Anteriormente:

Quando já estávamos a uns 10 passos de distância, ouço duas coisas completamente diferentes.

Mike murmurando "Que parte de trás maravilhosa. Já estou até imaginando..." e um barulho de algo quebrando. Olho para trás e me deparo com Edward segurando uma bandeja de comida partida ao meio e um olhar fatal na direção do Mike.

É, eu acho que ele leu o que Mike estava imaginando.

.-.

Exatamente quando eu pensei que teria que conseguir sozinha,

Você estava lá ao meu lado.

Dando-me apoio, segurando minha mão, do jeito que você sempre faz.

.-.

FINALMENTE, HARMONIA

Antes que Edward pudesse fazer algo de que iria se arrepender depois, fui até ele e comecei a arrastá-lo para longe de Mike. Todos os Cullen já tinham reparado na cena. Jasper olhava desconfiado, provavelmente tentando decidir se deveria intervir com seus poderes. Alice tinha os olhos sem foco, dando uma olhadinha no futuro, para ver o rumo que a situação iria tomar. Rosalie estava entediada, podia dizer isso só de olhar para a cara dela. E o que mais me chocou foi Emmet, que estava com um sorriso quilométrico no rosto e um brilho no olhar, ansioso por uma pequena briga. Como ele poderia sorrir sendo que Edward partiria Mike ao meio com apenas um toque do seu dedo?! Não que eu ficaria triste com isso. Melhor o Mike apanhar do que o Edward.

Edward estava rígido, tenso e não tirava os olhos do pobre garoto, que estava branco como gesso, e eu podia sentir só de olhar pra ele, que ele estava com raiva. Muita raiva. Todas as outras pessoas no refeitório estavam nos encarando, então resolvi chamar Edward. Sussurrei baixinho para ele.

- Edward?!

Nenhum sinal de que ele estava prestando atenção em mim. Chamei ele de novo.

- Edward, as pessoas estão olhando. É melhor irmos pra nossa mesa. Esquece isso.

Assim que terminei de falar, me virei de frente para ele e coloquei uma mão no seu ombro, sacudindo-o de leve, para que ninguém percebesse. Como se tivesse sido removido de um profundo estado de transe, ele olhou para mim, deu um leve sorriso, um sorriso torto, daqueles que eu amava, e enlaçou minha cintura, com força, andando em direção aos outros Cullen.

No momento em que chegamos à mesa, todos relaxaram. Alice me chamou para sentar ao lado dela, enquanto Edward sentava ao lado de Emmet, na minha frente.

- Isso, está certo Edward, temos que proteger a nossa 'prima' desses humanos aí, que só pensam barbaridades. Ouvi daqui o que o tal Newton estava sussurrando - Emmet deu um soco de leve no braço de Edward – Mas fala aí, que olhar foi aquele? Nunca vi você tão irritado maninho! Qual foi o motivo? Eles sempre babam por Alice e Rosalie e você nunca age assim. Será que é por causa da Bel..

Edward lançou outro olhar fatal, dessa vez para Emmet, como se fosse um aviso para ele calar a boca. Emmet deve ter percebido o olhar, pois não falou mais nada.

O intervalo passou rápido, com Alice e Rosalie discutindo compras e os meninos discutindo sobre algo, provavelmente deveriam estar apostando algo. Eu fiquei o tempo todo pensando sobre as mudanças pela qual eu passei nesses últimos tempos. Deixei a única família que eu já tive depois de ser transformada, mudei de país, fui morar na casa de vampiros que eu nunca tinha visto antes e tinha um quase rolo/namoro com o vampiro mais lindo que eu já vi em toda minha vida. Edward, é claro.

Bateu o sinal e estava na hora de irmos cada um paras suas respectivas salas.

- Então, agora eu tenho aula de Biologia, é melhor eu ir indo, essa professora odeia atrasos – Jasper fez uma careta e se distanciou, indo para a sua aula.

- Eu e Emmet temos Literatura, estamos indo. Nos encontramos mais tarde no estacionamento. – Rosalie disse e agarrou o braço de Emmet. Os dois foram juntos para a próxima aula, com Emmet abraçando ela.

- Agora minha aula é Trigonometria. – Alice disse entediada – Eu realmente não gosto de Trigonometria. – Eu quase ri da careta que ela fez agora.

- Que estranho Alice, a minha aula agora é História. Você não disse que os horários de Bella foram escolhidos para que ela tivesse aula conosco todas as horas?

- É verdade Edward, eu acho que não conseguiram encaixar todas as aulas com a gente. Bella, qual é a sua aula agora?

- Educação Física – Fiz uma careta estilo Alice.

Eu odeio Educação Física. Isso pelo fato de eu não poder usar minha real força e velocidade, tendo que me controlar o tempo inteiro. Na verdade, eu tenho que me controlar toda hora. Me controlar para não pular no pescoço de um humano. Me controlar para não correr na minha velocidade real na frente de humanos. Para não esmagar alguma coisa com a minha incrível força perto de um humano. Era entediante não poder ser eu mesma na escola. Por que mesmo eu aceitei estudar?

Os olhos de Alice ficaram novamente sem foco, numa visão.

- Então não tem problema Bells, vocês terão a aula no bosque da escola, o ambiente é ao ar livre, você não sentirá o cheiro de humanos tão abafados como no ginásio. O professor quer fazer trilha hoje.

Ótimo. Trilha. Só o que me faltava. Mesmo sendo uma vampira eu não gostava de florestas a ponto de fazer uma trilha por vontade própria em uma, ou em um bosque, tanto faz. Só ia na floresta quando precisava caçar. Não tenho boas memórias em florestas, isso devido a uma parte do meu passado, mas isso é uma história pra outra hora.

- Ok Alice, obrigada por checar. – Dei um abraço na minha 'prima' antes de ela ir para sua sala.

Alice já estava longe quando voltei a olhar para Edward, que tinha um sorriso bobo no rosto.

- Você poderia me dizer qual é o motivo para essa cara de bobo?

- Só uma coisinha que Alice pensou. – O sorriso deu uma pequena aumentada e foi embora.

Droga. Às vezes eu queria poder ler mentes. Isso seria tão conveniente. Fiz um biquinho. Tão Alice, pensei comigo mesma.

- Alguma chance de você compartilhar a informação? – Biquinho. Biquinho. Continue com o biquinho Bella!

- Talvez algum dia. Agora não é a hora. Principalmente porque já estamos atrasados.

Olhei para o corredor e era verdade. Não se via nenhuma alma, éramos só eu e ele no corredor. Vendo que eu não iria conseguir nenhuma dica, resolvi ir pra minha aula.

-Então eu vou indo. – Virei-me e comecei a andar para o ginásio, onde todos provavelmente deveriam estar antes de irem para o bosque.

Mas antes que eu pudesse andar mais que cinco passos, Edward segurou meu braço e me puxou para si, como se estivesse me abraçando.

- Bella, se você precisar de qualquer coisa, se por acaso se sentir desconfortável, baixe seu escudo e pense em mim. Eu vou ouvir e virei em seu auxílio. Está bom assim?

Eu amava e odiava quando ele se aproximava assim de mim. Subi os olhos do seu peito, que era onde eu estava olhando, e fui para o seu rosto. Primeiro eu vi seu pescoço, e me deu vontade de sentir o cheiro de sua pele, sentir sua pele sobre a minha. Depois eu vi sua boca, vermelha e cheia, entreaberta, convidativa, e o desejo de beijá-lo foi enormemente forte. Senti sua respiração (desnecessária) sobre mim e fiquei zonza com o aroma que ele exalava. Quando encontrei seus olhos, foi como se ele tivesse me hipnotizado. Não conseguia parar de encará-lo, parecia impossível me desvencilhar de seu abraço. Contra todas as possibilidades e probabilidades, já que eu estava perdidamente louca de desejo, consegui formular uma resposta. Monossilábica, mas mesmo assim, uma resposta.

- Sim.

Ele deu um sorriso torto - mais um - e me soltou, repentinamente. Cambaleei pra trás e assim que recuperei o equilíbrio, ele se aproximou novamente, me deu um beijo na testa e foi em direção a sua aula.

Como assim na testa? Eu tinha cara de criancinha, que acaba de ir pro primeiro dia de aula?! Bem, era meu primeiro dia de aula, mas não sou uma criancinha! Fiquei em estado de choque, pelo fato de ter sentido tudo aquilo anteriormente e por ele ter se despedido de mim assim, e o ouvi dizer, lá do fim do corredor:

- Bella, não vá se atrasar para sua aula. Não quero que me culpem depois.

Terminou de falar e gargalhou. Simples assim.

Bufei e acabei por fazer o que Edward disse e fui para minha aula. Cheguei ao ginásio, atrasada, mesmo tendo 'acelerado' um pouco meu passo. O professor explicou que iríamos fazer uma trilha, para mudar um pouco a rotina. Não me apresentou à classe como a aluna nova, fato que agradeci interiormente. Saímos do ginásio e fomos para o bosque. Começamos a trilha e em depois de uma meia hora andando em um ritmo quase militar - para os humanos-, todos estavam suados e ofegantes. Menos eu, é claro. Porque eu não posso suar e não necessito de ar, mas me dei ao trabalho de fingir estar ofegando, para não levantar suspeitas. A parte do suar eu não tinha o que fazer, afinal, praticamente todos os líquidos do meu corpo foram substituídos pelo veneno que eu uso para caçar. Sendo assim, não tinha sangue, nem saliva, nem suor. Só veneno.

Alguém pediu ao professor se podíamos fazer uma pausa, já que, caso contrário mais ninguém conseguiria continuar.

Paramos por um tempo e voltamos a caminhar. Depois de uns cinco minutos de volta ao 'ritmo quase militar para humanos' decidi que não faria mal conversar com alguém. Me aproximei de uma garota que estava quase tão emburrada quanto eu pelo fato de estarmos fazendo uma trilha e disse um "Oi". Ela virou para me responder e se distraiu, tropeçando num galho e caindo no chão. Na hora não dei muita bola, pois muitos já tinham tropeçado, só estendi minha mão para ajudá-la a se levantar. Mas aparentemente essa garota tinha se machucado mesmo, pois quando ela segurou minha mão – pude sentir sua pele se arrepiar, afinal, eu era um bloco de gelo ambulante!- e se levantou, tinha muito sangue escorrendo do joelho dela. Ela caiu e estava sangrando.

SANGRANDO?!

Chocada com o acontecido, respirei fundo, sem pensar e o cheiro de sangue me atingiu fortemente. O aroma delicioso desceu queimando na minha garganta. Antes que eu pudesse fazer coisa da qual iria me arrepender depois, me afastei alguns (leia-se: muitos) passos dela e aproveitei que todos estavam indo em direção a garota – que eu lembrava vagamente se chamar Jéssica –, parei de respirar e corri na velocidade vampírica para um lugar longe da tentação que aquele sangue representava. Quando vi que já estava razoavelmente longe, baixei minhas defesas da mente e comecei a pensar o mais alto que eu pude.

"Edward. Por favor Edward, me tira daqui, não vou poder me controlar por muito tempo, minha garganta ainda está queimando e o cheiro é realmente delicioso."

Me agarrei numa árvore que estava próxima do local e tentei clarear minha mente. Tudo para esquecer o cheiro de sangue. Lembrei dos meus primeiros dias como vampira, de todas as sensações que eu senti, por tudo que passei, das coisas que fiz e não gostaria de ter feito. Esperava que assim eu fosse me acalmar, mas pelo contrário, lembrando do gosto de sangue humano na minha boca, das minhas vítimas se debatendo para fugirem de mim, dos pedidos de socorro, de misericórdia, isso acabou fazendo com que meu instinto de predadora tomasse conta de mim, mandando embora o meu resquício de sanidade. Antes que eu pudesse raciocinar, me vi correndo em direção ao cheiro, com o veneno saindo dos meus dentes e se depositando na minha boca.

Aumentei a velocidade. Em cinco segundos eu estaria lá, drenando o sangue de todos, me satisfazendo como um monstro, destruindo a vida de muitos adolescentes.

Senti algo me segurar e me puxar na direção contrária. Imediatamente o cheiro de Edward chegou até mim e eu pude relaxar um pouco. Quando voltei a ter consciência de mim mesma, percebi o que poderia ter feito e fiquei pasma. Eu REALMENTE planejava me alimentar do sangue de todos ali, sem me importar com as conseqüências. Eu iria prejudicar a família Cullen. Por minha causa eles teriam de se mudar novamente. Isso sem falar que os Volturi poderiam mandar a guarda atrás de mim. Eu estaria arruinando a vida de muitas famílias, que iriam lamentar a perda de filhos e irmãos. O sentimento de culpa e remorso veio imediatamente para me assolar. Eu era um monstro. Não havia nada que mudaria isso.

Voltei minha atenção à direção que tomávamos e percebi que conhecia o caminho. Edward estava me levando para a campina onde eu cacei pela primeira vez aqui em Forks. Onde eu quase tirei a vida de um humano. Por que ele me levava lá?!

Fechei os olhos e aproveitei a brisa (no caso, ventania, já que o vento passava zunindo por nós) que vinha no meu rosto. Respirei fundo e percebi todos os aromas ao meu redor. Pude perceber um riacho ali perto, a grama fresca ao redor, com cervos se alimentando - eu iria me alimentar depois também – e o perfume das flores que tinham ali era maravilhoso. Mas a fragrância que mais me prendeu foi a de Edward. Era indescritível. O que chegaria mais perto seria doce e inebriante. Perdi os sentidos enquanto me deixava levar por esse cheiro e aproveitava o momento.

Chegamos à campina e Edward me colocou levemente no chão, ainda me segurando. Me olhando como se questionando se era seguro me soltar, se eu voltaria ou não correndo até o bosque da escola. Como se eu fosse conseguir chegar lá antes dele!

- Eu estou bem Edward – Ele ergueu uma sobrancelha – É sério, eu não vou voltar correndo pra lá. – Dei um sorriso triste.

Ele me soltou e se deitou na campina, onde a grama era mais baixa. Deitei-me ao seu lado, com minha cabeça próxima à sua. Ele respirou fundo assim que eu me aproximei, e entrelaçou sua mão na minha, me aproximei ainda mais e descansei minha cabeça no seu peito. Ele passou seu braço ao meu redor e ficou fazendo carinho em mim, enquanto eu acariciava seu peito, onde ficava seu coração. Ficamos ali apreciando a companhia um do outro em silêncio, enquanto ambos brilhávamos juntos, como numa sinfonia de diamantes em harmonia, embaixo do sol.

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FELIZ DIA DAS MÃES! õ/

Mil desculpas pela demora. Só posso dizer que não tive criatividade o suficiente e fiquei me martirizando por isso. Mas como muitos leitores continuaram mandando reviews pedindo capítulos, resolvi tentar dar o melhor de mim pra esse capítulo sair logo. Não ficou maravilhoso, nem comprido, mas eu já tenho uma idéia pro próximo capítulo, embora eu não sei quando ele sai.

Espero que, mesmo com a minha falta de pontualidade, vocês não me abandonem tão cedo.