Capítulo 1
Acordei meio grogue, cansada e irritada também. Não foi uma noite nada agradável se quer saber. Na verdade eu não dormi nada, mesmo depois de ficar horas chorando silenciosamente para não acordar as minhas amigas. E cochilar não conta. Conta? Mas mesmo assim, devo ter dormido uns nove, dez minutos no máximo. E, se eu fechasse os olhos, tinha um pesadelo ou um sonho estranho. Isso foi quase a madrugada toda, porque eu não citei a parte em que eu me preparei pra dormir. Era uma da manhã e eu ainda fazendo dever. Quando estava quase amanhecendo, eu consegui dormir, um sono pesado sem sonhos. Sem sonhos que eu me lembre, porque diz que a gente sonha toda noite.
Fiquei na cama de olhos fechados, sempre cochilava de novo, mas pra minha tristeza acordava. Na verdade, na verdade mesmo, eu tava esperando sumir, ou morrer. Credo. Estou me sentindo melodramática demais. E a razão disso tudo, a razão porque choro feito uma menina boba e frágil, porque eu não durmo tendo pesadelos - dos quais eu não quero lembrar agora - só tem dois nomes: Teddy Lupin.
Mas que droga. Será que só de pensar no nome desse estúpido menino eu tenho que me sentir ofegante e os meus olhos lacrimejarem? Será que ele não me faz sentir mais nada além disso? Como eu odeio amá-lo tanto assim. Como eu odeio sofrer por ele tanto assim. Estou me sentindo uma menina idiota, ridícula e frágil. Não gosto disso. Não quero mais brincar de amar Teddy. E muito menos de sofrer por ele.
Vou esquecê-lo ou não me chamo Victorie Weasley. Sei que vai ser difícil, mas vou conseguir, estou disposta a isso. E também não preciso me preocupar com a parte dele, já que durante todo esse tempo que nós nos conhecemos, ele nunca me tratou como nada mais que uma parente, uma prima. Seria essa a melhor maneira de representar o nosso convívio. Pensei em irmã, mas não chegamos a ser íntimos como irmãos – bem que eu queria. Realmente primos é a melhor definição, ele nunca mostrou um sentimento a mais que isso. É educado e gentil comigo, mas nada diferente do que é com as outras mulheres da família. A última vez que nós conversamos eu até me assustei, porque foi uma conversa longa e divertida, e só estávamos eu e ele na casa da minha avó, nas férias escolares. Foi bom, mas não vi nada de mais nos seus olhos, que me olhavam como se eu fosse uma prima e nada mais. Isso era triste, mas já ficava satisfeita apesar de tudo. Era mais fácil de encarar isso como se fosse um amor platônico.
Levantei da cama e olhei no meu relógio de pulso que estava em cima da mesa de cabeceira. Fiquei assustada, já estava quase na hora do almoço, acho que nunca fiquei tanto tempo na cama. Ainda bem que é sábado e terminei todos os deveres na noite passada. Nem dá pra acreditar que terminei tudo, essa é a nossa primeira semana de aula e esses professores já nos enchem de deveres. Bem que papai falou que quinto ano não é fácil. Já estava cansada de 'palestra' sobre os N.O.M's.
Fui ao banheiro e me lavei, escovei os dentes e sequei meus cabelos. Fiquei olhando meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam vermelhos e inchados, e eu estava com olheiras, não ia descer para almoçar assim. Voltei para o dormitório, me vesti, peguei a varinha e voltei ao banheiro. Lancei um feitiço de beleza para disfarçar o meu rosto e o resultado foi ótimo, nem parecia que tinha ficado a noite toda acordada chorando. Fiz uma nota mentalmente para agradecer a Hermione, mulher do meu tio Ron, por me ensinar a lançar esse feitiço. Hermione, graças a Merlim, é muito inteligente e sabe alguns feitiços, poções e azarações muito úteis, me ajudavam bastante.
Fiquei por mais um momento olhando o meu reflexo no espelho. Eu era considerada um das meninas mais bonitas da escola. Mas eu não achava isso, eu gostava de mim, não tinha o que reclamar, mas havia muito mais mulheres bonitas do que eu nessa escola. Meu cabelo gigante e loiro-prateado e meus olhos azuis comuns era o que eu mais gostava. Sempre fui maior que todo mundo, mas agora todo mundo era maior que eu. Isso era meio irritante quando virava motivo de chacota.
Desci para a sala comunal, mas, pra minha tristeza, estava vazia. Nenhuma das minhas amigas estavam lá, e eu não queria descer sozinha em meus pensamentos para o salão principal. Queria me distrair. A tentação de subir, pegar meu violão e ir para o jardim foi grande. Normalmente quando estava sozinha, ou queria me distrair, o pegava e saía tocando, podia ficar tocando horas que eu nem percebia. Isso me acalmava, relaxava. Eu esquecia o mundo à minha volta. Só tinha eu, meu violão e mais ninguém. Podia mesmo fazer isso agora, mas eu tinha que dar um sinal de vida.
Fui para o salão principal com meus devaneios. Chegando lá, vi Cristina e Amélia sentadas ao meio da mesa da Grifinória. Elas me viram e acenaram. Sorri pra elas.
- Graças a Merlim você acordou. Morri de preocupação, já ia lá te acordar pra ver se você estava bem. – Amélia disse parecendo aliviada. De todas, ela era a que mais se preocupava com a gente.
- Desculpe Mia. Não dormi direito essa noite. Quando peguei no sono já era de manhã. - disse me sentando ao lado de Cris e de frente pra Mia
- Nós percebemos. Quando acordei até me assustei olhando pra você. Você estava simplesmente chorando enquanto dormia. Entrei em pânico. – Agora Amélia estava com uma face preocupada.
- Calma Mia, eu já estou bem. Isso foi passado, não precisa se preocupar. Se der tudo certo, não vai mais me ver assim. – Dei um sorriso pra ela, confortando-a. Estava faminta e não sabia, só quando me servi do banquete que percebi.
- Como assim? Foi passado, não te ver assim mais? – Cristina disse com certa curiosidade.
- Decidi que vou parar de sofrer por ele de uma vez por todas. Cansei disso tudo, cansei de me sentir boba, frágil, ridícula. Cansei.
- O quê? Você esta decidida a esquecer o Lupin? – sussurrou Cristina. Quase não escutei.
- Sim. E, por favor, não diga esse nome. Ainda é difícil pra mim. – Olhei para a comida, impedindo que elas olhassem a tristeza em meus olhos. Era ainda realmente difícil mesmo, tomar essa decisão.
- Pra ser sincera, fico feliz em ouvir isso, Vicky. Estava cansada de te ver triste, sofrendo pelos cantos e a gente não podendo fazer nada. Dói na gente o seu sofrimento. – Mia disse. Olhei pra ela quando disse isso, ela estava sorrindo e eu sorri também. Era bom saber que minha decisão não ia beneficiar só a mim.
- Tudo o que a gente puder fazer pra te ajudar, a gente vai, amiga. – Cris falou parecendo que tava disposta mesmo a me ajudar. Olhei pra ela e sua expressão era a de quem tirou um peso das costas. Não imaginava que meu sofrimento incomodava tanto minhas amigas.
- Obrigada meninas, não sei o que seria de mim sem vocês. Mas vamos mudar se assunto. Onde está Sarah?
- Aaaah! Boa pergunta. Estávamos na sala comunal quando ela saiu correndo e até agora não a vimos. – Mia falou enquanto olhava para os lados. Ela demorou o seu olhar um pouco na direção onde ficam as mesas dos professores, e olhou pro outro lado. Mas antes que eu pudesse seguir o olhar dela pra ver o que ela observava, ela acenou pra alguém na entrada do salão. – Falando da bruxa, olha quem está vindo.
- Olá meninas. Olha quem acordou, dormiu mais que a cama, foi, Dona Victorie? – Sarah disse com animação. E sentando ao lado de Mia.
- Acho que sim. Onde você estava?
- Na biblioteca. Tinha esquecido meu trabalho de poções lá ontem. Revirei aquela biblioteca toda procurando, ainda bem que achei. Não ia gostar nada de fazer outro. Aí fui até a sala comunal guardar ele e vim direto pra cá. E quando entrei percebi uma coisa interessante.
- O quê – Eu, Cristina e Amélia perguntamos juntas, a curiosidade tomando conta.
- Teddy Lupin estava olhando pra você. Estava não, está. – Ela disse olhando para a direção da mesa dos professores. Com toda a certeza ele estava ali.
Corei e olhei pra baixo, resistindo à tentação de olhar pra ele. Estava com a sensação de que não ia gostar do que visse em seus olhos. Por que será que ele estava me olhando? Que eu saiba não há nenhum motivo pra isso. Pelo menos que eu saiba, né? Por Deus. Porque esse menino tá olhando pra mim? Será que ele escutou a minha conversa com as meninas e quer dificultar as coisas? Não, claro que não. Ele devia estar longe e nós nem se quer falamos o nome dele. Não alto o suficiente para que todo mundo pudesse ouvir, foi bem baixo por sinal. Eu estava ficando louca e me aprofundando nos meus pensamentos, quando a voz de Amélia me despertou e eu a olhei, ainda resistindo à tentação.
- Eu reparei isso também. Mas como Vicky disse que está determina a esquecê-lo, e vi que em seus olhos que ela está mesmo, deixei de lado e nem comentei. - ela olhou pra mim – Se você quer mesmo isso, e eu sei que quer é melhor começar desde agora.
Sarah me olhou com surpresa
-Oh! Eu não sabia dessa sua decisão, Vicky. Se você tivesse me contado eu nem teria falado com você. Desculpa.
- Que isso Sarah. Sem problemas. Você não sabia da minha decisão. Não esquenta amiga – dei um sorriso e uma piscadela pra ela. Ela riu com alívio nos olhos.
Alguns minutos de silêncio. Isso me incomodava.
- E quer saber também, nem ligo mais. – Menti e não as convenci. Não falaram nada, só me encararam.
- É sério. – Tentei convencer mais a mim mesma do que elas, mas mesmo assim, não adiantou muita coisa.
Terminamos de almoçar e fomos para sala comunal, subi ao dormitório e peguei meu violão, a súbita vontade de tocar estava me irritando.
Sentei na poltrona ao lado da lareira e comecei a tocar 'Us of Lesser Gods' do Flogging Molly, mas só a melodia, bem baixinho para relaxar. E então comecei a admirar minhas amigas.
Sarah estava deitada no chão na minha frente, de barriga pra baixo e lendo um livro do qual eu não sabia o nome. Devia ser um romance, ela ama romance. Sarah é do meu tamanho. Tem os cabelos longos, leve e delicadamente ondulados, repicado, sem franja, até a cintura, castanho escuros. Seu rosto é lindo, uns dos mais bonitos da escola. Olhos azuis escuros, nariz pequeno, fino e empinado, boca grande, carnuda, mas não carnuda demais. Se eu não a conhecesse, diria que era uma daquelas mulheres maravilhosas que se vê em revista de moda trouxa. Era divertida e engraçada. Se você quer uma companhia para se divertir, é com ela mesma, uma ótima amiga em todos os sentidos. Agora ela sorria para o livro. O sorriso dela também era bonito, pra variar um pouco.
Cristina estava sentada no chão apoiando a cabeça na perna de Mia. Cantarolava uma música que me deu a impressão de ser a que eu tocava, mas não consegui escutar direito. Cristina também é bonita. Parece uma mulçumana. Sobrancelha grossa e perfeita. Nariz grande, mas nada exagerado. Sua boca tinha forma de coração, eu adoro o desenho da sua boca. Cabelos comprido, liso e escuro, quase preto, com uma franja que cai de lado. Para o lado direito, porque, como ela mesma diz, pro lado esquerdo ela fica parecendo uma boba, uma sem sal. Mas ela que diz. Olhos castanhos. Morena alta e bonita. Tinha uma covinha ao lado direito do rosto, um charme. Era uma boba alegre, ria de tudo. Nunca a vi de mau-humor, e era bem prestativa e engraçada.
Amélia estava sentada no sofá, era quase uma albina. Ruiva claro quase loira, dos cabelos encaracolados da raiz até as pontas, cheio, que ia até um pouco abaixo dos ombros. Olhos azuis vivos, perfeitos. Boca pequena e rosada. Algumas sardas pelo rosto. Um nariz de dar inveja. Era pequena, mais baixa do que meu um metro e sessenta e seis. Se um dia você quiser pedir conselhos e desabafar, não há pessoa melhor. É a mais responsável de nós quatro e sabe ler nossa expressão muito bem, até melhor do que eu gosto de admitir. Ela ria e brincava com cabelo de Cris. Não tinha amigas melhores que as minhas. Elas eram perfeitas em todos os modos e sentidos.
Despertei da minha admiração quando Teddy Lupin entrou pelo retrato. Nossos olhos se encontrando, fazendo-me esquecer até da musica que eu tocava em meu violão.
N/A: Olá pessoas :D. Essa é a minha primeira fic publicada aqui. Então espero que gostem. Eu acho que o primeiro cap ta muito xoxo HAHA, apesar de pessoas falarem que não, mas isso é vocês quem vão me dizer (Y). E o resto da fic vai estar muito bom, prometo. Esse é só para começar mesmo. Volto a att aqui o mais rápido possível, ok?
Um beijo gigante pra minha beta mais linda, Rá. Se não fosse ela eu não estaria aqui. Te amo demais da conta flor.