Solidão

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Naruto pertence à Kishimoto Masashi. Drabble dedicado à minha mente gêmea atualmente desaparecida.

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Detestava seu próprio dom, seu pesado fardo.

Infindáveis vezes os via morrer, um a um, e jamais errava alguma visão. Desprezava a si mesma por que sabia que todas as mortes que lhe assombravam em visões, cada uma delas, eram suas mortes não-ocorridas. O sangue derramado era o de inocentes capazes de se sacrificar pelo bem-estar de sua sacerdotisa ou de vítimas do ocaso, não importava. O sangue vertido era o de seu próprio povo.

Como conseqüência passou a ser temida. A possibilidade de seus olhos refletirem uma morte sorridente aterrorizava, e uma redoma foi fechada. Passou a se isolar deles. Seu povo. Queria afastá-los de sua maldição.

Inútil.

O sangue ainda era vertido.

Tornou-se então intratável. Os espezinhava e desprezava, esforçando-se ao máximo para distanciar-se e atenuar tantas mortes.

E chorava. Chorava por não poder morrer e dar fim ao sangue sacrifical. Chorava por aqueles que morriam em seu lugar. Chorava por seu destino. Chorava por sentir-se completamente despreparada e inapta para proteger o mundo do Mouryou. Desejava simplesmente poder morrer e se ver livre de tudo aquilo, mas as coisas não podiam ser de outra maneira.

Era ao menos o que supunha ser sua crença.

Nunca lhe ocorrera que as coisas poderiam ser de outra maneira.

Mas em determinado momento, quando ele, que foi enviado para protegê-la, olhou diretamente em seus olhos (aqueles olhos azuis, tão fortes e resolutos!) e confrontou com impavidez sua morte estampada neles, perguntou se morrer era realmente seu desejo, descobriu que queria mais do que nunca viver.

N/A: Tudo bem, a sacerdotisa Shion é do filme - vulgo filler gigante -, mas gosto dela. E ela do Naruto.

P.S: Volte, Greta! Volte para mim! S2S2S2