Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu
velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
(Álvares de Azevedo, Soneto)
Pesadelo
Fausto tinha dois tipos de sonhos. Ambos eram pesadelos, na verdade. Só que alguns eram piores que outros.
Havia aqueles em que via a fatídica noite em que encontrara Eliza morta, ou o enterro dela. Aquele tiro perfurando sua pele perfeita, sua mente brilhante, o assombrava.
O chão da cozinha coberto por aquele sangue precioso que, para ele, vale mais que ouro líquido. Vale mais que seu próprio sangue.
Estes eram os pesadelos ruins, e Fausto acordava sem acordar realmente, passando o dia inteiro numa tranqüila ferocidade.
E havia os sonhos do outro tipo. Quando ele sonhava que Eliza estava viva, molhando os pés no mar, colhendo flores, escrevendo cartas. Às vezes ele sonhava que Eliza aparecia com uma criança nos braços, sorrindo abertamente. O sorriso que, se usado corretamente, poderia causar guerras ou trazer a paz.
Estes sonhos era os piores. Neles, Fausto dormia sorrindo. E acordava chorando.
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E com isso completamos as dez fics da segunda tarefa da Gincana MDF! O tema dessa vez era Pesadelo, tudo a ver, é claro, com Fausto e Eliza 8)
A idéia veio diretamente de um texto do Neil Gaiman. Só que os sonhos que a personagem dele tinha eram bem diferentes.
E o poema inicial... bem, me matem, mas dois poemas românticos constam entre os meus favoritos. Embora eu prefira Drummmond, Vinícius e Pessoa, ah!, eu adoro o Soneto do Álvares de Azevedo e Se Se Morre de Amor, do Gonçalvez Dias. É uma desgraça pra uma cética, eu sei.