Ponto Morto

Eu era isso. Só isso.

Por: Tainã Zuccolotto Vieira – Vulgo: Demetria Blackwell


Sua sentença de morte já havia sido sacramentada no momento que colocou aquele anel em seu dedo. Assinou o próprio testamento com gotas de sangue e um amargo receio do que viria pela frente. Aquela organização era só algo em que podia apoiar o peso de sua consciência e dizer que era para aquilo que existia. Só existia. Nada mais que isso. Mancharam de sangue suas vestes, suas mãos e cabelo. Seus olhos foram desfocados em lágrimas e sua alma afogada aos poucos com elas. Foi desgastando com o tempo, como um brinquedo esquecido em baixo da cama quando já perdeu sua magia. Paz era tudo o que queria.

Não conseguia dormir a noite por causa das penumbras de seu passado. Das guerras que enfrentou, de outras tantas que começou, ou aquelas que só se deu o trabalho de matar. Isso lhe assombrava, era um fantasma que não tinha como apagar, por isso, pensava coisas melhores. Lembrava-se das chuvas quando ainda era criança, das brincadeiras com lama, das poças que pulava e quando apenas senta as gotas baterem lentamente em sua face branca.

Fim. Só tinha isso que tinha orgulho de se lembrar. Quantas vezes queria desaparecer ao recorda-se disso. Era tenebroso e assustador perceber que não tinha memórias.

Honestamente, não sabia mais o que fazia, não tinha noção da realidade e não sabia mais o que eram sonhos. Com o passar dos anos, eles foram se tornando tão distantes que – ao perceber – já havia os perdido.

Seus olhos de gelo, sempre tão límpidos, sempre tão frios, olhavam tudo a sua volta, mas não conseguia ver nada. Sabia que havia coisas e pessoas em todos os lugares, mas nada lhe parecia real, era como se tudo fosse um grande pesadelo, sem despertador para acordá-la.

Olhou para sua pele. Tão bela quanto à porcelana de uma boneca. Sem nenhuma mancha se sangue, nenhuma cicatriz, nada. Branca, lisa e fria.

Era também uma boneca em seus atos, tão perfeitos, tão manipulados e certeiros.

Bonecas também não choram. Ela também não. Não mais. Nunca mais.

Viu tantas pessoas na vida com os olhos tão vivos que – por um momento – sentiu certa inveja deles. Inveja de ter um motivo para sorrir, para brincar, se orgulhar e ser feliz.

A quem estava querem enganar? Sabia que não teria nada disso mesmo.

Isso deveria ser carma, um carma tão belo e mortal quanto uma flor de Lycoris¹ que engana a todos com sua falsa inocência.

Minha história de vida se resume em milhares de palavras sem sentimentos, um destino imutável e olhares gélidos. Mas eu não ligo, pois o final da vida serei só um ponto morto.

Eu era isso. Só isso.


¹ - Flor de Lycoris, no Japão, é relacionada aos carmas e aos pecados do coração. Também são muito citadas no anime Jigoku Shoujo. AAAAAAAAAAHHHHH, REN! MISTUPRA. S2


N/a: Fanfic horrível, péssima e sem profundidade alguma. Mais eu AINDA quero reviews. ¬¬

P.S: Não foi betada, desculpe pelos eventuais erros. u_u

P.S.S: UM FELIZ ANO NOVO PRA TOOODO MUNDO! S2 Muito sucesso, paz, amor e felicidade pra todos do fanfiction. xD