N/C: Não sei responder reviews. Até já tentei, mas sempre acho que o agradecimento ou soa afetado, ou soa convencido - e é fato que não gosto de nenhuma das opções. Entretanto, também não gosto de deixar as pessoas que lêem - e, principalmente, se dão o trabalho de comentar - sem uma resposta, sem um retorno, como se elas não fossem assim tão importantes - quando na verdade elas até são. É exatamente por isso que estou postando essa fic hoje.

De mim para vocês:


A todos os que lêem - silenciosos ou não, anônimos ou não.

Qual seria a graça de montar espetáculos para ninguém, afinal?


Contra-Regras

Ele não iniciou nenhuma grande revolta no Ministério, não contribuiu com nenhuma grande mudança no St. Mungo's, não incutiu nenhuma grande idéia na mente de ninguém, não fez nenhuma descoberta importante para o século, e, ainda assim, tudo estava bem.

Ele sempre foi um bom garoto, afinal; um bom aluno, um bom filho, um bom namorado, um bom funcionário. Era bom fazendo feitiços, bom contando piadas, bom amarrando os sapatos, bom dando nós em gravatas... Ele era indiscutivelmente bom. Sempre e a qualquer hora do dia ou da noite, a qualquer pessoa que perguntassem sobre ele.

Ele acordava todos os dias às 07h12min da manhã, ao levantar pisava no chão sempre com o pé direito, olhava-se no espelho antes de lavar o rosto, fazia uma careta matinal, bocejava e tapava com a mão esquerda o bocejo, e com a mão direita percorria os fios de cabelo bagunçados.

Todos os dias.

Ele ligava o rádio, ouvia o PotterWatch, torcia pela rádio subversiva enquanto comia algumas torradas, vibrava com algumas piadas contra o Ministério, encenava uma leitura séria d'O Profeta Diário antes de queimá-lo ou jogá-lo fora, e finalmente saía para trabalhar

Ele suava frio quando via as filas de trouxas e mestiços, ele abaixava a cabeça e olhava o chão, ele sentia uma espécie de vergonha subir e descer na sua garganta, ele evitava encarar aquelas pessoas nos olhos enquanto uma voz forte e enérgica ressoava em sua mente perguntando "até quando?".

Ele subia o elevador, descia o elevador, encantava memorandos, cumprimentava as pessoas com acenos de cabeça, se despedia das pessoas com acenos de cabeça, sorria nervosamente, sorria nervosamente, sorria sem vontade, respirava fundo ao pensar nos dias atuais, prendia a respiração ao passar pelos outros, e se perguntava "até quando?".

Todos os dias.

Ele voltava pra casa, trocava de roupa, olhava a rua pela janela, suspirava um vazio, jantava sozinho, deitava a cabeça no travesseiro e não dormia, olhava o teto, olhava o céu lá fora pela janela, notava a neblina e sentia o frio, pensava em marcas negras e adormecia.

Ele via o tempo passar.

Todos os dias.

Ele ouviu as pessoas comentando sobre o Gringotts, ele ouviu um tal de Percy comentando sobre Hogwarts, ele pensou "por que não?", ele correu em busca de sua varinha, em busca dos feitiços certos, em busca de alguma coragem para olhar de novo nos olhos dos outros, em busca de um pedaço-de–história. Ele foi.

Ele girava o punho, girava a varinha, murmurava feitiços, suava frio, sorria nervosamente, via tudo embaçado, via corpos no chão, via luzes no céu, sorria nervosamente, sorria-com-vontade, pensava "até quando?", vivia "até quando?".

- verde

... ele não iniciou nenhuma grande revolta no Ministério, não contribuiu com nenhuma grande mudança no St. Mungo's, não incutiu nenhuma grande idéia na mente de ninguém, não fez nenhuma descoberta importante para o século...

Ele não será lembrado, talvez por nada além do que encantar memorandos ("eles deveriam estar na minha mesa às 9h!"), talvez por nada que lhe conceda a citação em-um-pedaço-de-história. E, ainda assim, tudo bem. Ele lutou bem, afinal.

Excepcionalmente bem.

Afinal.


N/C²: Agradecimentos especiais a ela. Por tudo.

N/C³: Happy New Year! ;x