EDIT 12/12/2012: Os três primeiros capítulos dessa fic foram originalmente postados entre 02/11/2008 e 01/12/2008 (70 reviews ao total, obrigada a todas que mandaram!). Porém, devido ao enorme período de hiatus e aos erros e mudanças de escrita, eu resolvi reescrevê-la e somente postá-la quando eu a tivesse pronta no meu computador. Só que eu não consegui aguentar esperar (XD). Os capítulos dessa fic são grandes e difíceis de escrever, então eu já estava ficando mais do que ansiosa pra postar os que já tenho finalizados. Então, apaguei os capítulos da época e estou repostando por aqui mesmo, pois ainda existem algumas pessoas que têm essa história em seus favoritos e em alerta.

Eu mudei alguns aspectos e acrescentei cenas (como faz muito tempo, tipo quatro anos, esse pessoal que já conhece a história vai precisar ler de novo pra lembrar do que ela se tratava. Já quem leu recentemente, talvez queiram ler de novo pois realmente tiveram algumas mudanças), então espero que gostem.

Ah sim, a cena em itálico é um LEMON que faz parte da história, mas quem não gosta desse tipo de coisa pode pular sem problemas. Já aviso que não é dos melhores, porque eu ainda não sei escrevê-los tão bem assim hahahaha

Bom, é isso. O primeiro capítulo é o maior entre eles, então não se assustem. Espero que quem não conheça essa fanfic também goste :D


This love.

Por: Juju ou Juh ou Juliana ou Kagome Juh. Como preferirem :D


'Ver seu mundo desabar

é a pior coisa a se ver.

E se ver sozinha nessa destruição,

pareceu-me mais fácil do que poderia ser. '

Kagome Higurashi.

Capítulo I.

Kagome sorria tristemente enquanto observava o hanyou encarando a outra garota. Seu sorriso sempre tão radiante e contagiante estava sem brilho, mas ele parecia não ter notado. Mesmo com os olhos azuis acinzentados, sempre tão brilhantes, 'apagados' e sem qualquer expressão, o hanyou parecia não perceber o que acontecia com ela. Ele só tinha olhos para Kikyou. Somente Kikyou em seus pensamentos, somente Kikyou em suas conversas, somente Kikyou em seus desejos.

Mesmo tendo um corpo escultural, nada de Kagome em sua vida além da amizade de infância que eles cultivavam.

Kagome virou o rosto quando viu o amigo olhar para si. Arrumou os materiais em suas mãos e recomeçou a caminhar em direção à sala da faculdade. Ela já sabia o que ele pediria, já sabia o que ele falaria e ainda sofria por saber. Sofria em passar por aquilo não uma, não duas, mas várias vezes em um dia. Porém, Inuyasha parecia não perceber que sua atenção, sempre voltada para Kikyou, magoava a garota. Ele parecia não perceber que os conselhos que ele pedia - como ajuda para conquistar Kikyou - magoavam Kagome. Ele parecia não perceber mais nada que ela sentia e aquilo doía nela. Ele não era mais tão cuidadoso, não era mais tão protetor.

Nem os ciúmes exagerados ele demonstrava mais.

Kagome suspirou pensando naquilo. Sentiu a aproximação de Inuyasha e já esperou pela pergunta rotineira, pelo comentário rotineiro e pela dor rotineira.

"Oh meu Deus, o que eu faço para ter aquela mulher?" Ele perguntou afobado, como sempre. Ela não se deu o luxo de suspirar, ainda, já que ele não havia terminado a pergunta. "O que eu faço, Kagome?" Ele perguntou andando ao seu lado enquanto olhava para frente, pelo corredor. Ela estava cansada de dar conselhos, estava cansada de ser a melhor amiga, estava cansada daquilo tudo. Suspirou, olhando tristemente para o lado onde Inuyasha não poderia encará-la, e deu de ombros.

"Não sei." Disse simples, tentando conter a voz triste que carregava. Ele olhou para a morena ao seu lado interrogativo e as rugas em sua testa só aumentaram ao ver que ela não o encarava.

"O que aconteceu?" Ele perguntou surpreendendo a morena. Ela esperava pelo rotineiro 'Nossa, ela é linda demais!', não por aquela pergunta. Aquilo fazia parecer que ele ainda se importava com ela, a amiga de infância, a 'irmãzinha', a garota que ele nunca poderia amar como ela o amava.

Ela não o encarou, simplesmente suspirou novamente e antes de se separar do hanyou e seguir seu caminho pela faculdade, ela lhe respondeu minimamente.

"Nada."

oOo

Kagome olhava para fora da janela, totalmente pensativa. Tinha seus vinte e um anos, já estava naquela faculdade há três anos e não havia ficado com ninguém. Depois de seu primeiro beijo, ela nunca mais havia beijado. Ela não beijaria quem ela não gostava. Ela não beijaria alguém que não fosse Inuyasha Taisho.

Sim, seu primeiro beijo havia sido com o amigo de infância.

Diferente dele, ela não o via como o irmãozinho. Ela não o via como um simples amigo. Ela o amava, ela o queria. Ela tinha sonhos em se casar com o hanyou. Ela tinha riqueza, ela tinha beleza, ela tinha amigos; mas a única coisa que ela não tinha era a pessoa que ela amava e aquilo era deprimente. Ela amava Inuyasha e sentia que nunca poderia tê-lo. Por que logo ela entrara naquele martírio? Logo por algo que ela chegou a julgar como idiotice quando era mais nova?

Balançou a cabeça negativamente enquanto sentia seu ombro ser cutucado. Já estava acostumada com sua rotina e seu sorriso sincero brotou facilmente em seu rosto. Virou seu rosto para onde era chamada e viu as amigas, Sango e Rin, ao seu lado.

Como sempre.

Sempre presentes, sempre amigas, sempre confidentes... sempre tudo.

"Oh meu Deus, como você está horrível!" Sango comentou com graça. Kagome riu se levantando e as abraçando.

"Obrigada pela parte que me toca." Ela respondeu causando o riso das outras duas. "E então? Como foi o trabalho com o Miroku ontem?" Kagome perguntou já vendo Sango ficar corada. Sorriu maldosamente junto com Rin e levantou as sobrancelhas de forma sugestiva.

"Ela o beijou." A baixinha dedurou, recebendo um olhar indignado da amiga. "Ora Sango, mas é a pura verdade." Continuou, com uma cara inocente. Kagome riu com aquilo e se sentiu muito melhor ao lado das duas.

"Ora, eu não tenho culpa..." Sango começou a dizer, mas ao ver a cara das amigas completou. "Ta bom, ta bom, eu realmente tenho culpa!" Kagome e Rin riram divertidas. "Mas vocês sabem muito bem que fazia tempos que eu queria beijar o Miroku." Ela disse na defensiva, cruzando os braços em frente aos peitos. Kagome riu e olhou maldosamente para Rin, que logo parou de rir quando viu a cara da morena.

"Iiihh, o que foi Ká?" Ela perguntou receosa. Sango olhou para ela e sorriu da mesma forma maldosa para a pequena do grupo.

"E como foi você e o Sesshoumaru?" Kagome perguntou maliciosamente, fazendo a vítima da vez corar intensamente. Sua pele, de branca, passou para um vermelho chamativo. Aquilo divertiu de forma extremamente satisfatória as outras duas.

"Ora... Sesshoumaru e eu?" Rin disse tentando não gaguejar. "Bem, nós não temos na-nada, tratem de tirar isso da cabeça." Ela disse nervosamente enquanto encarava os olhos acusadores das duas. Suspirou, desistindo de resistir quando percebeu que Kagome começaria a insistir. "Ta bom, ta bom, nós nos beijamos também. Foi o maior amasso de toda a minha curta vida de vinte e um anos!" Completou sonhadoramente. As outras duas riram divertidas.

"A Riiinnn ta louquiiiinha por ele!" Sango disse, rindo do olhar indignado da pequena.

"Ora Sango, claro que não!"

"Oh, sim, então eu que estou apaixonada pelo Miroku." Sango disse revirando os olhos.

"Mas é mesmo." Rin comentou normalmente, recebendo um olhar indignado e uma negação veemente. Presenciando toda aquela troca de informações, Kagome não conseguia parar de rir das duas. Viu o professor entrar na sala pedindo silencio, viu as amigas sentarem em seus lugares - que infelizmente eram longe do seu - e quando se sentou em seu lugar que seus olhos foram parar na janela, viu Kikyou a encarando com fúria.

Arqueou as sobrancelhas não entendendo nada. Então, viu o olhar da morena se suavizar falsamente quando o hanyou apareceu ao seu lado, pegando-a pela mão e levando-a para fora do prédio da faculdade.

Toda aquela felicidade que sentira momentos antes, com Sango e Rin, sumiu. Toda aquela felicidade estava indo embora daquele prédio junto com Inuyasha e Kikyou.

oOo

Inuyasha caminhava com Kikyou, tentando conter a felicidade que tinha dentro de si. Sua mente sempre estivera presa a ela. Desde que entrara na faculdade e a vira, não parou de pensar na garota.

Andando de mãos dadas, ele sentia uma vontade enorme de gritar de felicidade, de alegria. Finalmente estava com ela, finalmente estava com a pessoa que ele achava estar apaixonado. Aquilo era tão inacreditável e, por incrível que pareça, havia sito tão... simples! Chegar e chamar uma pessoa para sair poderia minimizar três anos de admiração.

"E então, Inuyasha, aonde você vai me levar?" Ele ouviu a voz altiva de Kikyou e sorriu orgulhoso de si mesmo. Mesmo estranhando um pouco o tom de voz da garota, se orgulhava por estar saindo com ela.

"Bem, não tenho um lugar totalmente planejado." Ele disse sorrindo, aquele sorriso lindo que Kikyou não sabia absorver.

Ela sorriu orgulhosa de si mesma. Não dera muita importância para o hanyou durante todo aquele tempo, mas sempre gostara do modo que ele a olhava, do modo que ele a desejava, do modo que ele corria atrás. Ela se sentia dona de um cachorrinho bonito e obediente. O motivo para ter fúria de Kagome era por justamente sentir que ela era a dona desse cachorrinho; ele podia não saber, não perceber, mas a outra o amava e ela o tinha. Ela andava com ele o tempo todo, o conhecia completamente e tinha sua confiança. Aquilo a incomodava imensamente não por amar o hanyou, mas sim por vê-lo como sua propriedade, algo próprio para ser usado. Ela não fazia aquilo com todos, não, não fazia; mas talvez passar ciúmes no cara que ela amava não podia ser algo tão ruim, mesmo que estivesse usando alguém para esse fim.

"De qualquer forma, confio em você." Ela disse sorrindo e se aproximando dele mais um pouco, dando lhe um selinho. Inuyasha se sentiu nas nuvens, tinha ido ao céu com aquele selinho. Era tudo o que ele quisera, tudo o que ele sonhara desde que entrara na faculdade e era o que ele estava conseguindo.

Mas aquela frase mexera com ele.

'De qualquer forma, confio em você.'

Não parecia ter fundamento. Não quando ele escutara aquelas palavras várias vezes por alguém muito especial.

Por alguém chamado Kagome.

oOo

As lágrimas rolaram, como todas as vezes que ela o via com alguém. Era daquele mesmo jeito no colégio, era daquele mesmo jeito em boates. Por que ela não superava? Por que ela não percebia o próprio lugar naquela situação e se conformava?

Ela era a simples e melhor amiga.

Sango e Rin olhavam preocupadas para a garota. Queriam se levantar, mas assim passariam por quase metade da sala e chamariam atenção de todos para a morena. Permaneceram sentadas, com os corações nas mãos. Kagome sempre tão sofredora. Quando Inuyasha perceberia o sentimento dela por ele?

Quando?

oOo

Noite, lua cheia, estrelas brilhantes e uma Kagome sentada no sofá assistindo TV enquanto esperava a pipoca ser feita por Inuyasha. Ela tentava realmente pensar pelo lado bom de tudo aquilo: mesmo depois de ter visto que ele havia matado as aulas daquele dia para sair, milagrosamente, com Kikyou, sentiu-se relativamente bem já que à noite ele cumpriu com a rotina de ir até sua casa para assistirem um filme juntos.

A palavra juntos a fazia ter seus batimentos cardíacos acelerados. Quem sabe um dia, aquela palavra poderia significar namorados? Ela realmente ansiava por aquilo, mas como o hanyou passou o dia inteiro com a outra garota, ela via que aquilo poderia estar mais longe do que nunca. Não continha um suspiro sempre que pensava naquilo.

Era terrivelmente deprimente sofrer tanto daquela maneira.

Ignorou seus pensamentos lastimáveis e sorriu alegre enquanto via Inuyasha chegar à sala com a enorme bacia de pipoca em mãos. "Pelo cheiro, parece que não perdi o jeito!" Ele disse sorrindo. Kagome riu enquanto puxava a bacia das mãos dele, de forma mimada e um tanto egoísta, para seu colo, monopolizando toda aquela pipoca saborosa.

A primeira pipoca foi parar em sua boca e, sinceramente?

Inuyasha podia casar.

Desde que fosse com ela, claro.

"Ok, tenho que admitir que você realmente sabe fazer pipoca." Disse sarcasticamente. Quem não sabia fazer pipoca? Tudo bem que, se fizesse aquela pergunta para si mesma, a única resposta que viria em sua mente seria a palavra 'eu'. Ignorou tal informação.

"E então, pronta para chorar, soluçar e depois dar pulinhos de alegria com mais um filme meloso e romântico?" Inuyasha perguntou um tanto entediado. Era tão acostumado com tais filmes que, agora, ele simplesmente adormecia no colo de Kagome enquanto ela chorava, soluçava, e depois tinha que se levantar, pois os pulinhos de felicidade realmente o incomodavam. Mas, bem, era a companhia de Kagome. Ele realmente gostava do jeito que ela acariciava suas orelhas, seus fios rebeldes e prateados. Ele realmente gostava da maciez de seu colo e do carinho que ela o tratava e, ironicamente, achava que aquele amor que sentia por ela era somente de amizade.

Pobre tolo.

Deitou no colo macio da amiga enquanto ela colocava a bacia ao seu lado direito. Como sempre. Então, suas mãos delicadas foram até os cabelos prateados simultaneamente ao início do filme.

Tudo estava normal. Tudo estava ótimo. Felicidade e carinho totalmente em alta naquele cômodo. Até que certo barulhinho irritante interrompeu o momento e rapidamente o hanyou atendeu o barulhinho. O celular. O nome que pronunciou, com certeza fez Kagome novamente voltar a seu martírio, sair da fantasia onde ela finalmente teria seu momento feliz ao lado de Inuyasha e voltar à realidade em que, agora, ele parecia estar se envolvendo mais seriamente com alguém do que em todos os anos passados.

"Alô? Sim, é o Inuyasha..." Ela o ouviu dizer logo que atendeu. A pior parte veio logo depois. "Kikyou? Uau... Nossa... Não, é... ta tudo bem sim..." E então, logo depois disso, ela se recusou a escutar mais alguma coisa.

Saiu da sala e foi para seu quarto.

Inuyasha sabia o caminho até a porta.

oOo

Uma semana se passou e, estranhamente, Inuyasha agora namorava Kikyou. Kagome achava aquilo tão estranho, mas tão estranho que às vezes se pegava imaginando uma Kikyou traindo o hanyou ou somente o usando.

Garota esperta.

Mas agora já não chorava todas as vezes que via os dois juntos já que, se ela o fizesse, ela simplesmente perderia todo o líquido que tinha em seu corpo e, consequentemente desidratando-se e ficando com a pele horrível... Ok, ela não estava pensando nisso. Ela simplesmente não queria chorar. Choraria todos os minutos, todos os dias, por todo o tempo? Era isso que aconteceria se todas as vezes que os vissem juntos ela chorasse, já que eles estavam juntos o tempo todo. Eles estavam juntos e sempre estavam com Kagome.

E aquilo era cruel.

"E então, nós vamos sair hoje?" Ouviu a voz de Sango, animada, tentando anima-la também. Sorriu tristemente encarando uma das amigas.

"Sango, não estou com clima." Ela disse simples. Uma resposta curta e objetiva, mas Rin não iria desistir.

"Ora Ká, se você ficar desse jeito, contaremos para o Inuyasha que você está fazendo birra para sair com a gente." A pequena disse com a cara fechada e, é claro, ela acabara tocando na ferida: Inuyasha. Kagome se perguntava se ele ainda se importava com ela.

"Tudo bem." Ela concordou, somente para que a tortura em sua mente acabasse. Não queria saber se ele se importava ou não e, para isso, precisava somente não envolvê-lo. O pior de tudo era aquilo: como não envolvê-lo em sua vida? Se ele sempre estivera envolvido?

Suspirou totalmente cansada.

"Hey, Kagome!" Ouviu um grito chamando por seu nome e olhou para trás. Ficou surpresa, sentindo o próprio coração batendo aceleradamente, ao ver quem a chamava: Inuyasha. Se fosse há algum tempo atrás, aquilo seria tão normal; mas naquela semana ele esteve o tempo todo com Kikyou e, talvez, ela estivesse sentindo que nada mais seria normal como antes.

"Nossa, te procurei o tempo todo." Ele disse afobado quando parou de correr, ficando ao lado de Kagome. Sango e Rin olharam uma para a outra e sorriram. Já estava na hora de ir embora mesmo, então, elas poderiam ir sem ter que avisar a amiga, não é?

"Nossa, surpreendente, você estava me procurando." Kagome disse tentando conter a amargura, falhando miseravelmente. Inuyasha pareceu não perceber e simplesmente sorriu.

"Bem, estive pensando..." Ela se repreendeu quando se pegou perguntando a si mesma se ele realmente conseguia pensar. "Nessa semana não cumprimos nada da nossa rotina. Tipo os filmes e tudo mais." Por culpa sua. Kagome completou a frase dele em pensamento e repreendeu-se novamente. "Então, poderíamos sair essa noite." Inuyasha completou sorrindo.

Ela sentiu uma pontinha de esperança nascer na profundidade escura e sofrida de seu coração. Um sorriso se abriu em seu rosto e, radiante, ela aceitou, "Claro Inu, as meninas vão com a gente." Ela disse animada enquanto o hanyou sorriu sem graça. Sabia que o que diria a seguir poderia interferir naquela animação toda, sabia que Kagome não estava tão feliz com o seu namoro, mas não julgava ser por motivos amorosos, claro. Pensava ser por ele não estar mais andando tanto com ela como antes.

"Bem, a Kikyou também vai com a gente... espero que não se importe."

Talvez tivesse sido melhor não ter aceitado, afinal.

"Oh, não... claro que não." Ela respondeu, seu sorriso morrendo e ficando somente com um resquício do que ele fora em seu rosto. Igual a um sorriso falso. Odiava sorrisos falsos.

Odiava estar naquela situação.

Percebendo o momento tenso, Inuyasha se perguntou se aquilo tudo estava certo. Ele sempre se perguntava se estava correto em ficar com alguém sabendo que Kagome não gostava da menina. Ele sempre se perguntou, mas nunca achou a resposta que deveria achar que no caso seria 'não'. Não tinha nada correto ali.

Mas bem, ele realmente era lerdo. Dêem um tempinho para ele.

"E então, seus pais vão chegar hoje?" Ele perguntou animado, tentando diminuir aquele clima tenso que se instalara entre eles ao puxar um assunto completamente diferente do que falavam. Era tão difícil criar um clima tenso entre eles que ele sabia que quando isso acontecia tinha algo errado, mas ele preferiu ignorar. Eles iriam superar, não é?

"Nossa, é mesmo... eles chegam hoje." Kagome respondeu sussurrando mais para si mesma do que para Inuyasha. O sorriso novamente se formou. Ela amava os pais. Claro que aquilo era meio óbvio, todos nós amamos nossos pais. Porém o jeito entre eles era tão diferente do normal! Não eram somente pais, eram amigos, eram confidentes. Os dois sempre souberam do amor que ela nutria por Inuyasha, sempre sofreram vendo-a sofrer; mas, o mais importante de tudo: sempre deram força quando ela precisou. Claro que os sermões eram totalmente chatos, mas, bem, disso eles ainda iriam se curar.

"Eu realmente tenho que te levar em casa hoje, então." Ele disse sorrindo maroto, ganhando uma risada divertida da garota ao seu lado.

Naquele momento, era como se Kikyou nunca tivesse existido.

"Um enorme sacrifício, ein?" Ela perguntou irônica. Sabia muito bem que ele adorava ir até seu apartamento quando sua mãe estava lá. Sabe como é: bajulação, 'empanturração' e enorme variedade de mimos.

"O que eu não faço por sua proteção." Ele disse com pose de herói, fazendo com que ela risse e passasse seu braço pelo dele. Começaram a caminhar na direção da casa da morena, nem notando que Sango e Rin já haviam ido.

Realmente tinha sido bom elas terem ido antes.

Ficaram calados pela maior parte do caminho, cada um em seus pensamentos, cada um com seus desejos. Não preciso dizer exatamente qual era o desejo de Kagome, não é? Ele estava bem ao lado dela. Mas não posso nem dizer qual é o do Inuyasha, já que ele pensa que sabe. Podem ter certeza que ele ainda não percebeu o que ele deseja e, talvez, será tarde demais quando ele perceber. Mas isso, bem, daqui a pouco ele poderia descobrir.

Da pior maneira possível, claro.

"E então, está tudo bem com você?" Ela o ouviu perguntar. Sorriu. Aquilo poderia ser certo interesse nela? Ele estaria se importando?

"Estou bem, por quê?" Ela perguntou interessada. Olhou para o lado enquanto caminhava de braços dados com ele. O hanyou coçou a cabeça, sem graça, um ato que o deixava muito fofo na opinião de Kagome; na verdade, tudo no Inuyasha o deixava fofo ao ver da morena, deixava-o lindo e maravilhoso. Então, um ato a mais ou a menos, só fazia com que ela se apaixonasse ainda mais a cada segundo que passavam juntos.

"Na verdade, não é nada, só que estou percebendo certa melancolia vinda de sua pessoa." Ele disse tentando gesticular com a mão livre, enquanto continuava com sua tentativa de puxar assunto. Ela se sentiu emocionada em ver que pelo menos ele ainda notava alguma reação, ação ou sentimento que ela demonstrava. Queria rir do jeito que ele falara. Como Inuyasha conseguia lhe fazer sentir tantas coisas daquele jeito? Uma hora ela estava triste, na outra feliz. "E bem, eu estava querendo saber de Kouga também." Ele completou fazendo com que ela quase enfartasse de emoção.

Kouga era sinônimo de ciúmes para Inuyasha (sendo a recíproca verdadeira). Mais especificamente, ataques de ciúme. Ela nunca entendera de onde ele tirava todo aquele ciúme. Primeiro, porque ela acreditava veementemente que ele não a amava para ter ataques de ciúmes daquele tipo, dizendo até que 'ela era dele'. Segundo, ela nunca tivera nada com o outro garoto, ele que sempre quisera algo com ela. Então, de onde ele poderia ter ciúmes de uma pessoa que Kagome nunca se relacionara? Mas o fato de Inuyasha ter citado Kouga parecia fazer com que ela fosse ao céu. Ele se importava.

Definitivamente, Inuyasha ainda se importava.

"Estou bem, não se preocupe." Kagome respondeu com um peso a menos em seus ombros. "Sobre Kouga? Bem, faz um tempo que não o vejo. Ele não apareceu mais na minha área." Ela disse sorridente, dando pequenos pulinhos ao lado de Inuyasha, que suspirou aliviado, sem nem mesmo saber por que estava aliviado em pensar que Kouga estava longe da morena. Quando pensava sobre aquilo, convencia-se que era por amá-la como um irmão ama uma irmã mais nova.

"Bom mesmo ele não aparecer." Ele disse com um misto de divertimento e ameaça. Todas as ameaças de Inuyasha tinham um fundo de verdade. Kagome riu com aquilo. Estava muito feliz, estava mais feliz do que estivera em anos.

Caminharam mais um tempo calados e ela logo avistou o enorme prédio chique que morava, na parte nobre da cidade. Ela olhou para cima, parando seus olhos na cobertura. Seu apartamento. Seu sorriso ficou mais contagiante assim que ela reconheceu o carro estacionado na frente do prédio. Alegre, segurando-se para não correr, ela foi chegando perto do portão de entrada. O porteiro abriu o portão e ela foi puxando Inuyasha animadamente até o elevador. Quando as portas se abriram no último andar, quando ela avistou a porta de seu apartamento aberta enquanto uma mulher reclamava de suas costas, que doíam depois da viagem, ela percebeu que sentia muitas saudades daquela senhora.

Aquela linda mulher que era conhecida mais carinhosamente por Kagome, como, "Mãe..." Ela sussurrou ignorando Inuyasha ao seu lado e saiu correndo enquanto entrava em seu apartamento e pulava nas costas da senhora. Ele sorriu. Ela parecia uma criança quando estava feliz desse jeito.

"Kagome! Oh meu Deus, minha filha! Você já não tem mais cinco anos para pular nas minhas costas!" Ele ouviu a mãe da garota gritar enquanto ria. Kagome parou de abraçar a mãe enquanto a senhora virava-se para encará-la. Ela encarou carinhosamente a mãe. Cabelos castanhos claros, puxados para loiro. Os olhos azuis, de quem ela puxara os seus. Corpo magnífico, mesmo já sido mãe duas vezes e a roupa elegante, como sempre.

Percebe-se que a mãe de Kagome não era japonesa. Ela adorava o fato de sua mãe ser norte-americana.

"Kagome?" Ouviu alguém lhe chamar com uma voz séria, mas perceptivelmente com carinho. Ela sentiu que seu sorriso só ficou ainda mais radiante quando viu seu pai. Um japonês legítimo. Cabelos negros, de quem ela puxara os seus, e olhos escuros, iguais os de seu irmão mais novo que deveria estar no internato.

"Paaai!" Ela gritou feliz correndo a lhe abraçar. Inuyasha sorriu enquanto ia cumprimentar a Sra. Higurashi, sendo recebido, como sempre, com muito carinho.

"Sra. Higurashi." Ele a cumprimentou, alegre em ver todos ali com o mesmo humor. Era muito contagiante.

"Oh, Inuyasha, como você esta?" Ela perguntou elegantemente e carinhosamente, de forma educada. Kagome, bem, ela abraçava o pai forte enquanto ele lhe acariciava os cabelos negros. Aquele abraço representava as palavras que ela queria lhe dizer, mas que naquele momento e na presença de Inuyasha ela não falaria.

"Estou muito bem, Sra. Higurashi." O hanyou lhe respondeu educadamente e, então, quando Kagome soltou o pai, ele foi cumprimentar o Sr. Higurashi. Ela abraçou a mãe novamente, forte.

"Oh, mamãe..." Ela sussurrou. A Sra. Higurashi sorriu triste enquanto sentia a tristeza na voz de sua primogênita, apesar de saber que a filha estava feliz com a presença deles.

"Como você está, meu bem?" A mulher perguntou carinhosamente, somente se afastando até conseguir encarar Kagome. Os olhos azuis acinzentados se encararam. Os dois com um brilho diferente, único.

"Estou bem." Ela respondeu sorrindo, mas a mãe sabia que aquilo não era verdade. Acariciou os cabelos negros que a filha havia puxado do pai, ela estava linda; mas, estava perceptivelmente cansada. Abraçou a filha mais um pouco escutando Inuyasha conversando com o Sr. Higurashi.

Inuyasha.

Será que aquele menino nunca percebera que sua Kagome o amava?

Ela realmente teria que ligar para Izayoi.

"E então, Inuyasha, está namorando?" O pai da garota perguntou para o hanyou, que sorriu sem graça. Kagome e a mãe se separaram do abraço e observaram-no responder. Ela tinha o coração apertado no peito.

"Estou sim." Ele assentiu. A garota sentiu a mãe pegar em sua mão e a apertar. Sentiu-se muito grata por aquilo e naquele momento ela esquecera completamente dos momentos anteriores, em que Inuyasha se mostrou interessado na vida dela, se importava com ela.

Voltou novamente a seu martírio enquanto passava uma boa parte da tarde com os pais e com o hanyou.

Conversando sobre Kikyou.

A mais nova namorada de Inuyasha... enquanto ela ainda o amava.

oOo

Kagome olhava no relógio de cinco em cinco minutos. Já havia passado da hora combinada e Inuyasha ainda não havia chegado para buscá-la. Não preciso dizer que aquilo a deixava terrivelmente nervosa, preciso?

Ela não sabia se realmente seria confortável ir com o garoto, já que Kikyou estaria no carro também; mas não iria rejeitar a carona do amigo – infelizmente - por causa da namorada dele.

"Kagome, você está linda!" Ela sorriu enquanto via a mãe chegando, cheia de sacolas nas mãos, em seu apartamento. Logo viu o pai atrás carregando o dobro do que a mãe carregava. Segurou a vontade de rir. Sua mãe realmente não levava jeito, ela amava gastar.

"Que orgulho, nossa menininha cresceu." A voz grossa e séria do pai de Kagome foi ouvida, em um verdadeiro contraste com a frase que ele havia acabado de dizer, fazendo-a rir. Sem esperar qualquer pedido, ela correu a ajudar os dois a colocarem todas aquelas sacolas na mesa da sala.

"Pai, sua menininha já esta com vinte e um anos." Ela comentou aos risos, abraçando o pai carinhosamente.

"Inuyasha ainda não chegou?" A mãe perguntou e, coincidentemente, naquele exato momento o interfone tocou. Era o porteiro avisando que o hanyou estava subindo. Kagome, pobrezinha, ficou mais nervosa ainda. Seu coração acelerou quando viu a porta se abrindo. Era sempre assim. Seu coração sempre saía de seu controle quando ele vinha buscá-la, seus pensamentos a traíam e ela sempre se imaginava como sua namorada.

Logo que ele entrou o cheiro de Calvin Klein Eternity inundou o apartamento, penetrando seus sentidos, fazendo com que ela se sentisse fora do chão momentaneamente e, logo que seus olhos avistaram o hanyou, ficou zonza com toda aquela 'informação' ao mesmo tempo. Por que ele não podia ser feio e gordo? E muito fedido? Já que, se ele fosse ela não teria se apaixonado, não é? Não era discriminando os feios, gordos e fedidos; mas homens gostosos e bonitos, que nem Inuyasha, com certeza eram mais fáceis de apaixonar.

Ele vestia uma calça jeans preta-desbotada, reta e um pouco larga, presa por um cinto negro e grosso que por pouco não deixava o 'Calvin Klein' da roupa íntima aparecer. A camisa social azul escura com as mangas enroladas até a altura dos cotovelos e os três primeiros botões abertos mostrava uma corrente prateada no pescoço.

Para finalizar, ele calçava um lindo tênis Prada, preto e branco e de couro maleável.

Ok. Era muito melhor o Inuyasha daquele jeito mesmo.

Kagome sorriu belamente o admirando, como sempre fazia. Mas não era só ela que estava admirada, ele estava boquiaberto com o que via. Ele não negava que ela era linda e nem que seu coração também acelerou quando bateu os olhos na figura feminina, algo que sempre acontecia quando a via daquele jeito. Porém ele não entendia muito bem o porquê de seu coração acelerar daquela maneira, então ele simplesmente não pensava muito a respeito.

Ela vestia uma blusa Dolce&Gabbana grafite de um tecido leve. Na frente um decote médio em V subia em duas alças grossas, decoradas por um detalhe de prata com dois strass em cada, que se cruzavam em X nas costas. A blusa se ajustava bem, mas o tecido mole não ficava muito justo, se movendo a cada movimento. Na barra a blusa tinha pequenos brilhos espaçados e um 'D&G' em strass na borda à direita. A calça jeans escura caía perfeitamente: uma Diesel azul-marinha, que descia apertada até mais da metade da coxa, onde começava a abrir levemente e a cair reta e mais solta até os tornozelos delicados. Os bolsos traseiros eram decorados por um tipo de paetê transparente que refletia levemente qualquer luz que chegasse até ele e eram costurados por uma linha decorativa azul-metálica. Já na parte da frente da coxa o jeans era levemente desbotado.

Nos pés delicados, um Manolo Blahnik inteiramente preto. O salto alto e fino brilhava envernizado assim como a sola. As grossas tiras de cetim negras laçavam até o tornozelo, onde ficavam presas por um delicado fecho de prata.

A maquiagem era leve, somente um lápis negro a realçar os olhos e um brilho a realçar os lábios vermelhos. O cabelo estava natural, liso até chegar às pontas que se cacheavam.

Em resumo: ela estava maravilhosa.

Ele logo sentiu o cheiro de Burberry London vindo dela. Um cheiro marcante, um cheiro que o hipnotizava. Mesmo não percebendo os efeitos que Kagome causava em si, mesmo não percebendo o real sentimento que ele nutria por ela, ele não deixava de admirar-se com algo tão belo. Ela era realmente espetacular. Ele poderia ficar o resto da noite somente a elogiando.

Os pais da garota não deixaram de sorrir. Eles tinham certeza que Inuyasha amava Kagome, sempre tiveram, e torciam para que um dia ele percebesse isso, percebesse também que ela o correspondia. Sorrindo, eles permaneceram calados. Não queriam estragar o momento deles.

"Você está... linda." Ele disse, boquiaberto, depois de admirá-la. Ela corou levemente e seu coração se encheu de alegria, gritando 'Ele está te elogiando!' a cada batida.

"Obrigada, você também." Ela respondeu sorrindo levemente, aceitando a mão que o hanyou lhe oferecia. Saíram dali de mãos dadas, deixando um pai e uma mãe esperançosos para trás.

Ela observou a mão dele sobre a sua, notando como pareciam estar em um encaixe perfeito. Ela sentia seu coração bater tão acelerado, suas bochechas ficarem vermelhas pela timidez e o calor que aquela mão lhe transmitia. Por que ela agia como se já não tivesse passado várias vezes por situações como aquela? Por que seu corpo insistia em fazê-la se sentir daquele jeito sendo que já andaram de mãos dadas tantas vezes? Ela não tinha resposta para essas perguntas e nem conseguia pensar em alguma. O cheiro do perfume do garoto invadia suas narinas e ela já não pensava normalmente. Era como se seu corpo estivesse reagindo independentemente das ordens que o cérebro mandava.

Porém, assim que saíram do prédio e que viram, logo à frente, Kikyou escorada no carro do hanyou, Kagome voltou para a realidade. Pois além de vê-la ali, Inuyasha havia soltado sua mão.

Não tinha como não voltar para a realidade depois disso.

Ela observou a roupa da outra mulher. Era bonita, era elegante e a vendo sentiu que talvez soubesse o porquê de Inuyasha preferi-la. Kikyou era sexy e ela não era tanto assim.

A outra garota vestia um vestido que tinha um generoso decote quadrado, que só era ainda mais ressaltado pelo sutiã Push-in-up!, puxado por duas finas correntes douradas que prendiam atrás do pescoço. No colo, era todo feito de uma malha aveludada cor-de-vinho bem justa e logo após os seios, caía em forma de trapézio, todo feito de seda pura e dançante. O vestido ia até a metade das coxas e deixava boa parte das costas e das pernas suavemente à mostra.

As mules Jimmy Choo tinham cor de ouro-velho e detalhes em vermelho-escuro. Os adoráveis saltos-gatinha não eram muito altos e davam um ar gracioso ao sapato. Ela carregava uma bolsa de mão, também em tom de ouro-velho, de seda, que fechava com uma delicada armação dourado-escuro e tinha uma corrente da mesma cor de tamanho suficiente apenas para ser carregada no pulso.

A maquiagem era forte, realçando as belezas de seu rosto de acordo com a roupa. Kagome virou o rosto para não ver Inuyasha dando-lhe um selinho, enquanto ele abria a porta para que Kikyou entrasse no carro. Ela não queria ver as cenas de romance, não era tão trouxa àquele ponto.

Entrou sozinha no carro, pois o hanyou não se lembrou de abrir a porta para ela também.

Ficou ali, totalmente desconfortável, 'empacando' o namoro dos outros dois. Seus olhos procuraram a janela por todo o percurso. Não queria ver a mão do amigo na coxa da moça, não suportava a ideia dos dois se beijando, se tocando e até mesmo transando. Ela não ia se iludir. Quando Inuyasha perdera a virgindade, contara para ela – mais um momento de sofrimento. Então, ele não tinha nada a perder, ele poderia transar com Kikyou quantas vezes ele quisesse, mesmo eles tendo somente uma semana de namoro.

Enquanto Kagome... Bem, ela continuava virgem, pobrezinha.

"Chegamos." Foi tirada de seus pensamentos quando ouviu a bela voz de Inuyasha. Olhou animada para a porta da boate, vendo o chofer já vir até o hanyou para pegar as chaves do carro para estacioná-lo.

Bem, a boate estava na área nobre de Tóquio.

"Parece que está lotada." Ela disse tentando soar animada. Não queria estragar a alegria de Inuyasha, mesmo que a alegria do hanyou não fosse lá bem a própria alegria.

"Realmente. Vamos, Inu?" Ela ouviu a voz altiva de Kikyou e disfarçou o olhar chocado. Até alguns dias atrás a única que o chamava de tal forma carinhosa era ela!

"Vamos." Ele concordou pegando-a pela mão e com Kagome logo atrás, entraram na boate somente mostrando suas identidades.

Logo que entraram no local seus olhos foram ofuscados por todos os canhões de luz. Viram muitas pessoas conhecidas dançando, músicas altas e no auge tocando. Kagome sorriu quando viu, sentados na mesinha, Sango, Rin e seus acompanhantes. Ela não pode deixar de transformar seu sorriso de alegria em um repleto de malícia. Não é que elas levaram Miroku e Sesshoumaru?

"Ká! Nossa, você 'tá linda!" Sango disse, quer dizer, gritou animada se levantando para cumprimentá-la.

Hello-ou, porque ela gritou? Oras, elas estavam na boate!

"Há uma semana você falou: nossa, você 'tá horrível!" Kagome respondeu imitando a voz da amiga, fazendo com que ambas rissem. Quando se abraçaram, ela segurou Sango no abraço e 'cochichou' em seu ouvido. "Está saindo com o Miroku, agora?" Quando se separaram, mesmo estando escuro com néon e as luzes piscando, a morena conseguiu ver que a amiga estava corada.

"Não é bem 'saindo', é mais tipo 'dando uma voltinha'... entende?" Sango perguntou rindo, ganhando uma risada da morena que assentia. Logo viu Rin pulando para lhe abraçar.

"K-chan! Você está linda!" Ouviu a pequena dizer e, depois de tantos elogios, Kagome realmente se sentiu bem. Vejamos bem: primeiro Inuyasha, depois Sango e agora Rin! Ela realmente devia estar maravilhosa.

"Riiin, então você está saindo com o Sesshoumaru?" Ela perguntou enquanto ainda a abraçava. Rin separou-se do abraço com um sorriso sem graça. "Pra quem disse que não tinha nada com ele..."

"Ah, bem, isso?" A baixinha perguntou envergonhada, recebendo uma risada divertida da outra garota. "Não é que não tivéssemos nada... Só que..." Rin dizia gesticulando desesperadamente. Kagome segurou as mãos da amiga e sorriu.

"Calma Rin, 'tava só brincando." Ela riu da cara emburrada da pequena. "E vocês formam um lindo casal..."

Bem, só naquele momento que ela percebeu sua situação.

Rin estava com Sesshoumaru. Sango estava com Miroku. E, claro, Inuyasha estava com Kikyou.

E então, crianças, quem sobrou?

"Oh..." Kagome suspirou enquanto olhava para todos a seu redor. Todos estavam acompanhados. Todos, menos ela.

"Ká? Está tudo bem?" Rin e Sango perguntaram ao mesmo tempo quando viram, de uma hora para outra, ela se desanimar, sendo que segundos antes estava alegre as cumprimentando. Kagome encarou as duas. Essas...

"Oh, claro que está tudo bem." Ela respondeu com um sorriso forçado, falhando miseravelmente em tentar conter o veneno na própria voz. As duas olharam desconfiadas para ela e a morena virou os olhos impaciente. "Como vocês puderam vir com seus respectivos namorados?!" Ela perguntou indignada. As duas olharam para Miroku e Sesshoumaru, e voltaram a olhar interrogativamente para Kagome, que indicou com os olhos o casal logo atrás delas. Sango e Rin ficaram com as bocas em formato de 'o'.

"Oh. My. Gosh!" Sango disse dando ênfase a cada palavra, dando um tapa na própria testa. Kagome revirou os olhos novamente. A sorte era que ninguém estava interessado naquela conversa, se não Sesshoumaru e Inuyasha poderiam escutá-la, já que tinham um lado yokai. "Nos perdoe, Ká!"

"Esquecemos completamente desse detalhe!" Rin completou.

"Tudo bem, tudo bem." Ela respondeu desanimada. "Podem voltar para a mesa, eu vou pro bar." Completou, fingindo descaso com o acontecido. As amigas ficaram meio preocupadas e se perguntavam se realmente deviam deixá-la ir sozinha. Vendo o olhar ameaçador de Kagome que dizia 'Não me sigam!', elas resolveram 'obedecer'.

A morena seguiu até o bar que havia ali perto das mesinhas. Bem, se ela sobrara até que seria bom. Tipo, ela poderia se embebedar.

Doce fantasia.

Ela se sentou em um dos banquinhos do bar e ficou observando o lindo barman preparando bebidas para as outras pessoas que também estavam sentadas ali. Ele realmente era maravilhoso, mas bem, Inuyasha ainda detonava.

"O que a senhorita vai querer?" Ele perguntou com um sorriso galante. Ela sorriu em troca. Bem, não custava sorrir.

"Um cosmopolitan." Ela respondeu enquanto se virava e observava a boate. Seus olhos azuis não conseguiram evitar procurar pelos amigos. Viu todos sentados na mesa, conversando e rindo. Quer dizer, menos Sesshoumaru. Ele nunca sorria. Mas logo que Kagome observou melhor, Kikyou também não conversava. Talvez ela estivesse se sentindo deslocada, já que ela também observava a boate.

É, as mulheres de Inuyasha não estão sendo devidamente entretidas.

Porém nenhum dos dois imaginava o que a namorada do hanyou poderia estar olhando... A mulher encarava o ex-namorado: Naraku Takashi. Ele era lindo, mais especificamente, maravilhoso. E bem, Kikyou terminara com ele por não se sentir valorizada. Inuyasha, bem, servia para mostrar para Naraku que ela poderia arranjar quem ela quisesse quando quisesse.

Os olhos castanho-escuros do outro olhavam sedutoramente para os olhos castanho-escuros de Kikyou. Bem, um verdadeiro jogo de sedução ocorria ali.

"Está aqui, senhorita." Kagome olhou novamente para o barman e viu a pequena taça de Martini com o líquido. Sorriu agradecida e tomou de uma só vez.

Ok, não foi uma boa idéia. Mas... E daí?

"Me vê outro por favor." Ela pediu sorrindo e lá foi o barman preparar outra dose. Poucos minutos e lá estava a taça de Martini cheia novamente. Kagome a encarou e mesmo sabendo que estava de estomago vazio, pegou a taça e virou-a de uma só vez. Já estava acostumada em beber, então o gosto e o jeito que descia pela sua garganta simplesmente não a incomodavam. "Mais um, por favor." Ela pediu simpaticamente.

Bem, ela realmente estava obstinada a ficar bêbada.

Inuyasha passou os olhos dourados pela boate, assim que Kikyou se levantou afirmando que iria até o banheiro, e eles pararam em certa morena que virava uma taça de Martini de uma vez só. Estreitou os olhos vendo Kagome tentando se embebedar. Ela nunca bebia daquele jeito e, quando o fazia, ele sabia que ela simplesmente queria ficar bêbada. Viu depois de alguns minutos ela virar mais uma taça, e mais outra, e mais outra. Levantou quando a viu gargalhar.

Mal chegara e ela já estava indo embora, que pena não?

Mas quando ele se levantou, viu um homem chamando a morena para dançar. Oh, como aquilo mexeu com os nervos de Inuyasha. Ficou parado, vendo-a fazer charme, gargalhar e aceitar ir dançar com ele. Estava ficando irritado, muito irritado. Ela só podia fazer charme para ele!

Mas pelo jeito não era o que ela estava fazendo.

"Vamos dançar?" Kagome ouviu uma voz dizer e olhou divertida para trás. Um homem maravilhoso - por sinal - a encarava malicioso estendendo a mão para que ela aceitasse. Ela sorriu daquele jeito que só ela conseguia fazer. Talvez uma diversãozinha não fizesse mal a ninguém, especialmente para ela, que realmente precisava se divertir.

"Ah, não sei..." Ela disse colocando o dedo nos lábios, fazendo uma pose pensativa. O homem sorriu com aquilo. Ela estava fazendo o charme básico para não aceitar o convite no primeiro pedido.

Espertinha, não?

"Vem." Ele chamou, vendo-a sorrir e aceitar, colocando a mão delicada sobre a dele. Ele começou a puxá-la para o meio da pista. De acordo com a batida da música o corpo da morena se mexia enquanto passavam entre as pessoas, até mesmo empurrando algumas para poderem passar. Kagome dava pequenos tropeços no liso, por causa da bebida, e assim que pararam um de frente para o outro, ela teve a chance de observar melhor os traços do homem.

Caramba, ela realmente estava dançando com ele? Era um tanto irreal o que ela via!

Homem bonito, gostoso e com estilo.

Kagome, Kagome, você precisa ficar bêbada mais vezes!

Inuyasha continuava parado, olhando todos os movimentos. Nem percebeu que Kikyou estava conversando com seu ex a alguns metros dali. Simplesmente ficou vendo a amiga de infância e aquele homem irem até o meio da pista. Apertou os dedos na palma da mão fortemente vendo que ela estava dando bola para o sujeito, ficando com os nós entre os dedos brancos, tamanha a força empregada naquele ato. Sentia vontade de ir até aquele cara e lhe dar uma boa surra, para que ele aprendesse a não mexer com a morena. O mais interessante, era que ele simplesmente não percebia que aquilo que sentia naquele momento era ciúme. O belo e mágico ciúme que sentimos quando gostamos de alguém.

Pobre tolinho.

Kagome começou a dançar mais próxima daquele homem. Dançavam e rebolavam um bem de frente para o outro. Ela estava um tanto desajeitada, mas dançando sensualmente, pode-se dizer. A mão do cara que antes permanecia na cintura, começou a descer pela lateral do corpo da morena. Ela, não se importou tanto. Fazia tempo que ela queria ser tocada, desejada; fazia anos, para falar a verdade.

Mas então, tudo aconteceu em poucos segundos.

Ela viu um braço passando zunindo por seu rosto e acertando em cheio o rosto belo de seu acompanhante. Ela tinha certeza que depois daquilo, talvez ele não seria tão bonito mais. O sujeito só não voou tão longe por causa da parede que as pessoas faziam ao redor, mas foi aquilo que fez com que uma bagunça enorme se iniciasse. A garota só viu pessoas correndo e gritando, totalmente assustadas. Ela foi empurrada várias vezes pelas pessoas que passavam ao seu lado – deixando-a mais zonza do que já estava – e, quando viu Inuyasha enfiando-se na sua frente, sentiu um misto de emoções. Raiva, surpresa... Já até imaginam o estado que o coração da garota estava. Ela viu aquele homem se levantar com o nariz sangrando e encarar o hanyou com muita fúria. Viu que ele decidiu não continuar aquela briga e, de certa forma, era até mais saudável para ele mesmo.

Inuyasha virou-se para Kagome e a pegou como se fosse um saco de batatas, colocando-a no ombro. Quando passaram na mesa todos olharam para eles um pouco surpresos e, dando um simples tchauzinho, o hanyou saiu da boate com a morena nos ombros.

Eu preciso reforçar que os dois estavam com raiva reprimida?

"Inuyasha!" Ele ouvia a morena gritar, irritada. "Me LARGAA!" Ela dava soquinhos nas costas do hanyou. Ela tinha fé que eles eram fortes...

Pobrezinha.

"Vou te levar para o meu apartamento, é um perigo você ficar ali bêbada." Ele dizia sentindo a raiva que se alojara dentro dele quando viu o homem descendo a mão por Kagome, sentindo aquela raiva corroer-lo por dentro. Ele odiava quando ela ficava bêbada.

"Ora, quem disse que eu quero ir para seu apartamento?!" Ela gritou raivosa. A imagem de Kikyou apareceu em sua mente e ela rangeu os dentes. "Fique lá com sua namorada!" Ela gritou dando uma joelhada no peito de Inuyasha, que mesmo sentindo a dor não a largou. "Volta para ela, volta Inuyasha!" Ela gritava tentando aumentar a força dos soquinhos.

Ela simplesmente estava cansada daquilo tudo. Cansada de ter que vê-lo com a outra, cansada de sofrer por anos e anos e nunca conseguir nada, cansada de amá-lo sem ser correspondida. Por que ele não podia deixá-la se embebedar normalmente e simplesmente ser abusada por qualquer um?

Ela tinha esse direito!

Inuyasha ouvia os gritos femininos e tentava ignorar o fato que sentia a raiva e a mágoa naqueles gritos. O Chofer estacionou o carro na porta da boate e pondo uma bêbada-raivosa-teimosa no banco da frente e trancando a porta, ele correu até o banco do motorista, entrando no carro e já saindo dali, sem dar tempo para que a garota simplesmente fugisse de seu alcance.

Kagome permaneceu sentada no bando, em silêncio e em revolta.

Ele não tinha o direito de lhe tirar o direito de ser abusada!

Entenderam alguma coisa?

"Vou te levar para meu apartamento. Acho melhor do que preocupar sua mãe com uma possível ressaca." Ele disse olhando de lado para ela, que permaneceu calada, sem nenhuma reação, deixando-o incomodado. "Você queria que eu deixasse ele se aproveitar de você? Logo quando você está bêbada?" Ele perguntou irritado e indignado com o silêncio. Kagome o encarou com a face contorcida em raiva e nos olhos azuis algumas lágrimas cristalinas.

"Queria, eu realmente preferia estar lá agora!" Ela gritou com raiva, deixando que as lágrimas rolassem por sua bochecha. "Preferia que alguém se aproveitasse de mim do que ter que olhar para você aqui, fingindo se importar!" Ela disse magoada enquanto o encarava indignada. Inuyasha continuou a olhar para a rua e assim que parou em um sinal, ele encarou a morena.

"Eu não estou fingindo, Kagome." Ele disse magoado. O que ela estava dizendo?

"Então o que é isso? Então por que de uma hora pra outra você resolveu me 'salvar' de alguém?" Ela perguntou encarando-o furiosa, não recebendo resposta. O hanyou olhou para a rua novamente vendo que o sinal abrira e continuou o caminho. Ele não sabia por que somente se 'importava' com a morena quando a via com outro, ele não conseguia explicar o porquê de ter ficado louco com o fato de aquele cara ter tentando passar a mão na garota, ele não conseguia explicar o porquê de sempre ficar louco quando Kouga se aproximava da menina, beijando-lhe a mão. O fato de que ultimamente ele não havia visto o outro garoto fazendo isso o deixava aliviado.

Bem, querida Kagome, talvez seja por isso que ele não demonstrava mais os ciúmes.

Ele entrou no estacionamento do prédio ainda em silêncio. Foi até a porta do passageiro a abrindo e ajudando a morena a sair do carro. A moça saiu de forma desajeitada, tentando se equilibrar com toda a dignidade que ainda lhe restava.

"Vamos." Ele disse fechando a porta do carro, apertando o controle para trancá-lo e pegando-a no colo sem realmente esperar por alguma resposta. Por mais que a morena estivesse brava, ela não conseguiu resistir ao fato de estar abraçada a ele, com seus braços ao redor do pescoço masculino. O perfume de Inuyasha lhe invadia as narinas novamente, intoxicando seu cérebro. Ela não sabia nem onde estava mais, somente sabia que estava com o corpo perto do dele, com os braços dele a envolverem-na.

O hanyou saiu do elevador e logo viu a única porta daquele andar, seu apartamento, e caminhou até ela decidido. Abriu-a sem dificuldade e entrou carregando Kagome até o próprio quarto. Ele sentia o perfume dela mais forte e se deliciava em estar com ela em seus braços, ao mesmo tempo em que se repreendia por ter tais pensamentos. Entrou no cômodo e a colocou delicadamente na cama de casal. A respiração da garota já estava normal, levando-o a concluir que ela havia dormido. Mas assim que ele a colocou no colchão e se afastou, somente para olhar seu sono tranqüilo, ele se deparou com os olhos azuis o encarando com enorme intensidade.

"Inu..." Ela sussurrou com certo sofrimento na voz. Era torturante ter sentido aquele perfume tão perto, aqueles braços a apertando, ter estado tão perto dele daquele jeito e simplesmente não ter acontecido nada. Kagome sofria com aquilo e uma coragem que ela não teria se não estivesse alterada, assolou-a. "Eu te amo." Ela disse o encarando. Inuyasha sorriu, aproximando os rostos enquanto mexia na franja da morena.

"Ora K-chan, eu também te amo." Ele disse carinhosamente. Ela fechou os olhos apertando-os com sofrimento e negou com a cabeça, fazendo-o olhar interrogativo para ela.

"Não, Inu, eu não te amo como amigo." Ela disse simples enquanto de seus olhos rolavam algumas lágrimas, recebendo do hanyou um olhar surpreso. "Eu te amo, como o homem que você é." Ela abriu os olhos, nublados pelas lágrimas, e encarou os orbes âmbares com intensidade.

"Kagome..."

"Me deixe feliz só por hoje, Inuyasha." Ela lhe pediu, não sentindo a mínima vergonha em seu tom quase implorativo. Ele olhou ainda mais surpreso para a garota, totalmente sem palavras. "Me deixe feliz pelo menos por essa noite." Suplicou, colocando as mãos delicadas em seu rosto, acariciando-o com sua delicadeza natural. Ele a encarava surpreso demais para reagir de forma contrária. Seu corpo e seu coração pareciam saber que ele também queria aquilo, mesmo que seu cérebro ainda não tivesse decodificado aquela mensagem.

A mensagem de que, talvez, ele sempre a quisera.

Somando toda a coragem - proveniente da bebida, é claro. - Kagome puxou o rosto perfeito que estava entre suas mãos e o beijou; e finalmente o beijou, deveríamos acrescentar, e, se não estivesse bêbada e disposta a ir até o fim, ela teria desmaiado com a sensação da boca de Inuyasha sobre a sua. Principalmente quando ele tomou o controle, puxando as mãos dela e entrelaçando-as as suas próprias, investindo contra a boca macia, com gosto de alguma coisa entre morangos e cosmopolitan, com sua língua e fazendo a morena perder a consciência de qualquer outra coisa que não fosse Inuyasha.

Ele também se perdeu naqueles lábios e depois daquele beijo, eles sabiam que não iriam se repreender por nada, não iriam resistir a nada. Era a noite deles, só deles.

Kagome o puxou forte pelas mãos entrelaçadas, fazendo-o cair em cima de si na cama de casal. O corpo dele sobre o dela fazia com que ela sentisse arrepios percorrendo seu corpo, eriçando os pelos de seu braço. O beijo a deixava tão sem chão que ela não conseguia pensar direito. Faltava ar em seus pulmões e oxigênio em seu cérebro, mas ela não queria parar de beijá-lo e impedir que todas as sensações deliciosas que percorriam seu corpo naquele momento continuassem. O fato de estar beijando-o, de estar com ele ali, já fazia seu coração pular descompassado, em um ritmo acelerado que já a aquecia por dentro. Inuyasha não sabia o que estava sentindo, nunca havia se sentido daquela maneira ao beijar alguém. Com Kagome parecia ser tão diferente! Ele parecia querer aproveitar até o último segundo, ele parecia querer sentir tudo o que deveria sentir e já até estava sentindo. Ele queria prover para ela as melhores carícias.

Ele nunca havia sentido uma felicidade interior como aquela que ele sentia enquanto a beijava. Ele nunca havia sentido tanto amor para dar, como estava sentindo ali com as mãos entrelaçadas. Ele não sabia explicar, mas a química, a paixão e o amor que ele sentia por Kagome eram tão diferentes de todas as outras!

E então, as mãos se soltaram.

As mãos delicadas foram parar nas costas do hanyou, passando as unhas de leve por sua pele firme. As mãos masculinas buscaram os botões da própria camisa, desabotoando-a com agilidade, ansiosas para que os dois já não tivessem qualquer barreira entre eles. As mãos de Kagome subiram, arranhando-o até o pescoço e acariciando a nuca masculina, puxando os fios pequenos do cabelo prateado por baixo das longas madeixas, fazendo com que Inuyasha sentisse um arrepio atravessar seu corpo e arqueasse as costas e a nuca, procurando por mais daquele carinho.

Ele retirou a camisa e a jogou para qualquer canto. As respirações abafadas e quentes de ambos se misturavam, fazendo com que seus corpos se esquentassem ainda mais com desejo. Beijavam-se como se não houvesse amanhã. Distribuíam mordidinhas nos lábios e sugavam as línguas um do outro, simulando outro tipo de prazer. Inuyasha enlouquecia a morena tanto quanto estava sendo enlouquecido.

Separaram suas bocas já ofegantes. Sentindo as mãos másculas subirem de sua cintura para seus ombros, Kagome se esticou e arqueou seu corpo, tentando ajudar aquelas delícias a retirarem sua blusa D&G. A peça de roupa passou por sua cabeça e foi jogada para longe dos dois, para que não impedisse que a pele quente do hanyou entrasse em contato com a pele ardente da morena. As mãos de Inuyasha passaram pelo pescoço da garota, desceram pelo seu corpo tocando brevemente em seus seios ainda cobertos pelo sutiã e pararam na virilha de Kagome, acariciando-a de leve em movimentos circulares, retribuindo o arrepio que ele havia sentido quando ela puxou os fios de sua nuca. Ela sorriu, sentindo um ardor clamar para que aquelas mãos descessem mais um pouco. Sentiu uma pequena vontade de rir. Não sabia de onde que aquela vontade viera, mas sentira.

Talvez fosse o efeito da bebida. Ela realmente ficava risonha quando estava bêbada.

E então, ela subiu as próprias mãos pelo couro cabeludo de Inuyasha e as puxou, junto com as mechas de cabelo e com o próprio rosto do hanyou para si. Beijou-o novamente com fervor, tentando sentir todas as emoções que aquele toque poderia causar, sentindo o corpo masculino pressionando-se contra o seu.

Ela o beijava como ela sabia que talvez não pudesse mais repetir. Kagome sentia que devia aproveitar a cada selar de lábios, ela sentia que devia amá-lo como nunca o amou. Ela estava tentando aproveitar ao máximo aqueles momentos, mas aos poucos essa necessidade foi sendo saciada, à medida que ela foi se inebriando ainda mais pelos beijos de Inuyasha, pelos aromas de sua pele e pelos toques de suas mãos em pontos estratégicos de seu corpo. O mesmo acontecia com o hanyou, que aos poucos se perdia completamente nos braços daquela mulher deitada sob si, com as pernas enroscadas entre as suas e com as mãos acariciando-o em locais que mais o excitavam. Mesmo que não conseguisse explicar ou mesmo não notasse, ele sentia que todas as investidas eram baseadas além da excitação e da paixão; eram baseadas no amor que ele sentia por ela.

Seria possível que ele ainda não havia entendido o que aquilo tudo significava?

Por ser Inuyasha, acho que sim.

Separaram-se ofegantes, enquanto as mãos de Inuyasha voltaram a trabalhar para eliminar as barreiras do prazer de ambos. Elas foram até o fecho da lingerie, nas costas de Kagome, desnorteadas de tanta ansiedade. Os corações de ambos batiam acelerados e seus corpos estavam explodindo de calor, cobertos por uma fina camada de suor. Eles necessitavam um do outro, para se afundarem naquele calor adimensional. Encararam-se, com olhos apaixonados, e aquilo mexeu com o coração da garota como nenhuma outra coisa daquela noite. Ele a estava tratando como uma mulher desejada deveria ser tratada: com carinho, com empenho e sedução. Além de tudo aquilo, ele ainda lhe direcionava aquele olhar. Ela poderia ter esperanças?

A lingerie foi desabotoada e, então, de forma desastrada ela tentou ajudar o hanyou a tirar aquele empecilho. Arqueou suas costas encostando os seios contra o peitoral de Inuyasha, enlouquecendo-o com aquele novo contato e com a sua proximidade. Quando ela se deitou novamente, percebeu que o hanyou admirava seu busto. Em segundos, as mesmas mãos que já haviam proporcionado muito prazer com pequenos e sutis toques, preencheram-se com os seios da morena, acariciando-a com cuidado. Ela sentiu prazer, ela se derreteu com aquele carinho. Sua boca se partiu pronta para emitir os sons animalescos de prazer, mas não saiu som algum. Ela gemia silenciosamente, sentindo as ondas de calor se intensificar em seu corpo, sentindo uma quentura diferente começar a se construir em seu baixo ventre.

Ele a tratava com delicadeza, como se ela fosse uma pequena e frágil boneca de vidro, ao mesmo tempo em que reconhecia o fogo que corria em suas veias e a tratava como uma verdadeira amante. Ele não se esquecia que Kagome era virgem. O cheiro puro que emanava de seu corpo denunciava aquilo com alarde. Ele queria que ela tivesse uma primeira vez bonita e repleta de prazer, sem toda aquela 'selvageria' que ele estava acostumado.

Com carinho, suas mãos acariciavam os mamilos com movimentos circulares e lentos enquanto com beijos molhados e mordidas cuidadosas ele trilhava um caminho de fogo do pescoço feminino para o busto. Retirou uma das mãos para substituí-la com sua boca, levando a morena a delirar com a sensação que lhe era proporcionada. Ele mordiscou o mamilo e o sugou, estimulando-a e saboreando o gosto de sua pele e a maciez de seus seios. De forma meio desengonçada, Kagome começou a acariciar as orelhinhas no topo da cabeça do hanyou, excitando-o ainda mais com aquele toque. Os dois sentiam prazer com o que o outro fazia. Pequenos grunhidos escapavam do fundo da garganta de Inuyasha e de Kagome, ambos mergulhados na paixão.

Então, ele subiu os beijos e as mordidinhas, passando pelo pescoço, pela bochecha e parando nos lábios. Ela retribuiu o beijo com fervor enquanto sentia as mãos do garoto desabotoarem sua calça Diesel. Excitou-se ainda mais ao pensar o que ele poderia fazer. O hanyou interrompeu o beijo, descendo lentamente sua boca por todo o corpo da morena, fazendo uma trilha ardente por onde passava. Ele passou pelos seios, pela barriga e, então, lambeu a virilha de Kagome, que sentiu outro arrepio com isso. Inuyasha sentia que a calça lhe apertava em demasia, denunciando o estado de latência e necessidade em que se encontrava, mas não acelerou aquele momento. Com a ajuda das mãos delicadas da morena, ele começou a tirar a calça feminina. Quando chegou aos pés, vendo que a sandália o impedia de tirar a peça, ele retirou a sandália, dando leves beijos nos pés da morena. Quando se livrou da sandália e da calça, ele foi até ela. Os olhos âmbares hipnotizando os azuis acinzentados, ambos com o brilho de desejo emanando de suas íris. Ela respirava descompassada, começando a suar com todo o calor que ambos trocavam, sentindo seu coração bater acelerado e descontrolado. A mente embaralhava, o desejo e a necessidade de ter Inuyasha por completo impediam que ela tivesse qualquer pensamento coerente, nublando seus pensamentos com a luxúria e com o amor. Ele lhe beijou novamente enquanto as mãos másculas desciam por seu corpo, indo parar em seu ponto íntimo, por cima da calçinha que denunciava o estado em que ela se encontrava. Kagome sentiu a respiração falhar quando sentiu os dedos de Inuyasha a acariciá-la, ali mesmo, por cima daquele tecido rendado e fino. Sentiu-se ainda mais zonza enquanto o hanyou se pôs a beijar sua orelha, mordiscando o lóbulo e depois seu pescoço enquanto estimulava sua parte sensível com os dedos.

Ele sorriu entre os beijos na pele macia de Kagome quando ouviu os gemidos femininos se tornarem mais impacientes. E então, gemeu baixo quando sentiu as mãos femininas novamente em suas orelhinhas.

"Inuyasha..." Ouvir seu nome ser dito pela boca de Kagome, de forma tão urgente e ao mesmo tempo sedutora, fez com que se sentisse bem em estar dando-lhe prazer. Então, a respiração dele falhou, quando ela desceu as duas mãos até a virilha masculina, estimulando outros pensamentos e fazendo Inuyasha arrepiar-se em pensar o que aquelas mãos delicadas poderiam fazer. E então, ela empurrou-o para o lado, impedindo-o de continuar sua tortura. Kagome ficou por cima, sentando-se meio desajeitada no quadril do hanyou, mexendo levemente no ponto intimo dele ainda por cima da calça, fazendo-o grunhir em resposta. Ela estava estimulando-o mesmo sem ter essa intenção. E então, ela começou a desabotoar a calça masculina e a vislumbrar a roupa íntima da 'Calvin Klein'. Ela corou ao ver o estado em que ela o havia deixado, mesmo sob a cueca, e Inuyasha achou aquilo uma graça. Mesmo estando bêbada, ainda tinha um pouquinho de vergonha dentro de si.

Bem pouquinho.

E então, ela repetiu o que Inuyasha fez com ela. Retirou sua calça, seu tênis e quando se viu livre da peça de roupa, começou a acariciá-lo com movimentos circulares por cima da roupa íntima. O contato das mãos delicadas sobre si, mesmo que fosse sobre a cueca, fez com que ele sentisse um prazer incontrolável. Ele nunca havia sentido algo parecido com ninguém, que o fizesse pulsar de vontade e necessidade, nem quando perdera a virgindade. Vendo o rosto do hanyou repleto de prazer, Kagome continuou mais confiante e acelerou os movimentos gradativamente. Os gemidos aumentaram de intensidade e, torturando-o, parou tudo de uma só vez para retirar a última peça de roupa que a impedia de vislumbrar todo o corpo masculino. Corou novamente ao ver ao vivo e a cores o que causara e, decidida a continuar a proporcionar prazer ao hanyou, ela subiu com as mãos e com a própria boca para a região íntima de Inuyasha, causando uma explosão avassaladora de prazer no hanyou. Sem se conter, as mãos masculinas foram parar nos fios negros da cabeça da morena, segurando-a ali para que pudesse empurrar o quadril contra ela, fechando os olhos enquanto sentia a quentura da boca de Kagome em sua região íntima e imaginando como seria ao estar realmente dentro da morena.

Ele gemeu o nome da garota sem conseguir se conter, com a voz rouca e delirante, jogando a cabeça para trás.

Antes que ele tivesse um orgasmo, ele novamente mudou as posições, ficando por cima. A única peça que permanecia entre os dois foi tirada com os caninos, iluminando o sorriso malicioso e, com um olhar vingativo, ele fez Kagome tremer com o que poderia estar por vir. E então, Inuyasha começou a acariciá-la em seu ponto íntimo, com cuidado e delicadeza, sabendo da barreira que a moça tinha ali, mas sem poupar nenhum cantinho de Kagome. Seus dedos faziam movimentos circulares, e então, sentiu que ela estava totalmente molhada. Aproximou-se do ponto íntimo da morena e proporcionou com a boca o mesmo prazer que ela havia proporcionado. Ele, de forma dedicada, estimulou seu clitóris ao mesmo tempo em que trabalhava dentro de Kagome, fazendo com que ela arqueasse as costas de prazer e revirasse os olhos em suas órbitas. A língua masculina incitava a morena, estimulando as imagens selvagens que já permeavam a mente da garota naquele momento. Os dentes excitavam ainda mais a garota, que sentia arrepios de prazer com toda a atenção que ele lhe direcionava.

E então, ela teve seu primeiro orgasmo. Uma explosão de sentimentos, de cores e de sensações.

Respirando ofegante e tentando puxar o ar para dentro de seus pulmões, Kagome ficou de olhos fechados tentando se recuperar. Sua cabeça girava com toda aquela emoção e com todo aquele calor. Sentiu as mãos de Inuyasha, que eram tão ágeis e eficientes, acariciarem sua bochecha, como um pedido mudo que ela o encarasse. Os olhos azuis olharam para os âmbares, vendo um brilho de desejo dentro deles, um brilho que parecia deixá-los mais escuros do que o normal.

"Você tem certeza disso?" Ela o ouviu perguntar.

"Tenho." Ela nunca tivera tanta certeza de algo em sua vida como naquele momento. Os dois sorriram.

Com delicadeza, a qual Inuyasha não se lembrava da última vez que havia tido, ele se afundou na garota. Viu-a ficar tensa e sua face ficar repleta de dor, mas não parou os movimentos lentos, ele sabia que ela não queria que ele parasse. Continuou a avançar com leveza e, então, sentiu a barreira da virgindade dela ser quebrada. Um gemido contido de dor foi ouvido e ele acariciou o rosto feminino enquanto permanecia parado, esperando que a moça se acostumasse com a sua presença. Kagome então deixou que algumas lágrimas rolassem por seu rosto e quando se sentiu melhor, meneou a cabeça afirmativamente, enquanto sentia os lábios de Inuyasha a beijar os seus de forma carinhosa.

Então, ele recomeçou os movimentos. Forçando para dentro da região quente da garota, com estocadas rítmicas e prazerosas. Avançando e retrocedendo, arrancando gemidos da mulher sob si e se deliciando como seu nome era grunhido no meio das ondas de prazer. Inuyasha a beijava com fervor enquanto suas mãos másculas e ágeis acariciavam seus seios, estimulando-a de todas as formas possíveis e, então, Kagome finalmente sentiu o prazer sobrepor-se a dor, já acreditando que os movimentos lentos estavam torturando-a, construindo uma onda de calor em seu ventre, aumentando-a lentamente de forma frustrante.

Ela já não agüentava mais aquilo, ela precisava de mais. "Mais... rápido! Mais... Inuya-" Ela pediu ofegante, entre os beijos, sendo interrompida por uma estocada firme e forte, derretendo-se em gemidos de prazer. Inuyasha sorriu de forma quase arrogante pelo modo como ele conseguia entretê-la e, sentindo se agradecido pela necessidade de Kagome, ele avançou e retrocedeu na intimidade feminina em um ritmo mais rápido, tentando satisfazer seu próprio membro pulsante.

O ritmo logo ficou frenético, fazendo com que as respirações quentes de ambos se misturassem em maior intensidade. Cada inspiração parecia demorar demais para satisfazer a necessidade de oxigênio em seus pulmões, forçando-os a puxar o ar mais vezes e de forma forçada. As estocadas rápidas iam cada vez mais a fundo, preenchendo prazerosamente a intimidade da morena. A respiração acelerada começou a falhar enquanto eles gemiam, gritavam o nome um do outro. Kagome nunca havia sentido algo como aquilo, ela não poderia imaginar que tamanho prazer existia. O calor em seu ventre aumentou consideravelmente, esperando para ser liberado em uma verdadeira explosão. Suas unhas arranhavam fortemente as costas do hanyou, tentando transmitir o que ela sentia, fazendo com que ele grunhisse em aprovação. Ele não poderia explicar, mas senti-la daquela maneira parecia a coisa mais certa a se fazer. As pernas femininas entrelaçaram o quadril de Inuyasha, buscando por mais prazer e permitindo que o hanyou tivesse mais acesso e pudesse investir com mais e mais vontade. O choque entre os corpos mexiam no clitóris da garota, que logo sentia que iria explodir de prazer. O quarto parecia uma sauna e a cama parecia estar forrada com um cobertor elétrico.

As mãos dele exploraram todo o corpo da morena, arranhando de leve vários pontos de seu corpo, puxando para si as coxas ao redor de sua cintura e mordiscando seus seios. Naquele momento não existia mais nada além do prazer que ambos sentiam. Não existia mais nada além de seus corpos suados se completando, tornando-os um.

E então, ela chegou ao clímax e, incrivelmente, Inuyasha também. Ambos, ao mesmo tempo, tiveram o universo virado de cabeça para baixo e os músculos do corpo contraídos com aquela sensação. Lentamente, suas respirações voltavam ao ritmo normal.

Os dois caíram cansados na cama, um ao lado do outro.

Ela estava zonza com toda aquela agitação. Aninhou-se, ainda levemente ofegante, no peitoral de Inuyasha que realmente a deixara feliz naquela noite. Ele puxou o cobertor cobrindo os dois. Começou a acariciar os cabelos negros de Kagome, pensando naquilo tudo. Fora bom. Fora a melhor noite que ele já tivera.

"Inu..." Ele foi tirado de seus pensamentos, escutando a voz da morena. "Eu te amo..." Suas palavras se tornaram sussurros, a medida que ela dormiu em seus braços. Porém, antes de finalmente dormir - parecendo esquecer todo o sentimento que sentiu por ela instantes antes - ele se sentiu arrependido.

Sentiu-se um pouco sujo. Não por ter sido com Kagome, mas por ter sido com ela bêbada. Sentiu-se um monstro em ter tirado sua pureza e percebeu que, novamente, não podia ter se deixado levar.

oOo

Os raios de luz entraram pela brechinha da cortina e acordaram Kagome. Ela sentia a cabeça pulsar dolorida e seus olhos doerem com o contato da luz.

"Ressaca..." Sussurrou, cansada. Então, as imagens da noite anterior vieram a sua mente e a dor entre as pernas tornou a assaltá-la. Corou se lembrando de tudo o que aconteceu, mas um sorriso tímido apareceu em seu rosto. Como alguém podia fazer com que ela ficasse tão feliz?

Então, seus olhos bateram ao lado de si, na cama vazia. Ele não estava ali para acordá-la, para estar com ela. Sentiu um mau presságio. Levantou-se e viu a mancha de sangue no lençol e corou constrangida. Continuou a sair do quarto com o cobertor enrolado em seu corpo e quando se viu na sala, observou o hanyou pensativo sentado no sofá. Parecia estar com a mente longe, divagando. Seus olhos tinham um brilho arrependido. Kagome sentiu o coração apertar. Não, não podia ser...

"Kagome, não devíamos ter feito isso. Eu não deveria ter me deixado levar..." Ela escutou a voz do hanyou. Sentiu lágrimas virem até seus olhos e não quis escutar mais nada. Voltou para o quarto, vestiu-se rapidamente e tentou correr até a porta do apartamento sem ser impedida, mas não conseguiu. Inuyasha segurou seu braço antes mesmo que ela pegasse na maçaneta da porta. "Kagome, me escute... Temos que conversar." Ele disse com uma face triste. Ela sentiu as lágrimas querendo saltar de seus olhos, mas continuava tentando impedi-las com toda a sua força.

"Eu não quero escutar nada, Inuyasha!" Ela respondeu com a voz falhando. "Eu não quero conversar, quero ir pra casa!" Continuou exaltada e puxou o braço bruscamente. Ele a soltou, ainda a encarando com os mesmos olhos arrependidos que eram como adagas lançadas em seu peito. Ela abriu a porta ainda o encarando e antes de fechá-la e ir correndo até o elevador, ela viu aquele brilho com mais clareza e percebeu que tudo iria mudar.

A amizade, o companheirismo.

Tudo iria mudar.

Aquilo fez o coração da garota se despedaçar em mil pedaçinhos, em ver que aquela noite maravilhosa havia estragado tudo. E então, saiu correndo, não querendo dar a chance para que ele falasse tudo o que ela não queria ouvir.

oOo

Duas semanas se passaram sem eles conversarem. Ela tentava ao máximo evitar estar nos mesmos lugares que o garoto, tentava ao máximo evitar ficar sozinha no mesmo local que ele. Ela fugia do que ele queria dizer como o Diabo foge da cruz. Ela fugia com medo das palavras que ele lhe dissesse, com medo que elas destruíssem ainda mais seu coração, mais do que já havia destruído naquele dia com aquelas poucas palavras ditas e aquele olhar arrependido.

Naquele dia quando chegou em casa, chorou tudo o que tinha direito.

Contou o que acontecera para os pais, que não sabiam se ficavam felizes com o fato dos dois terem ficados juntos, ou irritados pelo fato do que acontecera.

Sabe como é, perda de virgindade é um papo muito duro para os pais. Até mesmo os mais liberais que nem os da Kagome.

Mas enfim, eles lhe apoiaram. Deram-lhe consolo.

Voltar à faculdade e encarar o hanyou foi a coisa mais difícil que ela teve que fazer e o mais doloroso foi ver que, realmente, tudo havia mudado. Eles haviam perdido o laço que havia entre eles e ela tinha se afastado das amigas. Ela perdera tudo o que amava sem saber como tudo fugira do seu controle. Não conseguia conversar com as amigas, porque preferia ficar sozinha. Inuyasha parecia não estar com ninguém: ignorava Kikyou, mas não conseguia conversar com Kagome, tamanho o empenho dela para que eles não tivessem essas chances.

E então, depois dessas duas semanas, ela sentiu medo.

A menstruação não viera.

Ela fizera a tabelinha, ela fizera as contas. Percebeu que sua menstruação estava atrasada.

Sentiu medo, mas ignorou. Poderia ser um atraso normal.

"Minha filha, pegue o sal para mim?" Kagome foi tirada de seus pensamentos pela voz de sua mãe. Vendo-a no fogão, cozinhando, pegou o sal e foi até a senhora, entregando-o para as mãos maternas. Então, permaneceu quieta novamente, com o olhar vazio. Percebendo aquela situação, a Sra. Higurashi perguntou, já preocupada. "O que aconteceu?"

"Nada." Ela respondeu de imediato. Imediato até demais.

"Você sempre me contou as coisas..." A mãe reclamou. Kagome riu baixinho e olhou para o lado.

"Estou fugindo desde aquele dia." Ela respondeu, suspirando profundamente. "Nós não conversamos ainda." Omitiu o fato do atraso de sua menstruação. Não queria dar alarmes falsos.

"E isso te incomoda." Sra. Higurashi disse, compreensiva. Então, abrindo o forno, tirou o enorme frango já assado, colocando-o em cima do mármore da pia. Aquele cheiro veio até Kagome, que sentiu uma tontura.

"Eu não quero escutar o que ele tem a dizer... mas sofro do mesmo jeito." Comentou, colocando a mão na barriga e tentando tampar o nariz enquanto sentia náuseas.

"Você tem que tomar uma atitude, minha filha." A mãe respondeu, não percebendo o que acontecia com a morena. Pegou a travessa com o frango e a colocou na mesa, passando ao lado da garota, que colocou a mão que estava em seu nariz em cima da boca e saiu correndo em direção ao banheiro. Vendo a filha correr daquele jeito fez com que ficasse ali, parada, totalmente chocada.

Não poderia ser o que ela estava pensando.

Quando viu Kagome chegar novamente na cozinha, os olhos azuis acinzentados se encararam. A verdade veio até elas.

Ela estava grávida.

Não precisavam de médicos, não precisavam de exames. Kagome transara com Inuyasha sem se prevenir, sem tomar pílula e usar camisinha. A mãe sabia que a menstruação da mesma estava atrasada, já que encontrara a tabelinha no quarto da filha, quando foi organizá-lo.

Percebe-se que não há segredos nessa família, não?

E a primeira coisa que a Sra. Higurashi conseguiu dizer, fez com que Kagome sentisse um terrível frio na barriga, "Você tem que contar para ele."

A vontade de fugir daquilo tudo conseguiu um espaço na mente e no coração da morena. Se ela fugisse, se ela desaparecesse nada iria perder. Não tinha mais suas amigas - por culpa dela mesma. Não tinha mais Inuyasha... Ou melhor, ela nunca teve. E então, olhando a mãe, ela tentou ignorar aquela vontade. Contaria ao garoto, tinha que contar. Deixou que as lágrimas viessem até seus olhos, sentiu os joelhos fraquejarem. Caiu no chão vendo sua mãe vindo correndo em sua direção.

Ela estava vendo seu mundo desabar.

Realmente, tudo iria mudar. Ela tinha certeza disso e sabia que iria mudar muito drasticamente. Assim que parou de chorar, levantou-se do chão com a ajuda da mãe, ignorando o almoço pronto em cima da mesa. Já sabia aonde ir. Ele estaria na faculdade, pensando. Ela o conhecia o bastante para saber disso. Recebeu um beijo e um abraço da mãe, um desejo mudo de boa sorte.

E saiu, para contar a Inuyasha que ele seria pai.

"Inuyasha, nos conte o que aconteceu!" Sango gritou indignada, tirando o hanyou de seus pensamentos. O garoto olhou para ela e não conseguiu falar nada, fazendo com que Rin, que observava a cena, ficasse ainda mais preocupada.

"O que você fez com a Kagome para que ela se afastasse de nós?" A baixinha perguntou com uma voz fraca, vendo-o desviar o olhar. Inuyasha já se sentia culpado por ter transado com Kagome quando ela estava bêbada, e agora se sentia ainda pior pelo afastamento entre elas.

Bem, cá entre nós, bem feito.

"Responde Inuyasha!" Sango gritou irritada, puxando-o pela gola da camisa, fazendo-o encará-la. Ele permaneceu sem reação fazendo com que ela mordesse o lábio inferior, tamanha a raiva que estava sentindo. Levantou a mão e a desceu na direção do rosto do hanyou, dando-lhe um estalado tapa no rosto. Inuyasha permaneceu com a face virada, ainda sem reação.

E antes que Sango recomeçasse a gritar, os três se surpreenderam.

Kagome estava parada logo ao lado deles com uma face abatida, observando tudo. Parecia ter chorado há pouco tempo e aquilo fez com que os três se preocupassem. Sango e Rin, mesmo que tenham se afastado ultimamente, não pararam de se preocupar com a amiga. Elas tentaram impedir o afastamento, mas não conseguiam. Parecia que quanto mais tentavam, mais a morena estava longe. Inuyasha continuava com aquele olhar arrependido e vendo a morena daquele jeito, ele se sentiu pior ainda.

"Ká!" Rin disse dando um passo a frente, sendo parada pela mão de Kagome pedindo que ela parasse onde ela estava.

"Inuyasha, nós podemos conversar?" Ela disse fraca, não sabia de onde estava tirando forças para chamá-lo para conversar. Sango o largou instantaneamente e o hanyou continuou a encará-la. Sango puxou Rin e hesitantes, as duas saíram dali. Não queriam atrapalhar o que eles tinham para resolver, mas não sabiam se seria bom deixar a amiga para trás naquele momento. Porém, se afastaram mesmo assim. Quando a garota viu que as amigas já estavam longe, voltou a encarar o hanyou. Sentiu o bolo na garganta crescer em vê-lo com aquele brilho arrependido nos olhos. Aquilo doía nela. Passaram-se duas semanas e ele ainda estava arrependido!

"Kagome, eu..." Ele começou e a morena não conseguiu falar o que tinha para dizer. O bolo na garganta a impedia de falar qualquer coisa. "Nós não devíamos ter feito aquilo. Você estava bêbada e eu me deixei levar..." Ele disse, passando a mão nos cabelos prateados de modo frustrado. "Foi um erro." Completou, para o sofrimento de Kagome, terminando de destruir os cacos que ainda restavam do coração quebrado da garota. "Nós sempre fomos amigos de infância, irmãos, não devíamos ter passado desse limite." Ele continuou, dando um passo a frente, transtornado, na direção da garota.

Ela já não agüentava mais ouvir aquelas palavras, o bolo na garganta se desfez em choro. Ela deixou que a franja tampasse seus olhos enquanto as lágrimas caíam, e foi com o primeiro soluço que ela sentiu os braços fortes de Inuyasha a rodearem. Não sabia o que fazer. Não sabia mais se devia ou não contar. Não sabia se o afastava, não sabia se o abraçava. Com toda aquela confusão dentro de si, a única coisa que ela fez foi ficar imóvel, chorando, com os ombros subindo e descendo à medida que soluçava.

"Kagome..." Ela ouviu a voz do hanyou tentando consolá-la. "Me perdoe se me aproveitei de você." O peito da garota se contraiu de forma dolorosa, parecendo criar um buraco onde deveria estar seu coração. Será que ele não entendia que ela realmente quisera tudo aquilo? Que mesmo que ele tivesse se aproveitado dela, ela tinha adorado? Ou que bêbada ou não, ela sempre quisera tê-lo?! Ela o empurrou, afastando-o. Inuyasha a encarou e se sentiu pior ainda. "Kagome, me perdoe, por favor." Ele pediu novamente. Aquilo foi como o golpe de misericórdia.

Ele realmente parecia arrependido pelo o que os dois passaram, ele realmente parecia achar que tinha se aproveitado da irmã, e o fato dele estar pedindo desculpas somente piorava a situação. Quando ela o encarou, sentiu que não devia contar nada a ele. Os dois não ficariam juntos. Se fossem ficar, seria somente pelo bebê. Não seria por amor.

Bobinhos. Se eles soubessem que o amor é recíproco... Quer dizer, se Inuyasha percebesse logo que ele amava Kagome mais do que ele pensava...

E então, ela tomou sua decisão: não ficaria no Japão, não ficaria em Tóquio. Ela não contaria para o garoto que ele seria pai. Ela iria fugir. Ela iria sumir. Com essa decisão na mente, ela simplesmente saiu correndo dali, deixando um hanyou desolado, preocupado, se sentindo culpado pelo sofrimento da morena. Ela foi correndo até o carro e entrou nele com pressa, com as mãos tremendo. Correu ultrapassando os sinais vermelhos, com as lágrimas deixando a visão turva. Quando chegou em frente ao prédio de seu apartamento ela estacionou de qualquer maneira. Não interessava a ela estacionar na garagem ou certinho na calçada.

Inuyasha colocou as mãos nos bolsos da calça jeans Diesel e saiu andando com as orelhinhas baixas. Parou em frente ao próprio carro, observando mais pra frente Kikyou beijando Naraku. O ex-namorado dela. Então, ele percebeu uma coisa que antes não havia percebido: Ele havia se admirado por Kikyou e desde que entrou na faculdade ficara correndo atrás dela, mas não a amava como pensava que amava. Sentiu um vazio no peito. Depois de admitir aquilo, vendo que não sentia nada em vê-la com o ex-namorado que ele imaginava que virara o namorado atual, ele sentia que faltava algo em si mesmo. Ele não amava Kikyou, afinal.

Então quem ele amava?

Um sentimento de perda o assolou, mas ele não entendeu o significado dele. A pergunta voltou a soar em sua mente. 'Então quem ele amava?'

Kagome entrou no apartamento com as lágrimas caindo furiosamente pelo rosto. Passou direto pelos pais que a esperavam na sala sentados no sofá e foi até seu quarto. Os dois observaram-na passando e quando a viram entrar no quarto sentiram um aperto no peito. Como se fosse um daqueles pressentimentos paternos. Levantaram ao mesmo tempo e correram até o quarto da filha, vendo-a arrumando uma enorme mala com todas as roupas possíveis. Então, a ficha deles caiu.

"Você vai fugir." Sra. Higurashi disse com a mão apertando o vestido que usava, na direção do coração. Kagome não olhou para eles e continuou a enfiar todas as suas roupas dentro da bolsa. Eles entenderam aquilo como um 'sim'.

"Ele não vai assumir o filho?" Ouviram a voz grossa e raivosa do Sr. Higurashi, uma raiva baseada na idéia que Inuyasha era um canalha e que não apoiaria a sua filha na gravidez. A raiva na voz de seu pai a fez parar o que fazia e encarar os dois.

"Eu não contei a ele." Ela disse simples, fazendo ambos olharem surpresos para ela. Quando abriram a boca para perguntarem o porquê, Kagome se adiantou. "Ele me pediu perdão pelo o que fizemos." Disse amargurada, voltando sua atenção para a mala que já estava lotada, fechando-a. "Não vou ficar aqui para ficarmos juntos por causa do bebê. Não quero ficar junto com ele como se fosse uma obrigação. Eu sempre quis ficar com ele por amor!" Ela voltou a procurar coisas pelo quarto. "Eu vou para os Estados Unidos." Disse, enquanto achava o passaporte e encarava os pais visivelmente tristes.

"Não faz isso, meu bem. Você não precisa nos deixar..." A mãe disse sentida, recebendo um sorriso triste da garota que, indo até eles na porta, segurou as mãos dos dois entre as suas.

"Eu irei sumir por um tempo. Por favor, não me procurem. Não mexam um dedo para me procurar ou para ajudar alguém a fazer isso." Ela pediu, vendo a mãe começar a chorar, silenciosamente. "O dinheiro, eu levarei uma quantia boa para sobreviver no início e depois arranjarei um trabalho para poder continuar sobrevivendo." Ela disse apertando forte as mãos dos dois.

"Você não quer que deixemos dinheiro na nossa conta para você pegar?" O Sr. Higurashi disse, com a voz perceptivelmente triste. Ela negou com a cabeça.

"Se eu fizer um saque posso ser localizada facilmente." Disse, encarando os pais. "Se alguém se interessar em me procurar... Claro." Completou tristonha. "Não se preocupem comigo, eu vou conseguir. Quando eu voltar, vocês verão que estarei muito melhor!" Ela disse sorrindo, tentando animá-los. Os pais olharam carinhosamente para a filha e então se abraçaram. Sentiriam saudades.

"Iremos te esperar aqui, meu bem." Ela ouviu a mãe dizer e abraçou os dois com força, sentindo todo o amor que eles tinham, tentando guardar aquela memória em sua mente para sempre se lembrar daquele momento em situações difíceis.

"Amo vocês, muito." Kagome disse se afastando e os encarando. "Digam isso ao Souta, também." Ela completou, sorrindo e rindo um pouco. O irmão iria ter uma idéia parecida se soubesse que ela fugira da cidade. Ela riu em pensar que ele poderia fugir do internato.

"Diremos." Ela ouviu o pai dizer e, então, voltou a procurar seus documentos no quarto, colocando tudo em uma bolsa de mão. Assim que colocou tudo o que precisava, que colocou uma boa quantia em dinheiro, ela colocou a mala nos ombros e a bolsa de mão nas costas. Na porta do apartamento, ela olhou para trás.

Perdera tudo aquilo. Perdera tudo o que já tivera a partir do momento que decidiu fugir. Sentiu vontade de chorar em ver que seu mundo desabara em cima de sua cabeça, mas respirou fundo. Não choraria mais por poucas coisas como aquelas. Passou a mão em seu ventre, ouvindo a mãe começar a soluçar enquanto chorava. Sorriu triste encarando os pais novamente. O Sr. Higurashi encarava sério a primogênita, como sempre, mas com um enorme carinho nos olhos. Com essa ultima imagem de seu pai, Kagome saiu do apartamento.

Ao ver a porta se fechar, a mãe da morena correu até o telefone. Discou o número muito conhecido, o número de sua amiga e mãe de Inuyasha.

"Izayoi! Oh, que bom que te encontrei aí!" O Sr. Higurashi continuou a observar a porta fechada. O coração doeu, mas o sorriso brotou. Ele era avô.

A felicidade de ser avô subiu a cabeça, ein? Até mesmo se esqueceu da atual situação!

"Izayoi, ligue para Inuyasha! Kagome está fugindo para os Estados Unidos! Não tenho tempo para explicar... ligue logo para ele, minha amiga." Sra. Higurashi dizia no telefone enquanto chorava desesperada. Talvez se Inuyasha pudesse impedir sua filha de ir embora, talvez ele pudesse perceber o que sentia por ela...

"Ele não vai conseguir." Suas esperanças foram cortadas pelo marido. Ela o encarou surpresa. "Inuyasha não vai chegar a tempo." Ele disse, encarando-a. Ela, com o coração apertado, correu até ele largando o telefone de qualquer jeito no gancho e o abraçando. "Tudo vai terminar bem, não se preocupe." Ele disse, abraçando-a forte. Era aquilo que ele repetia para si mesmo. Era aquilo que ele tentava se convencer.

oOo

Inuyasha dirigia sem pressa. Já estava perto de casa. Ouviu seu celular tocar e olhou para ele em cima do banco do passageiro. Viu no visor o nome de sua mãe e estranhou ela estar ligando para ele naquele horário. "Oi, mãe."

"Inuyasha! Corra até o aeroporto! Kagome vai embarcar, ela vai embora pros Estados Unidos!" Ele ouviu a voz desesperada de sua mãe. Sentiu seu coração parar e o sentimento que ele já sentia de perda simplesmente aumentou. Ele sentiu seu coração voltar a bater totalmente acelerado. Kagome estava indo embora, ela estava planejando largá-lo!

"Ela não pode fazer isso!" Sua voz saiu antes mesmo dele processar aquele desejo íntimo e desesperado. Desligou o celular sem se despedir de sua mãe e mudou de marcha acelerando drasticamente. Passou por sinais vermelhos, desesperado. Ela não podia ir embora e deixá-lo para trás, sem resolverem aquela situação, sem voltarem as pazes!

Sim, queridas crianças. Esse hanyou é burro o bastante para ainda não ter percebido o que são todos esses sentimentos que ele tem pela Kagome, que poderia ser dito como 'amor'.

A morena terminou de estacionar o carro no estacionamento do aeroporto e saiu dele pegando as malas no banco de trás. O deixaria ali durante todo o tempo que ficasse fora. Ele poderia ficar todo estragado, poderia ser roubado. Ela não se importava com isso agora. Depois de trancá-lo, ela entrou no aeroporto indo até a fila de Check-in. Não demorou nada já que o aeroporto estava, incrivelmente, com pouco movimento. Saiu dali com a passagem na mão e seguiu para a sala de embarque. Quanto mais perto do futuro incerto ela chegava, mais seu coração batia aceleradamente.

Inuyasha estacionou de qualquer maneira no estacionamento. Saiu correndo do carro o trancando de longe e entrou no aeroporto passando os olhos âmbares por todo o local. Não viu os cabelos negros que ele tanto conhecia. Foi até a fila de check-in.

"Qual o próximo vôo para os Estados Unidos?" Ele perguntou desesperado para a moça da agência. Ela olhou no computador.

"Para Nova York, no portão D3." Ela disse pacientemente.

"Que horas?" Ele perguntou novamente.

"Daqui a dez minutos." Inuyasha sentiu o coração acelerar. Engoliu em seco.

"Você poderia me dar mais uma informação? Higurashi Kagome está nesse vôo?" Ele perguntou desesperado. A moça olhou para ele notando a urgência e olhou no computador. Não era certo falar dos passageiros que estavam no vôo, mas falaria. Passou-se alguns segundos até ela responder.

"Está sim." Ela disse e, quando olhou novamente para Inuyasha, viu que ele já havia saído correndo pelo aeroporto.

Ele correu procurando a plaquinha com a letra D que pudesse ajudá-lo a chegar perto do portão. Ele não percebia o porquê da própria urgência, mas ele sentia que não queria que Kagome fosse embora daquele jeito. E então, avistou mais ao longe, a pequena plaquinha. Correu rápido e olhou em seu relógio de pulso. Cinco minutos.

Kagome estava na fila de embarque. Sentia uma tristeza se apoderando de si. Começaria a vida do zero. Não tinha mais nada. Aquilo parecia aterrorizante. Então, entregou sua passagem para o funcionário da agência, que destacou a parte que ficaria com ela e lhe devolveu o ticket. Ao entrar naquele corredor ela sentiu um frio na barriga. Ela realmente conseguiria sobreviver quando chegasse lá? Falar inglês ela sabia pelo fato de sua mãe tê-la ensinado, ela falava fluentemente e com a pronúncia correta; mas ela nunca havia se virado do jeito que teria que se virar. Ela nem trancara a faculdade! Suspirou chateada. Deveria ter trancado a faculdade. E então, passou pela porta do avião, indo até a primeira classe e sentando-se em sua poltrona. Faltavam pouquíssimos minutos para ela sair de Tóquio, mais precisamente três.

Inuyasha foi impedido pelos seguranças de passar pelo portão até a sala de embarque. Nem mesmo explicando rapidamente o motivo para entrar sem passagem, eles deixavam; até que ele teve que deixá-los inconscientes para poder passar. Porém, já faltava apenas um minuto para o avião fechar suas portas e não abri-las mais. Ele sentiu a respiração falhar na hora que viu os funcionários já chegando até a porta do avião, com o portão de embarque fechado. Foi até a porta de vidro e tentou abri-la e, frustradamente, percebeu que estava trancada. Quando se preparou para dar um soco no vidro e quebrá-lo, ele ouviu o som das turbinas ficar mais alto. Ele viu as portas do avião se fechando. Ele sentiu o coração apertar.

Não chegara a tempo. Não conseguira impedir Kagome de ir embora. E então, ficou a assistir o avião decolar.

Ele, enfim, como se finalmente tivesse aberto os olhos pela primeira vez, entendeu o sentimento de perda. Ele entendeu porque fora diferente com Kagome naquela noite. Ele entendeu finalmente o que ele sentia por ela.

Ele não amava Kikyou, ele nunca amara.

Pois ele sempre amara Kagome.


No próximo capítulo...

'Voltar para o mundo onde eu vivia,

foi um desafio.

Mas voltar melhor do que eu fui,

foi a superação que eu queria. '

Kagome Higurashi.

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