem certeza mais eu tinha, e por mais que eu quisesse ter tomado qualquer tipo de postura naquele momento, todos os presentes perceberam que nada mais podia ser feito.

Não percam o próximo capítulo de A maçã da bruxa! Capítulo 15: O lago.